Hitler E Sua Escova escrita por Harpia


Capítulo 6
Verpiss dich


Notas iniciais do capítulo

Continuando



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Os grilos cantavam do lado de fora, os bares estavam cheios no centro da capital, as bibliotecas estavam vazias e as universidades cheias de vadias, mas enquanto o mundo rodava, na grandiosa casa do partido Eva entrou no banheiro do quarto de Hitler e trancou a porta. Desvestiu suas roupas pesadas (seu cachecol e seu casaco de pele de animal) e permitiu que sua pele respirasse. Pendurou-as no toalheiro, despejou creme dental na escova e a abandonou em cima da pia.

A escova tossiu, porém Eva era tão burra que pensou que fosse um cachorro latindo no quintal dos vizinhos. A galega abriu a torneira da banheira e se afundou na água quente. Durante aproximadamente vinte minutos, a pobre escova foi obrigada a ter aquele creme dental cheio de flúor corrosivo obstruindo sua respiração através de suas cerdas brancas e macias, porém a espera valeria à pena, se garantia isso.

Quando Eva se levantou pingando da banheira transbordando, a escova soltou outra risada maléfica:

– A-ha-ha-ha-ha!

Com espasmos, a meretriz loira deu um pulo e derrubou a toalha, deixando seu corpo nu exposto. Até que ela era gostosa, exceto por sua bunda de aspirina achatada.

– Quem está aí? – gritava para a janela, iludida com a ideia de que a risada havia vindo do lado de fora.

A escova quis zombá-la, mas não era recomendado perder sua chance de matá-la por revelar de que era viva; poderia ser sua única! Se arrepiando de frio, Eva esfregou os braços úmidos e se aproximou da pia. "É agora", a escova torcia. Pegando a escova e enfiando-a em sua boca, Eva limpou o espelho embaçado com a mão. Esfregando a escova entre os dentes para mantê-los bem limpos, parou o movimento repetitivo porque havia uma gota de sangue escorrendo pelos cantos de seus lábios. Mordendo suas gengivas, a escova pulou por cima de sua língua e se fincou em sua garganta, puxando uma de suas amígdalas. Engasgada e tentando puxar a escova que possuía uma força física sobrenatural, Eva se jogou no chão e rolou pelo banheiro até bater sua cabeça na porta. Hitler acordou com gritos e pulou da cama de prontidão.

– Eva! – a chamou, tropeçando nos próprios sapatos até chegar ao ponto onde os gritos se intensificavam.

Empurrando a porta do banheiro, encontrou Eva inconsciente sob uma poça de sangue que saia de sua boca. Avistou a escova encolhida no canto do recinto, fitando-o por debaixo dos cílios, se sentir culpa.

– O que você fez? – pegou a escova pelos ombros e a chacoalhou.

– Tirei essa pedra do nosso sapato! – retrucou aliviada. – Estou provando nosso amor!

Nunca imaginou que uma escova de infância pudesse gerar tantos problemas; nem todas as escovas se apaixonam por seus donos. Hitler estava incrédulo e em choque. Em seguida, formou um ninho com seus braços e levou Eva para fora do quarto, onde todos os membros do partido e suas famílias estavam espiando por brechas nas portas semiabertas. Um carro os levou para o hospital, a escova assistiu alegremente essa cena pelos balaústres da escada da casa do partido. No hospital particular do partido, Hitler atravessou de mãos dadas com sua esposa (que estava debruçada em seus ombros de uma forma esquisita) do saguão até a ala de emergência. Os enfermeiros a levaram para um quarto e a examinaram ás pressas, deitando-a numa maca.

– Ela está bem – garantiu um enfermeiro negro, depois de checar suas feridas dentro da boca.

– Muito obrigado – em seguida, Hitler ordenou num sussurro para a enfermeira. – Não quero muito tumulto nessa sala, preferiria que ela fosse tratada por alguém do mesmo gênero.

Imediatamente, a enfermeira puxa-saco agarrou o enfermeiro negro pelo antebraço e o expulsou da sala, depois abriu os armários num canto e se aproximou do casal com instrumentos. Examinou Eva no peito com o estetoscópio e depois pegou agulhas e seringas numa caixinha.

– Precisamos fazer uns exames de sangue, tudo bem?

Quieta e grogue, Eva assentiu sorrindo gentilmente.

A enfermeira abruptamente virou-se para Hitler, batendo o longo cabelo ruivo em sua cara. – Recomendamos que ela passe a noite aqui.

Meio abobalhado, ele deu de ombros, acariciando o rosto de Eva. – Por mim o-k... Aqui é um lugar muito confortável, não é, querida?

Agarrando-o como agarrou o enfermeiro negro, a enfermeira o arrastou para fora da sala de atendimento. – Pode ir descansar, senhor, o resultado sairá por volta das oito.

Por fim, com as mãos no bolso do pijama listrado, Hitler se retirou formalmente da enfermaria, indo direto para a escada dos dormitórios. Teria muito trabalho em cessar as fofocas de seus parceiros do partido. Planejava dar um fim à escova, mas será que conseguiria? Será que seu amor superaria sua racionalidade e moral? As dúvidas preencheram sua mente.


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Notas finais do capítulo

Muitas surpresas nesse exame de sangue da Eva no próximo capítulo :')