Pecados Capitais escrita por IS Maria


Capítulo 3
Rosas brancas .




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Não sabia se havia feito um bom trabalho comigo mesmo . Tentei ao menos ficar bonita e me sentia bem com tudo , mas não me deixava me sentir um tanto desconfortável com aquela roupa , como se nada daquilo que eu usasse , de fato fosse meu . Andei de um lado para o outro , tentando pensar em qual seria o melhor momento para descer , mas não fazia a menor ideia se deveria ir sozinha ou se alguém viria me avisar quando a hora chegasse , estava prestes a ter um ataque e nem sequer sabia se podia deixar o quarto .

Eu morria de saudade do meu pai . Me recordava de muito e apenas não havia me esquecido de seu rosto , por ainda possuir fotos dele espalhadas por toda a minha antiga casa . Era um homem muito bonito , os verdes , cabelo chocolate e um belo porte físico , ele era o tipo de homem que as pessoas tomam como exemplo , que sempre possuí as palavras certas a dizer para cada momento , aquele que deixa todos sem ar diante a sua inteligência ... sempre senti a falta dele .

Eu me lembrava muito pouco do dia em que ele tinha partido , mas lembro de ter chorado . Das brigas eu não me recordo , mas sei que apesar de se amarem , meus pais não se davam muito bem , a separação causou dor em ambos os lados . Ao menos de certa maneira , eu ainda me lembrava do que ele havia dito .

" Eu sempre estarei com você pro que der e vier abelhinha "

Sim , era assim que ele me chamava . Eu havia vestido o que a Matilde indicara , mas ao contrário dela eu não achava que aquele vestido havia sido feito para mim , na verdade me sentia como se fosse uma caipira coberta em grife , completamente deslocada .

Ouvi uma batida na porta , dei uma breve ajeitada no vestido , conferi se tudo estava no lugar e em fim abri a porta , novamente ficando em choque . Nathaniel estava tão lindo que por alguns segundos , jurei que o chão havia sumido e quase caí , mas ele me segurara . Usava um terno preto com uma costura extremamente fina , sapatos italianos , uma camisa preta sem gravata e os primeiros botões abertos . Seu cabelo estava levemente bagunçado o que lhe dava um ar jovial e descontraído e seu sorriso era ainda mais belo do que eu me lembrava . Pude ver que ele também havia ficado surpreso em me ver .

— Olá Sophie .. - Disse como se tentasse compreender algo .

— Nathaniel .- Disse tentando não gaguejar como antes .

— O que faz aqui ? - O confuso é que ele havia batido em minha porta mas nem sequer sonhava em me encontrar .

— Me arrumando . - Eu não havia entendido a sua pergunta então apenas respondi o que eu de fato fazia a alguns minutos atrás .

— Ah sim - disse , por fim compreendendo - Está ... estonteante . - Quando vi seus olhos percorrendo meu corpo , desejei encontrar um buraco para enfiar minha cabeça pois tenho certeza de que ficara vermelha como um pimentão .

— Obrigada . - Disse , um tanto sem jeito .

— Bem , antes que tenha de ir ... não gostaria de dar uma volta comigo ? - Ter de ir ? Não tenho certeza se sabia do que ele se referia .

— Ahm ... Claro . - Disse depois de hesitar por alguns segundos .

Segurou a minha mão e me conduziu pela casa até que em fim chegamos até o fundo . Havia um lindo jardim , com uma grama bem verde , alguns bancos de mármore e um belo canteiro de diferentes tipos de rosas . Me conduziu cuidadosamente por entre cada uma delas , havia algo mais ao fundo , algo que eu não poderia ver por estar escondido nas sombras da noite e por algumas árvores .

— É lindo - Suspirei enquanto era envolta pela doce fragância de cada uma das flores dali .

— Tem algo ... bem ... - Disse , hesitando por fim .

— O que foi ?

— Bem , é algo um tanto intimo ... como posso saber se posso confiar em você ? - Aquilo havia me pegado de surpresa , eu acabei de o conhecer mas já desejava desesperadamente que ele confiasse em mim , os seus olhos ... eu apenas conseguia os olhar e viajar por entre eles , suplicando para fazer parte de tal imensidão .

