-Bella olhe pra mim...Consegue olhar para mim?-A voz de Edward estava tensa.Eu não conseguia ver seu rosto direito,a fumaça me atrapalhava.O fogo corroia mais minhas estruturas.

Se fosse para continuar diante daquela dor eu preferia ter morrido.

Nunca me senti tão fraca,tão inútil tão perdida.

Mas Demetri ia sentir isso.Tudo de volta para ele.

As mãos de Edward já giravam meu rosto em movimentos desesperados.Meu pescoço estava queimado,o que tornava o que ele estava fazendo ser dolorido,então fiz um esforço para olhá-lo e ele parar com aquilo.Ele suspirou.

-Demetri,você sabe que não pode lutar comigo-Uma voz falou bem ao fundo-Vocês dois saiam daqui-A voz era conhecida,eu conhecia aquele sotaque.

Era a voz da Mell eu não podia negar.Mas era impossível ela ter saído de lá,justo hoje.

Talvez a pessoa que Demetri trouxe veio de Volterra,talvez ela tenha visto e desconfiado,mas para ter tomado coragem de sair de seu refugio nem tão feliz,ela tinha que ter uma boa razão.

Senti outro par de mãos tocar meu outro braço.Arfei com a dor do toque,ambos os pares me soltaram.

-Pega todos os panos que você achar e traga aqui,junto com um balde de água com gelo-A voz de Mel estava tensa e tremula.Edward hesitou,mas desapareceu.Eu podia ouvir seus passos rápidos pela casa.Meus olhos encontraram os de Mel.

-Me encontrou...-Consegui dizer meio sufocada.

-Me perdoa-Ela disse,passando a mão em meus cabelos carinhosamente-Eu não devia ter feito o que eu fiz.Você não vai me perdoar.

Antes que eu pudesse perguntar algo,Edward veio até nós,com um balde de água com gelo,e vários lençóis rasgados.

Meus lençóis de pluma de ganso...

Foco,foco.

Ela afundou os lençóis na água gelada,os torceu e dobrou um pouco,Ela virou meu rosto de leve,colocando em cima de uma queimadura na parte direita dele.

Nunca agradeci tanto por algo como estava agradecendo agora.Ela foi colocando mais panos nas queimaduras.

-Em umas 2h ela vai ficar bem- Mel falou,se levantando.

-Mel não vá embora- Quase implorei.

-Eu não vou.Amanhã nós vamos conversar.Preciso de contar algumas coisas-Ela suspirou.

-Onde você vai então?-Insisti.

-Vou subir,pra deixar vocês á sós-Disse baixo,subindo as escadas devagar.

Eu arfei de novo,continuava a doer.

-Você fez de novo- Consegui dizer para Edward.

-O que?-Ele disse,se sentando ao lado de “meu corpo”

Eu estava praticamente jogada perto da parede.Ninguém tinha apagado o fogo da co..

Escutamos um zumbido estranho.Era o alarme de fumaça.A casa poderia ter explodido,e o alarme barato iria tocar depois que já estivessem pegando os destroços.

Ele começou á soltar água.A sensação era boa,por isso não me preocupei com o fato da destruição de móveis caros entre outros.

-Me salvou de novo.Odeio quando você faz isso.Primeiro no estacionamento,depois na rua,e agora,por que Edward?

-Eu terei que salvar você pelo resto de minha existência para compensar o dia que você mais precisou que eu a salvasse, e eu não estava lá.

Aquela frase me atingiu em um golpe fatal.

-Achei que me odiasse.

-Eu que devia dizer isso á você,não acha? Foi você que chegou dizendo que mataria todo mundo-Ele mantinha sua voz solene e um sorriso fraco em seu rosto.

-Não foi bem isso-Rebati.Esse clima leve meu com Edward parecia até uma fantasia,um sonho,pois era como se o ódio,tudo aquilo que eu sentia,tivesse desaparecido em uma fração de segundos,a frase : “Não...assim desse jeito,você não serve para mim” que era uma ferida,já estava quase cicatrizada.

Eu ainda tenho os vestígios do meu ódio,mas Edward ter salvado minha vida naquele momento tinha mudado tudo.

Ou era um plano dele.

Ou eu estava paranoica.É difícil confiar em Edward depois de tudo o que aconteceu...

Eu ainda me sentia como a menininha que foi usada e depois jogada fora.Edward bem que podia ser um vampiro maníaco com desejo pelo corpo de humanos e não pelo sangue.

