Life Streets escrita por Tothless


Capítulo 16
Caminhando até o Pet Shop.


Notas iniciais do capítulo

Olá olá pessoal!
Me desculpem por passar um mês inteiro sem postar um capítulo novo, mas houveram problemas durante esse tempinho que fizeram o dragão que está escrevendo ficar ausente da internet!
Agradeço a todos os comentários, todas as mensagens que recebi, por todos os leitores preocupados e pela paciência de vocês todos.
Esse capítulo terá a playlist postada mais tarde, quando eu voltar para minha casa e a internet colaborar comigo! ¬¬
E aqui está mais um capítulo para vocês, espero que gostem, apesar de estar mais curto do que o planejado. ♥



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Passei o restante da manhã fazendo o meu “curriculum” junto com Jack e Merida fazendo perguntas e Rapunzel anotando tudo. No final da minha pequena entrevista, já tínhamos duas folhas e meia cheias de informações sobre mim; o que me deixou um pouco contente por ter tantas coisas positivas sobre o Soluço que está narrando.

Olha só! Até que eu era interessante para um menino magrelo e sardento de dezoito anos. Afinal, gastei três horas da minha manhã e da dos meus amigos para rabiscar um resumo sobre mim!

– Acho que temos tudo o que precisamos! – Punzie disse alegremente, arrancando as folhas do caderno em que estava rabiscando até o momento. – Tem certeza que não quer colocar sua cor favorita? – De novo isso? – Certeza mesmo? - Minha cor favorita estava sendo um pequeno problema desde o início e Punzie não parava de lembrar sobre essa questão. – Mesmo mesmo?

– Não acho que isso seja preciso. – Comentei, recebendo um olhar entristecido da loira. – Não precisa, né? - Todos me olhavam quietos e Rapunzel continuava me encarando como as crianças olham para os pais pedindo um doce. E quem diria que era tão difícil resistir? – Ok, eu gosto de verde! – Ela sorriu e anotou no final da folha o que acabei de dizer. - Terminamos? – Ela concordou com a cabeça, parecendo contente com isso.

– Graças ao Santo Thor! – Jack se jogou no sofá depois que Punzie levantou de lá e correu pelas escadas para o segundo andar. – Nada contra você, mas não gostei de passar três horas do meu dia sabendo sobre Soluço Spantocicus Strondus Segundo...

– Terceiro. – O corrigi, vendo-o bufar com isso. – Se eu fosse o segundo, estaria com mais de cem anos e enterrado agora em Berk.

– Que desagradável. – Concordei com a cabeça, vendo Jack pegar uma almofada com o pé e colocar em baixo da cabeça. - Me desculpe por te matar.

– Tudo bem, não é como se quase não tivesse morrido antes.

– Parem de ser idiotas. – Saltei da poltrona quando Merida quase gritou, não parecendo muito bem. O tempo todo a ruiva havia ficado quieta e só fazendo perguntas quando preciso, não levantando do tapete em momento algum. - O nome não faz diferença agora, faz? – Neguei com a cabeça depressa, vendo-a levantar do tapete se apoiando no sofá, deixando uma careta de dor escapar. – Se eu fosse vocês dois, arrumaria algo melhor pra fazer.

– O que se pode fazer antes do meio-dia? – Jack perguntou, se espreguiçando no sofá como um gato. – Me recuso a levantar se o almoço não estiver pronto.

– Faça o que quiser! - Ela se irritou repentinamente, me assustando de novo e indo atrás de Rapunzel pelas escadas com passos lentos e pesados, cobrindo a barriga com a mão.

Na hora senti pena de Merida.

Eu entendo – o que é meio suspeito - que sangrar por dias sem morrer não é algo legal. Na minha imaginação é como ter um ferimento de guerra que não pode ser cicatrizado antes de você sofrer com ele por dias sem parar.

Mas, infelizmente, eu e Jack temos um pequeno trauma quanto a isso; é assustador o modo como as garotas mudam de humor quando estão nos “dias vermelhos”. E acho que para alguém que estava nas piores épocas do mês para as garotas, até que Merida estava se controlando bastante e não havia agredido ninguém.

Por enquanto.

Revirei os olhos e me espreguicei quando os passos de Merida chegaram ao segundo andar e uma porta bateu. Deixei minha calça larga escorregar pelas minhas pernas, esticando os braços, quando só Jack estava na sala comigo. Seria constrangedor deixa-las ver minha cueca logo pela manhã, principalmente com a mãe das duas na cozinha logo ao lado.

O cheiro de comida caseira vinha da cozinha e estava quase me puxando para lá, como um campo de força magnético que existe entre um gordo e um X-bacon. E olha que não sou gordo, pelo contrário; sou muito magro, mas tenho muita fome. Muita fome mesmo. E Elinor cozinhava muito bem se fosse me basear pelo cheiro que estava sentindo.

