O Lado Cinzento escrita por Karinchan


Capítulo 9
Run




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8. Run

Louder louder

And we'll run for our lives

I can hardly speak I understand

Why you can't raise your voice to say

To think I might not see those eyes

Makes it so hard not to cry

And as we say our long goodbye

I nearly do

Light up, light up

As if you have a choice

Even if you cannot hear my voice

I'll be right beside you dear

Louder louder

And we'll run for our lives

I can hardly speak I understand

Why you can't raise your voice to say

Slower slower

We don't have time for that

All I want is to find an easier way

To get out of our little heads

Have heart my dear

We're bound to be afraid

Even if it's just for a few days

Making up for all this mess

Light up, light up

As if you have a choice

Even if you cannot hear my voice

I'll be right beside you dear

Snow Patrol

No dia seguinte, eu pude finalmente visitar o castelo mas, infelizmente, tinha um contra. Como seria muito estranho caso alguém me visse com os meus pais e me associaram logo ao Harry Potter, eu iria com a Natalie, que se mostrou como sempre desagradável.

A visita foi num sábado e, como tal, esperava-se que os alunos tivessem a dormir de manhã. Os meus pais iriam à frente e caso vissem alguma coisa, eles dariam um sinal. Atrás de nós, iam o Sirius e o Remus, o que me fazia sentir completamente rodeado e sem espaço pessoal.

Primeiro, visitei o salão e espantei-me ao ver a grandiosidade do lugar. Não estava ninguém nas mesas (e também era melhor, sendo 7 da manhã de um sábado) e eu consegui observar os panos a representar as 4 casas que eu tinha lido no livro. A águia, azul e bronze, o texugo, dourado e preto, o leão, vermelho e dourado e a serpente, verde e prata. Aquilo era tão magnífico que eu até me esqueci que a Natalie era… bem, a Natalie.

- Pertences a que casa?

Ela levantou uma sobrancelha e fez uma careta, como eu fosse um atrasado mental.

- Slytherin, como se vê na minha gravata. – Ela disse, revirando os olhos.

- A casa dos astutos. – Eu murmurei. – Por acaso, faz a tua cara comparativamente com as outras.

- O que é que queres dizer com isso? – Ela perguntou, sibilando e eu tive uma imagem de uma cobra, bela e mortal, no lugar dela.

- Vamos para o campo de quidditch. – Disse o James que também tinha parado e ficou ao nosso lado, todo animado, ignorando a tensão entre mim e ela. – Quando fores para casa vou-te ensinar a voar e vais adorar.

Eu sorri ao ver a animação dele e isso deve-lhe ter dado uma impressão errada porque todo o seu rosto se iluminou. Senti a Natalie suspirar ao meu lado e começar a andar em direção à saída.

- Mal posso esperar por essa lição. – Ouvi-a murmurar. – Pode ser que caía da vassoura.

- Natalie! – Ouvi o grito chocado do Sirius e vi a face arrependida dela ao olhar para o pai mas era demasiado altiva para voltar atrás com a sua palavra e continuou a andar mais rapidamente, fazendo-me segui-la quase a correr e estragar a formação toda que eles tiveram tanto tempo a planear como se fosse uma batalha.

- Podias ser mais simpática, sabias disso? Pelo menos quando eles estão aqui…

Eu vi que ela ficou em silêncio e a sua face relaxou.

- Eu prometi que não iria ser falsa, a não ser que fosse vital. Tu não és vital, por isso, não, não vou fingir que gosto de ti quando só te quero apertar o pescoço.

Eu senti um sorriso nascer na minha face ao ouvir as palavras dela. Pelo menos tinha garra e era verdadeira…

- Não sabia que o meu sex appeal te fazia ter vontade de me apertar o pescoço. Eu sei que sou bom mas tens que te acalmar. – Disse e vi a velha e habitual face irritada dela voltar.

- Potter, eu só espero poder ensinar-te defesa contra as artes das trevas. Eu vou amaaaaar. – Ela murmurou e eu senti um estranho arrepiou ao pensar o que ela me podia fazer se me ensinasse isso.

- Tu não és professora! – Eu disse exaltado. – Não me podes ensinar isso.

O sorriso frio dela nasceu outra vez e vi-a inclinar a cabeça para mim como se eu fosse uma presa.

- Quem melhor para ensinar o que foi dado do que uma aluna? – Ela murmurou. – Eu vou, realmente, me voluntariar para essas aulas no verão.

- Hey, tu no Verão nem vais precisar de me ver! – Eu disse exaltado, sentindo-me perseguido.

- Sério? Eu sei que a casa é grande e eu não tenho prazer em ver a tua cara todos os dias mas é um bocado difícil quando vivemos na mesma casa.

Eu abri a boca espantado e, não sei bem porquê, não queria nada que o Verão chegasse…

O resto da visita foi calma, visitando apenas o campo onde me explicaram o jogo em si. Quando vi os aros tão altos imaginei-me a voar naquela altura… devia de ser tão bom. Entretanto, como já estava a ficar na hora dos alunos acordarem, eles levaram-me para o nosso sítio, como aprendi a chamar.

O resto do dia não consegui evitar pensar no que tinha visto do castelo. Parecia realmente um castelo dos contos medievais e deveria de ser extremamente interessante aprender naquela escola. Só esperava não ir para os Slytherin, para não ver a face da Natalie todos os dias.

---OLC ---

O fim-de-semana passou estranhamente calmo, estando constantemente sobre os olhares dos meus pais ou na presença da Natalie, que estava a aproveitar a companhia do pai. Pelo menos ela parecia gostar do pai, dos meus pais biológicos e do Charles, pelo que tinha visto… ou seja, não gostava era mesmo de mim. Bem, havia males piores…

Espantei-me quando na segunda, os meus pais e o Sirius vieram ter comigo, que estava sentando no sofá a ler um livro descontraído, com os pés em cima da mesa.

- Harry, - ouvi a Lily dizer. – nós vamos ter que sair hoje e não sabemos que horas voltamos. Por favor, toma conta do teu irmão.

Eu sorri, tentando dar-lhe confiança.

- Claro, não se preocupe. – Eu disse e eu vi o sorriso congelar na face dela ao ver o meu tratamento impessoal.

- Harry, nós… - Disse o James mas eu cortei-o.

- Eu vou tratar bem do Charles, não se preocupem. – Eu olhei para o Sirius confuso. – Mas o que vão fazer, se puder saber?

Ele riu-se para mim.

- Coisas de homens de negócios. – Ele disse, piscando-me um olho mas continuou, ao receber uma chapada no braço da Lily. – E de mulheres, é claro. – Ele disse mandando um olhar magoado para ela.

- Bem, nós temos mesmo que ir que o Wizengamot não espera e o Dumbledore não pode chegar atrasado. – Disse a Lily mandando mais um olhar maldoso para o Sirius.

- O parlamento dos bruxos? – Perguntei confuso.

- Não só mas também e hoje há uma reunião especial. Não percebi bem o quê, sinceramente, mas dizem que não podemos usar representantes e se o ministro diz, quem somos nós para contrariar. – Ela murmurou, revirando os olhos e eu percebi que ela não gostava nada do tal ministro.

