Pecados Capitais escrita por IS Maria


Capítulo 29
Lady Dolls


Notas iniciais do capítulo

Eu confesso que fiquei com um medo absurdo enquanto escrevia este capitulo , por que agora são duas e quarenta da manhã e ta tudo escuro . Mas em fim ... queria agradecer as minha lindas leitoras que tiraram um tempinho para dar uma olhada em My Supernatural - Sim Julie , você é mais do que dimais . Um beijo para todos e by ..



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Eu me sentia leve pela primeira vez naquela noite . Leve e amada ...mas para mim , era como se faltasse algo . Dentro de meu corpo , tão profundo que quase atinge a alma eu sei exatamente o que me falta ... a única coisa que pode realmente me trazer de volta a superfície ... algo que fora capaz de praticamente me trazer de volta a vida .

E fora isto ou melhor ... este alguém , quem não me abandonara nem sequer por um segundo . Que está neste exato momento no andar de baixo cumprido um papel que eu jamais o pediria para fazer . Por que compreendo a sua dor ... apesar de desejar vingança ...aliás eu nem sei se é exatamente o que eu ainda quero .

Não posso negar que o homem que tenho em meus braços seja perfeito . Erik e doce e atencioso ... o único capaz de conseguir enterrar por completo o sentimento que venho nutrindo constantemente por Nathan .

– Erik ... receio que tenho más notícias ... - eu disse ao me separar dele e então caminhando na direção oposta do salão .

– E que más notícias seriam ? - perguntou ele caminhando receoso em minha direção .

– Talvez eu tenha que me mudar ... e breve - eu disse fixando meus pensamentos , nas palavras amargas que Amanda me dirigira hoje mais cedo .

– E para aonde iria ? - Pelo tom de voz de Erik , eu diria que ela parecia um tanto incrédulo ... eu o entendia claramente , pois nem eu na verdade estava habita a acreditar em minha real condição .

– Inglaterra - eu disse com o pesar em voz . Apenas de me lembrar da descrição do lugar para onde eu seria mandada , já sentia um frio na espinha , eu não queria ir ... não podia .

– E o que fará tão longe ... ? - Ele ainda estava incrédulo , mas o tom de preocupação e desespero começara a atingir a sua voz .

– Aparentemente os meus estudos no ultimo ano de nada me valeram ... terei que refeze-los e Amanda acha que o melhor será em uma espécie de internato ... na Inglaterra - Eu apenas cuspi em palavras o nome daquela cobra que me desejava fazer tanto mal .

– O que ... não pode ... - disse ele colocando suas duas mãos em minha cintura ... sim eu sei ! Sei que ela não pode !

– Talvez eu não tenha nada o que fazer ... - a minha voz expressava angústia pura e em breve eu sabia que a minha dor seria visível .

– Não a deixarei partir . - disse ele praticamente exasperado .Seus olhos verdes procuravam nos meus algum traço ou indício de que eu poderia apenas estar lhe pragando uma peça .

– Talvez ... não tenhamos nada o que fazer ... - Para falar a verdade nem eu entendia as minhas palavras . Talvez eu estivesse cansada de lutar e quisesse desistir ... pois já não sabia ao certo se prosseguir em vida valeria a pena .

– Conversarei com o seu pai ... ele não pode tira-la de mim . - E lá se fora qualquer vestígio de tranquilidade , restando apenas o completo desespero e o atordoamento .

– Eu mesma tentarei conversar com ele , apesar de ter de engolir boa parte de minha ferida para poder olhar em seu rosto novamente . - De todos naquela casa , ele fora quem mais me decepcionara ... eu o amava e mamãe também .

– Ocorreu algo ? - disse ele suavizando o tom de sua voz ... será que eu poderia confiar uma parte tão sensível e profunda de mim mesma ? Bem ... eu de fato não sabia .

– Nada com que se preocupar ... - Estávamos em um jantar e acho que eu não deveria estragar uma noite tão bela com meus problemas que merecem ser esquecidos ... Quando vi que Erik não desistiria fácil do assunto eu apenas tentei muda-lo - Por que não me leva para conhecer o restante da casa ?

