Paradise On Hell escrita por Gilbert


Capítulo 1
Pesadelo




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–AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH - Gritei usando toda a força dos meus pulmões, enquanto enfiava a cara no travesseiro. Eu não queria sair do meu quarto, queria dormir, mas os gritos de meu pai ecoavam pelas escadas.

– ELENA GILBERT, LEVANTA AGORA ANTES QUE EU MANDE ARROMBAREM ESSA PORTA!

Motivo pra toda essa gritaria? A nova, porém antiga, namorada do meu pai! Ela estava namorando já fazia algum tempo, e não me contou. Obviamente ela temia que eu reagisse da maneira como eu reagi.


#Flashback on#

Eu tava me arrumando, sem vontade nenhuma, pra conhecer a nova namoradinha engomada do meu pai. Eu não tava nem um pouco afim de saber como era a cara da vadia, que obviamente deveria ser bonita, só que chata e sem nada na cabeça, igual as outras que já "driblaram" ele. Ok, eu sei que eu reclamaria de qualquer um que ele chamasse de namorada, mas isso não vem ao caso. Eu tinha um bom motivo poxa... Odiava ver o modo como ele tentava substituir minha mãe. Tudo bem que já fazia 7 anos que ela "se foi", mas.. A verdade é que eu nunca superei, e acho que nunca vou superar, e por isso eu ia usar de todas as minhas armas pra acabar com qualquer namoro dele. É isso que minha mãe iria querer, não é?

Me olhei no espelho mais uma vez antes de descer. Eu usava um vestido curto, talvez até demais, salto, batom vermelho, maquiagem e tinha cacheado as pontas do meu cabelo. Tudo isso pra parecer uma verdadeira promíscua.. E quando ele me perguntasse o porque do figurino, eu iria responder sem mais nem menos, que estava tentando ficar a altura de minha (eca) madrasta. Tudo bem que eu não conhecia ela, mas na minha cabeça ela era um projeto de prostituta, e eu tinha quase certeza que ela era exatamente isso.


Desci as escadas, e aos poucos o barulho da conversa que vinha da sala aumentava. Quando cheguei la, pude ver meu pai com as mãos em volta de uma mulher que parecia ter uns 30 anos, cabelos pretos, cara de boazinha, e seus trajes eram quase formais. Não era nada parecida com as outras vadias que ele costumava namorar, mas isso não me deixou menos irritada.  Na verdade, me irritou mais ainda. Se ela realmente fosse decente como aparentava ser, iria ser muito mais dificil fazer ele desistir desse namoro. Assim que me avistaram ali, a tal mulher sorriu, e nesse momento eu sabia que já odiava essa sem sal.

– Elena - Meu pai sorriu pra mim, depois de, logicamente, reprovar meus trajes com o olhar, e se levantou, vindo ao meu encontro - Quero que conheça a Jenna. - A mulher sorriu pra mim, e sem me controlar fiz uma cara de nojo - E essa é a filha dela - Apontou para uma menina que eu não tinha visto antes.

– Olá - Ela disse com a voz quase num sussurro. Mais nojenta que eu. Sebosa.


A filha da Sem sal, que eu chamaria de.. Azeda.. Mal olhou pra mim. Ela era loira, e tinha um jeitinho esnobe. A tipica patricinha. Usava roupas exageiradamente rosa, e um perfume exageiradamente forte. E nesse momento, eu fiquei com vontade de matar a vozinha dentro de mim (se é que isso é possivel) que não parava de gritar "Essa será sua nova familia, Eleninha". Nova familia o c..

– Filha - Meu pai me deu um cutucão, esperando que eu falasse alguma coisa.

– Tá.. Agora que as apresentações foram feitas, eu ja posso voltar pro meu quarto? - Falei da maneira mais áspera que podia.

– Bem - Meu pai realmente tava com dificuldades de tornar a situação mais leve. Quase ri. - Nós temos novidades. - A sem sal deu um sorrisinho simpático que eu não engoli.

– Não me diga que já desistiu da namoradinha e vai partir pra outra? - Provoquei segurando o riso, fazendo com que meu pai quase engasgasse com a saliva.


HÁ. Era fato que ele tinha tido muitas namoradas, e outro fato é que, talvez, ele estivesse se sentindo culpado.


– Diz logo, qual é a novidade? - Perguntei impaciente.

– Bom, nós já estamos juntos faz um tempo. - Lançou um sorrisinho pra sem sal, que se levantou e o abraçou, me deixando com náuseas - E nos amamos. Então eu a pedi em casamento. - É, talvez ele não estivesse se sentindo culpado. Meu pai sorriu da forma mais amistosa que pode ao me olhar.

O QUE? Gritei em pensamento.. Espera, porque eu tava gritando em pensamento?

– O QUE?? - Gritei, dessa vez de verdade. - COMO ASSIM? ISSO É UMA PIADA NÉ? - Só podia ser uma piada.