- E eu tenho que fazer a segurança. – O James murmurou, passando uma mão pela cabeça e só naquele instante é que eu reparei no que ele tinha vestido. Ele estava com uma camisola azul clara e umas calças pretas. No seu peito tinha um símbolo de um escudo, com duas varinhas cruzadas e a sua capa parecia brilhar.

- Certo, boa sorte. – Disse, e vi-os sair sem antes o Sirius remexer no meu cabelo para minha irritação. No entanto, antes de saírem a Lily disse alguma coisa para eles e depois de uns segundos a discutir, ela veio ter outra vez ter comigo.

- Desculpa Harry. – Ela disse, simplesmente, e ficou parada a olhar para mim.

Eu olhei confuso para ela e ao ver que ela não ia continuar, decidi perguntar:

- Porquê?

- Por ser uma cobarde. Tenho andando a fugir de ter uma conversa sincera desde aquela noite mas já chega. Eu sou tua mãe e tenho que dar o exemplo. – Ela disse decidida. – Por isso, desculpa pela minha reacção.

- Não tem uma reunião? – Perguntei, tentando evitar aquela conversa.

- Eu vou depois, ainda tenho tempo. E além do mais pedi ao James para me substituir até eu chegar. Ele pode pedir a outro Auror para fazer o seu trabalho até lá que não vou demorar muito tempo.– Disse, olhando para um relógio no pulso. – Mas algo me diz que não posso evitar mais esta conversa e, por isso, vou tê-la agora.

- Algo? – Perguntei confuso.

- Chama-lhe instinto maternal, o sexto sentido das mulheres, não sei mas eu não consigo evitar esta conversa mais. Harry, eu naquele dia exagerei mas eu…

- Eu compreendo. – Eu disse cortando-a e desviando o olhar para o livro que tinha nas mãos.

- Compreendes?

- Compreendo e não precisa de se desculpar. Eu mereci ouvir aquilo.

- Oh, Harry… - Eu ouvi-a suspirar e sentou-se ao meu lado. Quando eu continuei a não olhar para ela, ela pôs a sua mão fria e pequena na minha face e obrigou-me a olhar para ela. Ela parecia triste mas tinha outra vez o olhar decidido que eu aprendi a admirar. – Eu fui demasiado dura naquela noite. Não deveria ter dito aquilo daquela forma.

Eu afastei a minha face das mãos dela e olhei para ela com alguma distância entre nós. Sem pensar sorri e murmurei:

- Mas foi sincera que é o que falta neste relacionamento. Vocês são demasiado doces, demasiado queridos. Naquela noite, sei que pelo menos sentiu o que disse e isso foi a melhor coisa que poderiam fazer.

- Mas Harry…

- Eu não estou magoado com isso. Acredite em mim.

Ela suspirou e mordeu o lábio indecisa. Espantei-me quando ela agarrou uma mão minha e a apertou com força.

- Então porque estás tão afastado de nós e tão perto do Sirius? Porque não nos dás uma oportunidade?

Eu fechei os olhos e desejei que isto fosse um sonho para não ter que lhe responder. Porque a verdade era que eu nunca tinha imaginado que tinha um padrinho e, devido a isso, não tinha sentimentos negativos em relação a ele antes de o conhecer. No entanto, em relação aos meus pais biológicos… era uma coisa completamente diferente.

- Eu estou a dar todos os dias. – Disse, abrindo os olhos outra vez e espantei-me ao ver o quão iguais eram os olhos dela aos meus, cheios de dor. – Todos os dias falo com vocês nem que seja um bom dia, todos os dias vos observo, todos os dias tento-vos ignorar mas não consigo. Todos os dias, vejo em como vocês são uma família completa e não precisam de mim. E todos os dias…

- Não! – Disse a Lily cortando-me a palavra e senti o aperto da minha mão aumentar significativamente. – Todos os dias vês uma família que parece normal porque te temos aqui. Tu não imaginas como nós eramos antes de ti. Tu não imaginas qual é a dor de sofrer a perda de um filho. Nunca se esquece, nunca se evita sonhar como era se ele estivesse vivo e…

- Então porque não me procuraram? Se sonhavam?

Ela fechou os olhos e eu vi uma lágrima soltar-se quando olhou para mim decidida.

- Porque doía. Doía ouvir todos os dias, durante uma semana, que era uma alucinação sonhar que tu estavas vivo, doía ver a dor nos olhos do… - Ela calou-se e engoliu em seco antes de continuar. – Doía Harry! Doía tanto que se não fosse a Natalie provavelmente não queria viver. Tu eras o meu bebé por quem eu daria a minha vida e ver-te desaparecer numa noite de festa… se eu soubesse que aquilo ia acontecer… - Ela desviou o olhar e para meu espanto começou mesmo a chorar. – Harry, eu só queria que aquilo fosse tudo um pesadelo. Numa noite perdi duas pessoas queridas para mim, a minha melhor amiga e o meu filho. – A melhor amiga? – Se alguém naquele instante me tivesse dito que havia uma hipótese ínfima de estares vivo acredita que eu tinha procurado por ti mas tu desapareceste dos registos de Hogwarts e nunca ninguém desapareceu antes. Desculpa, Harry, por tudo o que passaste nestes anos mas eu simplesmente não sabia. – Ela voltou a olhar para mim e continuava a chorar. Eu não sabia bem o que fazer mas ela parecia não querer uma resposta minha. – O que eu disse naquela noite foi real Harry. Eu amo-te e tu és parte desta família. Só ao fim destes 13 anos é que eu posso dizer que somos uma família outra vez e é devido a tu estares aqui, sem ti nós estamos incompletos. Tu és um Potter e sempre serás.

Eu fiquei hipnotizado por aqueles olhos verdes e só voltei a reagir quando senti os braços finos dela percorrerem o meu corpo num abraço forte. Eu não era frio… eu não uma pessoa sem coração como gostava de pensar de mim próprio porque as pessoas sem coração não sofrem, nem sentem o que eu senti naquele momento. Eu senti ela dizer que me amava e, por tudo o que era sagrado, eu senti por ouvir aquilo. O meu peito contraiu-se, o meu coração começou a bater a uma velocidade fenomenal e eu queria chorar e ter a conversa completamente sincera com ela, que ela tanto queria. Chegava de mentiras, de meias verdades, porquê ser tão duro quando era tão mais fácil só ser sincero e aceitar que eu tinha uma mãe?

- Acredita que eu todos os dias dou graças por tu estares connosco. – Ela disse no meu ouvido e eu senti-me relaxar completamente naquele abraço. – E todos os dias me amaldiçoo por não te ter procurado e te ter dado uma infância como deve de ser. – Ela afastou-se de mim mas mesmo assim ficou a uma distância mínima de mim e encostou a sua testa na minha, fazendo-me olhar diretamente para aqueles olhos verdes. – Podes, por favor, pensar em nos perdoar? Tentar dar-nos uma hipótese?

