Desejo & Compreensão - HIATUS escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 15
Capítulo Quatorze


Notas iniciais do capítulo

Bem eu demorei, mas é que eu me perdi em uma leitura e só consegui me restabelecer agora. Devo pedir para que vejam que eu adicionei um prólogo a história, por favor leiam!



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"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."

Friedrich Nietzsche

O resto do dia pareceu ser uma luta entre o tempo e a ansiedade, mas a vitória era sempre do primeiro, não importava o quanto Clarisse, ou mesmo Tânia estavam ansiosas para o próximo encontro com o sr. Manson, nem aliadas pelo mesmo objetivo o tempo pareceu em qualquer ponto ceder, talvez porque diferenciassem parcialmente nos motivos. Nossa heroína se preparava para olhar no fundo dos verdes olhos insondáveis dele e esperava nesse momento uma confirmação de tudo o que parecia germinar em seu coração, a segunda pensava em rever o espaço que Claire parecia ocupar no coração daquele homem, por mais que se recusar a pensar que seria tanto espaço como o que sua inveja poderia prever.

Os corações das jovens são elementos sensíveis, uma troca de olhares, uma dança era o suficiente para cativá-lo, por mais que houvesse aquelas mais ariscas, era uma questão de tempo até que ali se instalasse o mais sincero afeto. O tempo parecia algo volátil, indo do imparcial ao parcial, elas poderiam amar pelo resto de suas vidas o mesmo homem pelo qual foram facilmente cativadas. Mas se por infortúnio ou não, outra troca de olhares, ou então algo de insistência maior, uma conversa, declaração, poderiam alterar o rumo de seus pensamento e afeições.

Clarisse mesmo com seu coração totalmente constante teve que se voltar as distrações habituais, confirmando suas suspeitas dos horários dos criados, mas a presença de outros na sala só pareceu tornar sua chance impossível. Porém teria feito uma análise com muito mais crédito se não tivesse os pensamentos envoltos pela leve bruma da ansiedade. Passou parte da noite que tocando pequenas canções irlandesas e italianas a pedido do grupo enquanto Tânia e Alice a acompanhavam cantando, aquele era um momento único desde que chegaram a Londres, as três pareciam irmãs e ela sentia que nada poderia separá-las, uma imagem atemporal eternizada na melodia constante. Foi a última nota responsável por fazer em cacos aquela relíquia e tornar real a situação, Tânia aprendera a odiá-la e Alice era alguém perdida naquela batalha que Clarisse não tinha consciência que travava.

A noite se passou tranquila na casa, os sonhos mesmo que nem sempre agradáveis a memória não destoaram o sono das jovens. Parecia que nada poderia interferir em sua paz durante o dia também, todos fizeram um pequeno passeio pelo jardim antes de Clarisse preferir o bosque. Lá ela andou até uma árvore longe das bordas do lugar e se sentou, sentiu-se em casa, uma paz de espírito a imundou e quase podia ouvir os passos de Digory que sempre a procurava na floresta quando pequena.

"Ai está você." Os passos não eram imaginários, ele realmente veio procurar pela irmã.

"Digory. Ah como essa cena é um belo djavú!"

"Sim, mas eu não trouxe uma maçã para você." Ele brincou com o fato de quase sempre colher uma maçã antes de ir procurá-la, como se fosse chantageá-la a sair dali, mas sempre se sentava por algumas horas e dividia a fruta com ela.

"Aqui também não é nossa casa." Eles se aconchegaram abraçados e se sentariam nas raízes da árvore, poderiam ter se passados minutos ou uma hora inteira até que a barriga de Claire roncasse com a fome e então resolveram que era a hora de se juntar aos outros e quem sabe, pedir para que preparassem a mesa para o almoço.

Passaram pelo gramado verdejante a luz do dia, era perceptível de como era bem cuidado, encontraram os demais em uma tenda montada em meio a um dos passeios mais comuns da propriedade, lá repousava Lady Burghersh sendo cuidada por uma criada.

"Oh, Digory! Não pode me deixar assim, fiquei severamente preocupada" disse a própria Lady e Rose olhou para ela, que estava de olhos fechados, e depois para o marido e a irmã com um olhar totalmente descrente e Claire só pode rir baixo e pensar "se esta é toda a preocupação dela com Digory, gostaria de ver seu rosto se algo acontecesse comigo ou uma das desprestigiadas de sua atenção".

"Estou aqui, Lady Burghersh, caminhei por um tempo." Respondeu o sobrinho sem dar mais detalhes.

"Devo mandar servir o almoço aqui no jardim, Lady Burghersh?" Perguntou a criada perto de uma mesa vazia no momento, com o grupo completo eles deveriam começar a preparar-se para a refeição.

"Faça isso" respondeu a patroa rispidamente antes de se queixar do calor e como ele fazia mal a ela. Os irmãos que acabaram de se juntar ao grupo foram em direção de Rose e Alice que voltavam para debaixo da tenda depois de um ligeiro banho de sol nas proximidades. A esposa do irmão que estava mais a frente se sentou em uma das cadeiras antes de se voltar para Clarisse.

"Querida, sugiro que descanse agora, acho que teremos muito trabalho esta tarde." Falou passando a mão na do marido que se apoiava no encosto da cadeira.

"De que fala."

"Alice conte a ela, sei que está animada." Disso sorrindo para a mais nova que pareceu se animar instantaneamente.

"Rose e eu vamos aprontar você para esta noite, precisará de ajuda para terminar o chapéu..." ela parou um momento imaginando em tudo que poderiam fazer "será uma tarde das garotas!"

"E Tânia?" perguntou Digory interessado no assunto.

"Não acho que ela pretenda se juntar a nós mesmo se convidada." Respondeu a esposa lançando um olhar acusador para o lugar onde Lady Burghersh estava sentada e tinha a outra irmã como fiel dama de companhia "ela dever ter planos de passar a tarde agradando nossa querida tia."

"Mas e quanto as duas?" Perguntou Clarisse como se recusando a ver que ela era a única que tinha um interesse especial na noite.

"Iremos nos divertir te arrumando, prometi que a deixaria igual a uma princesa."

"Princesa" repetiu a Alice com um sorriso de divertimento.

A conversa foi parcialmente terminada com a aproximação de Tânia e da tia, em um convite para se sentarem a mesa para o almoço. Todos se levantaram e encaminharam para seus respectivos lugares, sentadas elas trocaram olhares que não necessitavam de tradução ou de prorrogação daquela conversa interrompida.


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Notas finais do capítulo

Alguém sabe onde encontrar o livro Wives and Daughters da Elizabeth Gaskell para ler? Em português fica Esposas e Filhas, mas eu não achei nem para vender, nem em pdf na internet e muito menos pra me emprestar :c

P.s: Talvez eu volte nos capítulos e faça algumas alterações sobre o texto, mas nada comprometedor, quem ficar interessado pode me avisar e eu direi nas notas quais capítulos eu alterei, os demais podem continuar sua leitura pois não haverá em qualquer momento prejuízo a vocês.