Paradise On Hell escrita por Gilbert


Capítulo 2
Party time.




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(...) - Meu nome é Damon.

– Que bom pra você, não é mesmo? - Sorri falso. - Tchau. - Sai andando enquanto ele murmurava algo como "a educação mandou lembranças", e minha vontade era responder "diz a quela que mandei um beijo", mas não me dei ao luxo de olhar pra cara de garoto mimado dele.

Minhas expectativas estavam certas.. Eu não gostaria de ninguém daquele colégio. Ninguém era meu tipo de amigo, e os garotos todos tinham cara de filhinhos do papai. Um bando de bonequinhos de plástico, que devem achar que conseguem tudo só porque são bonitos. Aquele Damon era um desses tipinhos. Talvez ele se desse bem com a loira azeda, quem sabe!? Eu acho que nunca conseguiria ir com a cara da Caroline, eu culpo ela pelo fracasso do meu plano. Se ela tivesse feito tudo direito, as coisas teriam dado certo. Mas nãaaaao, ela deixou a tintura do cabelo atrapalhar tudo.

Uma hora ela "Elena vamos cortar as roupas da mamãe e jogar pela janela algumas" e na outra era "FUI INFLUENCIADA PELA ELENA JOHN". Filha da mãe. Se ela não tivesse feito tanto barulho pra abrir as malas, e se não tivesse deixado a droga de uma bolsa cair no chão, meu pai nunca teria descoberto e a gente não estaria aqui. Mas agora nem adianta eu ficar choramingando por isso..

Tava andando sem rumo pelos corredores da escola, não fazia ideia de onde estava e nem pra onde iria. O lugar era enorme, dava umas trinta casas minha, sem exagero. Haviam algumas partes mais modernas e claras, mas outras tão antigas que me davam arrepios. Eu sempre gostei de ler historias de lugares mal assombrados, mas viver em um não seria "maneiro". Ta, ta.. Vamos parando com a criancice, porque essas coisas não existem. O que existe sou eu, vivendo em um lugar que eu não queria estar vivendo, com pessoas que eu não queria ter que conviver. Mas é a vida. O pior é que tinha uma vozinha dentro de mim que não parava de falar "Dê uma chance, nem tudo é ruim assim", enquanto tinha outra que falava "Vire uma serial killer, vai ser mais facil de lidar com tudo". Só que pra falar a verdade, eu tava mais proxima de ouvir a segunda voz.

– Jovem! - Uma voz masculina surgiu atras de mim me assustando um pouco. - Os alunos deveriam estar no auditório agora, a palestra já vai começar! - Um homem que parecia ter uns quarenta anos sorria gentil, porem de um jeito mandão, pra mim.

– Hm, é que eu sou aluna nova e não sei onde fica nada nesse lugar. Mas quem é você? - O moço que não parava de sorrir tava me assustando já.

– Sou Alaric Saltzman, seu professor de historia. - Saltzman? Ele era marido da diretora? Professor? - O auditório é no final daquele corredor. - Ele apontou com o dedo. - Uma porta grande, que vai estar aberta. Tenha uma boa tarde. - Ele se retirou, e a unica coisa que eu fui capaz de pensar era em como um PROFESSOR poderia ser tão BONITO sem deixar de ser PROFESSOR. Que coisa mais broxante.

Fui andando na direção que o professor bonitão tinha falado, bem devagar, na esperança de chegar la e as portas estarem fechadas, pela palestra ja ter começado, e eu não poder assistir. Iria ser maravilhoso. Afinal, não falariam nada importante, só as mesmas ladainhas de sempre. Bobo era quem ficava pra assistir. Boba era aquela escola toda então. Aquele auditório tava lotado. Mais cheio do que uma missa no próprio vaticano assim que o novo Papa se apresentou. Todos devidamente comportados, sem falar nada, com os uniformes impecáveis e uma postura de dar nojo. Tudo ali me dava nojo afinal. Tava me segurando pra não vomitar. Eu não suportava essas coisas.

Ai, meu Deus, eu realmente mereço isso? Que pergunta idiota.

Me sentei bem no fundinho, onde todo som que chegava era eco. O lugar era tão no fundo e tão escondidinho, que se eu dormisse e roncasse ninguém notaria. Encostei a cabeça na parede e fiquei olhando para a Sra Saltzman dando o seu discurso. Não tava prestando atenção, confesso. Meus olhos estavam começando a se fechar sozinhos..