Eu não sei se foi por estar a olhar para aqueles olhos verdes que pareciam ver a minha alma ou se simplesmente porque eu já estava a começar a aceitá-la como mãe, mas eu respondi-lhe com sinceridade:

- Eu estou a dar todos os dias. – Disse rouco e vi-a sorrir genuinamente.

- E eu vou-te fazer não te arrependeres por isso. – Ela deu-me um beijo na bochecha e levantou-se olhando para o relógio. – Bem, já estou atrasada mas o que é um bom Potter sem chegar atrasado? – Ela disse rindo.

Eu ri-me com ela até que me lembrei do Remus.

- O Remus? – Perguntei, lembrando-me que já não o via há uns dias e espantei-me ao vê-la ficar indecisa.

- Hum, ele está com um problema e só deve de conseguir voltar no final da semana. Se for pelas aulas eu posso-te dar, o que achas? – Ela perguntou sorrindo.

Eu concordei com a cabeça.

- Não está atrasada? – Relembrei-a.

- Oh, - ela disse, olhando outra vez para o relógio,- cada vez mais.

Ela virou-se para sair, rapidamente, pela porta mas aconteceram duas coisas ao mesmo tempo. Uma, foi a Natalie que entrou apressada, parecendo assustada, a outra foi a voz do James, que apareceu clara e preocupada a dizer “Lily, Lily, por favor, responde-me. Lily!”. Ele parecia assustado mas eu nem sabia de onde vinha a voz. No entanto, ela sabia porque tirou um espelho do bolso, ignorando a Natalie e estava para falar com o espelho quando um raio atingiu o mesmo e ele partiu-se. Eu olhei assustado para a entrada, onde esperava ver uma Natalie maluca mas não esperava, claramente, ver uma quantidade assustadora de cabeças mascaradas, sendo que a liderar estava o homem que tinha visto no meu sonho - o Pettegrew - e uma mulher alta, elegante, com uns olhos castanhos escuros e uma beleza que parecia só derrotada pela loucura que os seus olhos demonstravam, que estava a segurar a Natalie pelo cabelo, com a varinha apontada à cabeça dele.

- Não, não, não, não e não! – Ouvia-a dizer, com uma voz infantil. – Nada de contatar o maridozinho quando ele está preso no ministério. – Ela disse para a Lily e voltou ao tom adulto ao vê-la ir buscar a varinha. – Nada de varinha ou a minha prima morre! – Ela ameaçou e o seu tom demonstrava que não estava a mentir.

Vi a Lily levantar as mãos, mostrando que não queria a varinha e cerrou os seus olhos, numa postura agressiva.

- Lestrange... – Ela sibilou. – E Peter! – Exclamou, perdendo o seu olhar no homem com tanto ódio que o mesmo se encolheu. Ela conseguia ser assustadora quando queria.

Eu, no entanto, estava perdido não percebendo o que estava a acontecer. As outras faces que eu conseguia ver estavam tapadas por uma máscara branca, fazendo-me só conseguir ver os olhos dos outros. Contudo, a presença marcante daquela mulher que ela chamou de Lestrange fazia-me ignorar os outros todos. Eu podia não saber o que estava a acontecer mas aquela mulher era perigosa. Isso via-se à distância.

- Oh, o encontro de velhos amigos. – Ela disse, entrando e arrastando a Natalie, ficando a poucos metros de nós. – Não era para estares aqui. – Ela disse como se a estivesse a acusar disso. - Não tens que acompanhar o teu marido a uma reunião que recebeste um recado hoje? – Ela disse com um sorriso tão brilhante que eu assustei-me. O que tinha acontecido a eles?

A Lily deu um passo em frente, pensando o mesmo e só parou quando a Lestrange apontou outra vez a varinha à cabeça da Natalie, fazendo uma ameaça silenciosa.

- O que fizeste ao James e ao Sirius?

- Eu?  Nada! – Ela disse, com uma gargalhada louca. – E eles estão bem só vão estar presos numa sala por, digamos 4 horas, conjuntamente com o Dumbledore. Não vais ter salvação minha querida. O teu filho vai morrer hoje.

- B-bela. – Ouvi o outro homem dizer. –Precisamos de seguir com o plano.

Ela olhou para ele com desprezo e eu percebi que não havia amor nenhum naquela relação.

- Eu trato deles. – Ela disse para os outros. – Vejam se encontram os vossos alvos e caso encontrem algum professor não lutem sozinhos, façam o combinado. – Ela disse e virou-lhes as costas quando eles saíram. Só um mascarado ficou. – Agora, vamos ao que interessa. Como é que te sentes, querida Lily, sabendo que reencontraste o teu filho só para o veres morrer? – Ela perguntou rindo, não descendo a varinha que estava apontada à cabeça da Natalie nem um centímetro.

- Só por cima do meu cadáver! – A Lily disse e num gesto, sem pensar, pegou na varinha mas ela foi rapidamente tirada das suas mãos pelo outro homem mascarado, que tinha ficado ali, e que com um gesto simples da varinha lançou um feitiço que fez a varinha da Lily ir para as suas mãos.

- Obrigada, querido. – A Lestrange disse e para meu horror mandou-lhe um beijo. Aquela mulher era completamente maluca! – Assim, já podemos conversar melhor, minha querida Lily. – Ela disse, diminuindo pela primeira vez a varinha que tinha apontada à Natalie. – Vai buscar uma cadeira e senta-te. – Ao ver que ela não fez nada, só olhando com desafio para ela, ela continuou. – Faz isso ou eu torturo o teu filho. – Disse, olhando de relance para mim com outro sorriso que me fez ter vontade de vomitar. – Sabes o quanto eu gosto de um bom crucio… - Para meu espanto a Lily fez o que ela lhe pediu, indo buscar uma cadeira e sentou-se. – Incarcerous. – Ela disse, apontando a varinha para a Lily, esquecendo-se aparentemente da Natalie. No entanto, isso foi um erro porque com um gesto simples, enquanto apareceram cordas para prender a Lily, a Natalie pisou no pé da bruxa com força, lançou um atordoar para o Pettergrew (tirando a varinha do bolso) e correu para a saída, passando com uma agilidade que eu não sabia que ela tinha pelo outro homem.

- Enervate. – A Lestrange disse apontando para o Pettergrew, fazendo-o acordar. – A Black fugiu. O que estás à espera? Vai atrás dela! – Ela sibilou para o outro homem mascarado que só assentiu e saiu a correr.

Eu não tenho prazer em dizer mas eu podia ter feito alguma coisa naquele instante, como tentar ajudar a minha mãe, tentar lutar mas eu estava paralisado, sentado no sofá como um maldito cobarde e só vi a Natalie fugir e eu não conseguir fazer nada. Eu no fundo estava a gritar comigo mesmo, para pensar, para saber como me tirar dali vivo porque ainda havia o Charles. Ele estava no quarto a dormir mas se ele descesse e visse aquilo, o que aquela bruxa faria? O outro não me parecia grande perigo pela forma como ele estava a agir mas o Charles era só uma criança.

