The Big Four - The Rise of Darkness escrita por Nelly Black


Capítulo 15
Sepultada em Trevas


Notas iniciais do capítulo

POV Merida, para levantar o astral dos melhores leitores do mundo! :D

Espero que gostem.



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POV Merida

Tudo estava escuro, como se nunca tivesse existido luz no mundo. Eu me sentia sozinha e eu estava com medo. Mas não era a escuridão que me assustava, pelo contrário. Eu me sentia protegida por ela.

O meu medo era que algo terrível tivesse acontecido e que fosse tarde de mais para que alguém ajudasse. E quando eu falo alguém, quero dizer eu. Meus olhos tentaram se abrir, mas não conseguiram. Tentei me mexer, mas parecia impossível. Era como se eu estivesse presa.

Respirei e senti cheiro de terra. Mas não uma terra comum, era uma terra queimada. De imediato soube o porquê de eu não consegui me mexer. Eu havia sido soterrada.

Tentei não entrar em pânico. Afinal, só havia uns dois metros de terra sobre mim... Não era nada alarmante... A única coisa que eu poderia fazer naquele momento era ser objetiva e analisar as três opções que eu sabia que iria ter.

Eu poderia gritar, mas acho que seria difícil alguém me ouvir. Já que eu estava no Pólo Norte e as únicas pessoas que também estavam aqui eram Soluço, Jack e Rapunzel. Que sem duvida, estavam bem longe de mim. Ok, ainda existia mais duas opções para eu escolher.

A segunda opção era tentar mexer os braços e assim começar a cavar a terra ao meu redor. Mas isso era impossível, pois eu não conseguia mover nenhum músculo de meu corpo. Certo, ainda havia uma terceira.

Minha mente deu um branco. Qual seria a terceira opção? Eu sabia a resposta para essa pergunta. Não existia terceira opção.

Não entre em pânico, Merida. Sempre há mais uma opção. pensei comigo mesmo. Sempre há outra opção. Este pensamento ecoou pelos meus ouvidos e uma lembrança tomou conta da minha mente.

Era uma lembrança recente. Minha mãe e eu cavalgando pela floresta. Riamos, estávamos postando uma corrida. Lembrar disso me fez chorar. E eu odiava chorar. Minha mãe, meu reino, meu mundo... agora estavam envoltos em trevas. E tudo era culpa de uma só pessoa... Breu.

Eu nunca o conheci pessoalmente, mas queria matá-lo. Não só por causa do que ele fez a minha família, mas também por que havia sido ele que invadira meus sonhos, tornando-os pesadelos. Ele que me fizera lembrar Mor’du... Argh... eu queria tacar fogo nele.

Se eu pudesse me mexer, eu daria um tapa em minha própria testa. Eu estava aqui por causa do meu cajado, o Chama de Verão. E a terceira opção era muito simples: Transformar aquela terra em lava.

Mas havia um pequeno problema. Como eu iria fazer isso?

Tentei me lembrar de como o Jack fazia o gelo surgir do nada. Ele não se concentrava, apenas fazia. Mas como ele conseguia isso?

“Sei lá... provavelmente por que ele já fazia isso há mais de 300 anos.” Eu pensei respondendo a mim mesma.

O “simplesmente fazer” do Jack, não iria me ajudar. Lembrei dos outros guardiões, havia o Sandman que criava aquela areia dourada. Ele parecia que pensava na forma que queria e então ele parecia.

Pensar... certo. Deveria pensar em chamas e larvas e assim elas apareceriam. Lembrei-me do incêndio que tinha ocorrido numa das salas do castelo. O calor das chamas... o cheiro dos papeis queimados...

Não aconteceu nada. Eu ainda continuava presa. Porém ainda havia uma ultima opção.

Revirei a mente buscando algo e lembrei da Rapunzel e o cajado dela. Eu não estava com ela na hora. Mas se eu não me engane, ela apontou o cajado e falou o queria e assim os yetis a obedeceram.

Apontar e falar. Não dava para eu fazer nenhum dos dois, pois nem conseguia me mexer, nem conseguia achar a minha voz.

Sempre há mais uma opção. Minha consciência me lembrou.

Mas uma opção? Perguntei para mim mesma. Não há mais uma opção! E céus! Eu estou louca! Completamente louca! Estou gritando mentalmente comigo mesma!

Talvez a loucura seja sua saída. Minha consciência disse para mim.

Eu pirei. Foi só o que eu consegui pensar em resposta.

Minha consciência nada disse e eu refleti. Fazer, pensar e falar. Três coisas diferentes...

Talvez a loucura seja sua saída. Minha consciência repetiu e imediatamente entendi.

Para transformar a terra em larva eu precisaria sentir as chamas que existiam em dentro de mim, pensar no que eu queria e pedir para que se realizasse. Só assim iria acontecer.

Respirei fraco pela boca e comecei a pensar que havia chamas em dentro de mim. No inicio nada aconteceu, até que algo quente começou a crescer em dentro de meu peito. A sensação aumentou e com todas as forças eu pensei:

Que a terra, seja engolida pelas chamas.