Eu até iria à cozinha procurar algo para comer enquanto o almoço não ficava pronto, mas sabia muito bem que ninguém gosta de ser interrompido quando está fazendo algo importante, principalmente mulheres. Então fiquei jogado na poltrona mesmo, em silêncio.

Uma conversa alta começou a vir do segundo andar. Provavelmente as meninas estavam discutindo ou comemorando algo sobre meu “curriculum” já que ouvi meu nome algumas vezes no meio da tal conversa.

Mas o que mais me assustou no momento é que eu estava me sentindo muito bem. Após o apoio que recebi dos meus amigos mais cedo – depois de ser elogiado - não me importei com a franja caindo em cima dos meus olhos ou se precisava começar a me exercitar por ser tão magro.

Saber que você pode ser feio, estranho, alto de mais, magro de mais e ter ataques de desmaio no meio de uma lanchonete do nada, pode ser um pouco deprimente. Só que ter pessoas que se importam com você faz esses detalhes parecerem idiotas.

Eu era idiota, de fato, mas para eles ser do jeito que eu sou é o bastante.

Ok, isso foi lindo e acho que estou me sentindo menos feliz agora por estar sendo tão gay.

– Você vai mesmo ficar suspirando do nada, todo serelepe? – É, melhor parar. A voz de Jack surgiu de trás de uma almofada. – Nunca mais te ajudo com esses negócios de “cu” alguma coisa.

– Cala boca Jack. – Mandei. – Falando em “curriculum”, não seria bom você fazer o seu também?

– Depois. - Suspirei frustrado e cobri o rosto com as mãos, sabendo que o “depois” de Jack poderia demorar semanas. Até meses. – Veja bem, acabamos de nos mudar e arrumar um emprego agora parece tão...

– Tão? – Jack gesticulava com as mãos, tentando agarrar alguma palavra no ar mesmo sem saber ao certo o que dizer.

– Cansativo. – Ah, isso? – É muito cansativo! - Sério? Será que ele tem certeza de que empregos são cansativos? – E a gente tem que trabalhar e tudo mais, sabe? – Não me diga! Estou chocado com tal revelação.

– Sei. – Não entendo porque ainda tento discutir algo com Jack, de verdade, mas creio que no fundo – bem lá no fundo -, Jack guarda as opiniões importantes dele para uma ocasião especial. Por exemplo; brigas, porque todo mundo relembra mil coisas quando estão zangados e saem falando isso sem pensar. E como eu e Jack nunca brigamos, sempre escuto o necessário vindo dele. – E o que você pretende fazer?

– Decidi que vou esperar você ter alguma experiência nesse tal emprego, pra depois eu me motivar um pouco. - Nesse momento Elinor saiu da cozinha usando um avental sobre o terninho cinza, segurando uma colher e parecendo satisfeita com alguma coisa. Ela falou brevemente um “almoço pronto”, o que fez Jack levantar no sofá. - E não há nada melhor do que um almoço para motivar alguém, certo?

Meu estômago roncou alto, concordando com Jack.

– Não está errado. – Refleti e fui atrás de Jack, ouvindo o barulhos das meninas correndo pelas escadas.



Se o que Jack disse sobre “comida motivar alguém” estava certo, acho que não funcionou muito bem comigo. Eu simplesmente devorei dois pratos de macarronada – que estava muito boa por sinal – quando vi Elinor levantar da mesa falando que estava na hora de ir trabalhar.

“Hora de ir trabalhar”, sabe o quanto essa frase me afetou? Simplesmente quis me jogar em baixo da mesa e começar a chorar desesperadamente. Mesmo sabendo que Merida me chutaria dali e Jack tiraria sarro disso para o resto da minha vida.

– Boa sorte Soluço. – Elinor desejou para mim antes de pegar a bolsa gigantesca que tinha pendurado na cadeira. – Estarei torcendo por você. – Dei uma risada nervosa, coçando os cabelos da nuca e olhando para o meu prato vazio. – Você é um bom garoto, vai se sair bem.

– Obrigado. – O que eu poderia falar? Provavelmente não abriria meu coração para a dona da casa, dizendo o quanto estava nervoso. Ouvi os passos dela indo para longe, então consegui levantar a cabeça e respirar fundo de novo.

Joguei minha cabeça para trás, fechando os olhos e tentando me concentrar em coisas boas, mas senti uma vontade enorme de vomitar quando relembrei todos os momentos constrangedores que sofri na escola.

– Soluço, você está ficando verde. – Rapunzel disse, pegando meu prato e o de Merida para levar até a pia. – Está tudo bem? – Senti os cabelos de Rapunzel bater contra meu rosto, então os afastei com uma mão, sem abrir os olhos para encara-la.