— Não pode ! Apenas confie . - Foi tudo o que conseguira dizer enquanto ainda estava presa em seus braços .

— Confiarei - Disse prendendo ainda mais seus olhos aos meus e me puxando para o lugar aonde a escoridão encobria .

Por detrás das árvores havia uma estufa , muito antiga por sinal . Por fora estava toda quebrada e duvido muito que alguém ousaria a entrar . Conduziu-me por entre os vidros quebrados e ao entrar , fiquei sem chão . Tudo estava de fato destruído , mas ao meio de tudo havia uma roseira , uma roseira de rosas brancas e azuis , algo que eu jamais havia visto antes . Caminhei em direção a elas e as toquei , cortando então a ponta do meu dedo . Meu sangue então pingara em uma das rosas brancas , cintilando , eu estava simplesmente encantada com a beleza daquilo .

— Ninguém jamais vem aqui ... provavelmente está aqui desde a antiga casa que costumava existir no terreno e essa roseira jamais morreu ... então quando descobri de sua existência , passei a cuidar dele . - Bem , ele deveria vir com frequência a casa .

— Posso ajudar a mante-la se desejar - disse ainda sem tirar os olhos das flores . Eu já havia visto rosas brancas antes , mas nada que se comparasse a aquelas .

— Não me incomodaria .- Sorriu - Se cortou - Se aproximou e pegou o meu dedo manchando e o levou a boca , passando a lingua vagarosamente pelo furo , fazendo-me corar .

— Não pude deixar de a tocar - Fora tudo o que consegui dizer para me distrair .

— Eu sei . - Caminhou até uma tesoura que estava próxima e cuidadosamente cortou uma das rosas , aos poucos retirou cada um dos espinhos e a observou com um cuidado enorme . Ele cuidava daquilo com uma paixão quase semelhante a que eu costumava cuidar do jardim que antes eu possuía .

Voltou-se para mim com a rosa em mãos , tomou minhas mãos novamente as suas e com uma extrema delicadeza a colocou em minhas mãos . Levantou o meu rosto que antes encarava a rosa e forçou-me a o fitar . Seus olhos estavam escuros e eu não poderia dizer se era pela enorme quantidade de sombras que nos cercavam , seus lábios estavam extremamente próximos e tudo simplesmente se congelou ao nosso redor .

— Uma rosa , para a mais bela que eu já vira em toda a minha vida . - Disse em um sussurro , sua voz estava rouca e provocou um enorme calor em minha pele .

— Eu agradeço , de fato rosas brancas são as minhas preferidas . - Disse sorrindo enquanto observava a delicada flor que me enchia as mãos .

— Pela maneira que as olhou , eu não diria o contrário . - Eu apenas sorri .

— É linda . - A mais bela que eu já havia visto e eu não sabia ao certo se ela tinha se tornado a mais bela , justamente por causa da pessoa que tinha me dado .

— Exatamente como você . - Levantou novamente o meu rosto , se tentava me deixar nervosa , ele havia conseguido .

— Obrigada ... - sussurrei por nãos mais possuir voz diante a tudo .

— É impossível não dizer estando diante a você - Disse enquanto acariciava minha bochecha .

— Por que diz isso ?

— Desde quando a vi , pensei que não fosse resistir ... é tão linda que quando está perto , tudo para . - Aquilo me fizera corar .

— Você parece entender de rosas - Me afastei por medo do que poderia acontecer ali memso , medo de não conseguir me controlar .

— Com o tempo , tive que focar minha paixão pela vida em algo mais concreto .

— Paixão pela vida , adoraria sentir isso novamente ... - Suspirei me lembrando de como os últimos tempos vinham sendo difíceis .

— Sabe o que é estranho ? A olhar nos olhos e encontrar algo conhecido , sentir que posso confiar em você , mesmo jamais tendo a visto antes . - Ele nem sequer piscava , como se de fato fizesse uma relfexição .

