POV. E C

Estacionei o carro e fui em direção a cafeteria. Pedi um frappuccino e fui em direção a mesa de fora onde uma loira escultural e com roupas de marca me aguardava. Me sentei a sua frente e acho que a assustei com a minha chegada.

– Edward, que susto! – disse colando a mão no peito.

– Digo o mesmo sobre hoje Rosalie. – completei seco. – Pensei que fossemos amigos.

– E somos Edward, é que... É complicado. – tentou se justificar.

– O que é tão complicado Rosalie? Vocês brincaram com vidas e pior, com a vida de uma criança inocente... Se ela não me amava mais era só dizer, eu entenderia e...

– Não é nada disso meu amigo! – disse me cortando, estava com lágrimas nos olhos. – Céus ela te amava... E tenho certeza que ainda te ama. Como começar a te contar, é uma história tão longa quanto é delicada.

– Acho que deveria começar pelo começo. – disse quando nossos cafés chegavam.

– Já que você insiste. Prepare-se então para um choque de realidade.  – algo em seu tom de voz me dizia que eu não iria gostar da conversa.  – Antes de mais nada, preciso que você me prometa que vai manter a mente aberta e não ira se precipitar em nada. – disse me olhando séria.

– Mas que coisa é essa começa logo...

– Prometa. – insistiu.

– Ta legal, eu prometo. – bufei.

– Tudo bem... – disse tomando um gole de seu cappuccino. – Agora cala a boca e não me interrompa. – educada como a Rosalie que eu me lembrava. – Bem, tudo começou quando você se envolveu com Bella. Tia Renée não gostava nada da relação de você mas engolia por conta do tio Charlie. A gravidez de Bella mais os planos para o futuro de vocês foram a gota d’água para que ela tomasse alguma atitude. E foi quando Bella sofreu um acidente de carro aqui em Cambridge que ela teve a motivação que faltava para se... Digamos que se livrar de você, afastar você dela de uma vez por todas. – tomou fôlego e naquele momento eu já estava a ponto de explodir, ela ergueu o dedo. – Você prometeu. Voltando, esse acidente quase custou a vida de Bella e foi ai que eu entrei, sou a única da família compatível com o sangue de Bella e tia Renée me ligara pedindo que eu viesse correndo para cá pois ela perdera muito sangue. Ela ficou em coma alguns dias e quando acordou o que mais temíamos aconteceu. Ela perdeu a memória Edward, por isso não se lembra de você e nem de mais ninguém. Ela não se lembra nem de mim mas o médico a informou o que Renée o subornou a informar e disse o primordial. Que eu era sua prima e Renée sua mãe. No começo ela foi durona e desconfiada, mas aos poucos foi aceitando seu estado, toda semana ela ia ao psicólogo e agora vai somente uma vez por mês. O estado dela não é tão grave, a memória pode voltar a qualquer momento, mas isso não depende mais dela e sim de seu organismo. – suspirou quando terminou de contar. – A única coisa que ela consegue, é construir novas memórias enquanto as antigas não retornam. Ela tem sorte de ter a mim nesse fogo cruzado.

– Eu, não sei o que dizer. – estava nervoso demais para tal ato. – Por que não me contaram antes? E Charlie, ele sabe disso tudo?

– Você acha que se ele soubesse de algo ela estaria solta? – devolveu a pergunta.

– Mas se... Você sabia disso o tempo todo, por que não me contou?

– Simples, Renée é louca, quer que Bella seja só dela, criá-la em uma redoma como um peixinho de aquário seria a melhor maneira de descrever seu estado mental. E eu não queria perder minha prima de novo, não depois do susto que tomamos. – disse Rose. – Quando Charlie fora em sua casa, realmente ele pensava que Bella havia morrido, Renée queria que ele acreditasse nisso, e depois que ela contou a verdade, ela o obrigou a não dizer nada alegando que se o fizer, ela some com Bella e ele nunca mais a verá.

Fiquei algum tempo calado tentando digerir tudo o que ela havia me contado, não conseguia acreditar na falcatrua em que o destino havia nos colocado.

– Rose, mas e o... E o bebê? – não queria ter tido coragem de perguntar, com medo da resposta.

– Ai é que está. – concluiu. – No que consta nos registros, uma menina nasceu neste dia, e a única gestante daquele hospital era ela. Mas ao conversar com as enfermeiras, elas dizem não saber de nada, a criança simplesmente sumiu, tenho uma cópia do registro de entrada da maternidade mas... Nada sobre a saída e nem para onde ela possa ter sido mandada. Já procurei os registros de quase todos os orfanatos da região e ninguém parece saber sobre nenhum registro de bebê com a descrição nem com a data indicada. Simplesmente sumiu.

