Capítulo Nove

Sakura

Praguejei mentalmente por ter esquecido-se de fechar as cortinas antes de dormir, a claridade me incomodava, logo aninhei-me mais ainda no peito de Gaara, aprofundando meu nariz em seu pescoço. Seu perfume era forte, porém tão viciante que ficaria o dia inteiro ali se fosse possível. Tinha sua respiração calma, deduzi que ainda dormia então não me atrevi a levantar para não acordá-lo.

– Bom dia. – sua voz rouca me assustou

– Bom dia... – respondi sorrindo – Achei que ainda estava dormindo.

– Estou acordando há muito tempo. – ele sorriu e depois beijou minha testa – Não queria acordar você.

– E eu não queria acordar você. – disse rindo. Fiz minha higiene matinal e enquanto Gaara ocupava o banheiro, desci para fazer o café da manhã. Era tão estranho agir como um casal.

– Você realmente não está pensando em cozinha não é? – Gaara me abraçou por trás, surpreendendo-me novamente.

– Acha que eu não cozinho bem? – perguntei divertida

– Não disse isso, mas você está se recuperando!

– Gaara, ainda posso usar as mãos! – disse enquanto ele me rodava, fazendo ficar de frente para ele. Ele me beijou com carinho e depois sorriu:

– Eu sei. Mas não quero que você faça qualquer esforço.

– Tudo bem, doutor. – disse rindo. – Iremos ao café. – levantei as mãos em forma de redenção e ele riu enquanto me abraçava.

Realmente, éramos um casal. Para a confusão da população, lá estávamos eu e o Kazekage, atravessando a rua de mãos dadas em direção ao Café. E para meu deleite, encontramos Sasuke saindo do local com Ryo, não trocamos muitas palavras, não eram necessárias para saber o quão incomodado ele estava. Eu estava me sentindo bem, parte de mim não queria me sentir assim, mas a outra estava soltando fogos de artificio. Os olhares dele em mim me deixavam aflita, com vontade de perguntar o que se passava, embora já soubesse a resposta.

Gaara era o tipo de pessoa que mesmo tendo milhares de coisas a resolver, mantinha sua postura invejável e seu olhar frio para com outras pessoas enquanto tomava seu café puro e pouco açucarado. Eu sabia que ele tinha que voltar para Suna logo, mas estava preocupado comigo e com ciúmes também e vê-lo nervoso era um tanto quanto raro. Logo vi formar um sorriso em seu rosto, fazendo-me sorrir também:

– O que foi? – perguntei

– Você tinha razão... Não tem como não gostar do menino. – ele disse enquanto eu esperava por uma continuação – Ele pediu para eu ir vê-lo treinar hoje no final da tarde.

– E você disse o que?

– Que não sabia se poderia ir, pois tenho que ir hoje ainda para Suna. Mas, que mandaria a heroína dele em meu lugar. – ele riu e eu fiz um biquinho, os mimos de Gaara me fariam falta, embora não tivesse acostumada com a vida “a dois”. – Eu vou tentar ficar até amanhã cedo, aproveitando que o baka do Uzumaki vai fazer um jantar hoje.

– Ryo irá ficar muito feliz.

– Eu sei... Engraçado não é? Ele não tem nada a ver com o pai e muito menos com a mãe, só pode ter puxado essa simpatia toda de você. – Gaara analisou fazendo-me rir. Poderia até ser verdade, pelos anos de convivência. Desde os cinco anos, vejo Ryo inventando machucados para me ver no hospital ou quando é sério mesmo, sendo acompanhando pelo padrinho desesperado. – Você é como uma mãe para ele.

– Sou só a tia Sakura. – respondi sorrindo e colocando um ponto final no assunto que me incomodava um pouco. – Vamos, Kazekage-Sama preciso que a doutora Ino veja meus machucados. Quero voltar para minha vida logo!

– Já cansou de ser mimada? – ele perguntou rindo – Você realmente não consegue parar quieta!

. . .

Narrado em 3ª pessoa

Após a ida ao hospital, Sakura foi para casa e Gaara foi conversar com Tsunade. Se não fosse por seus livros, a rosada não teria visto e hora passar e assim foram para o local onde o Time Sete costumava treinar e onde os Uchihas e Naruto estavam. Um clima meio apreensivo tomava o local, Ryo ainda tinha receio de sair de casa desde o ocorrido com Tobi, mesmo que esteja junto de seu pai.

O final da tarde foi tranquilo, marcado por algumas disputas entre Gaara e Sasuke que logicamente não eram só para demonstrar algo diferente para Ryo e isso deixava Sakura irritada, com medo de alguém se machucar seriamente. Pareciam duas crianças.

– Vocês estão piores que na época da escola! – disse ela

– Estou cansado de ver vocês competirem de tiro ao alvo. Eu sempre fui o melhor. – exclamou Naruto após soltar um bocejo – Vamos logo para casa, eu tô morrendo de fome.

– Você sempre está com fome. – Ryo o encarou com um sorriso.

– Isso me soou muito Uchiha. – Naruto praguejou

– Deve ser porquê ele é meu filho, dobe. – Sasuke disse cerrando os dentes, fazendo a rosada rir.

E para ressaltar o quão criança eles estavam, voltaram a discutir, mas sendo interrompidos por Sakura que já havia perdido a paciência com o trio de ciumentos.

Sakura

Sakê, sabe... Acho que eu deveria parar com essas saídas à noite e principalmente com a bebida caso não queira ficar como minha mestra. Minha cabeça voltara a doer e se não fosse pelos princípios de Gaara e pelo respeito que ele preza por mim, teríamos feito muita besteira noite passada. Sakura, você é uma mulher ferrada.

Procurei-o pela cama e não encontrei e também não ouvi nada que deduzisse que ele estivesse no banheiro ou algo assim... Logo tateei um bilhete que por mais que tivesse minha visão um pouco embaçada, consegui ler:

“Precisei voltar a Suna, mas breve venho lhe ver. Gaara.”

Coloquei na mesinha ao lado e voltei a dormir. A doce e solitária Sakura novamente, três dias de relacionamento e o resto de ressaca. E até me sentia bem, por ter me acostumado a não ter ninguém.

Assim que levantei da cama, me dispus a preparar um café bem forte e ler o jornal, me sentia apta a retornar ao trabalho embora Ino me obrigasse a ficar mais uma semana de molho. Escutei batidas na porta e corri para abrir sem prestar atenção que ainda estava de camisola e quem estava do outro lado era meu companheiro de equipe, Sasuke Uchiha.

– O que faz aqui tão cedo? – perguntei enquanto ele entrava. Detalhe: sem minha permissão.

– Bom dia pra você também. Mal educada. – disse ele indo à minha cozinha e servindo um pouco do MEU café. – Soube que o Kazekage foi embora. – disse e depois deu uma golada no café.

– Por isso veio me visitar? – perguntei enquanto cruzava os braços e me escorava na solteira da porta.

– Digamos que sim. – ele sorriu de canto e isso me irritou. – Vim lhe fazer uma proposta.