Mas quando ele sorri,quando ele me toca,ele parece tão...gentil e cuidadoso.Daria tudo para saber o que se passa na cabeça de Edward.

Senti uma coisa diferente em meu braço e em meu rosto.Consegui eu mesma tirar os panos.Meu braço estava intacto,não era como se eu tivesse acabado de ser queimada “viva”.Conclui que meu rosto também estava.Usando o braço bom me coloquei sentada ao lado de Edward.

-Comece á explicar-Ordenei.

-Primeiro prometa que vai ouvir tudo antes de querer me matar-Ele pediu,se levantando.

Era grave.

-Pode falar-Eu disse.Ele começou a andar de um lado á outro.

-Renesmee...ela...eu..Criei ela em laboratório.

Não consigo descrever minha expressão facial depois daquela frase.

-E o que é mais doentio-Continuou ele-Eu usei a minha estrutura,meu interno,a parte de “mármore” de meu corpo para fazê-la,fundida com seu sangue.Foi uma revolução da ciência,eu consegui fazer um ser humano em laboratório sem usar um óvulo fecundado.Não sei se você sabe,mas já existem pesquisas sobre o que eles chamam de “super bebês”,que você escolhe cor da pele,olhos,cabelos,e as doenças que você deseja que ele já nasça imune,é fantástico,mas eu consegui ultrapassar essa experiência antes mesmo de ela ser colocada em prática...Eu consegui moldar tudo nela,Todos os orgãos,todas as pequenas peças,e seu sangue foi o que fez a maquina funcionar.

-Acabou de chamar uma criança de máquina você tem noção disso-Eu falei seca.

O que eu podia pensar disso.

Edward criar uma criança em laboratório.Não era ilegal...mas eu...minha mente não conseguia encaixar isso muito bem.Por que ele faria isso? Simplesmente por fazer? Isso era sádico,louco,nojento,repulsivo.

-Eu sei que foi doente,eu fiz por que eu fiquei louco,Bella,você não sabe como eu fiquei maluco,eu me internaria se fosse humano.Eu precisava de você...então eu fiz uma você para mim.Mas eu juro que,quando ela ficou pro...nasceu,abriu os olhos pela primeira vez,eu não vi ela mais como uma “coisa” que eu criei para te substituir,ela é minha filha,tanto que eu deletei da minha cabeça o quase 1 ano que eu fiquei preso á isso,pra mim ela é minha filha..nossa filha.

-Não vem com “nossa” Edward.Isso tudo é uma mentira,com certeza isso é impossível-Eu só negava.

-Você pediu que eu te contasse.O que você achou que fosse.

-Eu não achei nada,mas não queria que fosse isso.

-Queria que fosse o que?

-Coisa da minha cabeça.

Tirei os panos de minhas pernas e comecei á me levantar devagar.Meus movimentos ainda faziam meu corpo arder,mas conseguia andar.A água continuava caindo sobre nós,e Edward fitava o chão.

Se ele usou meu sangue,não queria dizer que Renesmee é minha filha...

-Como Tanya lidou com isso?-Perguntei secamente.

-Ela não sabe.Eu armei um bom plano ela realmente pensa que Tony e Nesme são irmãos.As únicas pessoas que sabem são eu,você e Carlisle-Ele respondeu.

Nós ficamos em silencio.Somente era ouvido o barulho da água caindo.

-Eu acho que o leão masoquista e doente perdeu seu cordeiro para sempre-Ele disse,se aproximando de mim devagar.O olhar dele estava carregado,eu não sabia de quê.

Ele já estava á poucos centimetros,eu não queria olhar para ele,virei meu rosto.

Mas quem era eu para julgá-lo?

Eu também era doente.

Planejei uma vingança contra simples palavras,planejei destruir uma família,tudo por que a “garotinha foi magoada” Eu julgar Edward? É injusto e egoísta,mais egoísta que o limite que imponho para mim mesma.

Nós éramos doentios juntos,nós dois tínhamos uma obsessão.

Nossa obsessão era um pelo outro.

-Você sempre terá seu cordeiro idiota-Falei,colocando minhas mãos em seu rosto,o aproximando mais de mim.Ele veio sem hesitar,ainda com mais força do que eu o puxei.

Seus lábios roçaram os meus,de uma forma como Edward jamais me beijou.

Era um beijo intenso,com sentimento e desejo,sem cuidado,sem controle como os outros eram.Agora nós éramos igualmente fortes para nos beijar.

A língua dele estava fria,mas gostosa,tinha um leve sabor de menta,com um pouco de bebida,talvez um wiske,apreciável e ao mesmo tempo viciante.