Ele não me parecia convencido mas assentiu . Sorriu para aparentar mais tranquilidade e me deu a mão para me conduzir ao restante daquele incrível palacete mais do que histórico . Desta vez nos fomos em direção ao lado do corredor que era cercado por portar .

Caminhamos até o fundo e eu apenas fixei meu olhar ao quarto que ia ao final , mas não fora o que entramos . Entramos ao quarto ao lado e mais uma vez consegui me deixar de boca aberta . A pintura era em um tom de vermelho sangue misturado ao preto , haviam quadros em moldura dourada e uma mesa entalhada em madeira escura ao centro .

Sobre ela , havia diversos materiais que aparentavam ter mais de cinquenta anos . Eu pude ver cadernos , que apesar de velhos estavam em perfeito estado , pude ver várias folhas avulsas que já atingiram um tom amarelado e pude ver uma pena dentro de um tinteiro ao lado de uma folha de papel escrita apenas até a metade .

Ao lado havia uma estante com livros grossos . As capas todas mais do que belas , em todas as cores ... não me surpreenderia se ali estivessem alguns manuscritos . Tudo extremamente conservado apesar da idade . Me aproximei a mesa , tomada pela curiosidade . Me sentei a cadeira de madeira com estofado em creme e me pus a ler a pequena carta interrompida .


17 de outubro de 1864


Querida Lilith ...


A cada dia que se passa eu me pego cada vez mais doente . Já são poucas as vezes , que disponho de força o suficiente para me levantar da cama e sinto que já não posso mais oferecer segurança a minha família . Sinto dores cada vez mais intensas e eu nem sequer posso revelar a minha esposa pois sei que ela não aguentaria minha constante definhação e não posso permitir sua decadência junto a mim ... peço que depois de minha partida auxilie ...


E então tudo terminava . Ao fim do papel uma fina mancha de sangue e então eu fui abatida por uma profunda sensação que era muito mais do que ruim . Olhei para Erik , que me observava atentamente ... provavelmente ele já sabia do ocorrido .

– Foi escrita pelo meu ... digamos que avô do avô do avô do avô do meu pai ... é mais ou menos isso . - disse ele estendendo a mão para me ajudar a levantar - Está ai a mais de anos e ninguém nunca ousou a nem sequer movê-la do lugar desde que o encontraram morto sobre a mesa - Neste instante eu me levantei mais do que depressa - Minha mão me disse que Lilith era sua irmã e que ele lhe suplicava por ajuda quando faleceu ...

– Compreendo - eu disse me afastando da mesa .

Saímos do quarto e eu não pude deixar de lançar mais um olhar de curiosidade para a porta ao fim do corredor . Havia algo nela que me atraia ... eu precisava ver o que tinha dentro .

– O que tem lá ?

– O quarto de Mary . - disse Erik me parecendo vago .

– Mary ?

– Bem ... ela morava aqui na época do meu avô ... meu pai ainda era uma criança e me dissera que Mary era muito doce ... mas se foi muito cedo .

– Cedo ... ?

– Ela morreu aos oito anos de idade ... foi envenenada . - disse ele demonstrando através do olhar que ele não gostaria de prosseguir o assunto .

– Ahm ... ok - eu disse ao perceber que Erik não parecia interessado em entrar .

– Vamos ? - perguntou ele se referindo ao ato de retornar para baixo .

– Aonde é o banheiro ?

– Ahm ... na ultima porta do outro lado do corredor - ele disse descontraído .

– Por que não vai na frente ... preciso retocar a maquiagem - eu disse sorrindo . Erik sorriu para mim e então assentiu com a cabeça me deixando então sozinha no corredor .

Quando percebi que ele já havia ido , caminhei em direção a porta no fim do corredor . Eu a abri com dificuldade , ao que me parecia aquela porta não era aberta a muito tempo . Eu fiquei mais do que boquiaberta , quando o vi o que estava ali . Era parcialmente tudo rosa , uma cama de ferro branca ao centro , coberta por uma cocha de fitas grossa e travesseiros altos e macios . O chão era de madeira clara envernizada e haviam algumas manchas escuras . Fora alguns livros abertos sobre a penteadeira branca de madeira no canto , tudo o que estava no quarto para ocupar o restante do espaço eram bonecas .