O que houve depois é algo difícil de explicar. Num segundo eu estava presa por terra, no outro eu me sentia imensa por água. Meus pés, meus braços flutuavam e eu me sentia livre.

Abri meus olhos e tudo o que eu vi foi à cor amarela e laranja. Comecei a nadar para cima e rapidamente cheguei à superfície. Respirei o ar gelado do norte e sai rapidamente do que parecia ser uma lagoa de larva.

Uma vez fora daquilo eu a observei. A lagoa tinha o tamanho exato do buraco que levava para a sala que havia o cajado. Eu havia conseguido. Eu estava livre!

Dei um olhar de agradecimento a lagoa e apertei com força o meu cajado. As larvas foram desaparecendo e o buraco apareceu novamente. Mas o corredor e a “sala” ainda estavam cobertos de terra, o que significava que a bruxa Gothel ainda estava enterrada lá.

Recuei dois passos para trás e comecei a correr. A única coisa que eu consiga pensar era em sair dali.

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Minutos talvez horas se passaram e eu ainda corria. Indo sempre na direção do Norte. Durante todo esse tempo eu só conseguia pensar em correr e nada mais. O sol brilhou por entre as nuvens e me lembrei de Rapunzel.

Parei imediatamente de correr e acabei caindo por causa da parada brusca. Sentei-me na neve e comecei a pensar. Gothel havia jogado Rapunzel para fora, mas quando eu sair não a encontrei. De duas, uma. Ou ela foi atrás do Jack e do Soluço, já que ela ouviu o iceberg gritar. Ou Gothel saiu antes de mim e levou a loira como prisioneira. E algo me dizia que o que houve foi a primeira.

Respirei fundo e senti minha mão formigar. Olhei para meu cajado que estava emitindo um estranho brilho alaranjado.

“Mas que coisa...” Comecei a murmurar e o brilho aumentou a intensidade ficando tão forte que tive de cobrir meus olhos com a mão esquerda livre.

Após alguns segundos, o brilho foi diminuindo até extinguir-se. Tirei a mão dos meus olhos. Meu cajado havia sumido, minha mão direita estava cerrada em punho e segurava algo. Girei o pulso e abri a palma. Era uma pedra vermelha, um rubi lapidado na forma oval. Havia um desenho dourado sobre a pedra, era o brasão da minha casa. Ver o brasão me lembrou da espada do meu pai, que Gothel gritou para que eu não levasse.

Coloquei a pedra no meu colo e puxei a espada que estava em minha aljava de flechas. Ela parecia mais leve... como se fosse uma faca de mesa. A lâmina começou a emitir um brilho prata e eu fechei meus olhos. O brilho aumentou e quando ele cessou voltei a admirar a espada, que assim como meu cajado tinha mudado.

Eu tinha uma adaga em minha mão. Mas não era uma simples adaga. Seu cabo era preto e havia o desenho de uma estrela de quatro pontas. A lâmina era de prata e tinha o nome Liadam gravado nela. E de alguma forma eu sabia que ela não trazia coisa boa.

Guardei-a de volta na aljava e olhei ao meu redor procurando um rio ou qualquer coisa para jogar aquilo. Um ruído veio de trás das arvores. Levantei-me rapidamente e preparei meu arco.

Ouvi o som de uma respiração e puxei a corda. Estava pronta para disparar quando de trás das arvores saiu...

“Rapunzel!” Minha voz seca era um misto de alegria e surpresa. Abaixei meu arco e guardei-o. A loira correu sorridente até mim.

“Merida!” Disse ela me abraçando. “Ah, Merida achei que Gothel tinha lhe matado.”

“E eu achei o mesmo.” Falei retribuindo o abraço. “Espera, como você sabe que o nome dela é Gothel?”

Afastei-me imediatamente de Rapunzel, que tinha o semblante triste.

“Ela é minha mãe.” A loira respondeu “Ela me roubou dos meus verdadeiros pais e me criou como sua filha, para assim ter acesso ao meu poder. Quero dizer... o poder da flor.”

Olhei triste para ela. Eu sempre soube que a história dela tinha algo a mais, só não esperava que fosse isso.

“Eu sinto muito por você.” Foi só o que consegui pensar em dizer.

“Tudo bem. Em breve Gothel vai pagar pelos seus crimes assim como Breu e todos seus aliados.” Rapunzel me garantiu.

“É o que eu espero... Mas o que houve com você?”

“Gothel me jogou para longe e eu acordei um tanto no leste. Resolvi então encontrar você e os garotos, seguindo minha intuição e bom... parei aqui. E você?”

“Lutei com a Gothel, acabei conseguindo pegar meu cajado...” Falei e abaixei pegando a pedra. “Aqui está ele. Fiquei soterrada, consegui sair e cheguei aqui.”

Rapunzel pareceu confusa.

“A pedra é seu cajado?”

“Sim, ele meio que assumiu essa forma.”