- Não tenhas esperança querida Lily que o meu marido vai encontrar a minha prima. – A mulher disse e eu vi a Lily arregalar os olhos ao ouvir a palavra marido… quem era aquele homem? – Pettegrew, o outro Potter está lá em cima. Vai ter com ele e não falhes! – Ela ameaçou para o outro homem e eu vi assustado ele dirigir-se para o quarto dos meus pais… ele iria percorrer todos os quartos e iria acabar por chegar ao Charles, eu não podia deixar isto acontecer. O Charles não…

- Peter, por favor… - Ouvi o tom de súplica no tom da Lily e espantei-me quando vi o homem parar e olhar para ela com o que parecia pena na sua face redonda.

- Silencio. – Disse a outra bruxa, fazendo com que a Lily apesar de continuar a mexer os lábios não falasse. – Peter, vai. – Ela sibilou com os seus olhos ameaçadores preso nele. - Percorre todos os quartos até o encontrares e depois trá-lo até nós. Não falhes!

Eu vi o homem correr até ao quarto errado e levantei-me. Eu não podia deixar isto acontecer, não podia deixar uma criança morrer. Não! Se eles me queriam a mim eles iriam-me ter mas não ao Charles.

- Vocês querem-me a mim, não é? – Eu perguntei e vi os olhos das duas bruxas prenderem-se em mim, no entanto, enquanto os da Lily pareciam preocupados e estavam a mexer-se em todos os sentidos, numa clara ordem para eu tentar fugir, os da outra só mostravam loucura e divertimento, como se aquilo tudo não passasse de um jogo. – Então eu não vou tentar lutar mas deixem o Charles em paz. – Eu levantei as mãos, num sinal de que não iria lutar. – Ele é só uma criança.

A mulher sorriu, com aquele sorriso que me dava arrepios e eu vi-a brincar com a varinha como se estivesse a pensar no que dizer.

- Harry Potter, a criança que devia de estar morta, matando o nosso Lord. –Ela mandou uma gargalhada e eu assustei-me ainda mais. – Afinal, nem tu, nem o Mestre estão mortos. O Lord, eu já sabia, agora tu… não esperava. – Ela suspirou. – Enfim, surpresas, a vida é cheia delas, não é? – Perguntou, dando de ombros como se fosse uma coisa normal fazer o que ela estava a fazer. – Agora, se tu pensas que podes negociar aqui alguma coisa estás muito enganado, rapaz. – Ela disse, séria e eu assustei-me em como ela podia mudar de humor tão rapidamente. – O Charles Potter vai connosco hoje e ninguém pode mudar isso. – Ela apontou-me a varinha. – Aproxima-te. – Eu fiquei no meu lugar, teimoso e vi-a sorrir outra vez como se aquilo a divertisse. – Revoltado, gosto disso. – Ela disse rindo. – Crucio!

Eu senti dor, não tendo conseguido desviar-me do feitiço. Eu fechei os olhos e tentei não gritar, lembrando-me do que tinha sofrido pelo Louis. Se tinha conseguido aguentar o tratamento dele também aguentava aquilo. No entanto, mesmo tentando ignorar a dor, imaginando a minha casa de sonhos, como fazia com ele, eu sentia cada bocadinho do meu corpo arder. A dor era em todo o lado, por todo o meu corpo e por todos os Deuses, eu sentia os meus nervos. Eu sentia o sangue a percorrer o meu corpo, eu sentia como se tivesse alguma coisa a arder dentro de mim e eu só queria gritar. Mas eu não podia, se eu não gritava com o Louis não iria gritar com esta mulher, esta estúpida e horrível, mulher!

Eu mordi os lábios e fechei a mão com a minha força total, começando a fazer sangue por causa das minhas unhas estarem a entrar nas minhas mãos mas eu não me importava. Esta dor era demasiado, era tão grande, que passado uns segundos, eu não aguentei e gritei. O riso da mulher foi demasiado para mim e eu passei a desejar que aquela mulher desaparecesse da terra. Será que eu não podia ter uma vida sem dor durante um mês? Será que era pedir muito, tentar sentir-me um adolescente normal?

- Pára! – Ouvi a voz da Lily, aflita. Para meu espanto a Lestrange realmente parou o feitiço e eu pude finalmente respirar. Se os bruxos conseguiam causar tanta dor, com um mero gesto da varinha o que é que eles não conseguiam fazer? Aquele mundo de magia que me estava a fascinar estava a começar a parecer-me mais assustador do que alguma coisa que tinha tido na vida.

- Conseguiste sair do Silencio. Impressionante. – Ouvi a mulher dizer para a Lily. – Foi pela dor de veres o teu filho a sofrer? – Ela perguntou, com um estranho tom de preocupação.

Eu tentei levantar-me e pensar em algum plano de fuga mas eu mal conseguia respirar quando mais levantar-me. Os meus músculos pareciam sem forças e dormentes, o meu cérebro parecia congelado, querendo associar aquela voz ao Louis e todo o ódio que ainda sentia por ele estava a passar para ela. Ela estava a ameaçar o Charles, ela estava a fazer as pessoas sofrerem e ela estava a fazer-me passar por uma dor que eu não conseguia explicar.

- Deixa o Harry. Ele não é uma ameaça, ele é só um adolescente! – Ouvi a voz da Lily dizer, suplicante e eu abri os olhos ao ouvir o tom dela. Tinha tanta dor, tanto sofrimento que eu só a queria fazer parar de sofrer. Ninguém merecia passar por aquilo.

- Mas ele tem que morrer agora tu podes sobreviver. -Ela disse, como se estivesse a explicar a uma criança que 1+1 eram 2 - Junta-te à nossa causa que nós estamos muito interessados nas tuas pesquisas.

Houve um silêncio e eu observei o teto branco tentando ganhar forças para a ajudar mas eu, simplesmente, não conseguia.

- Encontrei o menino. – Ouvi a voz do outro homem e a Lily mandar um grito, estrangulado.

- Charles!

- Atordoar. – Ouvi outra vez a outra mulher dizer e ouvi a Lily soluçar.

Eu não conseguia ver nada, tendo o sofá a tapar-me a visão para eles e a fogueira do outro lado mas eu conhecia aquele feitiço e sabia que o meu irmão estava inconsciente, sem conseguir se defender deles… pelo menos era melhor do que o Crucio.

- Lily Potter – a outra mulher disse, estranhamente formal – se quiser o seu filho vai ter que colaborar connosco. Ele vai connosco hoje e nenhum mal lhe irá ser feito, no entanto, para o voltarem a recuperar vai ter que fazer um voto inquebrável em como dará a sua lealdade ao Lord das Trevas e ninguém poderá saber disso, principalmente, o idiota do Dumbledore. O seu marido terá que fazer a mesma coisa, conjuntamente com o meu querido primo, o Sirius e com o juramento feito, num dia em que nós vamos vos dizer, os vossos filhos serão entregues sem qualquer dano. Caso contrário vocês não irão ver mais os vossos filhos, isto posso prometer-vos! Até lá, digam ao Dumbledore que vão tentar recuperar os vossos filhos, esperando recolher mais informações antes de agir. Lembre-se que a condição é o voto inquebrável, por isso, não pode falhar nenhum requisito.

