Capítulo Sete

Sakura

Seus olhos me encararam assustados e Naruto o olhou com desprezo.

– Não era pra você saber. Não agora. – disse ele enquanto saía passando por mim bruscamente

– Como assim? – disse enquanto o seguia – Você acha realmente que eu não ia saber dessa cachorrada algum dia?

– Sakura, não me venha com essas perguntas irritantes. – ele dizia sem ao menos olhar na minha cara. Quando nos demos contas, já havíamos deixado à casa de Naruto.

– Eu não acredito que você foi capaz de algo assim! Agora, sinto dó de Kaori. – disse e depois o vi parar.

– Não fale com tanta convicção, doutora. – ele virou-se para mim e depois veio em minha direção – Quer a verdade? Venha.

- Nenhuma mulher merece isso, Sasuke. – disse fazendo ele me encarar novamente. Ele sabia que estava errado.

Sasuke me guiou até um parque onde sentamos no banco mais afastado, ele realmente parecia perturbado e isso me deixava aflita. Como não ser atingida?

Narrado em 3ª pessoa

– Eu estava trabalhando para Orochimaru quando a conheci na vila da Névoa. O pai de Kaori é influente por lá, então logo tratou de nos apresentar... Bonita, inteligente e uma ótima ninja, porém persuasiva demais, quando me dei por conta, estava apaixonado. Nem eu consegui acreditar nisso. Logo ela começou a me convencer para levá-la comigo e depois o pai dela descobriu que nós havíamos feito algo a mais. Ela queria liberdade, mas sabia que comigo não seria assim e eu já havia sacado qual era a ideia dela... Logo que rompi com Orochimaru passei por lá e o pai de Kaori me fez uma proposta muito alta para que eu casasse com ela. Não tive como recusar, Sakura. Não tinha como viver e também não estava fácil voltar para Konoha, Kaori só não esperava que tivesse que abandonar sua vila, amigos e família para viver comigo. – disse ele e ela ficou em silencio, tentando digerir tudo que ele havia contado. Sasuke apaixonado, mais um tapa na cara de Sakura.

– Mas todos esses anos...?

– Pelo menos eu tentei. – ele riu sem-graça – Nunca pensei que isso fosse acontecer comigo.

– Se apaixonar? – perguntou com receio – Ser comprado?

– Talvez. – Sasuke riu – Agora o problema não é mais esse; sou um pai solteiro.

– Ryo não é um problema. – Sakura o advertiu – Vocês deram uma ótima educação para ele, pelo menos. Ele só está meio carente... Tire um tempo para ficar mais com ele agora. E outra, você tem amigos.

– Há alguns minutos você dizia que tinha nojo de mim. – ele a cerrou com os olhos

– Não disse.

– Pensou.

– Então tá, senhor super pai! – ironizou a kunoichi enquanto se levantava – Já que não precisa da ajuda de sua amiga, pelo menos saiba que pode contar com a doutora.

– Eu sei que posso. – disse o outro sorrindo. Ficaram alguns minutos conversando sobre coisas aleatórias, enfim Sakura conseguiu distrai-lo fazendo o peso de seu olhar sumir um pouco, voltando a ser o Uchiha que ela gostava de ver.

. . .

– Eu sou uma completa idiota. – disse Sakura enquanto via a amiga Ino fazer as unhas em sua frente, estavam no seu consultório. – Como ele consegue me deixar tão sensível assim?

– Sabe o nome disso amiguinha? Amor. – a loira riu e Sakura a encarou com tédio

– Odiei esse esmalte. – a médica tentou mudar de assunto para o amarelo berrante nas mãos de Ino.

– Sei lá Sakura, só acho que não pedi sua opinião... – Ino disse rindo e logo as duas prestaram atenção para uma enfermeira que trazia um enorme buquê de rosas.

– Para você, doutora Haruno.

