Os três dias de viajem passaram lentos e chatos na opinião de todos, especialmente dos mais novos e mais efusivos.

Ayame não era a guia mais simpática do mundo, e sempre estava gritando com todos para que andassem mais rápido, mas normalmente ela se mantinha calada e afrente do grupo.

Era começo de tarde quando avistaram a fortaleza que protegia a Vila Oculta da Areia, repleta de shinobis de guarda, afinal, a situação não estava boa na Vila. Puderam ver também três pessoas paradas nos grandes portões que davam entrada para a Vila.

Eles apressaram o passo e se aproximaram das três pessoas.

—Kazekage-sama – Ayame fez uma reverencia ao garoto de cabelos vermelhos, que tinha a palavra “amor” tatuada na testa em kanji e uma cabaça nas costas.

O garoto fez um gesto com a mão, olhando para todos e prendendo seu olhar em Naruto.

—Fico feliz em vê-lo novamente, Naruto! – O garoto sorriu de canto e Naruto sorriu abertamente, colocando as mãos na nuca.

—Ah, Gaara! Eu lembro que prometi que a próxima vez que nós nos veríamos eu já seria o Hokage. – Naruto coçou a nuca, constrangido. – Eu acho que quebrei minha promessa.

—Não tenha pressa para ser Hokage, Naruto. – Gaara sorriu levemente. – Ser um Kage tem suas dores de cabeça e, mesmo que isso seja o que você mais quer, aproveite enquanto você ainda não tem toda a responsabilidade do País do Fogo nas suas costas.

“Então esse é o Kazekage...”, Shiori pensou. “Eu nunca diria...”

A garota loira ao lado do Kazekage encarou todos, tomando a frente do garoto.

—Posso ver rostos novos entre vocês. – Ela olhou para Shiori, Rin e Nova. - E alguns nem tanto... – Ela olhou para Shikamaru com desdém, e o garoto, resmungou, cruzando os braços e virando o rosto.

—Eu sou Okumura Rin – Rin tomou a frente, se apresentando e a garota loira arqueou uma sobrancelha, irritada com o garoto. – e esses são Arcana Nova e Uchiha Shiori.

Os dois fizeram uma revência rápida para os três shinobis de Suna, e a garota loira os encarou um pouco irritada. O outro garoto, que tinha pinturas no rosto, encostou uma mão no cotovelo da garota, que suspirou.

—Hum... Eu sou Sabaku no Temari e esses são Sabaku no Kankurou e Sabaku no Gaara, que é nosso Kazekage. Nós somos os Irmãos da Areia. – Ela disse ainda um pouco irritada. – Bem vindos à Vila Oculta da Areia!

***

Shiori, Nova, Kakashi, Naruto, Sasuke, Shikamaru, Sakura, Gaara, Temari e Kankurou estavam na sala de reuniões, sentados na grande mesa redonda que era normalmente usada pelo concelho da Vila.

—Eu acredito que a Hokage-sama explicou a situação de Sunagakure-no-Sato. – Gaara começou, com as mãos juntas na frente do rosto.

—Tsunade Hokage-sama nos explicou que estava havendo uma onda de crimes em Sunagakure-no-Sato. – Kakashi respondeu, sério e Gaara riu uma vez, sem mudar muito sua expressão.

—Ela aliviou os fatos certamente para não assustar os genins. – Ele olhou para Nova e Shiori e a garota estreitou os olhos para o ruivo.

—Shiori e Nova são bastante corajosos e sérios quando o assunto é combates e política. – Sasuke respondeu sério e Gaara o encarou por alguns instantes.

—O que Gaara está querendo dizer é que as coisas estão muito mais sérias do que vocês pensam. – Temari disse e passou algumas folhas para Naruto que estava ao seu lado. – Não é apenas uma “onda de crimes” que está acontecendo em Suna. Assassinatos, sequestros, saques às principais lojas da Vila. Estamos sendo atacados por dentro e o pior é que o inimigo não deixa rastros. É como se simplesmente desaparecesse no ar.

—Então é por isso que Tsunade-sama insistiu tanto para eu vir. – Shikamaru resmungou, segurando uma das folhas que Naruto havia distribuído entre eles.

—Então você não queria vir, garoto? – Temari deu um sorriso malicioso para Shikamaru. – Não sabia que minha presença o afetava tanto.