“Interessante e estranho. Mas falamos nisso depois, temos que encontrar os meninos agora.” A loira falou e começou na direção dos arbustos de onde tinha aparecido.

“Espere um momento.” Disse e Rapunzel parou. “Viu algum rio por perto?”

“Rio, não. Mais mar sim. Ele fica a uns dez minutos na direção.” Ela me respondeu apontando para noroeste ‘Mas por que você quer saber?”

“Eu peguei uma adaga na mão de Gothel e quero me livrar dela. Sinto que não é coisa boa.” Expliquei com a mão sob a aljava.

“Certo, só me espere um momento. Vou chamar nossa condução.” Rapunzel falou desaparecendo por onde tinha chegado.

“Nossa condução?” No mesmo momento em que eu tinha terminado de falar, um tronco pulou dos arbustos, pousando em minha frente.

Ele era negro, oco e havia sido cortado ao meio, ganhando a forma de uma canoa.

“Merida este é o Gob.” Olhei para Rapunzel.

Nossa condução? Gob?

“O tronco tem nome?” Perguntei debochada.

“Pessoas têm nomes. Por que arvores também não podem ter?” Rapunzel perguntou erguendo uma sobrancelha.

“Por que são arvores.” Pensei, mas respondi:

“Claro, por que não.” A loira sorriu e sentou em dentro do tronco. “Entre, princesa.”

“Você quer que eu entre num tronco oco?” perguntei cruzando os braços,

“O nome dele é Gob e ele é nossa condução.” Rapunzel me corrigiu.

Olhei para o tronco e depois para a loira e depois da loira para o tronco. Dei de ombros e entrei no “Bob” ficando sentada atrás de Rapunzel.

“Segure-se.” A loira me disse e uma luz dourada envolveu o tronco.

Segurei firme nas laterais e o tronco ele começou a andar para frente em alta velocidade,como se fosse um trenó. Só que estava rápido de mais e a floresta ao meu redor estava virando um borrão. Comecei a gritar em desespero:

“AAAAAAAAAAAHHHH! SOCORRO!”

Rapunzel riu enquanto “controlava” o nosso “trenó”.

“Você não era a Guardiã da Coragem Merida?” A loira perguntou em deboche.

“Fique quieta e...” Comecei a dizer mais um enorme carvalho apareceu no nosso caminho e eu gritei: “ÁRVORE!”

O tronco se desviou para o lado e para o outro, começando a ziguezaguear por aquele bosque. Parei de gritar, pois meu estomago estava começando a embrulhar e seria difícil tirar meu vômito do cabelo da Rapunzel.

Após alguns minutos de muito vento frio no rosto e de situações que nos deixavam cara a cara com a morte, o nosso tronco “bob” parou próximo a margem do mar nórdico. Sai cambaleando do tronco e sentei no chão gelado.

“Você está bem?” Rapunzel me perguntou se baixando ao meu lado.

“Digamos que cavalgar é diferente de esquiar.” Falei um tanto enjoada.

“Desculpe-me.” A loira pediu.

“Não. É só uma questão de costume.” Comentei enquanto me levantava.

Andei até o mar ficando na borda de uma das calotas polares. Peguei a adaga da minha aljava e a segurei com as duas mãos. Olhei para a lua que nascia em um canto daquele céu cinzento.

“Não deixe que a encontre. Nem mesmo eu.” Pedi para a lua e joguei a adaga que desapareceu rapidamente naquelas águas escuras e profundas. Virei-me e andei até Rapunzel.

“Vamos achar os meninos.” Falei com convicção

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Esquiamos para o Norte em alta velocidade. Eu não voltei a enjoar e de alguma forma mesmo andando rápido eu conseguia ver a floresta que era iluminada pela luz prata da lua.

Durante nosso caminho pudemos ver os ursos polares e outros estranhos animais que habitavam o Pólo. Sem dúvida seria ótimo andar por aqui em tempos de paz e poder admirar as belíssimas criaturas. Mas não eram tempos de paz.

Havíamos acabado que cruzar um rio congelado quando do nada o tronco parou. Olhei para Rapunzel que olhava para o tronco parecendo confusa.

“Por que paramos?” Perguntei

“Não fui eu. Foi ele.” Ela me respondeu. “Eu não entendo, nos estamos tão próximos.”

“Qual o problema?”

“Gob disse que não vai passar daqui.”

Eu desviei meu olhar para o que estava em nossa frente e engoli em seco.

“Eu não entendo.” A loira disse “Por que ele...”

“Rapunzel.” Murmurei e ela se virou para trás olhando para mim. “Veja aquilo.”

A loira se virou e seguiu o meu olhar. Havia dois enormes Alpes a nossa frente e no topo desses Alpes ocorria uma estranha tempestade de neve, que era branca e negra.

“Me diz que o Jack e o Soluço não estão ai.” Pedi sem tirar os olhos dos Alpes.

“Tudo bem eu não digo.” Rapunzel me respondeu.

Senti vontade de chorar. Era o nosso fim.

Estávamos todos mortos.


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Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar gente!