Tic toc. Tic toc. Ela já havia perdido a conta de quantas vezes tinha olhado para o relógio naquele dia.

Remexeu os longos cabelos azulados, estava quase entrando em pânico. Bom, já deveria estar acostumada com os encontros de última hora do loiro, mas a voz do namorado estava tensa, e era raro quando ele ficava tão nervoso. Ele nervoso a deixava igual, ou mais nervosa que ele.

Bufou irritada. Parecia que o tempo não passava. “Quatro horas”, ele disse; “Me espere no café ás quatro horas”. Quatro horas, não era? Ela estava lá, e nada de seu loiro energético aparecer. Ás vezes a distração de seu amado lhe custava um pouco – pouco?! – de paciência.

Tic toc. Tic toc. Ele estava cinco minutos atrasado. Ela deveria estar acostumada, mas não estava. Estava nervosa demais para isso.

Prendeu os olhos na porta. Odiava aquela espera. Ela passou a imaginar as piores alternativas possíveis: Talvez ele quisesse o fim; Ou pior... Talvez já até estivesse com outra pessoa.

Estalou os dedos quase explodindo em nervosismo, e quando ela menos esperava, a figura malhada adentrou a porta. Ela o conhecia bem. Muito bem, na verdade.

Prendeu o ar enquanto Naruto se sentava, já esperando as palavras que ditariam o fim do relacionamento dos dois.

– Olá Hina. – Ele sorriu de forma tão radiante que Hinata começou a questionar sua própria teoria de fim de relacionamento.

– Por favor, me fala o que está acontecendo, antes que eu exploda. As mãos tremiam e soavam frio quando Naruto as pegou.

– Ei, calma! – Ele riu, divertido. – Você se lembra desse lugar?

– Claro... Como me esqueceria? – Ela olhou em volta. – Eu costumava vir sempre aqui com Tenten e Temari quando estávamos no colegial.

– Sim. – Ele disse. – Um dia eu fui abastecer a moto e começou a chover... Forte demais para um garoto que acabara de tirar a carta poder dirigir. Eu parei no primeiro lugar coberto que encontrei, e era esta lanchonete. – Os olhos brancos de Hinata demonstravam confusão pura. – Aí eu vi uma garota linda rindo e conversando com duas amigas. Foi naquele instante, Hina. Bem ali, ouvindo a risada gostosa dela, que eu soube que ela seria minha.

O aperto das mãos dele sobre as dela ficou mais forte.

– Foi aqui, meu amor. Foi aqui que eu te vi pela primeira vez.

Os olhos da princesa Hyuuga estavam marejados. Ele nunca havia falado daquele episódio para ela. Nunca. E ouvir palavras tão belas saírem da boca do amado eram reconfortantes, e extinguiram completamente da cabeça da menina a hipótese de um termino.

Naruto puxou do casaco um envelope branco, que já se encontrava aberto. Apertou os lábios e encarou os olhos da Namorada.

– Minha carta da faculdade chegou. – O rosto da mulher se encheu de expectativa.

Sabia, mais do que todos, o quanto aquilo era importante para o loiro. Ele havia passado muitas e muitas noites em claro com a cara enfiada nos livros, e pedindo ajuda á deus e o mundo para estudar. Ninguém merecia aquilo mais do que ele.

Naruto teve uma infância difícil, Hinata sabia. Os pais foram assassinatos em sua frente quando ainda tinha cinco anos, e ele fora adotado pelo avô: Um velho pervertido e irresponsável, que vivia bêbado.

Cresceu vendo mulheres entrando e saindo da pequena casa, e o som dos gemidos eram sempre presentes. Por não receber atenção do avô, não se importava com os estudos, e passava o tempo todo querendo aparecer.

Quando ficou mais velho, acabou por entrar em uma gangue sangue-frio do colégio, onde teve os primeiros contatos com drogas, bebidas e sexo.

Tudo ficou melhor depois que Hinata apareceu. Apaixonaram-se quase que á primeira vista, e apenas dois meses depois de trocarem palavras já estavam juntos.

Isso há três anos.

Agora, ele com vinte anos, e ela com dezenove, a vida de Naruto havia dado uma guinada. Trabalhava, tinha o próprio apartamento, uma moto do ano, e o historio escolar estava irreconhecível.

Ele merecia passar para aquela faculdade. Era seu sonho cursar engenharia mecânica.

Sempre fora.

– Eu acertei setenta por cento da prova, Hina. – Ela mordeu os lábios, apreensiva. – O mínimo era sessenta e nove. – O coração dela deu um pulo e o sorriso enorme foi inevitável. – Eu entrei. Hina, eu passei!

Ela soltou um gritinho eufórico e o abraçou com força.

– Parabéns, meu amor. Parabéns. – Selou seus lábios com os dele, numa comemoração feliz.

Mas o coração gelou quando ele a afastou, mesmo que delicadamente.

– Hina... – Ele disse, agora sério, aparentando nervosismo. – Muitos relacionamentos terminariam agora.

O rosto de Hinata gelou. Ela sabia. Ela sabia. O medo passou a correr pelo seu sangue com velocidade.

– A faculdade é em outro estado, e nós sabemos bem como relacionamentos á distância terminam. – Ele suspirou. – Ou eles ficam estranhos um com o outro, e acabam por brigar... Ou um dos dois trai. – Era agora. O Adeus. Ela fechou os olhos, impedindo que as lágrimas escorressem. – Eu não quero que isso aconteça com a gente, Hina. Eu te amo demais, para terminarmos assim. Eu não quero me tornar um estranho, eu não quero que um de nós troque a vida toda por uma noite. Você me entende? – Ele fez carinho nas maçãs do rosto da menina. – Olha pra mim. – Quando ela abriu os olhos eles estavam vermelhos e as lágrimas escorreram de imediato. – Eu sei que a gente é novo, e sei que as pessoas vão falar, que vão comentar, que vão julgar... Mas Hinata Hyuuga, você é meu mundo. Meu mundo! Eu olho para o meu futuro, tipo, daqui uns quarenta anos e vejo você cozinhando para os nossos netos e eu mimando eles, e levando xingos dos nossos filhos. Eu vejo você comigo, babe, até os meus últimos dias. Cara, eu te amo pra caralho!

Ela o olhou, os olhos brilhantes pelas lágrimas, não acreditando no que estava ouvindo.

– Eu sei que nunca vou poder te dar uma casa á sua altura, e também sei que eu não sou bom o bastante para você; Afinal, o que a princesa dos Hyuuga estaria fazendo com um Zé roela como eu? Você é perfeita. – Ele sorriu. – Feita e moldada para mim. Eu te amo, eu te amo demais, Hinata. Casa comigo. Casa comigo. Eu vou me esforçar, babe, eu prometo. Eu vou trabalhar como um condenado, mas eu vou te fazer a mulher... A mulher mais feliz do mundo... se você deixar. A gente pode abraçar o mundo se quisermos, Hina. Mas fica comigo. Fica comigo para sempre. Eu simplesmente não consigo me imaginar sem você.

– Sim. – Ela disse, com a voz chorosa. O sorriso de Naruto ficou tão grande, que quase tocou as orelhas. – Sim, sim! Claro que eu aceito.

O beijo foi doce, foi apaixonado.

A partir dali, eles estariam e uma nova fase. Uma fase que pertenceria somente á eles.

Por que eles se amavam, e isso bastava.

The End

Nova Fase,

Por Hina