POV. B S

O dia seguinte foi ainda mais perturbador, ele tentava a todo custo falar comigo, e eu fugia. As dores de cabeça agora eram constantes, mas o Dr. Fords me assegurou que não passava de uma simples enxaqueca da qual alguns remédios já ajudariam.

Tínhamos as primeiras três aulas juntos e a todo o momento tentava evitá-lo.

– Devia dar uma chance a ele Bella. – insistiu Rosalie.

– De novo não Rose, já disse que não. – cortei enquanto íamos para o carro.

– Bem, ou você vai atrás dele ou alguém o fará por você. Não tem uma pessoa do sexo feminino nessa universidade que não ouviu falar dele. – disse Claire.

– Até você Claire. Ele é maluco, vocês mesmas viram ontem.

Andamos mais um pouco pelo campus antes de irmos ao estacionamento, estava tendo treino de futebol americano e eu estava mesmo a fim de me distrair.

Trombei em alguma coisa ou melhor, em alguém quando estávamos chegando ao campo.

– Não olha por onde anda não... – sua voz foi diminuindo quando se ergueu para me olhar, era baixinha e muito bem arrumada.

– Desculpe, eu não te vi. Sou muito desastrada e...

– Não tem problema Bel... Aliás, sou Alice Cullen e você é? – perguntou me interrompendo.

– Sou Isabella, mas pode me chamar de Bella. – me apresentei. – Essas são Claire e Rosalie.

– Prazer conhecê-las. – disse sorrindo para Rose. – Bem, eu estava indo em direção ao treino dos meninos, vocês vão?

– Estávamos a caminho. – disse voltando a andar.

– Nesse caso vou com vocês. – disse pulando. – Então, qual o curso de vocês?

– Bella e eu fazemos Direito e Claire faz Psicologia. Aliás, seu sobrenome não me é estranho, como é mesmo? – perguntou enquanto eu e Claire íamos á frente.

– É Cullen, Alice Cullen. – respondeu Alice enquanto nos sentávamos na arquibancada ver os garotos jogarem.

– Perai, esse nome não me é estranho também Rose. – disse me lembrando.

– Você lembrou? – perguntou Alice com carinha de quem esperava algo.

– Claro, como me esquecer. - elas me encararam espantadas. – É o mesmo sobrenome do cara doido de ontem Rose, lembra? Aquele que achava que eu era sua namorada. Como chama mesmo? Edmund, Edwin...

– Edward? – perguntou Alice.

– Isso! São parentes?

– Somos, ele é meu irmão. Meu irmão de família, Carlisle e Esme me adotaram quando eu era bebê e desde então, sempre foram a minha família.

– Seu irmão tem sérios problemas psicológicos, acho que vou te passar o nome do meu psicólogo para você leva-lo ai...

– Ele não é maluco Bella... Só passou por muita coisa nesses últimos 6meses. – interrompeu Alice.

– Ele me assustou com a atitude de ontem. – conclui.

– Ele tem seus momentos de insanidades mas está se recuperando. Não precisa ter medo dele. – disse sorrindo.

Voltamos a nossa atenção ao treino dos meninos e eles jogavam empolgados, não demorei muito a encontrar Jacob ali, ele se destacava no meio de todos, era capitão do time. Quando o treino acabou nossos olhos se encontraram e ele fez sinal para que esperasse por ele.

– Meninas, se vocês quiserem ir para o carro, me encontro com vocês lá! – disse meio encabulada, desde quando eu ficava assim?

– Nós esperamos não é meninas. – insistiu Alice e as outras concordaram.

– Tudo bem! – disse vendo Jacob vir em nossa direção na arquibancada de cabelos molhados, calça jeans escura e uma blusa branca totalmente colada ao peito, acho que ele não tinha noção no efeito que causava nas mulheres.

– Eai Bella! Recuperada da festa? – perguntou divertido me puxando pela cintura e me dando um beijo no canto da boca.

– Pronta para outra. – disse sorrindo, ouvimos um pigarro e nos viramos.

– Não vai apresentar seu novo amigo Bella? – perguntou Claire e Rose nesse momento já dava risadas da situação.

– Ah claro, meninas esse é Jacob. Jacob, essas são Alice, Claire e Rosalie, minhas amigas. – disse apresentando-os.

Apresentações feitas e ficamos conversando, Alice parecia se enciumar de alguma coisa que eu não compreendia. Fui tirada dos meus pensamentos com uma dor aguda na cabeça, não me lembro de mais nada depois disso.

– Bella? – ouvi uma voz chamando ao fundo. – Bella acorda, vamos amiga. – pedia.

