Desejo & Compreensão - HIATUS escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 8
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Para Louise e Marco Antonio que comentaram minha história, amo vocês leitores conhecido e invisíveis! Eu sei que vocês existem!



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"O caráter não é esculpido em mármore, não é algo sólido e inalterável. É algo vivo e mutável, e pode tornar-se doente, como se torna doente o nosso corpo."

George Eliot

De nenhuma forma Clarisse podia pensar que o pai lembrava com saudade daquela mulher sentada a sua direita na mesa do café. Desde que acordara e se vestira, a menina se dedicava a uma reflexão de sua decepção, não sabia mais se tinha sido uma boa ideia ir a Londres, talvez ainda continuasse pensando bem da tia, mesmo estando seriamente enganada.

Não conseguiu, porém, tornar tragável qualquer qualidade de Lady Burghersh, foi um esforço em vão, se sentia ofendida por ela e mesmo que a Lady não tivesse feito por mal, o que não conseguiria acreditar, também não poderia perdoá-la completamente.

“Iremos ao centro amanhã, temos que vesti-las adequadamente para a sociedade londrina, por mais que encontrem bons maridos sem isso, não devemos por tudo na mão do destino.”

“Acredito, Lady Burghersh, que meu pai não aprova o plano, ele deve estar conosco quando tratarmos de escolher um marido.”

“Mas sou tia de todas vocês, como não poderia eu auxiliar seu pai nessa decisão, ele poderá conhecê-los quando vier a Coumbeville, srta. Hill, lembro-me agora do quão odioso esse chamamento soa, devemos casá-la logo com um nome de família de boa sonoridade para meus ouvidos sensíveis” esse comentário indecoroso de um devaneio que nenhuma mulher deveria manifestar que o tivera parecia comum, assim como todos os outros característicos da tia, mas totalmente ofensivo.

Clarisse foi inundada por uma fúria, desde pequena desejou permanecer livre até encontrar alguém que a amasse, e não a seu penteado, vestido e jóias. Gostava de pensar que se casaria com qualquer homem, mesmo que possuísse um rendimento de 50 libras ao ano, mas tivesse sensibilidade, concluíra depois, que com esse homem não se casaria, alguém com um amargo déficit orçamentário dificilmente teria qualquer sensibilidade que não tivesse sido consumida pela rústica vida que levava.

Por todo o tempo que o rubor da ira inundou sua face ela se manteve olhando fixamente para o prato. Não desejava estar ali. Mas se saísse da messa com a petulância que não conseguiria esconder, talvez tornasse a tia um ser de má vontade para com ela e isso pioraria mais as coisas.

A conversa continuou, como se Clarisse não estivesse ali, as duas outras irmãs ficaram um tanto impressionadas por irem adquirir a última moda da capital, com modistas para lhes ajustar os trajes e toda a gama de acessórios em metais preciosos. Somente Digory e Rose ficaram incomodados com a reação dela, se a próprio tivesse erguido a cabeça por só um momento teria visto olhares de compaixão.

Com o fim do café, Clarisse andou firme até o quarto e fechou a porta, procurou em sua bagagem o último regalo da mãe, um diário para que ela não esquecesse um detalhe se quer nas narrativas posteriores, já que nem em cem cartas ela conseguiria esse feito.

Ah querida mamãe!

Não poderia ter me dado um presente melhor em um momento tão terrível, eu odeio Lady Burghersh, uma mulher detestável, e só eu pareço ver a humilhação que ela causa a todos nós, Tânia e Alice parecem tão cega como a própria lady. E eu me sinto tão sozinha, agora tenho onde narrar o que não posso fazer a mais ninguém, porque não quero incomodar Rose nem Digory com meus desgostos.

Pergunto-me como uma refinada sociedade como a da Inglaterra conseguiu corromper uma mulher dessa terrível forma, não consigo ver nela o que papai nos descreveu, parece que sua mente mentiu para o próprio, ressaltou tudo que a antiga sta.Hill poderia ter a seu favor e excluiu todas usas imperfeições.

Lady Burghersh faz de tudo para não deixar um resquício da pessoa que foi enquanto sta. Hill, até o chamamento repudia, e para se referir a mim mesma parece recusar a usar. Cometeu terríveis ofensas para com papai e tenho certeza que fará mais assim que lhe convir e puder.

Gostaria de lhe escrever pedindo para que adiantasse nosso retorno e não trouxesse papai aqui, ele morrerá de desgosto assim como eu faço a cada minuto. Mas sei que meu pedido não seria nem cogitado, ele precisará passar por essa dor para nos entender, espero que não sofra muito.

Saudades, da sempre sua,

Clarisse Hill.

Quando encontrou um esconderijo no meio de uma gaveta de cartas, ela tinha endereçado o relato a mãe, mas jamais o mostraria, era uma pequena distração pensar que alguém responderia ao seus apelos, e ao mesmo tempo uma catástrofe se vissem as palavras pouco bondosas que ela usara para falar de uma parenta próxima.

Quando ela pretendia se deitar um pouco para amenizar a dor em sua cabeça houve uma batida na porta, ela nem ao menos sentara, então se virou, alisou ou cabelos e secou as últimas lágrimas.

Antes de girar a fechadura inspecionou a alcova e depois alisou perfeitamente a saia do vestido e girou a chave. “Rose..” foi a única coisa que pronunciou antes de ser jogada para dentro pelo peso da outra. Ela esperava uma empregada ou outra de suas irmãs, mas não Rose, alguém que tinha agora tanto para se preocupar.

“Querida, espero que não tenha se ofendido com a horrorosa Lady Burghersh, ela é uma mulher sem senso e discrição, fala a primeira coisa que vem a sua mente. Digory e eu ficamos espantados com as palavras dela, mas não se importe com isso, me entendeu?”

“Sim, eu estou chorando, mas compreendo o que diz.”

“Deve chorar enquanto estamos aqui sozinhas, não precisa ser forte sempre.”

“Tão injusto ela me julgar daquela forma, pensar que por causa do meu nome devo me casar logo, como se eu pudesse suportar qualquer conhecido de Lady Burghersh.”

“Não julgue o que não conhece Clarisse, pode estar tremendamente enganada, somos pessoas boas e agora conhecidas de Lady Burghersh.”

"Penso ser errado julgar."

“Mas todos o fazemos, precisamos de bom senso para controlar, e não hipocrisia para negar.”

“Me esforçarei para isso.”

“Isso, sorria para mim” falou Rose quando Claire tentou esboçar um pequeno sorriso no canto da boca. “Sei de um lugar que lhe fará bem, há um pequeno bosque, poderá sentir o cheiro de casa e estará restabelecida antes do almoço.”

Claire assentiu, as duas puseram seus xales e saíram, uma enlutada e a outra determinada.


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Notas finais do capítulo

Psé, o Fanfiction engoliu parte do meu texto original e eu precisei reescrever ¬¬' sacanagem isso né!



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