Sakura pegou o buquê felizmente e recolheu o cartão, sentou em sua poltrona e deu um longo suspiro:

– Kami, por que não me coloca no caminho certo? – disse enquanto olhava para a letra bem feita e a assinatura inconfundível do Kazekage. – Fui feita para complicar as coisas... Estaria tão, mas tão feliz se conseguisse amar Gaara.

– É só atração, não é? – perguntou Ino enquanto abanava suas unhas com um prontuário, vendo a amiga afirmar. – E QUE atração né, cai entre nós. – disse em um tom malicioso. – e começou a se abanar.

– Você realmente NÃO presta. – riu Sakura desconcertada com toda situação. Já estavam no final do expediente, a rosada lembrou-se que havia prometido para Sasuke que iria buscar Ryo na escola e assim o viu esperando por ela próximo ao hospital.

Quando chegaram à escola, não viram o Ryo que costumava chegar correndo para abraçar o pai e a sua amada tia Sakura, mas sim uma criança desanimada e sem vida.

– Filho, está tudo bem? – perguntou Sasuke vendo ele se aproximar

– Sim, papai. – afirmou – Oi tia Sakura! – ele sorriu ao vê-la

– Vem cá! – ela estendeu os braços para ele e pegou-o no colo. – Você realmente está bem, Ryo-kun? – disse e depois colocou sua mão na testa dele – Acho que você está meio febril.

Dito isso, foram para a casa de Sasuke, onde ele deu um banho no filho enquanto Sakura procurava por algum remédio para febre; porém remédios não curariam a dor que ele estava sentindo. Olhou para o pequeno que cochilava na poltrona, Sasuke o cobriu com uma mantinha e sentou-se no sofá próximo a ele.

– Achei que iria precisar explicar o que houve... – disse Sasuke baixinho – Mas ele parece ter entendido.

A rosada se sentou ao lado de Sasuke e passou a mão nas costas dele, que mantinha as suas mãos no rosto, estava revoltado, não queria ver seu filho triste.

Todo aquele silencio, aquela dor que machucava e não se manifestava era torturante para Sakura... Seu desejo era confortá-los para sempre, mas seu orgulho não deixava.

– Isso é normal, Sasuke. Talvez ele fique assim por alguns dias... Vamos aproveitar que é final de semana e leva-lo para treinar com Naruto e as outras crianças.

– Você está certa. – ele disse

– Deixei uma sopa feita caso ele acorde, não esquente muito... Amanhã nos encontramos. – disse Sakura enquanto se levantava, deu um beijo na testa do pequeno e antes que pudesse sair pode ouvir Sasuke enfim se pronunciar:

– Obrigada, Sakura.

. . .

O plano de Sakura estava dando certo, Ryo estava mais a vontade com as crianças e treinando sob as vistas de seu pai. Sakura observava e ajudava uma priminha de Neji e Hinata a lançar algumas shurikens.

A tarde foi passando e logo Naruto foi levar as crianças para suas casas e Sasuke foi guardar alguns armamentos. Sobraram apenas Sakura, Ino, Hinata e Ryo.

– Tia Sakura, vamos à cachoeira! – pediu o menino fazendo biquinho e ela não teve como dizer não. Logo que chegaram, estava aconchegante o barulho da água e o sol já estava quase se pondo.

– Seu pai irá me matar se não nos achar... – disse a kunoichi rindo

– Está tudo bem, tia... Ele não tem tanta coragem. – o pequeno sorriu

– Ora, ora... – logo os quatro ouviram uma voz incomum levando Hinata arregalar seus olhos

– Quem está ai? – gritou Sakura

– Um velho conhecido... – logo Sakura pode reconhecer Tobi saindo do outro lado do riacho, ela puxou Ryo pra perto de si, fazendo-o se esconder atrás das pernas dela.

– Chame o Sasuke. – disse ela para Hinata baixinho que saiu rapidamente atrás do Uchiha.

– O que quer aqui? – perguntou Sakura com a voz firme

– Apenas conhecer o novo membro da família! – ele disse rindo após se aproximar dos dois.

– Então terá que passar por mim primeiro. – disse ela cruzando os braços.

– Será um imenso prazer, discípula da Godaime.