– Então Renée pode ter dado um fim no bebê. – disse sem querer acreditar realmente nisso.

– Não acho que ela seja fria a esse ponto... Vamos Edward tenha fé! Essa criança pode estar por ai precisando dos pais de verdade dela. Acredite ou não, mas o universo parece conspirar a favor de vocês. Não pode se deixar abater. – disse segurando minha mão.

– Você vai contar isso a ela? – pedi.

– Não posso... Você não pode também, tem que manter segredo. Ela é muito fiel a mãe e se contarmos agora, ela vai questionar Renée e ela pode sumir com Bella para longe de nós. Se contar que ela é desconfiada de tudo que se diz respeito a sua vida passada. Isso pode prejudicar seu tratamento.

– Tem razão, isso não pode acontecer.

– Uma dica de amiga. Aproxime-se dela aos poucos, o Dr. Fords, seu psicólogo disse que sua memória pode voltar a qualquer momento. Talvez sua aproximação ajude a agilizar o processo. E eu vou te ajudar a procurar a filha de vocês, custe o que custar. Mas Renée não pode saber disso.

– Tudo bem... – uma luz se acendeu em minha cabeça, agora a cobra iria fumar. - Agora me diz outra coisa Rose... Alice sabe de alguma coisa? – perguntei e ela corou.

– É ela quem mantém Renée informada sobre cada passo teu, em troca, Renée manda fotos da Bella para ela. Alice sabe o que pode acontecer se ela não cumprir, estamos de mãos atadas por enquanto. – disse dando de ombros.

– Por Deus, essa mulher é maluca. – disse me levantando.

– Quer falar baixo. – disse me puxando para baixo de novo. – Não queremos que ninguém saiba certo?

– Ok, me desculpe.

– Toma cuidado com o que vai falar para Bella agora tudo bem? Tenho certeza que ela reconhece você mas não sabe dizer de onde então, cuidado. Isso a torna um pouco mais arisca, e depois de hoje, duvido que ela vá permitir sua aproximação tão fácil.

– Farei o possível Rose. E obrigada por confiar em mim. – disse sorrindo. – Quer dizer que nossa filha ainda pode estar viva?

– Ela deve ter seus 5 meses no máximo, temos que andar logo com essa procura. – disse sorrindo. – Agora tenho que ir. Até logo Edward, e não perca as esperanças.

– Você me deu novas motivações para acreditar no impossível Rose. – disse abraçando-a.

– Ah, e mande um beijo para Alice, diga que quando as coisas se acalmarem sairemos para comemorar.

– Pode deixar que direi. Até mais Rose.

Despedimos-nos e fomos embora cada um em seu carro, o dormitório delas era entre o meu e o de Alice, ou seja, fizemos o mesmo caminho e Rose me lançou um olhar de esperança e cruzou os dedos em sinal de sorte, fiz o mesmo e entrei em meu dormitório para descansar e tentar colocar alguma coisa da matéria em dia.

Quando sai do banho vesti uma bermuda, camisa e tênis, peguei meu óculos e sai deixando Jasper que parecia dormir no quarto. Liguei para Alice e perguntei se poderia entrar.

Bati na porta e uma baixinha com os cabelos amarrados apareceu.

– Podemos conversar? – perguntei ao entrar.

– Claro maninho... Mas o que foi? – perguntou sentando no sofá ao meu lado.

– Rosalie me contou tudo. – disparei.

– Ah, Rose está aqui? E como é que ela está? Precisamos marcar de...

– Não faz isso Allie, ela já me contou tudo sobre Bella e o fato de Renée estar chantageando todas vocês. Até Charlie. Já sei que ela perdeu a memória e que não se lembra de ninguém, muito menos da nossa filha que está perdida no mundo sabe-se la com quem ou se ainda pode estar viva. – suspirei ao ver que ela estava com os olhos cheios de lágrimas.

– Sinto muito... Eu queria te contar mas é que ela...

– Eu sei Allie, e te desculpo. Só queria lhe pedir ajuda, Rosalie e eu vamos procurar por esse bebê e eu vou desmascarar Renée. E quem sabe, com a ajuda do destino a memória dela não volte também. – disse.

– Então estou com vocês, faço de tudo para ajudar minha amiga. E você! – disse me abraçando.

– Obrigada Alice, é bom saber que você está comigo nessa. Agora eu tenho que ir, nos encontramos amanhã cedo para irmos pra universidade.

– Até amanhã Edward. – nos despedimos e eu fui para o meu dormitório jantar e dormir.