Em frente ao espelho eu observava em meu corpo a escolha de roupas que eu havia feito . O vestido não era exatamente indecente e nem extravagante ... era elegante e bonito . Eu nunca usara algo do tipo ... apenas na noite em que chegara aqui ... mas eu ainda não me acostumara com a ideia de ser ... fina .

O penteado eu havia simplesmente improvisado com um coque e alguns grampos e o sapato ... apenas me chamara . Minhas mão estava geladas e eu não sabia o por que ... geralmente apenas fico neste estado quando estou nervosa e não me sinto nervosa .

Assim que cheguei na sala não vi Amanda ... provavelmente ainda não estava pronta e é claro que eu atraíra os olhares de meu irmão e meu pai . Nathan curvara seus lábios em um sorriso mas eu o ignorei indo me sentar distante dele . Eu sabia que em breve ele dirigiria alguma palavra a mim mas eu pretendia o cortar com dignidade e elegância .

– Sophie está ... - começou ele .

– Dispenso seus comentários Nathaniel - eu o cortei ... assim como havia previsto . Seus olhos verdes observavam atentamente os meus completamente confusos ... se ele estava confuso ... imagine eu ?

– Pelo visto vocês dois já começaram as brigas - disse meu pai alterando o olhar entre mim e Nathan .

– Algo me diz que é muito mais do que uma simples briga de irmãos - eu disse ao meu pai com um sorriso sarcástico no rosto .

Amanda descera com um vestido cor de ameixa e que a definia muito bem ... estava belíssima . Então entramos em um só carro e durante todo o caminho a única coisa que me incomodara de fato fora ter que passar o tempo todo sentado ao lado de Nathan que simplesmente não tirava os olhos de mim . Eu fingia não perceber mas o que antes me envergonhava e me deixava levemente corada agora me irritava e me incomodava .

Paramos em frente a um restaurante simplesmente encantador . Portas de vidro e carpete vermelho em um tom doce de scarlet . As luzes cintilavam em nossa direção nos convidando com alegria para adentrar o recinto .

Vários casais estavam reunidos conversando intimamente . Quando meu pai avistara a mesa que havia sido reservada para nós . Caminhei atenta a cada detalhe até me sentar ...infelizmente ao lado de Nathan . Seus olhares em minha direção eram sugestivos . Eu sabia ao certo que ele queria se desculpar ... se explicar .. tentar fazer as pazes ... mas eu quero distância . Não posso permitir me aproximar e cair novamente em seus encantos .

– Devem estar se perguntando o motivo de termos saído para jantar ...- meu pai perguntou iniciando uma conversação enquanto olhava o cardápio como se não ligasse para o que ele mesmo havia dito .

– Na verdade não estávamos ... - disse Amanda - Mas ... com certeza há um motivo .

– Claro que há um motivo - disse meu pai . - Amanhã ... iremos visitar a vovó . - Eu não entendia ao certo o por que do jantar se seria apenas para avisar que amanhã visitaríamos a vovó . Mas digamos que as expressões faciais de todos naquela mesa caíra absurdamente .

– Não entendo ... o que foi ? - perguntei ao meu pai . Certamente ele deveria saber o motivo .

– Sua vó é um pouco ... difícil .

– Bem ... e por que iremos ? - perguntou Amanda . Estava na cara que ela não gostara da ideia .

– Mamãe quer ver Sophie .

– Entendo - disse Amanda . - Mas este não é o verdadeiro motivo de ter nos trago para jantar ... revele-o .

– Apenas queria comemorar o bom desenvolvimento da minha empresa .

– Trabalha com o que papai ? - eu perguntei tentando de qualquer maneira entrar naquele assunto em que não me sentia confortável .

– Trabalho com tecnologia ... tudo que envolva máquinas ... não acho que se interessaria .

– Bem ... se precisar de mim - Não seria uma má ideia gastar meu tempo livre trabalhando com meu pai .

– Claro abelhinha - Se bem me lembro ... meu pai me chamava assim mesmo antes de eu nascer . Mamãe passava horas se lembrando de como o papai ficara feliz ao saber que ia ser pai de uma menina . - O que irão pedir ?

– Preciso ir .. ao banheiro - eu disse me levantando .

Os corredores eram todos decorados com arranjos de flores naturais no vermelho e branco , completamente cobertos por tapetes vermelhos e espelhos com barras douradas na parede .

Eu havia pedido para ir ao banheiro por que eu sentira aquela dor novamente . A dor que vinha seguida de vomito ... vômito em sangue vivo . Isso já vinha acontecendo a meses ... dores no peito ... azia ...sem contar na perda de peso constante .

Eu nunca falara para minha mãe a respeito dos vômitos com sangue mas sobre a azia e a dor no peito sim . Ela me passara alguns analgésicos que vinham funcionando por que eu não sentia aquilo já a muitos dias ... desde que ela morrera eu não sentira mais nada .

No banheiro eu me agachara no vaso e mais uma vez vomitara . Novamente apenas sangue saíra ... e depois viera a dor no peito ... estava tão forte ... que tomou toda a luz de meus olhos fazendo-me apagar no mesmo instante .

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Acordei em um lugar completamente diferente de onde eu estava . Aparentava ser um comodo pequeno e cheira a uma mistura de álcool e desinfetante . Eu estava sobre uma cama que com certeza era mais dura do que uma pedra , vestia roupas que penicavam o meu corpo e meu braço doía ... provavelmente graças a enorme quantidade de agulhas que estavam nele .

Ao lado da minha cama estava o meu pai . Ele aparentava abatimento e estava pálido . Levantou o olhar e assim que me viu caminhou em minha direção . Levou sua mão a minha e eu pude ver que algo extremamente grave havia acontecido ... assim como eu havia sentido .

– O que foi papai ?

– Sophie ... minha pequena - disse ele passando a mão em minha testa . - Não houve nada dimais princesa .

– Claro que houve .

– Bem ... você apenas desmaiara no restaurante e a trouxemos para cá .

– E o que eu tenho ?

– Não é nada com o que se preocupar .

– Se não é nada por que está assim ?

– Preocupação ! Você é a minha única menininha ...

– Papai ... me diga o que houve ...

– Ahm ... é melhor eu sair . Nathan quer vê-la .

– N-não ...papai ...- mas ele apenas me deixara falando sozinha e então Nathan entrara na sala . Eu não entendia o por que ... ele sabia que eu não queria vê-lo .

– Sophie ... - disse ele caminhando em minha direção e pegando em minha mão ... mas eu a tirara .- Sei que está brava ... mas não pode dar um tempo nisso ?

– Apenas se me contar o que eu tenho .

– Não é nada dimais . Fora apenas uma tontura .

– Me conte . Não faça o mesmo jogo do papai .

– Não é nada grave eu garanto .

– Se não é nada grave por que ninguém me conta ?

– Por que não é comum os pacientes saberem de seus diagnósticos ...

– Me conte logo Nathan ...

– Bem ... eu não deveria ...

– Anda logo .

– Não quero deprimi-la ...

– então ... então é grave ?

– Tem cura e ... a chance de morte é muito pequena .

– O- oque ? C-chance de morte ?

– Sua doença ainda está no início e pode ter sido causada por causa do seu refluxo no esôfago pelo que entendi ... - eu de fato tinha refluxo mas nunca fora sério .

– E ... o que eu tenho ?

– Sei que pode choca-la mas como está saudável poderá fazer a cirurgia ...

– O QUE EU TENHO NATHAN ? - eu disse me sentando na cama com desespero .

– Sophie ...- disse ele pegando em minha mão . - Você tem câncer  no esôfago .