—Não é que me afete. – Shikamaru também sorriu maliciosamente para Temari. – É que você me irrita.

—Você disse que as principais lojas de Suna foram saqueadas, certo? – Naruto perguntou a Temari, cortando o clima entre ela e Shikamaru. – Aqui diz que os dois maiores açougues da cidade tiveram toda sua carne roubada e que as linhas telefônicas foram todas cortadas.  – Ele apontou para o papel em suas mãos. – Não passou pela cabeça de vocês que isso é uma tática para a Vila ser aniquilada?

—Pensamos nessa hipótese e foi por isso que contatamos Konoha. – Gaara respondeu. – Tentamos resolver a situação desde o começo, mas nada pareceu surtir efeito. Agora o pânico está começando a se alastrar pela população, que evita sair de casa mesmo durante o dia.

—Eu não tiro a razão deles. – Sakura disse e todos a encararam. – Quero dizer, se estivesse ocorrendo assassinatos e sequestros em Konoha e eu não fosse uma kunoichi, eu teria medo de sair de casa.

—Apesar de que isso não adiantaria muito. – Nova disse de repente e todos o encararam com mais intensidade do que encararam Sakura, quase como se estivessem espantados com o garoto. – Se eu fosse o inimigo e estivesse atrás de alguém, não seria a proteção da casa que me impediria de cometer os crimes.

—Droga! Você está certo! – Shikamaru praticamente gritou, batendo uma mão com força na mesa.

—Do que vocês estão falando? – Kankurou perguntou irritado.

—O inimigo provavelmente irá fazer suas vítimas em suas próprias casas. – Shikamaru respondeu e todos na mesa, exceto Nova, soltaram um suspiro de choque.

—Vocês tem uma lista das vítimas? – Kakashi perguntou. – Poderíamos prever quem será a próxima vítima fazendo uma estatística.

—Claro que temos. – Temari puxou mais uma pilha de papeis e entregou a Naruto, que os distribuiu entre eles novamente.

Todos leram o conteúdo dos papeis rapidamente, tentando entender qual era o objetivo do inimigo.

—Quatro assassinatos e quatros sequestros em apenas uma semana... – Kakashi concluiu, abaixando a folha. – A situação está realmente crítica.

—E o pior é que elas não tem nenhuma relação uma com a outra. – Shikamaru suspirou e soltou a folha sobre a mesa.

—Na verdade elas têm, sim, Shikamaru-kun. – Nova disse um pouco tímido e todos o encararam novamente. – Sakurakouji Sakura era líder da Força Policial de Suna e foi assassinada. Ela trabalhava com Ogami Rei, que era seu secretário e está desaparecido. Tachibana Mei era o braço direito de Sakurakouji-san e também foi morta. Mizutani Shizuku, que era secretária de Mei, também foi morta e seu namorado, Yoshida Haru, sequestrado. Natsume Asako e Momozono Nanami não tem nenhuma ligação profissional com as outras vítimas, mas nunca se sabe. – Nova suspirou. – Não é tão difícil de enxergar as ligações entre as vítimas.

Um silêncio se instalou assim que Nova acabou de falar e ele se sentiu constrangido.

—Temos apenas que saber quem será a próxima vítima. – Shiori falou pela primeira vez. – Pessoas do trabalho ou familiares. Você disse que o namorado de uma das vitimas foi sequestrado, então qualquer tipo de ligação será valida.

—Shiori-chan está certa. – Shikamaru disse com os braços cruzados contra o peito. – Namorados, amigos próximos, qualquer tipo de ligação poderá ser uma desculpa para fazer mais uma vítima.

—Vou pedir para Ayame-chan fazer as estatísticas agora mesmo. – Kankurou disse, se levantando e saindo da sala.

—O melhor também seria montar guarda em alguns pontos da Vila e proteger as supostas próximas vítimas. – Shiori disse séria. – Tudo o que não precisamos é mais um sequestro ou assassinato.

—Iremos tomar essas medidas assim que Ayame trouxer as estatísticas. – Gaara disse calmo e Shiori se perguntou se aquele garoto alguma vez se alterava.

—Mas por hora, vocês poderiam apenas se acomodar. – Temari disse, sorrindo de canto. – Venham, vou leva-los até seus aposentos.

A garota se levantou e todos eles a acompanharam.