Casamento é loucura, por favor.. Ele não ama ela. Quer dizer, não pode amar. AAAAAAAAAAHHHHH E eu não queria uma mãe, muito menos uma irmã daquelas. Duas monstras. Meu pior pesadelo tava se tornando realidade. Eu não queria ouvir mais nada, nem queria ficar ali. Odiava imaginar meu pai com outra mulher, e agora eu ia ter que conviver com isso. Que. Merda. Subi as escadas igual um furacão e me tranquei no meu quarto, e pretendia ficar ali pro resto de minha vida. Peguei uma almofada que tinha em cima da minha cama e comecei a socar-la. Eu tinha que descontar minha raiva em alguém ou.. Alguma coisa.

Tava no meio da minha luta de boxe imaginaria até que algum filho da p.. Mãe, me atrapalhou batendo na porta.

– NÃO QUERO VER NINGUÉM. - Gritei, imaginando que fosse meu pai. Mas fui ignorada e pude ouvir a massaneta girando.

– Com licença. - A filha da azeda tava parada na minha porta, e eu me segurei pra não jogar a almofada na cara dela.

– O que quer? - Rosnei.

– Acho que não fomos apresentadas direito, meu nome é Caroline, e eu odeio esse casamento tanto quanto você!

AGORA ELA TAVA FALANDO MINHA LINGUA!!!!! Por que demorou tanto pra mostrar que era gente boa, eu não sei, mas..

– Entra e fecha a porta.

Ela fez o que mandei. Dei duas batidas na cama pra ela se sentar.

– Eu odeio a sua mãe. - Fiz cara de nojo, e ela riu. Até a risadinha dela me irritava. Mas já que iriamos ser parceiras de crime, eu teria que me acostumar.

Acho que to vendo seriado policial demais.. Enfim.

– E eu o seu pai.

– Maravilhoso. O que vamos fazer em relação a isso?

– Esperava que você me respondesse isso!

Ótimo, eu queria ajuda, não queria ajudar. Mas tava na cara que a loira, Caroline, tinha uma pequena dificuldade em pensar, e bem.. Vamos atribuir isso a tintura do cabelo. Excesso de água oxigenada causa esse efeito nas pessoas e PARA. Foco!

Fiz uma listinha mental sobre: Coisas que podemos fazer para que a Jenna desista de morar comigo e meu pai

1- Mata-la, porém teria o risco de eu ir pra cadeia.

2- Bater nela.. É uma boa ideia, mas não quero sujar minhas mãos.

3- Tornar a vida dela um inferno, mas isso ela se acostumaria. Ajudante de Satanás...

4- (.......................) Nada.

Droga.

Meu estoque de ideias estava muito vazio, assim como minha imaginação. Até que..

– Sua mãe, ela gosta de se vestir bem, certo? - A menina acentiu. - Ok.. E ela é apegada as roupas dela?

– Sim.

– Hora de por o plano 3 em ação. - Era a melhor opção. A menina me encarou sem entender nada, mas nem perdi meu tempo explicando e a puxei pelo braço.


Ficamos de tocaia por 2 horas em frente o quarto do meu pai, e a ultima coisa que eu me lembro é dele me pegando no flagra cortando as roupas de sua amada mulher, e jogando algumas partes dentro da privada.


#FlashBack of#

Desci as escadas com a cara mais desanimada do mundo. A perfeita cara de bosta que meu pai odiava, e hoje era um daqueles dias perfeitos pra fazer coisas que ele odeia.

- Pra que todo esse escandalo? - Disse bocejando, como se fosse a pessoa mais inocente do mundo.

- Você me decepcionou muito. Muito mesmo, Elena! Não sabia que você era capaz de fazer coisas como essa..

- Cortar as roupas da sem sal? Ah pai, depois você compra outro, para de fazer drama atoa.

- É exatamente a isso que estou me referindo. - De repente a expressão dele ficou mais séria que de costume. - Você está mal criada, respondona, agindo como se não ligasse pra nada. Ultimamente anda fazendo de tudo pra me provocar e eu já estou cansado disso! Te criei pra ser uma pessoa decente, e não uma pessoa sem ética. - Ele massageava as temporas enquanto falava, e eu tava começando a ficar com medo. - E é por isso que..

- É por isso que o que?

- Eu liguei para a South Of Sun High School, e você vai estudar lá pelos proximos 3 anos.

-  VOCÊ SÓ PODE TA BRINCANDO COM A MINHA CARA! É brincadeira né? - Não era possivel. Meu pai extrapolou todos os limites do bom senso. Me mandar pra uma escola nova ja iria ser ruim, mas um colégio interno na Inglaterra era a pior coisa que ele poderia fazer comigo. - Pai, por favor não faz isso.

- Sua matricula já foi feita, e não tem mais discussão. Eu realmente não queria ter que fazer isso, mas você não me deu outra escolha.

- Eu vou ficar com raiva de você pra sempre! 

- Como quiser. Minha decisão já está tomada.