— é recíproco ... acredite . - E diante a sua nova aproximão , eu havia simplesmente me cansado de me afastar . Toda vez que o olhava nos olhos eu desejava ser tocada , não sabia o porque , mas desejava ser observada e em fim percebida por ele .

— Eu não costumo fazer isso no dia em que conheço alguém ... - disse fixando os seus olhos aos meus .

— Fazer o .. - E antes que eu pudesse terminar , a sua boca tomou a minha em um beijo inesperado . Um beijo doce e delicado , vagaroso e calmo , porém causando uma explosão de coisas que eu jamais havia sentido . Suas mãos em minha cintura , faziam com que todo o meu corpo fervesse , ele beijava mais do que bem . Seu perfume me envolvendo e me fazendo clamar por mais , mesmo que meu corpo já estivesse chegando em seu limite precisando de ar ... eu não queria me separar dele .

Olhei para os seus olhos e fiquei paralisada . Ele era tão belo e simplesmente bomde mais para ser verdade . Eu queria novamente beija-lo , mas não o fiz por medo do que ele poderia pensar . Segurou minhas mãos e sorriu ao perceber o quanto eu tremia , me manteve próxima ao seu corpo e por fim eu pude sorrir ... sim , aquilo havia sido real .

— Me desculpe - disse ele sorrindo .

— Não ouse se desculpar - Disse ainda completamente sem fôlego o fazendo rir .

— Então não se importaria se eu a beijasse novamente ? - Não ! Nem um pouco , na verdade eu adoraria que passasse a noite inteira me beijando e me tocando , mas eu não diria isso a ele ... ao menos ainda não diria .

— Não ... - disse um tanto evergonhada . - Mas , não deveríamos voltar ? - Uma certa movimentação podia ser percebida vindo da casa e tendo em vista a minha posição , acho que eu não deveria me atrasar .

— Droga ... odeio esses jantares . - Disse ele revirando os olhos e me dando mais um breve beijo .

— Eu não estou muito acostumada a nada do tipo . - Disse sorrindo , a diferença entre ele e eu era enorme .

— Poderemos voltar ... se ... - disse ele ainda me prendendo a si . - Prometer que sairá comigo amanhã .

— Ahm ...- Eu estava um pouco incerta , afinal não fazia a menor ideia do que haviam planejado para mim .

— Vamos , eu quero mostrar a cidade a você . - Ele era extremamente convincente .

— Tudo bem - Disse ao perceber que não poderia dizer a aqueles olhos . - Mas , agora devemos voltar . - Disse , sorrindo e saindo a frente .

— sim .

Caminhamos com cuidado em direção a casa . Musica e conversa podia ser ouvida , hesitei por alguns segundos , apertei a mão de Nathan e entramos juntos . Eu não precisava me lembrar dele para saber que o mais belo quarentão era quem eu procurava . Virou-se para mim e meus olhos se encheram de lágrimas , estava exatamente como eu o costumava ver em fotos . Seus olhos verdes , aos poucos se tornando vermelhos de emoção , aquilo não teve preço ... eu o amava tanto .

— P-papai ... - eu disse entre soluços , sem conseguir mais conter-me . Neste momento senti a mão de Nathaniel deixar a minha , mas eu não estava exatamente em posição para o encarar agora .

— Tudo vai ficar bem agora ... abelhinha - disse ele correndo e por mim me abraçando .

— Não papai ... a mamãe ... ela ... - eu disse chorando ainda mais .

— Eu sei abelhinha ! Eu sei ! - disse ele me apertando ainda mais .

Quando ele me soltou eu enxuguei as lágrimas contente em ter usado maquiagem aprova d'água , olhei para todos que estavam surpresos mas contentes . E então vi Nathan ... o choque em seu rosto era tamanho ; Papai acenou para ele que caminhou em nossa direção e dando um leve tapinha nas costas de Nathan sorriu e então se dirigiu a mim , ele nem sequer se movia ou piscava . Seu rosto vermelho fixado em mim , seus olhos penetrando-me profundamente deixando-me nervosa .

— Suponha que já tenha reencontrado seu irmão Sophie ... Nathaniel .


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Notas finais do capítulo

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