- O-o Harry? – Ouvi-a perguntar e ouvi passos na minha direcção.

- Já que todos pensavam que ele estava morto não é como se fizesse muito mal, ele morrer, não é? – Ela disse e eu ouvi passos na minha direcção. Tentei responder mas só saiu um grunhido. – E ele é fraco, por isso, até estamos a fazer com que os Potter percam um inútil.

- Se o que querem fazer é dar uma lição a nós, matem-me a mim e não a ele. Eu apresento mais uma ameaça do que ele alguma vez vai apresentar. Por Merlim, ele nem sabe praticar magia. Não vale a pena matá-lo. Ele é só o Harry, o meu Harry.

Ao ouvir a Lily suplicar pela minha vida, alguma coisa mudou dentro de mim. Ela estava a ser verdadeira, por Merlim, ela estava a querer dar a SUA vida pela minha. Por mim, que não tinha feito nada de especial no mundo e que se morresse não se perdia muita coisa. Ela é que era mãe do Charles e, por isso, ela não podia morrer. Ela tinha que lá estar para ele como eu soube naquele momento que ela estaria para mim, se tivesse podido.

- Mas minha querida, ele está marcado desde que nasceu. – A Lestrange disse rindo, fazendo a minha mãe ter mais um soluço. – Ele está morto, agora, só precisas de pensar que ele nunca esteve vivo e morreu naquela noite. Não foi no que vocês se acreditaram este tempo todo? Não é muito difícil continuarem a pensar nisso e se quiseres, aqui a boa amiga Bella, até apaga as memórias dele nas vossas cabeças. – Ela parou para ouvir o choro da Lily e riu-se. – Ops, eu menti. Não posso apagar porque eu tenho que mata-lo à frente da escola toda para todos verem em como o herói apesar de estar vivo, vai morrer porque ninguém sobrevive à ira do Lord. – Ela disse, rindo-se e eu soube que ela era uma seguidora fiel, que seguia o tal Voldemort com todo o coração. Claramente, o pior tipo de inimigo para se ter.

- Por favor, o Harry não…

Ela só se riu mais com o desespero da Lily, da minha mãe, e eu soube naquele instante que tinha que agir. Mesmo que morresse ela pelo menos poderia criar o Charles e a minha vida tinha valido para alguma coisa… tinha salvo uma criança de ficar sem mãe.

Por isso, voltei a fechar os olhos, ouvindo os soluços da minha mãe para me darem forças. Eu tinha magia, eu era um bruxo, eu podia fazer aquilo. Eu supliquei com todas as minhas forças para a magia me ajudar, para conseguir pôr-me em pé e fazer alguma coisa e ajudar a situação.

- Ele nem se levanta dali. Ele é tão fraco que nem sei porque é que te preocupas. – Ouvi a voz dela dizer mais perto de mim.

Por favor, magia, ajuda-me”. – Supliquei para mim, tentando senti-la. – “ Tenho que pôr as cordas da Lily mais fracas e conseguir ter energia para fazer a Lestrange sair dali. Se eu conseguir correr e passar por ela, ela tem que vir atrás de mim, afinal eu sou o alvo. Por isso, por favor.”

Eu ouvia-a cada vez mais perto e as minhas súplicas ficaram cada vez maiores ao ponto de eu começar a sussurrar para pedir ajuda. Eu era um bruxo, eu tinha que ter forças para isso.

- Bem, mas antes de levá-lo para o nosso espetáculo, acho que me posso divertira mais um bocadinho. Que tal mostrar um herói enlouquecido, Peter?

- Peter…. – Ouvi o tom suplicante na minha mãe e o meu coração partiu-se mais uma vez.

A minha magia esteve ali todo o tempo desde que despertou porque é que um feitiço me tinha feito ficar tão fraco? Eu sabia que conseguia, eu sabia que tinha força suficiente para isso, ou melhor, eu sabia que tinha que ter força suficiente para isso. A Lily era uma boa mãe, ela não poderia ficar sem o Charles e render-se a um homem maluco. Eles queriam-me a mim, principalmente. Por favor, que a magia me ajudasse naquele momento.

- Não lhe fales, sangue-ruim! – A Lestrange sibilou para a minha mãe, perdendo o seu tom amigável. – Assim, está muito melhor. Agora, meu querido Harry…

Ao ouvir os passos dela chegarem mais perto de mim eu sabia que tinha que ir. Era a única chance… por favor!

Para meu alívio a magia respondeu à minha chamada, percorrendo o meu corpo e dando-me força que eu sabia que o meu corpo não tinha. Eu abri os olhos rapidamente e ouvi o “Oh” chocado da Lestrange enquanto eu me levantei com rapidez. Eu tinha anos de futebol e corrida, por isso, eu conseguia fazer aquilo. Só precisava de correr e afastar-me o suficiente dela para tentar deixar a Lily em segurança.

Por favor, que a Lily seja solta sem a Lestrange ver quando eu começar a correr.” - Supliquei mais uma vez e algo dentro de mim soube que a magia ia-me fazer a vontade.

- Se me quiserem apanhar, têm que correr. – Disse, abrindo um sorriso para a bruxa e vendo pelo canto dos olhos o outro homem, Peter olhar para mim, branco a agarrar a figura inconsciente do Charles. – Por isso, boa corrida. – Disse e comecei realmente a correr.

A coisa com futebol é que temos que analisar o campo, correr, tentar ver se alguém estava livre e depois decidir o que fazer. Ali, aquelas não eram claramente as prioridades. Ela lançava feitiços que se me acertassem, iriam, no mínimo, magoar-me. Por isso, eu tinha primeiro que me desviar e depois correr. Então, a primeira coisa que fiz foi saltar o sofá, vendo com prazer ela errar o feitiço, a segunda foi correr para a entrada, que pareceu ouvir as minhas intenções e já estava aberta, tendo só que chegar até lá. Devido a isso, eu acelerei mas como era quase em linha reta, ela conseguiu-me acertar com um feitiço que tinha uma estranha cor roxa. No entanto, algo aconteceu com a minha magia porque apareceu uma parede branca, só de magia, que parou o feitiço, fazendo-a amaldiçoar-me verbalmente e lançar mais uns quantos. Contudo, eles não chegaram a tempo, atingindo o quadro que se fechou automaticamente com a minha saída e deixou um grande buraco no meio. Comecei-me a acreditar nas palavras do Dumbledore, de que a minha magia tinha magia de Hogwarts porque o castelo parecia saber as minhas intenções. Eu sorri, vendo o meu plano indo como combinado quando ouvi os gritos enraivecidos dela para o outro homem a dizer que me ia apanhar. Tive vontade de rir ao ouvir aquilo. Magia e coisas relacionadas com magia? Oh, disso eu não sabia nada mas correr? Correr era o que fazia melhor e foi o que fiz ao ouvir os saltos dela a virem atrás de mim.

