Bella Volturi escrita por Carol Swan


Capítulo 16
(3ª Fase) Velozes e Mortais


Notas iniciais do capítulo

Leiam o aviso, Ok? kiss.



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Velozes e Mortais

 


 

Hoje era um dia especial em Forks.

 

A luz do sol nascia resplandecendo sobre a cidade e os pinheiros. Ás cinco da manha, a cidade continuava em silêncio.

 

- Um presságio talvez... – disse Alice irônica, contemplando o bom tempo ao surgir ao meu lado na varanda.

 

- Um presságio que você não quer me contar... – completei.

 

Pude ouvir o riso soar em sua mente vazia.

 

Ela continuava a fazer mistério com as visões que ela havia tendo nas últimas semanas.

 

Nas noites em que surgia alguma coisa nova em sua mente, ela se afastava imediatamente da casa.

 

E quando voltava, sua mente ficava esquisita. Quase como se seu teor tivesse sido alterado.

 

Não havia sentido.

 

Logo de mim, ela estava conseguindo guardar segredos.

 

Suspirei e me virei pra ela.

 

- Por mais que você consiga reprimir seus pensamentos irmãzinha, uma hora você vai falhar... – abri meu sorriso sarcástico - E eu estarei esperando por isso...

 

Ela levantou uma sobrancelha, descrente. 

 

- Hmm... – ela começou a revirar sua mente – Deixe me ver...

 

Coisas futuras que passavam na cabeça dela passavam por meus olhos como um filme.

 

Ela poderia ter me poupado da cena em que Emmett e Rosalie jogam pelo o que parecia, devido à falta de roupas, algum tipo depoker.

 

Depois de alguns segundos ela parou e clareou sua mente.

 

- Eu não vejo falhas no meu futuro, irmãozinho - Disse com um sorriso triunfante.

 

Revirei os olhos.

 

Aquilo era profundamente, incomparavelmente, frustrante.

 

- Porque simplesmente não acaba logo com isso? – perguntei rispidamente

 

Ela se aproximou de mim e me abraçou carinhosamente pelos ombros com seus leves bracinhos.

 

- Não se chateie. Só acho que há certas coisas, que devemos saber na hora que nos foi destinada. Eu não quero ser a aberração que altera o curso da história. – disse entre sorrisos.

 

Suspirei.

 

Seus argumentos não eram válidos.

 

- Sabe que eu não gosto disso. Não gosto que me esconda o que você vê, nunca teve motivos antes e não terá um agora.

 

Seus bracinhos repentinamente me soltaram. Ela levou as mãos à cintura, e seus grandes olhos brilhavam zangados como os de uma abelha nos meus.

 

Sua bipolaridade entrava em ação.

 

- Eu tenho mais é que receber mérito por isso Edward! Não que eu esteja pedindo, claro, mas você não sabe o quanto esta sendo difícil para eu não pensar!

 

Bufei e dei as costas para ela.

 

Logo, sua presença desaparecia na varanda.

 

Alice era uma das criaturas mais frágeis e confusas emocionalmente que já conheci por todos os meus 100 anos. Eu sabia que não conseguiria ficar bravo por muito tempo com ela.

 

 

 

O sol começava a bater na montanha, e á essa hora, na clareira.

 

Saltei da varanda do terceiro andar até o jardim da frente.

 

Todos estavam dentro da casa, inventando algum meio de passar o tempo da eternidade.

 

Corri para dentro da floresta de pinheiros, ainda escura aos olhos humanos.

 

Só foram necessários alguns segundos para o emaranhado de folhas verdes se romperem e revelarem aquela perfeita falha natural bem no meio da densa floresta.

 

A grama era rasteira, o que realçava as flores dos campos espalhadas por ali.

 

Era aqui o lugar onde eu costumava gastar o estoque ilimitado de tempo que tinha.

 

Caminhei até o centro da clareira, desabotoei a camisa pólo branca e a larguei no chão.

 

Deitei-me de costas na grama fresca.

 

O céu acima de mim estava limpo, brilhante. Ficando azul em algumas partes, e amarelo em outras.

 

Como seria bom poder dormir.

 

Talvez assim, existir seria mais fácil.

 

Saber que todos os dias, algumas horas de inconsciência estariam disponíveis para fazer do tempo algo melhor. Não pensar, não sentir...