– Então estudantes, é importante que vocês sigam as regras para vivermos em harmonia.. - A diretora falava, e eu não estava conseguindo lutar com as minhas pálpebras. - As regras são claras, e ao contrario do que algum de vocês pensam, DAQUI EU VEJO TODOS QUE ESTÃO DORMINDO.. Pode acordar senhorita Gilbert. - Epa!

A mulher era o que? Um ninja? Puta que parola! Me obriguei a sentar direito na cadeira, fazendo um sinal de positivo pra Direchata. E ela não cansava de falar. Ficou praticamente duas horas falando sobre coisas as quais eu não tinha o menor interesse. Aliás, não sei se eu teria interesse, não ouvi nem metade. Mas como tudo que é ruim pode ficar muito pior..

– Oi! - Uma garota morena, que eu tinha certeza ja ter visto antes se sentou ao meu lado.

Não respondi.

– Vou ser sua nova colega de quarto, acho que deveria ser mais simpatica. - Mas é claro, era a tal da Bonnie sei lá o que. - Meu nome é Bonnie Bennett. - Bennett. Eu já sabia..

– Meu nome é Elena Gilbert e como pode ver, não tem simpatia no meio. - Dei um meio sorriso forçado e voltei a olhar pra frente.

– Olha, eu já estudo aqui faz um tempo, você vai precisar de mim se quiser sobreviver.

– Eu não quero.. Sobreviver. Quero ir embora.

– Bom, isso não é possivel, a não ser que cometa um crime...

– Não é má ideia. - Não era mesmo. Ela riu.

– Olha, eu não vou muito com a cara nem de metade dessa escola, acredito que você também não. - Fiquei meio interessada no papo. - Aqui todo mundo tem um grupinho. Existem as populares: todas loiras e riquinhas, esnobes e sem nada na cabeça. Os populares: meninos bonitos, que se acham inteligentes e tem o ego maior do mundo. Existem os esportistas: corpo sarado mente vazia. Existem os musicos: se acham os astros do rock. Existem os nerds e, por fim, existem os "fora da lei": fazem o que querem, em geral são inteligentes, mas não ligam pra isso! - Eu ri. - Eles não andam em um só grupinho, são varios grupinhos entitulados assim. Existem varios populares que se odeiam, por exemplo.

– Ta.. Acho que entendi tudo. Mas e você?

– Eu?

– De que grupo é?

– Não sei.. Ultimamente to mais pra "sem grupo nenhum"

– Massa, hein? - Fui sarcástica. Tava sendo assim demais ultimamente.

____

A Bonnie era gente boa. Fácil de lidar. Depois da palestra, a sebosinha se juntou a gente, e almoçamos juntas. Caroline tentando ser agradável as vezes era até irritante. Ta, eu admito, elas não eram as piores companhias do universo.

Basicamente o primeiro dia foi até tranquilo. Não teve aulas, só apresentação da escola, um almoço razoável, eleições para lideres de torcida e para os novos jogadores de futebol.. Essas coisas. Eu e minhas companheiras de quarto ficamos só no.. Quarto! Elas ficaram arrumando as coisas enquanto eu simplesmente joguei minhas roupas no armario e fiquei deitada ouvindo musica. Não tinha a minima vontade de perder meu precioso tempinho com arrumações sem sentido.

– E então, você acha que vai ser bom hoje? - Pude ouvir a sebosinha, digo, Caroline perguntando.

– Claro. As festas proibidas do primeiro dia são sempre as melhores.

– Festa? - Não pude deixar de largar meus fones de lado pra interagir um pouco.

– Olha quem resolveu sair do seu proprio mundinho e se juntar a nós.. - Bonnie implicou.

– Amem. - Caroline riu.

– Andem, falem.. Que festa?

– Alguns meninos do campus fazem essa festa todo ano. É meio que um bilhete de "boas vindas", depois que todos os professores se retiram. Os alunos fingem que estao dormindo e fogem pelas janelas e escadas de incendio. Levam bebidas, musica alta, e vai todo mundo.. O "rock" é feito no meio da florestinha que temos por aqui, pro barulho não chegar até ouvidos proibidos, e temos que voltar antes das cinco da manhã. - Bonnie explicou.

