POV Soluço

Banguela estava me esperando no nosso “esconderijo secreto”. Além de nós, só Astrid sabia daquele lugar. E por mim continuaria desse jeito.

Mesmo estando escuro, consegui encontrar o caminho existente atrás de alguns arbustos altos. Os afastei e passei sem dificuldade. Assim que cheguei me deparei com uma cena que me deixou assustado.

Um homem forte e grande estava de frente para Banguela que rosnava e mostrava os dentes. Comecei a descer rapidamente e ouvir o tinir de espadas. Passei pelas pedras no mesmo momento em que o homem avançava gritando com duas espadas para cima de Banguela.

“Pare, por favor! Espere!” Gritei fazendo o homem parar e se virar.

Ele tinha uma longa barba branca e usava um chapéu estranho feito da pele negra de algum animal. Seu casaco era vermelho com as bordas feitas da mesma pele do chapéu.

Eu contornei o estranho e fiquei na frente de Banguela, estendendo meus braços de forma protetora.

“Não machuque o Banguela!”O estranho sorriu e guardou suas espadas rapidamente.

“Aí está ele!” Ele disse de forma calorosa.

“Nos conhecemos?” Perguntei confuso. Olhei para Banguela e ele apenas soltou um rosnado indignado.

“Não. Eu sou do Norte. Lamento ter quase atacado o seu dragão, ele ficou muito perto de minhas renas.” O estranho disse. “E quem é você, meu filho?”

“S-Soluço... Soluço Spantosicus Strondus III...” Me apresentei gaguejando um pouco. “Você disse que me encontrou?”

“Sim, sim, eu encontrei você! Veja Soluço, precisamos de sua ajuda.” Ele olhou ao redor, observando atentamente. “E sugiro que saiamos daqui, antes que a escuridão venha para levar você e seu dragão junto com esta terra." Norte me respondeu e colocou a mão no bolso de dentro do casaco parecendo procurar algo.

“Trevas?” Repeti de olhos arregalados e Norte acenou brevemente. Suspirei pesadamente passei a mão pelo cabelo. “Por Odin! Eu tenho que voltar para a aldeia! Meu Pai...”

Um estranho relincho ecoou longe e a luz pálida da lua desapareceu atrás de uma nuvem negra. A única iluminação no meu esconderijo eram os relâmpagos que se espalhavam por todo o céu. Fora da escuridão apareceram olhos amarelos. Estranhos cavalos surgiram e Norte gritou para mim:

“Pegue o seu dragão, Soluço!”

Sem hesitar montei em Banguela. Foi quando vi que não podia sequer ver meu dragão. Norte correu para o seu estranho veiculo e jogou uma espécie de bola de vidro. Uma coisa branca apareceu no ar e eu gritei assustado.

“O que é isso?”Perguntei a Norte.

“É um portal!” Norte me respondeu pegando as rédeas das renas “Não se preocupe! Passe que vou encontrá-lo do outro lado!”

Pensei por um momento. Eu tinha duas opções. Ficar e ser engolido pelas trevas ou passar pela coisa branca e ter um chance de viver.

“Vamos Banguela!” Disse para o dragão que concordou e voou para o portal.

Antes de passar pelo portal, olhei para trás.

Minha casa tinha se tornado um buraco negro.