Eu assobiei e corri, sorrindo, sentindo a adrenalina e gostando da sensação de responder às pessoas que se sentiam superiores. É claro, que havia uma vozinha na minha mente que me dizia que o Charles e a Lily podiam estar em perigo mas o meu plano tinha que resultar. Tinham que haver bruxos que os ajudassem e até lá eu só precisava de entreter estes bruxos. Não podia ser apanhado cedo e, por isso, eu iria correr com toda a minha alma.

---OLC—

Ela precisava de ser rápida e tinha que, principalmente, ser uma Slytherin, por Merlim! Então porque é que o seu coração estava a bater furioso no seu peito e só se lembrava do que podia dar mal com o seu plano? De como a sua tia podia morrer, de como o Harry Potter, aquele rapaz insuportável, podia morrer e matar a sua família de tristeza? Ela não podia deixar nenhum mal lhes acontecer e, por isso, ela precisava de chegar até a ajuda. Ela não era uma Gryffindor, pois caso fosse tinha enfrentado os inimigos no lugar. Ela era uma Slytherin, com orgulho, e, como tal, ela tinha que ter um plano e saber que ele resultaria, sem falhas. E ela tinha um plano. Ela sabia perfeitamente que não conseguia nada contra a Bellatrix Black aka Lestrange. Ela era forte e o seu pai sempre lhe tinha dito como ela mostrava que uma pessoa maluca poderia ser perigosa. Além do mais, havia o mascarado que ela não fazia ideia de quem era e o Pettegrew. Oh, se fosse só ele, ela tinha todo o prazer em lutar com ele, em o fazer sofrer 20 vezes o que ele fez sofrer o Charles mas ela não tinha hipóteses e precisava de ajuda. Só esperava, com todo o seu coração, que quando ela encontrasse a tal ajuda não fosse tarde de mais.

Ela estava pronta a subir para o quinto andar, onde se localizava o gabinete da professora McGonagall e tentar falar com ela. Ela tinha que ajudar. No entanto, os sons de botas a baterem no chão, do perseguidor dela pararam com uma explosão. Até ela que sabia que tinha que correr parou e olhou para trás. Algo na sua mente lhe dizia que era uma armadilha e se iria arrepender disso, no entanto, nem essa vozinha esperava ver o que estava a sua frente. O Devorador da Morte estava deitado no chão, inconsciente, com a sua máscara partida, fazendo-a ver que o seu perseguidor era o marido da Bellatrix, o Rudolph Lestrange. Ela teve um arrepio, lembrando-se do seu pai a falar dele, em como ele era feroz e adorava torturar as suas vítimas. Se ele a tivesse apanhada, estava morta.

- Menos um! – Ouviu uma voz dizer do que parecia a parede.

- Agora só faltam mais 9. – Disse a mesma voz da outra parede.

O que raio estava a acontecer ali?

- Calma,  Black, nós somos amigos. – Disse, o dono da voz finalmente saindo e para seu espanto, apesar da voz ser realmente igual, eram duas pessoas, que saíram de paredes opostas, iguaizinhas. Os gémeos Weasley.

- O que é que vocês lhe fizeram? – Perguntou, assustada pelo aparecimento deles, do nada.

- Não fizemos nada comparativamente com o que ele te iria fazer se te apanhasse, por isso, acalma-te pequena Black. – Disse um, chegando-se ao pé do Lestrange, e tirando-lhe duas varinhas que ele ainda tinha na mão. A varinha da tia Lily…

Ela bufou, ouvindo o apelido que eles lhe deram desde a primeira vez que a viram e que sabiam que a irritava profundamente.

- Certo. – Disse, tentando ser racional. – Os Devoradores da Morte estão em Hogwarts. – Ela continuou, tentando pensar mas estava a ser difícil agora que sabia que uma ameaça já não era mais ameaça. – E-e a minha tia, a Lily Potter precisa de ajuda e-e… - E calou-se, não sabendo se podia falar do Harry ou não.

- O nosso Lord está bem?- Perguntou um, chegando-se mais perto dela.

- Lord? – Disse, começando a ter medo deles. Será que apesar de tudo eles não eram os verdadeiros gémeos Weasley? Era tudo uma armadilha?

- Sim, o grandioso Lord Harry Potter, o conquistador, o…

- Calma, Fred. – Disse o outro, também se aproximando dela. – Estamos a falar do Harry Potter. Nós sabemos que ele está vivo e que está com a Bellatrix Lestrange e, por isso, em perigo.

Ela piscou os olhos confusa. Como é que eles sabiam?

- Como é que…

- Nós sabemos tudo. – Disse o Fred ficando a um passo dela. – Tanto que sabemos que estão a ir três devoradores da Morte para cada sala comum menos a dos Slytherin. – Disse, perdendo os seus olhos no símbolo da casa da Natalie. – E também sabemos que apesar de já termos avisado os Gryffindor que estavam aqui que iriam sofrer um ataque, nós não nos conseguimos defender de tanto ataque. Precisamos de um plano e rápido.

- Mas se não têm um plano o que estão a fazer aqui? Porque não estão na vossa sala, a defender os vossos colegas?

- Porque nós temos o nosso Lord em perigo e ninguém se mete com o Harry Potter, connosco perto, sem o defendermos. – Disse o George com tanta convicção que ela arregalou os olhos, não esperando nunca ouvir um gémeo Weasley falar tão sério.

- Porquê? – Perguntou voltando ao seu normal e, conseguindo finalmente pensar com clareza.

- Nós encontramo-nos com ele e sabemos que ele não sabe fazer magia. Ele está desprotegido da Bellatrix. Nós temos o Ron e mais alguns que se sabem defender, além do mais já derrotamos os três bruxos que iam para a nossa casa e mandamos avisar a professora McGonagall. Ou seja, ajuda vem a caminho. Agora, o nosso Harry Potter não tinha ajuda.

- Vocês avisaram os professores? – Perguntou, pela primeira vez, sentindo verdadeira esperança que nada de mal ia acontecer. – E derrotaram três destes?

- Nós temos os nossos métodos. – Disse o George com um sorriso de lado. – E a Ginny foi avisar a professora que deve de avisar os outros professores. Mas não estão cá todos os professores, só ela, o Flitwick e o Professor Snape. Algo aconteceu para Hogwarts estar tão vazio de professores e tão cheio de alunos.

Ela concordou silenciosamente, ela também tinha achado estranho, estarem tantos alunos nas férias natalícias em Hogwarts mas não esperava que fosse por isto.

- Então, agora só temos que ajudar a minha tia?

- Sim. – Disseram ao mesmo tempo.

- Nós estávamos a tentar ajudar mas também não sabíamos a password.

Ela arregalou outra vez os olhos. Estes gémeos não paravam de a surpreender.

- Como é que vocês sabem?

Eles deram outro sorriso de lado, idêntico e ela não conseguiu não ficar impressionada pela maneira que eles eram.

- Nós só sabemos! Como o nosso Lord, nós somos simplesmente surpreendentes e cheios de surpresa. – O Fred disse sorrindo.

- Porque é que vocês tratam o Harry Potter por Lord?

Eles riram, o que ela achou impressionante, estando eles em perigo.