 

Esse era um dos pontos incomuns entre eu e minha família.

 

Para a minha família parecia ser tão difícil ser o que nós éramos.

 

Cada um tinha suas próprias limitações de pertencer á nossa raça. Como Jasper e sua dificuldade de autocontrole. Mas mesmo assim, ele parecia acreditar no futuro de alguma maneira.

 

Não era como eu, que parecia estar sentado em um banco em uma sala vazia, onde só havia o som dos ponteiros de um velho relógio de parede contando cada segundo, e uma porta entreaberta.

 

E eu esperando, esperando, esperando...

 

Nada acontecia. Nada atravessava aquela porta.

 

Os outros estavam vivos de certa maneira, não estavam fadados á apenas existir, como eu.

 

Era como se para mim, só restava a espera.

 



 

 

Fiquei na clareira durante toda à tarde. Quando me levantei o sol já havia se posto na floresta.

 

Recolhi minha camisa do chão e a coloquei sobre o ombro.

 

Antes que começasse a correr novamente pela floresta de pinheiros, ouvi passos rápidos junto com os pensamentos indiscretos.

 

Assim que me virei, sua figura pálida surgiu no outro lado da clareira. Seus cabelos loiros voavam à medida que o vento passa por seu rosto.

 

Ela andou devagar me encarando nos olhos até ficar á alguns centímetros de mim.

 

 - Olá, Edward... – seus lábios se abriram em um sorriso.

 

Correspondi o seu sorriso cordialmente.

 

- Tânia.

 

 

 

Tânia foi recebida por minha família com toda a atenção, como sempre.

 

Éramos muitos ligados aos Denali, e já fazia umas boas décadas que não nos víamos. Tânia viera com o objetivo de nos convidar para o casamento de Carmen e Eleazar.

 

Há algumas décadas, Eleazar abandonou os Volturis ao encontrar Carmen. Resolveu virar adepto de nossa “dieta” e se juntou ao clã.

 

Kate e Irina continuavam como sempre foram. Gostavam de conviver com os homens, tanto vampiros quanto humanos.

 

Tânia continuava com as mesmas expectativas. E apesar de minhas rejeições, ela mantinha seus sentimentos e pensamentos tão intensos como antes.

 

Eu me sentia inconfortável pelo fato dela não poder ao menos esconder aquilo de mim. Já que sua mente estava aberta para a minha visitação sempre que eu bem entendesse, ou mesmo quando eu não quisesse. Por isso mantínhamos um relacionamento de sinceridade.

 

Tânia foi embora há algumas horas depois.

 

 

 

Estava sentado no sofá lendo a revista Car and Driver enquanto Alice jogava xadrez com Jasper.

 

Talvez as visões que Alice se referisse á visita de Tânia... Mas se fosse, como aquilo iria me afetar?

 

Levantei os olhos para olhá-la.

 

Seu rosto tinha a mesma expressão de concentração.

 

Não – a voz de Alice soou em minha cabeça.

 

Ela continuava a encarar o tabuleiro.

 

Voltei a ler a revista, desanimado. O bloqueio na mente de Alice havia piorado.

 

Eu conseguia ouvir quando ela se perguntava qual roupa ela iria vestir, qual próximo movimento Jasper iria fazer e conseguia ouvir todas as outras previsões.

 

Era como se aquela visão estivesse em uma freqüência diferente daquelas que eu podia captar, vedada para mim.

 

Alice se levantou da cadeira graciosamente e deu um peteleco na ultima peça de Jasper.

 

- Xeque Mate!

 

 

 

 

 

 

 

@Música@ 

 

http://www.youtube.com/watch?v=IEA6zKCNBi4

 

 

 

A música começou a tocar em seu volume máximo no carro de Emmett.

 

Estávamos nas redondezas de Seattle, fazendo o que mais gostávamos de fazer.

 

O tempo estava fechado como sempre.

 

Emmett estava ao meu lado direito, com sua Mercedes-Benz SLR McLaren grafite. E Jasper ao meu lado esquerdo, com seu Koenigsegg CCR prata.

 

De tempos em tempos, costumávamos alugar carros para apostar corridas nas estradas menos movimentadas do estado. Não gostávamos de arriscar nossos próprios carros nessas nossas brincadeiras. Tínhamos um apego especial por eles.

 

Emmett queimava o pneu no asfalto em sinal de desafio.