Era o fim da minha abstinência da boca de Edward.

Minhas mãos estavam em seus cabelos de bronze,enquanto as dele vagavam por minhas costas.Ele começou á girar meu corpo,seu peso nos fez cair no chão.A água havia parado de cair,mas estávamos completamente molhados o que fazia tudo ser ainda mais prazeroso.

Minhas unhas rasgaram a parte da frente de sua camisa,eu a arranquei pelas costas dele,a jogando em qualquer lugar.

Minha blusa já estava meio os pedaços por conta do fogo,ele não demorou para tirá-la.Seus lábios desceram para meu queixo e pararam em meus peitos,beijando-os suavemente.Eu o empurrei com força ainda agarrada nele,nossos corpos ficaram de pé,encostados em o que sobrou da parede quando batemos na mesma.

Nós paramos um segundo.Olhei fundo em seus olhos dourados,e ele olhava nos meus cor de rubi.

Seus lábios estavam nos meus outra vez,só que mais suave,menos roçador .As luzes da casa que estavam piscando anteriormente,se apagaram totalmente,e Edward me guiou até a escuridão acabar...

(***)

Edward abriu as cortinas da sala.O sol atingiu nossos corpos,fazendo a mágica de sempre.Eu havia terminado de aspirar toda a água da sala.Minha cozinha não estava em cinzas,estava preta,os móveis eram resistentes.

-Eu tenho que ir pra casa agora-As mãos de Edward tocaram minha cintura,ele deu um beijo em meu pescoço.

-Tanya não vai notar essa camisa estranha?-Falei.Ele estava com uma blusa cor de vinho de Demetri,a gola era V,ele estava bonito,realçava a saúde de seu corpo.

Ele só riu fraco.

-Como vai ser as coisas agora? Não nasci pra ser amante de milionário casado-Falei para ele,desligando o aspirador.

-Eu e Tanya já estamos perdidos faz tempo...eu vou falar com ela hoje,abrir o jogo.

-Olha,eu sei que era isso o que eu queria,mas não é isso o que eu quero.

Ele riu de novo,passando a mão por meus cabelos.Eu me virei para ele.

-Quer dizer...e as crianças?

-Muitas crianças passam por isso.Nós vamos ser pais ótimos...

-Edward você não pode simplesmente substituir a mãe de..-Ele me beijou para me impedir de falar.

-Pare de se preocupar e converse com a Melissa-Ele falou.

Mellissa...eu havia esquecido completamente.

Que constrangedor...

Edward me beijou mais uma vez,e saiu pela janela que levava o caminho de sua casa pela floresta.Subi as escadas com pressa,e fui até o quarto de hospedes onde Mel provavelmente estaria.

E lá estava ela,sentada no batente da janela lendo um livro,Razão e Sensibilidade,de Jane Austen.

-A noite foi boa- Brincou ela,fechando o livro.Eu só sorri fraco-Eu não me canso desse livro.

-Eu nunca o li-Me lamentei,sentando na cama- O que queria conversar comigo?

Ela suspirou,colocando o livro no chão.

-Bella...sabe eu não sou o que você pensa,mas também não me orgulho de quem eu sou.Serei direta : Se não fosse por mim,Edward não teria dito aquilo para você.

-O que?-Só consegui dizer isso.

-Nunca te falei meu poder...ele é ampliar as emoções,os sentimentos,até o momento em que você não os controlam mais,ele controla você.Edward estava com medo,e a pedido de Aro eu tive que ampliar isso,fazendo-o desistir de você.O efeito é temporário,mas deixa marcas.

-Você hipnotizou ele?-Me levantei,alterada.

-Não ! O medo já existia nele,eu só fiz ficar maior,eu não posso criar nada Bella !

-Foi você que aumentou o sentimento de vingança por ele? O meu sentimento.

-Não...Mas olhe,se eu não tivesse feito isso,eles iriam vir atrás de..

-Não fala mais nada...Você acabou com..

-A sua vida,eu sei,mas você precisa me escutar,eles...

-Vai embora.

-Sério isso,Bella?

-Vai logo Mellissa.Por favor só vai.

Ela olhou para o chão,depois para a janela.

-Eu fiz isso tentando evitar o que vai acontecer daqui uns meses.Mas me perdoe de qualquer forma-Ela disse somente,sumindo.

“O que vai acontecer daqui uns meses...” Isso não me parece nem um pouco bom.

Mas a guerra começa hoje.