Essa escola tava começando a ficar meio interessante. Fazia tempo que eu não ia pra quase nenhuma festa, eu meio que tava muito revoltada com tudo, por motivos pessoais. Mas já que eu estava nessa escola por livre e espontanea pressão, não fazia mal aproveitar de maneiras meio erradas..

– To dentro. Só não sei se trouxe roupas pra esse tipo de festinha. - Admiti.

– Eu tenho muita roupa e não uso metade. Pode pegar se quiser. - A sebosinha disse. Não iria recusar, porque apesar de tudo, ela se vestia bem. Feito uma patricinha de esquina, mas bem.

– Então É NOIS!! - Falei com entusiasmo.

Fizemos tudo conforme o plano daqueles doentes da escola (tudo bem que eu não conheço e não se deve julgar quem não conhece os chamando de doente, e bla bla bla). Quando tocou o sinal de recolher, simplesmente apagamos a luz do quarto e esperamos debaixo dos edredons enquanto as funcionarias da escola revistavam os quartos para ver se estava tudo em ordem.

– Vocês acham que ta tudo limpo? - Sussurrei.

– Espera. - Bonnie falou baixinho. - AAAAAH - ela deu um grito e rapidamente a porta do quarto se abriu.

– Está tudo bem aqui? - Uma das funcionarias perguntou.

– Tudo sim, só tive um pesadelo. - A mulher olhou desconfiada mas se retirou. - Isso responde sua pergunta?

Af.

Esperamos por mais ou menos 30 minutos, até que não ouviamos nada vindo dos corredores. Me levantei da cama e abri a porta devagarzinho olhando nos corredores, e estavam realmente vazios. Uma menina do quarto da frente fez a mesma coisa.

– Parece que ta tudo limpo. - Ela falou. Fechei a porta sem responder.. Eu sei que foi tipo "ódio gratuito" mas não pude resistir.

– Hora de se arrumar! - Falei pulando em cima da minha cama. - Bora gente. Nem acredito... Pelo menos uma coisa boa vai me acontecer nesse lugar. - Falei entusiasmada.

– Party Time!!!! - As outras duas falaram juntas e eu ri.

Passei a maquiagem do modo mais cuidadoso que consegui, se ia ter festa, pelo menos eu queria ir bonita. Bonnie me ajudou com o cabelo e Caroline escolheu meu vestido e os sapatos. Eu as ajudei com o que pude, e fiz a maquiagem da sebosinha. No final de tudo, tenho que reconhecer: estavamos LINDAS! Eu usava um vestido preto devidamente curto, sapatos sem salto, ja que iriamos para o meio de uma pequena floresta, o cabelo preso só na lateral, e uma maquiagem não muito pesada, com os labios rosados. Caroline tava com o vestido rosa, maquiagem leve e os cabelos soltos, e Bonnie com um vestido branco, cabelos soltos e maquiagem mais pesada.

Descemos pela escada de incendio, assim como a maioria da escola, e fomos todos em silencio até o tão esperado destino. Todos tinham uma bebida diferente nas mãos, uns meninos desciam com o som e outros só iam pra se divertir mesmo. Reconheci um deles, o assassino do corredor. O tal do Damon pareceu me ver tambem, e mandou um beijinho no ar debochando. Mostrei o dedo do meio como resposta e pude ver ele rindo, idiota!

– Ce conhece aquele? - Perguntei pra Bonnie, apontando pro Damon.

– Encrenca...

Ela ia continuar falando até que a linda da Caroline atrapalhou.

– Lindas, menos conversa e mais animação. É FESTA! - revirei os olhos e ri.

Começamos a correr pra chegarmos mais rápido, porque estávamos ficando pra trás. Uns minutos depois chegamos a tão esperada festa. Tava tudo maravilhoso, quer dizer, não bonito, mas tinha tudo do bom e do melhor. Musica boa, bebida de todo o tipo, pista de dança improvisada e muita gente. É.. Pelo jeito as pessoas certinhas da escola eram mais falsas que uma nota de 3 reais disfarçada de 5.

Não deu nem dois minutos de festa pra Caroline começar a beber e sofrer as consequencias.

– Genteeeeeee.. - Essa é a bebada sebosinha. - Isso ta muito.. Booooooom! - Ela ja veio debruçando em mim.

– Epa! Sai daqui minha filha, não sou muro pra você ficar se apoiando em mim não.