 

Desci o vidro do carro. O vento entrou bagunçando meus cabelos enquanto eu coloquei meus óculos escuros.

 

Alice estava no acostamento com seu macacão amarelo vibrante segurando a bandeira da partida.

 

Rosalie alisava os cabelos, sentada em uma pedra com cara fechada.  Ela achava aquele nosso hobbie um tanto infantil.

 

Alice andou até á estrada e se posicionou na nossa frente.

 

 

 

Liguei o Bugatti EB Veyron, o carro roncou silencioso sob meus pés.

 

Quando Alice soltou a bandeira, avançamos pela estrada. O barulho silencioso dos carros se transformando em rugidos, na aceleração máxima.

 

Jasper assumiu a liderança. Emmett e eu estávamos emparelhados logo atrás.

 

Acelerei até ficar a centímetros da traseira do carro de Jasper. Ele ziguezagueava na pista impedindo a minha ultrapassagem.

 

Quando a estrada fez uma curva, aproveitei a chance e fiz a ultrapassagem.

 

Pisei com tudo no acelerador levando o carro ao seu extremo, o que acabou me dando uma certa vantagem.

 

Emmett e Jasper começavam a desaparecer no meu retrovisor.

 

Diminui um pouco a velocidade e apertei o botão azul no painel.

 

O teto do carro se abriu, mostrando as nuvens acinzentadas.

 

O vento me atingiu numa velocidade cortante para os reles mortais.

 

Pude ouvir o ronco do motor do carro de Emmett se aproximando.

 

Olhei para o retrovisor.

 

Seu carro grafite saltou do meio da floresta levantando poeira. Se colocando á poucos centímetros de mim.

 

Voltei a acelerar.

 

Entramos na curva, Emmett derrapou tentando me ultrapassar. O carro rodou em círculos na pista, me dando vantagem e atrasando Jasper que chegava logo atrás.

 

10 segundos depois, Jasper e Emmett já estavam emparelhados atrás, lutando pela liderança.

 

Emmett pressionava o carro de Jazz para o barranco. Jazz devolvia o empurrando para a floresta.

 

Enquanto ficavam disputando a 2ª colocação, pisei fundo no acelerador. Assim, eles sumiram de novo da minha vista.

 

Os minutos se passavam e nada de Jasper e Emmett aparecerem na minha cola. Não havia nenhum som de aproximação.

 

Diminui a velocidade, dos 410 para 220. E mesmo assim, nada deles.

 

Comecei a fazer a curva sinuosa que contornava a montanha, em minha janela a paisagem da queda do paredão de pedras.

 

Ainda apreciando a vista, senti a curva diminuir pouco a pouco até se transformar em uma estrada longa e reta. Tornei á olhar o retrovisor, mas estava vazio. Voltei os olhos para a pista.

 

Pisei bruscamente no freio, fazendo os pneus gritarem.

 

O Carro rodou na estrada dando um cavalo de pau, parando a centímetros da garota.

 

Ela estava sentada no meio da pista, encolhida como um pequeno filhote de gato.

 

Sai do carro e corri para perto dela.

 

Ela escondia seu rosto com os braços apoiados nas pernas. Seus cabelos lisos estavam caídos formando uma cortina avermelhada a brilhar á luz do sol.

 

Me agachei perto dela e coloquei as mãos em sua cabeça.

 

- Ei, Você está bem?

 

A garota nada respondeu. Permaneceu em seu silencio.

 

- O que você está fazendo aqui? Eu poderia ter matado você.

 

De repente, como se eu tivesse dito algum tipo de palavra mágica, a menina levantou a cabeça para me olhar.

 

Seus olhos vermelhos da cor de rubis não me olhavam, estavam em algum tipo de torpor. Deles escorriam correntes de lágrimas que contornavam as bochechas até chegarem aos lábios.

 

O seu cheiro forte e tentador como o de uma presa me atingiu, mas ao mesmo tempo, uma fragrância adocicada me despertou um instinto de proteção, como se ela fosse um dos meus.

 

E naquele silêncio que nos cercava, pude então ouvir.

 

Algo pulsante, quente, vinha de dentro do peito daquela garota. Batendo, vivo.