- Uma longa história que nós não temos tempo para contar. – Disse o George. – A versão curta é que enquanto dizemos só, nosso Lord ninguém sabe de quem falamos, se disséssemos Harry Potter, todos saberiam de quem estamos a falar.

- Podes levar-nos até onde eles estão? – Perguntou o Fred.

Ela assentiu e começou a correr. Ela tinha ajuda, agora só precisava de chegar a tempo de nada de mal acontecer. Eles podiam sair dali sem ninguém ferido ou pelo menos sem ninguém morto. Eles iam mostrar que conseguiam e, por agora, ela só iria correr tentando fazer planos na sua cabeça para conseguir tirar a sua família daquela situação.

---OLC---

Ela quis gritar de alívio ao ver o seu filho correr. Não sabia como ele tinha forças para aquilo, tendo acabado de ser torturado mas ele tinha conseguido fugir e isso era o importante. Agora, se ela conseguisse recuperar a sua varinha para pôr o Charles em segurança e conseguir lutar com aquela mulher, seria ótimo. O Peter também… ela tinha tanto para falar com aquele rato miserável. Para seu espanto, mal o Harry saiu pelo quadro, tendo acabado de ser protegido pela sua magia, sem varinha, do feitiço que a Bellatrix lhe mandou, as cordas à volta do seu corpo diminuíram a resistência e ela sabia que estava livre. Não sabia como é que aquilo estava a acontecer mas se ela conseguisse ter uma varinha, ela sabia que conseguiria pôr todos em segurança.

- Potter maldito! – Sibilou a Bellatrix. – Pettergrew, fica aqui e não nos faças ficar mal na nossa missão. Eu vou apanhar aquele rapaz estúpido. – Ela disse e começou a correr, sem parar, fazendo a Lily ficar outra vez aflita ao pensar no que aquela mulher faria se apanhasse o seu filho.

Ela precisava de sair dali quando o Petter estivesse distraído e viu uma oportunidade quando ele começou a descer as escadas, a agarrar o corpo inconsciente do Charles num braço. No entanto, como se estivesse a adivinhar os seus pensamentos, com o outro braço, o metálico, ele agarrou a varinha e apontou-a a si. Então pelos vistos a única maneira de sair dali era fazendo conversa com o seu velho e grande amigo Peter.

- Peter, como é que consegues fazer isto? Como é que nos conseguiste trair assim? – Perguntou, pondo todo o seu desgosto, dor e, principalmente raiva nas perguntas para ele perceber o quanto a estava a fazer sofrer.

Ele desviou a cabeça, aparentemente envergonhado e ela pensou em agir nesse momento mas ele fixou o seu olhar nela rapidamente, fazendo-a morder o lábio nervosamente. Ela precisava de agir. O tempo estava a correr.

- Eu só queria que vocês percebessem! – Ele quase guinchou e para seu pavor, deixou o corpo do Charles cair ao lado do sofá. – Eu não queria que vocês se magoassem naquela noite. Vocês sabiam que iriam perder um filho e, por isso, não precisavam de perder as vossas vidas. Vocês só precisavam de se juntar ao Lord das Trevas. – Ele disse, quase a implorar.

- Ele quer-me morta, Rabicho. Como é que podes dizer isso?

- Ele não te quer morta. Ele quer o teu conhecimento e isso manteve-vos vivos. Ele até não vos matou porque eu pedi e organizei o ataque todo, para que nem se ferissem. – Se ele tivesse estado atendo à Lily, teria visto que as suas palavras estavam a fazê-la ficar cada vez mais irritada mas ele não estava a ver a expressão dela com atenção e, por isso, continuou: - Eu tirei-vos de casa e era para ficar só eu e o Harry. Quando vocês chegassem vocês iriam ver que o vosso filho, a vossa única esperança, estava morta e iriam seguir o Lord das Trevas. Eu nunca vos quis ver sofrer mas era um mal necessário para vocês perceberem.

A Lily ficou chocada, lutando contra as sensações de raiva, ódio e descrença ao ouvir o seu antigo amigo. Como é que ela poderia ter considerado, na sua juventude, amigo, aquele lunático que se mostrou ser um dos homens mais nojentos que ela conhecia?

- Tu és horrível Peter. Dizer isso? É o meu filho! O meu sangue. E depois o Charles. Como é que pensaste que alguma vez te perdoaríamos?

- O Charles era necessário para restaurar o Lord das Trevas. Eu não lhe queria fazer mal Lily, acredita-te em mim! – Ele suplicou e ela teve que morder a língua para não lhe responder. – E nós não o matamos.

- Só o traumatizaste pela vida toda!

- Foi um mal necessário, como a perda do Harry também é. Tu tens que compreender. É por um bem maior.

- Ouve bem, seu filho de um rato do esgoto. – Ela disse completamente irada, levantando-se da cadeira e fazendo-o ver que ela não estava agarrada pelas cordas. Ela aproximou-se dele, tão presa na sua raiva que ignorou que ele tinha uma varinha apontada a ela e ela não tinha varinha. – Eles são meus filhos. Eu vou fazer tudo por eles e se para isso te tiver que matar com as minhas próprias mãos acredita que já fiz coisas piores. – Ela estreitou os olhos, aproximando-se dele enquanto ele só recuava, esquecendo-se aparentemente que ele era quem possuía uma varinha.

- Lily, eu…

- É verdade! Eles são meus filhos e eu amo-os mais do que alguma coisa na vida e tu mataste a Marlene. A Marlene! – Ela viu-o encolher-se e ela aproximou-se ainda mais dele. – Como é que a mataste? Ela era uma de nós!

- N-não fui eu. – Ele disse olhando para todos os lados menos para os olhos brilhantes da Lily. – F-foi o mestre, eu não queria mas ela…

PAX. Ele moveu a cara para o outro lado ao sofrer a chapada na cara, com toda a força da Lily.

- És um ignorante, um inútil. Tudo o que disseram sobre ti, antes de ser um maroto era verdade, eu vejo isso agora. Nunca devia ter perdido o meu tempo contigo, a conhecer-te porque tu só serviste para estragar a minha vida e Peter eu juro-te que se acontecer alguma coisa aos meus filhos hoje, eu vou-te matar depois de te torturar lentamente para tu perceberes como é sofrer um décimo do que eu sofri nestes 13 anos sem o Harry. Tu nem mereces morrer pelo que fizeste mas por agora, tenho um filho para proteger. – Ela disse e com um gesto fluído, tentou tirar a varinha das mãos do Peter mas a mão metálica pareceu agir por si própria e lançou-lhe um feitiço, que ela teve que se desviar, saltando para o lado.

- Eu não queria nada disso mas era necessário! – O Peter choramingou, levantando-se e parecendo ter ganho o controlo da sua mão porque tinha a varinha apontada para o chão. – Eu só quero que sejamos felizes.

A Lily expirou, cerrando os olhos.

- Peter, eu nunca vou ser feliz enquanto souber que tu estás vivo, por isso, isso nunca vai acontecer. Porque enquanto tu fores vivo, eu nunca vou poder ser verdadeiramente feliz!