– Claro que está! – Jack disse, dando um tapinha nas minhas costas. – A cor favorita dele é verde, não é?

– Jack, você é tão engraçado que acho que vou ali me matar e já volto. – Não é uma má ideia!

– Antes de você se matar, que tal irmos para a sua entrevista de emprego? – Merida sugeriu um pouco impaciente, se levantando e cruzando os braços. – Falta apenas dez minutos pra uma hora e ninguém garante que chegaremos lá na hora marcada.

– Então vamos! – Rapunzel pendurou o avental que usava num gancho perto da pia e correu até a ruiva. Nos levantamos da cadeira e Jack fez questão de me deixar passar antes dele, apenas para dar um – outro - belo tapa nas minhas costas.

Saímos de casa, desanimados e com a preguiça pós-almoço tomando conta de todos – menos de Rapunzel que saltitava animada pela calçada. Merida trancou a porta com a chave reserva e nem se importou de coloca-la em baixo do tapete de novo, mas ninguém a repreendeu com medo de levar um soco.

Caminhamos apressados depois de atravessarmos a rua. Rapunzel tagarelava sobre o “curriculum” e sobre como ele é importante na vida das pessoas. O que eu escutei? Algo parecido como; “SE VOCÊ FALHAR AGORA, VAI MORRER DE FOME, SACOU?” com uma voz demoníaca vinda do fundo dos quintos do inferno.

Desculpe Rapunzel.

Ficamos em silêncio enquanto atravessávamos outra rua, virando a esquina perto da praça e passando reto por ela. Ninguém havia prestado atenção no assunto que a Rapunzel tentava falar, então depois de ouvirmos apenas o som dos carros passando pela rua, ela decidiu falar algo.

– Será que você vai cuidar de Hamsters? – A loira perguntou, mudando de assunto depois de ver que ninguém havia prestado atenção nela. – E papagaios?

– Não sei. – Respondi pensativo. – Talvez eu só dê banho e leve eles pra passear, sabe? – Dei de ombros não me importando com os Hamsters, mas implorando mentalmente para cuidar só de cachorros.

Cachorros pequenos.

– Hamsters tomam banho? – Todos nós olhamos para o autor da pergunta premiada; Jack, olhando para o chão com o rosto contorcido em dúvida. – O que? Eles tomam?

– Essa foi uma bela pergunta, Jack. – Respondi de novo, mais pensativo ainda. – Uma bela e estranha pergunta. – Silêncio. – Eu não consigo imaginar alguém dando banho num hamster.

– Nem eu. – Merida respondeu, franzindo as sobrancelhas.

– É só colocar eles numa bacia de água, não é? – Punzie respondeu, cruzando os braços. – Mas sem sabonete e esponja.

– Se não eles comeriam e depois iriam morrer. – Todos concordamos com a cabeça quando eu disse por fim. Mas o assunto não morreu, pelo contrário, ele durou e muito! Como? Acabamos imaginando como elefantes, girafas, hipopótamos, rinocerontes, mastodontes, o presidente da França, a Ana Maria Braga, Micheal Jackson e até mesmo o mendigo da rua ficam tomando banho.

Estranho? Muito estranho, só que me ajudou a relaxar completamente enquanto andávamos. Voltei a raciocinar sobre coisas importantes quando paramos em frente à um belo Pet Shop de três andares e pintado de laranja, com vários desenhos de animais pelas paredes. Janelas de vidro e porta automática ficavam no primeiro andar, de frente para nós.

Através das janelas de vidro pude ver o interior da loja; balcões, atendentes uniformizados, prateleiras de rações, coleiras coloridas penduradas e gaiolas novinhas em folha. Era incrível o tamanho do lugar visto pelo lado de fora. E uma grande placa giratória e brilhante ficava na ponta de um poste em frente do lugar, anunciando:

BOLT!

“Clínica Veterinária, Pet Shop e Hotel”.

– Que lindo! – A voz alegre de Rapunzel me despertou, enquanto a loira corria para frente de uma das janelas gigantes de vidro e olhava alguns filhotes ali presos para exposição. – Rida, olha que coisa fofa!

– Uma graça... – A ruiva respondeu desinteressada, parada no mesmo lugar desde que chegamos à frente do lugar. – Soluço! – Eu? Eu sou uma graça? – Preparado para a entrevista? – Encarei Merida a olhando nos olhos, respirei fundo e vi que ela se animou com meu olhar decidido, então resolvi responder sinceramente:

– Não! – Falei alegre e levantando os braços pra cima, demonstrando toda minha alegria em ser uma ameba em forma humana. – Eu não estou pronto! - Eu tinha que ser sincero, não é mesmo?