– Elena, para de ser tão rabugenta. - Bufei enquanto a Bonnie boazinha falava. - Vem Carol, vamos dançar. - As duas bebadas sairam rindo pra pista de dança.

"Era pra você estar se divertindo Elena, não estressada". Me sentei em um tronco de arvore caído que estava sendo feito de banco.

– E ai gata. - Uma voz masculina surgiu do meu lado. Um garoto mais ou menos da minha idade, de cabelos castanhos e olhos verdes, que aparentava estar bastante bebado digace de passagem.

– Tchau, gato! - Ironia, é você?

– Ual, quanta educação vinda de uma bela dama.

– Eu tenho licença pra ironia aqui, rapaz. - Olhei pra ele.

– Tudo bem, tudo bem. Só não entendo o por quê de uma menina tão gata estar sozinha aqui.

– E eu não entendo o por quê de um cara tão gato não entender que a gata aqui não é pro seu bico.

– Calma, calma. Eu sou o Stefan. - Não respondi. - Só quero saber se a sua amiga, a loira, ta solteira. - Agora eu ri.

– CAROLINE. - Gritei sem pensar duas vezes e ela veio cambaleando pro meu lado. - Esse é o Stefan, Stefan, essa é a Caroline.

– Vamos dançar. - Ela, toda atiradinha, ja foi puxando o braço dele e ele foi no embalo. Patetica cena, eu não parava de rir.

– Ta rindo de que, sem nome? - MAIS UM.. EU MEREÇO, EU DEVO MERECER..

– To de saida. - Sorri sem vontade. Eu tava fazendo muito isso ultimamente.

Me levantei e nem olhei direito pra cara do Damon, fui pra pista de dança e peguei um copo de bebida. Se era pra eu me divertir, que fosse da maneira certa. Bebendo e dançando.

– Ei, não me deixa falando sozinho. - O garoto não desistia. Me virei pra ele com cara de nojo. - Pelo menos me fala seu nome. - Ele sorriu torto, e se me permitem admitir, ele era até bonito, olho azul cabelo preto jeito de badboy. Porem aquele arzinho de canalha eu não conseguia engolir.

– Elena.. Mas meus amigos me chamam de Lena, então pra você é Elena. - Ele riu, eu continuei séria.

– É sempre tão mal-humorada assim?

– Não, nada. Só com quem merece.

– Com todo mundo. - Bonnie se intrometeu na conversa, com um garoto a abraçando pela cintura.

– Ótimo. Plateia.

Todo mundo riu e eu não entendi o porque de estarem rindo! Por acaso eu era alguma palhaça? Povo estranho. Sai de perto deles e fui dançar, sozinha e feliz, não queria ficar dando papo pra eles, muito menos pro tal do Damon, que ficou me olhando de canto. Eu não podia dar papo pra ele, não depois de tudo que eu já passei com antigos relacionamentos, justamente pelo fato do cara ser bonito e cafajeste ao mesmo tempo.

Depois de uns quarenta minutos de festa, eu ja estava bem "felizinha" dançando com todo mundo, distribuindo sorrisos, e o melhor, sem o carinha assassino de corredores me enchendo a paciência.

– Elenaaaaaaaa - Caroline veio falar comigo e me abraçou. Por incrivel que pareça, eu abracei de volta e nós ficamos dançando por uns minutinhos. A bebada Caroline era bem mais legal.

– Cade o Stefan?

– Não sei.. Boa pergunta. - Ela ficou olhando pros lados o procurando. - Acho que o perdi por ai. - Comecei a rir.

– Espera aí Carol, vou buscar mais bebida pra gente.

Fui rindo até a bancada de bebidas e sem querer, mas querendo, pude ouvir uma conversa de um grupinho de meninos. Reconheci o Damon e o Stefan naquele meio.

".. To falando sério, cara. Tu não consegue." um deles falou.

"Cala essa boca Matt" o nome dele era Matt. "Eu consigo fácil" Esse era o Damon. "Elena será minha até o fim da noite." O QUE?

Ele tava apostando que ficaria comigo? Idiota, idiota IDIOTA!!!!

Se prepare, cabeçuco assassino idiota, você terá a maior decepção da sua vida, Damon..

(continua)


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Notas finais do capítulo

Os personagens vão aparecer ao longo da historia, qualquer critica é bem vinda. (: