A história começa em Berk, uma cidadezinha pacata e sem graça, com pouco mais de cinco mil habitantes. Ou menos, não sei. Neva a maior parte do tempo e algumas vezes cai granizo, mas quando começou estávamos no verão - que parece muito o outono. 

Eu nasci em Berk, apesar de minha mãe querer que eu nascesse em Corona que é uma metrópole a alguns quilômetros de distancia. Pelo que ouvi de meu pai, eles estavam a caminho de lá, mas só que o tempo de viagem custou muito mais do que gasolina: Minha mãe não resistiu ao parto, então veio a falecer a caminho do hospital local, me deixando com meu pai desde sempre.

Falando nele, preciso dizer que gosto muito do meu pai, apesar de tudo, já que Stoick não é um homem de muitas palavras e o serviço dele é transporte de cargas leves, o que não o deixa muito tempo em casa. Então cresci em um ambiente solitário e calmo, ou parcialmente, já que nossos vizinhos eram extremamente barulhentos. E foi numa visita noturna à casa vermelha do lado direito da nossa verde, que conheci Jack Overland Frost e seu pai North.

Jack era uma criança muito encapetada, só que sem o capeta em si no corpo, se é que me entendem. Até hoje ele é assim, mas acho que ficou um pouco mais controlado com a idade ou alguma outra coisa. E North é o que podemos classificar como a versão mais velha de Jack, com uma barba branca de brinde. Eles passavam noites em claro cantando altas canções, rindo e conversando sobre qualquer coisa, até meu pai tentar aquieta-los e acabar por se tornar parte da festa, me levando junto.

Foi com North que aprendi a gostar de boas músicas desde os 6 anos. Acho que eu e Jack éramos as únicas crianças que cantávamos Rock and Roll All Night no recreio da 4° série, enquanto nossa professora ficava nos olhando pela janela da sala totalmente chocada. Riamos muito dela.

Mas isso já passou e agora tenho que dar um novo passo em minha vida; tenho que me mudar. E Jack também quer sair de perto do pai; O “espirito de rebeldia” controla os jovens na nossa idade, então vamos juntos.

Eu e Jack decidimos isso há anos, mas só agora que nós temos dezoito anos, podemos sair de Berk e ir para Corona. O que é só por enquanto, já que o velho Stoick ainda não está preparado para uma distancia muito grande do seu “grande filho” e eu quero partir para outros estados, países e continentes o mais rápido que posso.

Cheguei a conversar mil vezes – ou bem menos - com meu pai sobre minha mudança, até um ponto em que ele desistiu de continuar dizendo não e conseguiu alugar um apartamento para me mudar, além de  caixas para empacotar minhas coisas e malas novas. Ele era um bom pai.

Mas havia uma única condição naquilo tudo e era visita-lo uma vez no mês, em algum final de semana. E arrumar uma namorada, um bom trabalho e pensar em alguma faculdade ou curso.

Ok. Tudo bem e tudo certo. Não deveria ser tão difícil, deveria? 

Bem, parecia não ser tão difícil antes de entrarmos no mini-caminhão de mudanças do meu pai e irmos em direção à estrada para Corona.

Meu coração pesou, meu estomago se encolheu de ansiedade e, com Jack do meu lado no banco, vimos Berk sendo deixada para trás. 

Estava na hora de, finalmente, começar uma nova história.