 

 

 

Em choque, pouco a pouco deslizei as mãos de sua cabeça, passando por seus cabelos até chegar ao pescoço. A pele era fina, forte e quente. Tão quente que conseguia vencer o escudo da insensibilidade da minha pele. Arrastei minhas mãos do pescoço até as maças dos rostos, secando as lágrimas. Agora seus olhos rubis despertos me encaravam agora com pavor, ao som das batidas aceleradas de seu coração.

 

 

 

Recuperando as idéias, me levantei rapidamente tirando as mãos de seu rosto.

 

Nesse mesmo momento, Alice chegou fazendo a curva cantando pneu com o conversível vermelho de Rosalie. Parou-o logo atrás do meu.

 

Ela saiu do carro apressada e correu em minha direção. Passou por mim sem dizer uma palavra e se agachou perto da garota.

 

- Está tudo bem – disse com a voz singela, mas com olhos preocupados.

 

Ela pegou a menina no colo e a carregou para o carro.

 

Fiquei olhando confuso para o chão que antes a menina estivera.

 

Os pensamentos de Alice estavam ocultos, como sempre. Eu me lançava com todas as minhas forças contra á parede que alguma parte de sua mente me impunha, em vão.

 

Edward, porque você não ajuda em vez de ficar ai parado? - ela pensou enquanto a acomodava no banco de trás do conversível. A menina não falou nada, mal se moveu. Parecia estar de volta ao seu estado de torpor.

 

Levantei os olhos para Alice, que estava parada me fitando.

 

Emmett e Jasper capotaram na curva da 131 e estão discutindo. Pelo visto eles não sabem que os carros não podem alcançar o nosso ritmo então...

 

- O que você pensa que está fazendo? – interrompi.

 

Ela me olhou com tranqüilidade.

 

- Prestando auxilio ás pessoas que precisam – disse calmamente – Se você não percebeu, ela precisa de cuidados.

 

- Não viu os olhos dela? Não ouviu o coração dela? Ela é...

 

Alice abriu um sorriso sarcástico.

 

- Esquisita? Anormal? – disse achando graça daquilo tudo – Qual é Edward!

 

Suspirei.

 

- Você pode sentir o cheiro da carnificina no sangue dela. Levá-la para Forks não seria algo sensato. Não podemos deixá-la solta por aí, mas muito menos...

 

- Eu já vi isso tudo, Edward – anunciou, com seus olhos intensos.

 

Alice se aproximou calmamente e colocou suas mãos em meus ombros e sorriu.

 

- Irmãozinho, eu realmente acho que você precisa relaxar. Somos sete, vamos dar conta do recado – disse descontraindo.

 

Ela me soltou e pulou para o banco do motorista.

 

- Melhor você ir devolver os carros. Pague os danos e traga-os para casa. Assim que você chegar nós conversaremos sobre Isabella.

 

Levantei uma sobrancelha, incrédulo.

 

Alice pegou seus óculos escuros no porta luva e o colocou em seu rostinho miúdo.

 

Ela voltou a me olhar com um sorriso cintilante.

 

- Ou só Bella, talvez.

 

Ela girou a chave e pisou no acelerador, o carro avançou pela estrada, me deixando para trás.

 

Quando sumiu de vista, me virei e entrei no meu carro. Acelerando para a direção oposta de Alice.

 

Procurei não pensar naquele assunto, aquilo tudo ainda me atormentava. Foquei em Jasper e Emmett.

 

Logo cheguei à curva da 131 como ela dissera. Marcas de freio iam por toda a pista até o morro aonde eles tinham caído.

 

Parei o carro no acostamento e fui para perto deles.

 

O barranco de 70 metros não havia deixado muita coisa dos carros. Agora mais pareciam restos de ferro velho do que carros do rank mundial.

 

Nosso esporte podia ser classificado como caro para algumas pessoas.

 

- Você me fechou pela direita! Não tive outra escolha! – gritava Emmett.

 

- Ai você resolveu sair me jogando pelos barrancos? – gritava Jasper de volta.

 

Aproximei-me deles e coloquei a mão sobre o ombro esquerdo de Jasper.

 

- Temos assuntos mais sérios a tratar.

 

Jasper recebendo a minha energia negativa parou de discutir.

 

- O que aconteceu? – perguntou ansioso.

 

Jasper e Emmett me analisavam.

 

Indiquei os carros com os olhos.

 

- Depois, vamos resolver isso aqui.

 



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