_____________

Depois de duas horas de viagem de carro, com mais mil horas de viagem de avião até o meu destino, eu tive tempo o bastante pra ensaiar minha cara de enterro e as várias respostas que eu daria para o primeiro que me enchesse o saco. Nervosa era pouco para o meu estado de espírito. Eu estava prestes a explodir. O bom é que não me ferrei sozinha, a loira azeda da Caroline veio junto. Pena vai ser ter que olhar pra cara dela todo dia, mas eu acostumo. 

Meu mundo meio que desabou em dois dias. Namorada do papai. Irmã nova. Pega em flagrante. Plano fracassado e fracassada por dentro. Eu seria um desastre nessa nova vida. Não me adéquo muito bem a regras, e essa escola é cheia delas. Sem contar que chove 267 dias por ano, sendo que quando não chove o dia permanece dublado, a escola tem fama de ser mal assombrada certos dias do ano, e eu to acostumada com sol e praia. Eu nunca vou me dar bem com esse novo estilo de vida. 

- Elena, pega as suas coisas pois já chegamos. - John, também conhecido como papai, falou. Não respondi, iria cumprir a minha promessa de não falar mais com ele.

Peguei as minhas malas e desembarquei no meu inferno particular. Ou escola, como preferir chamar. A diretora veio nos receber, e a unica coisa que passava na minha cabeça era o quanto aquela escola seria horrivel. Em que mundo um diretor escola recebe os alunos na porta? 

- John Gilbert - Apertaram-se as mãos. - E essas devem ser Elena Gilbert e Caroline Forbes. É um prazer te-las em nossa escola!

- Prazer só pra você, né? - Eu disse, sorrindo sarcasticamente.

- Para todos nós, minha querida.

Meu pai reprovou minha atitude, mas como de costume ignorei. Se o respondesse era capaz dele me mandar para uma escola militar nessa altura do campeonato. Mas só uma batalha foi perdida papito, a guerra continua.

Depois de um monte de sorrisos falsos, palavras amistosas, tambem falsas, e regras esclarecidas, a Sra Saltzman apresentou para mim e para Caroline o quarto que dividiríamos entre a gente, e com mais uma garota a qual eu não tive interesse em gravar o nome. No colégio tinha duas partes divididas como o dormitório dos meninos e o dormitório das meninas, e era proibido que ambos os sexos se encontrassem na mesma "ala", mas eu não duvido nada que essa seja a regra mais quebrada da escola.

- Eu fico com a cama de solteiro, você se vira dividindo o beliche com a outra garota. - Disse para Caroline enquanto entravamos no quarto. 

- Tanto faz - Ela revirou os olhos. 

A sebosinha tava me irritando tanto, que talvez eu seja capaz de enforca-la de noite. É bom ela dormir de olhos abertos..

- A gente tem uma apresentação agora no auditório.. Que legal. - Falei do modo mais desanimado possível.

- Como sabe?

- Ta escrito na porta os horarios do ano todo, gênio.

- Eu não vi, estressada você hein? 

Me recusei a responder. Terminei de arrumar, jogar, as minhas coisas em cima da cama e sai do quarto, esbarrando na outra menina que estava entrando. Ela era morena e até que era bonita.

- To com a cama de solteiro, se vira com a outra lá. - Avisei e sai andando antes que ela pudesse reclamar.

Sai andando em direção ao auditório, que eu não fazia ideia de onde ficava. Mas me perder pra sempre não seria má ideia, pelo menos eu não teria que aguentar essa droga de escola, iria ficar vagabundeando por ai, até morrer de fome ou sede. Ri de mim mesma. As vezes eu parecia meio mazoquista, sei lá. Mas acho que qualquer um que estivesse no meu lugar ficaria do mesmo jeito.

A escola não era feia. Mas tambem não era bonita. Era num estilo meio vintage, enorme, parecia um castelo todo de tijolos. Meio antiga, por isso eu acho que tinha tantas historias sobre ela ser mal assombrada. Deve ser meio assustador andar por aqui de noite.. De dia também, na verdade.

Continuei andando sem destino, olhando pra todas as pessoas andando pelo corredor como se fossem super educados. Eu não suporto gente assim, não suporto essa escola, e nunca vou suportar. Eu era a unica sem uniforme, e acho que essa era principal razão de todo mundo me encarar, eu ja ia xingar até que..

- AI! - Cai no chão, com uns mil quilos em cima de mim. - OLHA POR ONDE ANDA POR.. POXA! - Um garoto esbarrou em mim no corredor, e.. Espera, ELE TAVA RINDO? - Qual é a graça idiota?

- Nada.. Nada. - Ele disse em meio as risadas. - Me desculpe..

- Não tenho nome. - Falei entredentes.

- Me desculpe então, sem nome. - Revirou os olhos. Eu odiava quando as pessoas faziam isso pra mim. - Eu sou o Damon.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capitulo pequeno, mas os outros vão ser maiores, eu prometo.