Fui recobrando a consciência e quando abri os olhos não estava mais no campo de futebol e sim na enfermaria.

– O que aconteceu? – perguntei me sentando devagar, minha cabeça ainda doía.

– Você desmaiou, Jacob nos ajudou a trazer você para cá. – explicou Claire.

– Obrigada. – agradeci olhando para ele.

– Você está bem mesmo? – perguntou Alice.

– Claro, só quero ir para o dormitório. – pedi. – Você dirige Rose? – perguntei entregando-lhe as chaves.

– Claro.

Fomos para o carro e Jacob a todo o momento prestativo. Alice só faltava tirar faíscas com ele e eu não fazia ideia do por que.

– Se precisar de alguma coisa pode me ligar! – pediu ele.

– Pode deixar Jacob. – disse dando-lhe um beijo na bochecha.

– Até mais. – disse indo para sua moto.

– Em que dormitório você está Alice? – perguntei.

– Estou no KKZ . – disse.

– Fica ao lado do nosso, quer carona? – perguntei.

– Claro. – disse pulando, parecia uma pipoquinha.

Saímos dali e minha cabeça estava a mil, e doía também. Estacionamos o carro e Alice foi para o seu dormitório prometendo voltar para comermos pizza e ver filmes juntas, nem parecia que estávamos em começo de ano.

Acordei no dia seguinte sentindo os sintomas da noite mal dormida. Me levantei e comecei a fazer a minha higiene, tomei banho e coloquei um vestido fresco com sapatilhas, peguei minha bolsa e tomei café com as meninas.

– Gente, hoje vou no meu carro sozinha por que tenho retorno com o Dr. Fords ok! – anunciei enquanto tomávamos nosso café.

– Tudo bem, vamos no meu carro! – disse Rose.

– Seu carro vai chegar quando Claire? – perguntei.

– Mamãe disse que tiveram problemas com a transportadora então ela está mandando o dinheiro pra que eu possa comprar outro. – disse batendo palminhas, revirei os olhos.

– Ah, depois da aula vamos numa loja onde vi um carro que é a sua cara. – disse Rose.

– Bom passeio para vocês então. – disse olhando o relógio. – Meninas eu tenho que ir, nos vemos na aula Rose. Alice você vai com elas?

– Pego carona com o meu irmão. – disse. – Mas se não se importa, queria conversar uma coisa com você. Lá fora.

– Tudo bem. – disse pegando minhas coisas e saindo. – Até mais tarde meninas.

Quando já estávamos lá fora coloquei minhas coisas no carro e me virei para ela.

– Pode falar Alice.

– É que bem... Er, não me leve a mal ok, mas o que eu queria mesmo era te pedir uma coisa. – disse olhando para o chão.

– Pode pedir Alice, somos amigas agora certo? – perguntei sorrindo.

– Tudo bem, lá vai. – disse tomando ar. – Eu gostaria que você desce uma segunda chance para o meu irmão, sabe, ele acabou de passar por muita coisa e não conhece muita pessoa na universidade e o colega de quarto dele não é muito legal então... Será que você não poderia seila, dar uma segunda chance para ele?

– Alice, não vou mentir para você, seu irmão me assustou pra caramba com toda aquela história de namorado e filhos e mais um monte de coisas. E minha vida também não é um exemplo de normalidade, eu sofri um acidente e perdi minha memória e não me lembro de nada do meu passado, se quer me lembro dos meus pais ou Rose que é minha prima... – suspirei. – É uma história complicada mas... Quem sabe, vamos deixar as coisas seguirem o seu curso tudo bem? Acho que posso sim lhe dar uma segunda chance. – sorri.

– Ah obrigada Bellinha, não sabe o quão feliz acaba de me deixar. – disse me abraçando.

– Tudo bem, agora eu tenho mesmo que ir. – disse me desvencilhando de seu abraço. – Até mais tarde.

– Tchau Bellinha.

Despedimo-nos e eu sai dali para o campus, as meninas vinham logo atrás, estacionamos e fomos cada um para sua aula, Rose veio comigo. Alice cursava moda, suas aulas ficavam no mesmo prédio que as de Claire ou seja, elas iam juntas sempre agora. Entramos na sala e Rose foi direto se sentar ao lado do seu novo gato, olhei para o lado e ele já estava lá, agora com um óculos de grau Ray-Ban muito parecido com o meu, os cabelos bagunçados e parecia muito penetrado no que fazia. Uma pinçada na minha cabeça fez com que perdesse um pouco o ar mas ignorei, e comecei a caminhar em direção a minha cadeira a sua frente pensando no que Alice havia me dito. Ele não percebeu a minha chegada, estava super concentrado, vi Rose me olhar de canto e ignorei.

– Bom dia! – disse me sentando.

Ele ficou alguns segundos parado me olhando como se não acreditasse no que acabou de acontecer, de repente sacudiu a cabeça e me sorriu de volta.

– Bom dia. – disse sem graça.

– Atrapalho? – perguntei.

– Não, claro que não. – disse fechando os livros e tirando os óculos. – Eu só estava tentando adiantar alguma coisa sobre esse caso que o professor passou mas... Deixa pra lá. Tudo bem? – perguntou.

– Claro, e você?

– Estou bem.

Ficamos mais um tempo calados só nos encarando até que o professor entrou na sala e começou a passar a matéria. Fomos dispensados das aulas após o intervalo, pois os professores foram convocados a uma reunião de emergência.

Eu comecei a caminhar para fora da faculdade e ouvi passos atrás de mim. Não precisei de muito para presumir que fosse o perturbado do irmão da Alice. Quando cheguei perto do meu carro me virei somente para concluir o que eu já sabia. Rosalie havia ficado para trás com Emmet e disse que esperaria pelas meninas e pegaria carona com Claire para o nosso dormitório.

Demorei algum tempo até perceber que seu carro estava estacionado ao lado do meu, olhei para ele e caramba, olhando bem agora, até que ele era bonito, não é a toa que ouviam-se suspiros do lado feminino da escola quando ele passava.

– Oi! – disse ele.

– Olá! – devolvi colocando minha bolsa no banco traseiro.

– Er... Me desculpa mesmo por aquele dia! – pediu vindo em minha direção coçando os cabelos.

– Ta tudo bem. – disse ficando sem graça. – Eu também não fui lá muito simpática.

– Eu se fosse você também teria tido a mesma reação... – suspirou. – É que você me lembra tanto uma...

– Uma? – encorajei-o.

– Uma antiga namorada minha.

– E o que aconteceu com ela? – perguntei não contendo minha curiosidade.

– Digamos que o destino tem um humor negro e... Gosta de brincar conosco. Quem sabe um dia eu te conte, é complicado.

– Quem sabe um dia. – concordei. – Bem, agora eu tenho que ir, tenho que arrumar um emprego e o dormitório... Mamãe não irá me bancar para sempre.

– Espera! – pediu. – Antes de você ir, gostaria de te pedir uma coisa.

– Claro... É só pedir.

– Será que... Podemos recomeçar? Esquecer o que houve naquele dia.

– Claro. – concordei sorrindo, dando-lhe uma segunda chance. – Olá! Sou Isabella Swan, mas pode me chamar de Bella. Você é novo por aqui? – disse brincando, ele sorriu com a brincadeira e aceitou minha mão.

– Prazer, sou Edward Cullen e sou novo aqui sim, acabei de começar o semestre em Direito. – disse e rimos.

– Bem, agora eu tenho mesmo que ir... Nos vemos amanhã novato! – disse entrando no carro.

Dei partida e sai enquanto ele entrava em seu carro, ele seria um grande amigo. Com o passar dos minutos minhas dores de cabeça foram aumentando então, passei na farmácia no caminho do dormitório para comprar algum remédio. Quando entrei de novo no carro ouço meu celular tocar, mamãe.

– Alô! – disse.

– Bella minha filha, é a mamãe! – disse Renée.

– Eai mãe, tudo bem? – perguntei.

– Por aqui está tudo bem, e como está indo as coisas ai na universidade? Gostando do curso? Já fez novos amigos?

– Estou adorando o curso mãe, é simplesmente fantástico e os alunos... Bem, eles são muito receptivos.

– Que bom que estão todos sendo gentis, e os novatos... Tem algum gatinho? – brincou.

– Ah mamãe pare com isso. – pedi envergonhada colocando a bolsa e os remédios em cima da cama.

– Sei, mas é sério filha... Já entrou gente nova na turma? – perguntou de novo. Bufei.

– Só os tais de Cullens ai... – ouvi minha mãe engasgar com algo e assutei. – Mãe, ta tudo bem? Mãe?

– Ta... Ta tudo bem filha. – disse respirando fundo. – Quando puder peça para sua prima me ligar, ela anda tão desnaturada ultimamente... Nem atende mais minhas ligações.

– Mas mamãe, você falou com ela ontem...

– Só faça o que eu pedi tá bem filha! – pediu me interrompendo.

– Claro mãe! – disse sentando na cama.

– E filha... Mamãe te ama ta! – disse.

– Também te amo! Diga ao papai que mais tarde ligarei para falar com ele.

– Ai, até você, liga mais para o seu pai do que pra mim que te carreguei nove meses na barriga...

– Ah deixe de drama mamãe, você sabe que eu amo você... Agora eu tenho que ir. – disse me despedindo. – Tchau mãe! – e desliguei.

O nosso dormitório era enorme, era uma irmandade e uma mansão mais propriamente dita, cada corredor tinham três a dois quartos, o meu, que era o mesmo de Claire e Rose tinham três.

Avá Isabella.

Stfu ai consciência.

Enfim, a cozinha era enorme e tínhamos escalas para limpar a casa, os quartos eram por nossa conta, podíamos montá-lo a nossa maneira, contanto que o dia que fossemos embora dali deixássemos ele da maneira que o encontramos. Liguei meu macbook e fui colocar uma roupa mais solta, estava calor agora.

O telefone tocou e corri atender novamente.

– Alô? – atendi.

– Senhorita Swan? – perguntou.

– Ela mesma quem fala? – perguntei de volta.

– É a Sra Carmem, você enviou se currículo para trabalhar aqui no orfanato de Santa Isabel certo?

– Isso mesmo! – confirmei sorrindo.

– Bem, gostaríamos de marcar uma entrevista com a senhorita para... Amanhã! Tudo bem para você? – perguntou.

– Claro, amanhã em que horário?

– Ás 14:30hs.

– Estarei lá!

– Então até amanhã querida!

– Até amanhã! – desliguei e me joguei na cama de felicidade.

Quando já estava terminando de colocar ordem na sala as meninas chegaram faladeiras e dando várias risadas, pelo visto a tarde foi boa.

– Então tá combinado, passamos aqui de noite e vamos para lá juntas! – dizia a pipoquinha ambulante.

– Aonde vocês pensam que vão? – perguntei aparecendo na porta principal.

– Estamos querendo ir num pub que acabou de abrir aqui perto... Vamos Bellinha? – pediu Alice pulando.

– Se você parar de pular posso pensar no seu caso! – disse rindo.

– Tudo bem, meninas, nos vemos mais tarde que agora eu vou indo terminar de colocar meu quarto no lugar depois me arrumar. Tchau! – disse se despedindo.

– Tchau Alice! – dissemos juntas e entramos.

– Ah Rose! Antes que você faça algo... Mamãe ligou e pediu pra que você ligasse pra ela. – disse para Rose que revirou os olhos. – Eu se fosse você ligava dessa vez, ela parecia nervosa.

– Tia Renée esta sempre nervosa... Mas vem cá, o que foi que vocês conversaram? – perguntou.

– O de sempre... Ela tava querendo saber como está sendo a vida de universitária e perguntou se havia entrado novatos no curso. – disse dando de ombros e sentando no sofá com Claire que comia biscoitos absorta.

– E o que você disse a ela? – perguntou, de repende senti uma pontada de cautela na voz.

– Disse o de sempre, e comentei com ela sobre os Cullens!

Ouvimos o barulho de algo caindo no chão e se quebrando e quando nos viramos para ver... Era Rose que deixara o copo cair no chão.

– Rose você ta bem? – perguntei.

– Claro que está! Vou subir la pro quarto e ver o que ela quer... Vai pro seu quarto tomar banho que logo vamos escolher nossas roupas para ir ao pub... – disse olhando para mim e Claire. – Vão!

Subimos todas uma atrás da outra e cada uma foi par ao seu quarto. Quando cheguei ao banheiro esqueci que havia emprestado meu shampoo para Rose a fui buscá-lo, mas parei na porta quando escutei ela ao telefone, provavelmente com a minha mãe.

Ok, ok, eu sei que é feio escutar atrás da porta, me condenem.

– O que você queria que eu fizesse? – pausa. – Você sabia que esse encontro seria inevitável. – suspira. – Não, ela não se lembra. Mas você sabe o que o médico diz. – pausa de novo. – Olha só, eu não vou ficar aqui discutindo o que poderia ou não ter acontecido e você não vai me dizer como cuidar da minha prima. – pausa super curta. – Não me venha com essa de eu amo ela... Bella é como uma irmã para mim, e se preciso, vou eu a protejo de você se preciso. – pausa. – Me poupe Renée. Digo e repito, essa palavra tem significados muito diferentes para nós. – pausa. – Cansei de jogar tia, e você não vai tirá-la de nós... – pausa super curta. – Porque se você fizer... Charlie saberá de tudo, e você sabe como ele é influente por ai! – pausa. – Ta, ta, tia... Tchau!

Quando ouvi passos eu juro que tentei sair do lugar, mas não consegui. No lugar de passos, a vertigem tomou conta de mim e logo em seguida... A escuridão.