"Teus olhos insistem em me chamar para essa eterna dança de olhares... Eu só espero que a música não pare..."

Niquemsn

"Eu vos digo:

Alguém precisa ter caos em si mesmo

Para dar luz a uma estrela dançante."

Nietzsche

De fato os dias finais para o baile se passaram, Clarisse não pode em momento algum deles devolver o anel de Lady Burghersh, simplesmente não podia deixar no quarto da dama como um pertence que sempre esteve presente na caixa de jóias, tão pouco pode ir sem ser pega à biblioteca. Por fim resolveu guardá-lo consigo pelo próprio bem, saberia que uma empregada não teria escrúpulos em delata-la.

Era sobre pensamentos nervosos que iam desse assunto a outro sem qualquer relação é que vagava a mente da menina nas últimas horas antes do evento.

Ao chegar ao salão principal, pouco se importou em como estava, o vestido branco uma vez a tinha encantado e agora não poderia falhar em suas intenções. Cumprimentou os primeiros convidados a chegarem, eram duques de uma região próxima, provavelmente foram muito amigos de sir Burghersh, já que o único assunto que os une a esposa do falecido marido são os comentários sobre este. Logo depois vieram mais casais, alguns traziam os filhos jovens em idade de frequentar a sociedade, outros vinham acompanhados de outros convidados.

Para uma mente pouco aberta aqueles eventos, como as das duas irmãs, o enchimento do salão provocou uma alienação de ambas sobre o que realmente acontecia e sobre o que os próximos conversavam. Estavam entre o deslumbramento total, já que nunca tinham visto um baile tão requintado como aquele e lotado apenas de cavalheiros e damas.

"Veja que elegante aquele vestido! " dizia Alice em sua costumeira simplicidade toda vez que uma dama passava por elas. Até mesmo Tânia ficava silenciosa de deslumbramento ao lado da tia. Todas sabiam que provavelmente nunca mais veriam aqueles salões tão belos como estavam à luz das velas.

Era sentida pelas duas irmãs ainda a saudade dos pais, estar ali sem sua presença,  fosse por esta mesma ou pela necessidade que Clarisse via na visita deles para declarar seu consentimento sobre o amor que sentia por um homem. Independente do motivo, adeles ali era imensurável em corações tão calorosos.

Lady Burghersh cumprimentava a todos em uma posição mais a frente das meninas,  ao seu lado permaneciam Digory e Rose como era definido. E isso os tornava ocupados a ponto de pouco conseguirem trocar olhares com as irmãs. 

Porém a chegada de um convidado fez a ligação entre os mundos em que Clarisse e os demais viviam, o sr. Manson chegara. Vinha em um fraque perfeitamente alinhado e deixando a capa, chapéu no vestíbulo com um dos empregados agora vinha em direção de das anfitriãs. Beijou a mão da Lady e então de Alice que estava mais próxima, em um olhar difuso foi em direção a Clarisse e então a cumprimentou e virou-se para Tânia, que tinha se mantido quieta até aquele momento.

"Sr. Manson, é tão bom ter vindo! " começou a prima "devo hoje cobrar uma vaga promessa de dançar comigo." Ela sorriu levemente, o olhar oblíquo revelava que sabia o quão imprudente era o que acabara de falar, mas nas pupilas podiam se ver motivos mais intensos que o decoro.

"Sim, de fato. " Respondeu ele em um meio sorriso. A decepção de Clarisse era quase visível, quando a dança foi anunciada, Tânia e Manson abriram o salão. Mas a própria Clarisse não ficou sentada a observar a vencedora, aceitou um terno pedido pelas duas primeiras danças de um rapaz que tinha sido apresentada no evento passado.

O sr. Weston porém não foi capaz de prender devidamente sua atenção. Enquanto rodopiavam pelo salão aos passos certos da música, trocaram uma série de olhares sem grande significado, e menos foi a troca de palavras. Se ele não estava interessado em Claire, podemos afirmar que se tratava de uma reciprocidade. Ela dança para ser vista por aquele que queria ver.

Com o sr. Manson, ela trocou olhares esporádicos e que foram sustentados por ambos enquanto a música permitia. Tanto o que aconteceu na primera música, voltou a acontecer na segunda. Mal poderia saber Clarisse, de um detalhe quase invisível: enquanto ela sustentava e buscava olhares que eram correspondidos, era o contato direto entre o par principal, a posição dos braços e mãos que tornava o corpo de Manson interessado e animado, ele estava cedendo ao que o coração e corpo escolhera, mesmo sendo isso o perigo.

Finalmente as danças acabaram e os pares se despediram. Voltaram ao grupo esperando os próximos convites para danças e para participar das conversas. Foi um leve piegar atrás de Clarisse que a fez parar de procurar em meio aos grupos aquele com quem tinha agora um elo maior.

"Srta.Hill, daria-me a honra de suas próximas danças? " Perguntou Manson um pouco curvado e com a mão estendida em convite.

"Sr. Manson seria um deleite. " Respondeu sorrindo e assim se encaminharam para a pista.

Os primeiros acordes trouxeram de volta a conversa e o momento sincronizado do casal com os demais.

"Sr. Manson, como tem passado? "

"Acredito que não melhor que minha noiva" respondeu quando pode.

"E quem seria ela?" Finalmente o estresse de Clarisse diminuía e ela começava a se sentir em um bom humor digno de uma princesa cortejada por cem dos melhores homens do reino.

"A pessoa que agora deveria enquanto conversamos sozinhos deveria me chamar por Edward em vez de sr. Manson. "

"Senhor, não podemos correr riscos. "

"Alguns mal nenhum farão" proclamou divertido tentando sentir-se como a pouco tinha com Tânia, mas as diferenças eram claras, a inocência de Clarisse não era a ele muito atrativa como os olhos dotados de força de Tânia, a forma de agir de ambas também não cabia em comparações e ele preferia a segunda de corpo e alma, mas era com a primeira que devia casar-se.

Em um rodopiar ligeiro como a música exigia porém, algo fora dos planos de qualquer "ladra" aconteceu,  Clarisse sentiu algo lhe escapar. O anel de rubis se fora.