Ela viu a face chocada do Peter contorcer-se numa de determinação. Não sabia bem porquê mas aquela expressão estava a dar-lhe arrepios.

- Eu não queria que isto fosse assim Lily mas se tem que ser, tu um dia irás compreender. – Ele disse, com um brilho no olhar que a fez ter mais arrepios, apontando-lhe a varinha. – Esta missão foi planeada até ao último pormenor. Desde os professores estarem incapacitados até à captura dos alunos. Por isso, eu não a posso fazer não ser sucedida por tua casa. Atordoar. – Ele disse mas para seu espanto, o seu feitiço foi protegido por um escudo e ele é que sofreu um feitiço, vindo do George que tinha acabado de entrar.

- Tia, estás bem? – Perguntou a Natalie depois de conjurar o escudo e viu a face da Lily se aliviar.

- Estou. – Ela disse, inspirando e expirando para se acalmar. – O Harry é que precisa de ajuda e como é que conseguiste…

- Eles ajudaram-me. – Ela disse, cortando a Lily e abrindo a boca chocada ao ver a figura no chão do Charles ao pé dos sofás. –Charles! – Ela gritou, ajoelhando-se ao lado do corpo dele.

- Ele está bem só o atordoaram. – Disse a Lily mas mesmo assim ela teve que também se ir assegurar que o seu filho estava bem. – Algum de vocês tem uma varinha que me possa emprestar?

- Até temos a sua varinha. – Disse o Fred, entregando-lhe a varinha. – E mais uma pertencente ao caro Sr. Lestrange.

- Enervate. Vocês derrotaram o Lestrange? – Ela perguntou perplexa vendo com alívio o Charles abrir os seus olhos.

- Nós temos os nossos truques. – Respondeu o George.

Ela levantou-se decidida. Por muito que quisesse ficar ali, a ver se o Charles estava em segurança ela precisava de cuidar do Harry que estava em perigo.

- Se puderem fiquem aqui com o Charles ou então vão para algum sítio em segurança. Eu tenho que ir ver se encontro o Harry.

- Espere. – Murmurou o George vendo um papel que ela pensava que nunca veria mais na vida.

- O mapa do maroto…

O Fred sorriu.

- Estou a ver que conhece o nosso informador secreto.

- Onde é que está o Harry? – Perguntou, o inquérito aos dois seria feito depois que estivessem todos em segurança.

- Segundo andar e a descer. A Bellatrix está mesmo atrás dele.

Ela fechou os olhos, lembrando-se dele a ser torturado. Como é que ele se mantinha em pé para correr tanto?

- Posso levar isso comigo?

O George assentiu, entregando-lhe o mapa.

- Obrigada. – Ela disse e estava pronta para correr quando ouviu a voz do Charles.

- Mãe, o Harry está bem?

- Vai estar filho. – Murmurou e começou a correr.

---OLC---

- Remus! Remus!

- Por Merlim, Remus tu tens que falar connosco. É urgente!

O Remus grunhiu e virou-se para o outro lado no chão. Todo o seu corpo doía e os gritos insistentes dos seus amigos não estavam a ajudar para tirar a sua dor de cabeça.

- Remus, é o Harry! Ele está em perigo! Por Merlim, Remus ou tu nos ouves ou eu enfeitiço-te até não saberes dizer o teu nome!

Ele grunhiu mais uma vez, vendo que a aflição no tom do James era real e, sendo sincero, para ter tanto o James como o Sirius a chamá-lo depois de uma noite de lua cheia tinha que ter acontecido alguma coisa. Por isso, ele abriu os olhos vendo a velha cabana e viu o seu alvo, o saco que estava num canto com  as suas coisas e o espelho. Foi até lá mais a rastejar do que qualquer coisa e quando chegou lá, em vez de agarrar o espelho, como as vozes do Sirius e do James queriam, agarrou uma poção e bebeu, sentindo a energia que ela dava atingir o seu corpo e, pela primeira vez naquela manhã, conseguir pensar racionalmente. O seu corpo entrou automaticamente em alerta.

O Sirius e o James estavam a dizer que o Harry estava em perigo. Em perigo! E isso só queria dizer uma coisa… que de alguma forma o Voldemort tinha conseguido encontrar o Harry. Ele pegou rapidamente no espelho e viu com alívio as caras do James e do Sirius preocupadas, no espelho, mas bem fisicamente.

- Por amor de Merlim, Remus porque demoraste tanto tempo?

- Foca-te Sirius. – Resmungou o James e o Remus viu com horror o olhar que este tinha. Um de pânico. – Remus, tu tens que contatar os meus Aurores. Nós e o Dumbledore estamos presos na sala cá em baixo e algo está a acontecer em Hogwarts. A Lily… - Ele desviou o olhar e o Remus conseguiu ver a dor nele. O James estava a morrer por dentro por não saber o que estava a acontecer. – Algo aconteceu à Lily, quando finalmente conseguimos falar com ela. O espelho partiu-se e ela estava com o Harry. Por favor, Remus, eu sei que estás fraco mas contacta os meus aurores para nos tirarem daqui.

O James esteve a dizer-lhe o que ele tinha que dizer para os aurores se acreditarem nele e o Remus mandou um Expecto Patronum onde dizia para os irem buscar. Pelo que tinha percebido a sala onde eles os três estavam presos era uma autêntica prisão, só se conseguindo abrir de fora.

O Remus levantou-se sentido todo o seu corpo doer mas ele precisava de fazer alguma coisa. Se algo acontecesse ao Harry… nem queria pensar… e Hogwarts era uma escola. Uma escola! O que é que Voldemort estava a pensar ao atacar uma escola quando ele estava a usar a descrença do ministro da Magia para não ter resistência?

Que melhor glória teria o Voldemort do que fazer a sua grande entrada no Mundo Mágico matando o herói do mundo mágico que todos pensavam morto?

Disse uma vozinha na sua cabeça e ele sabia que estava correta. Ele não podia deixar o Harry morrer nem que para isso tivesse que dar a sua vida. Ele estava perto de Hogwarts e se os Aurores chegassem a tempo então poderia ser que algo de mal não acontecesse. Ele esperava sinceramente que o seu pensamento estivesse correto mas ele sabia, no seu interior, que algo iria acontecer e ninguém iria gostar disso no final.


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Notas finais do capítulo

N.A. Sobre este capítulo, só queria dizer que vocês podem pensar que o Harry é muito poderoso mas ele tem um motivo para estar assim com tanta força. Ele comparado aos outros magos está em desvantagem (e até é por esse motivo que não vão ver uma luta direta) e a forma que ele tem de usar a magia é implorando para a mesma. Provavelmente, mais para a frente vocês vão ver o quão mais fraco é ele comparado aos outros. Bem, acho que não tenho mais nada a dizer, a não ser que, desenvolvimentos só para o próximo capítulo :p. Por isso, comentem e espero que gostem =).

Ju Ferrer: Obrigada :D. Está aqui o capítulo fresquinho e, em príncipio, o próximo também não vai demorar muito tempo.



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