– Ah, Thor! Por quê? Porque eu? – Ela suspirou irritada, cobrindo o rosto com as duas mãos.

– Relaxa ruiva, daqui a pouco passa um ônibus e a gente joga ele na frente! – Jack respondeu animado, apoiado no muro ao lado do Pet Shop. – Ninguém vai perceber que ele foi empurrado! - Isso porque Jack era meu melhor amigo, que legal.

– Não podemos simplesmente empurra-lo pra dentro da loja? – Rapunzel surgiu no meio da conversa, tentando evitar que aqueles dois loucos me jogassem na frente de um ônibus. – Seria mais fácil, não seria?

– Ou podemos ameaça-lo. – Merida sugeriu, parecendo pensativa e menos irritada. Olhei para os três discutindo o melhor modo de me matar e fiquei assustado com a capacidade mental que eles tinham. – Ou torturar, quem sabe? – Mesmo se não soubesse, acho que eu não gostaria de experimentar.

– O ultimo é legal. – Que maldito melhor amigo que tenho, santo Thor! Com o Jack de amigo, nem preciso de inimigos, né?

Me afastei dos três discretamente, tentando não ouvir as barbaridades que estavam conversando sobre mim e parei em frente à porta automática do Pet Shop.

Certo! Tenho três loucos psicopatas que vão me matar se eu não entrar. E tenho também, muito provavelmente, uma entrevista assustadora se entrar nessa loja. O que fazer? Morrer ou ser morto?

Ok, talvez eu esteja exagerando, mas meus joelhos tremiam tanto na hora que esqueci por um momento as horas. Olhei o relógio de pulso quando ele apitou, mostrando a hora marcada para a entrevista piscando no visor eletrônico.

É, estava na hora de ser homem - não que eu já não fosse homem antes disso, mas vocês entenderam o que eu quis dizer. Dei um passo em direção da porta automática e ela se abriu deslizando para os lados, chamando a atenção dos três para mim. Só olhei para trás para vê-los quando estava dentro do Pet Shop, caminhando até o caixa.

Os três me olhavam animados. Rapunzel gesticulava para mim, cutucando uma Merida contente no braço, enquanto Jack balançava a cabeça concordando com a minha atitude; Parei em frente ao caixa, onde uma garota jovem como eu anotava algumas coisas numa prancheta.

– Com licença. – Minha voz falhou pateticamente, me fazendo parecer um ornitorrinco. Engoli em seco quando a atendente me olhou e tentei fazer minha voz sair. – Tenho uma entrevista de emprego marcada às 14.

– Você deve ser o novo funcionário! – Ela sorriu ao escutar a minha ultima frase e largou a prancheta em cima do balcão. – Eu sou Penny, muito prazer! – Apertei a mão dela e a balancei, sorrindo sem graça.

Me concentrei o mais rápido que consegui, relembrei todas as coisas que me perguntaram hoje de manhã na entrevista e decidi; a próxima frase seria digna e eu não falaria igual a um ornitorrinco!

Eu não falaria igual a um ornitorrinco! Eu, Soluço, não sou um ornitorrinco para falar igual a um no meio de uma entrevista de emprego!

Respirei fundo, relaxei os ombros e disse, usando um pouquinho da minha coragem:

– Pode me chamar de Soluço. – Eu não sou um ornitorrinco! Obrigada Thor! – Pode me levar até o lugar?

– Claro! – Penny concordou com a cabeça, deu a volta no balcão de atendimentos e saiu andando. – Me siga, por favor.


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Notas finais do capítulo

Perdão por qualquer erro que encontrarem no capítulo. Prometo que quando chegar em casa, nesse sábado, vou arrumar qualquer erro e postar a playlist pra vocês, ok?
E a Penny que usei como funcionária do Pet Shop é a mesma do filme "Bolt, o super cão".

Por enquanto é isso...

MENTIRA, AGORA É A HORA DOS BISCOITOS! ♥

Sentiram saudades? Espero que sim, por que eu senti! ~

Biscoitos cheios de amor e carinho para Ariane e Mariana, Meire, White, Giselly Valdez Solace, Myh, Sophneko, Mitchell, Zaruko Sakura, GummyPenguin, Carol, Littlebird, Soluço Frost Dunbroch, Rapunzel Frost, Suzana Chase Rajaram Jackson, Kitty, LittleMissSunshine, Nelly Black e Liz Urcha!

Novas leitoras também ganham biscoitos: LoveMortal, Traudi Osbourne, Penny, Nait Frost e Carolina Mesquita, espero que gostem dos biscoitos! ♥

E ifAladdin, minha querida, seja bem vinda DE VOLTA! :D