Todas de porcelana e intactas , com seus vestidos bem costurados e cheios de fita . Apesar de antigo , o quarto ainda preservava um doce cheiro de rosas que vinha de um pequeno caderninho que se destacava sobre a penteadeira , ao lado da escova de cabelo de maneira branca e fios dourados .

Caminhei até a penteadeira me sentando então no pequenino banco de madeira clara , estofado em rosa com detalhes em uma tonalidade mais clara de um possível lilás . Abri com cuidado o pequeno caderno que tanto me chamara a atenção . Ele era todos em rosa , com detalhes em dourado . Estava fechado por um laço em fita e confesso que fiquei mais do que chateada em ter que desfaze-lo .

Assim que desfiz o pequeno laço prateado o caderninho se abriu na página marcada ...que era a ultima página escrita . A caligrafia era pequena e muito bem feita , não havia nem uma mancha de tinta sequer no papel o que deixava tudo apenas mais encantador .


Querido diário ...


Hoje ganhei mais uma boneca e estava eu chamarei de Lili . Ela é tão bela que de longe se destaca entre as outras , acho que é minha preferida . Tem cachos dourados como os meus e seus olhos são profundamente azuis , ela usava um vestido azul marinho cheio de fitas igualzinho ao que eu pretendo usar em meu aniversário e como eu ela está sempre sorrindo ...

Me surpreende que tenha sido ela quem tenha me dado ... a mulher que está sempre de cara feia para mim , hoje tinha um sorriso no rosto quando veio me entregar a caixa . Ela disse que seria o meu presente de aniversário e alegre eu o peguei de bom grado ...

Apenas não entendo por que seu sorriso me aparentava tão maldoso ... eu nunca confiei nela , apesar de o papai dizer que é o melhor para mim ... ela é má ... ela é muito má ...


Fechei o caderno ao sentir um profundo arrepio na espinha . E certamente o olhar de todas aquelas bonecas sobre mim não me tranquilizava . Apesar de estar assustada passei o olho por cada uma das bonecas e não encontrei a que a menina descrevia . Nenhuma tinha um vestido azul de fitas .

A porta do quarto se abriu e eu me vi paralisar em medo . Eu esperava qualquer um , por isso refiz o laço no caderno ... mas ao colocar sobre a mesa eu percebi que ainda havia muito mais que eu queria saber ... por isso o coloquei dentro da bolsa e me pus de pé esperando por quem estivesse por de trás da madeira .

– Erik - eu disse claramente aliviada .

– Eu sabia que não resistiria - disse ele sorrindo e caminhando em minha direção - Se tivesse me pedido eu mesmo a traria aqui .

– Foi meio que involuntário - eu sorri constrangida - Podemos sair daqui ... ? este quarto me dá arrepios - eu disse passando a mão pelos braços .

– Claro - disse ele me conduzindo para fora e então fechando a porta .

Descemos para a sala atraindo a atenção de todos . Os olhos de todos ali presentes passearam por meu rosto mas depois tornaram a olhar para o que olhavam antes de eu aparecer . Apenas um continuou me olhando fixamente ... Nathan . Mas seu olhar parecia atento a minha expressão , será que ele havia notado que eu estava alterada ?

Conversamos um pouco antes de prosseguir para a mesa de jantar . Meu pai parecia claramente satisfeito com todos ali e os pais de Erik pareciam contentes comigo e com minha família .

O jantar estava simplesmente divino , mas fiz minha refeição em silêncio . Eu estava mais do que impressionada a respeito do caderninho e não conseguia compreender por que a menina parecia aflita ao se referir a tal mulher má . E por que eu não pude ver a boneca ? Se ela havia gostado tanto , provavelmente deveria estar entre as mais bonitas e não guardada em algum lugar ... por que senti uma sensação tão ruim que me fizera pegar o pequeno caderno ... ?

Eu não sei por que , mas sinto que tem muito mais sobre isso que eu deveria saber . Apenas não consigo entender por que a história de uma menininha que eu nunca vira na vida , pudo me intrigar tanto ...e por que eu me sinto tão envolvida ?


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Notas finais do capítulo

O que acharam ???