My Dear Nerd escrita por Monaliza


Capítulo 33
Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente boa ♥ Amo vocês e peço que me perdoem por demorar tanto tempo. Com toda essa coisa de Copa eu fiquei sem tempo pra escrever :/ Mas o que importa é que eu voltei com um capítulo enorme e cheio de feels :3

Vejo vocês lá em baixo, boa leitura *-*



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– Meu Deus. Eu... Eu... – eu tentava formular alguma frase digna, mas apenas palavras entrecortadas saíam da minha boca.

Juro que nunca fui de me importar com a opinião dos outros, mas recebendo todos aqueles olhares, metade chocados e metade acusadores, eu meio que entrei em pânico. É certo que a julgar pelas circunstancias eles têm total direito de achar isso, mas eu não quero acreditar que eles realmente estão achando que eu empurrei a Cindy da escada de propósito.

Mas o pior não eram os olhares acusadores do povo. O pior mesmo era o olhar acusador do Logan. Ele já me lançou olhares diversos: descrença, desafio, cinismo, sarcasmo, e até alguns que eu já julguei ser de ódio, mas aquele olhar de decepção... Aquele eu jamais tinha recebido. E era isso o que machucava mais. Saber que mesmo me conhecendo, ele achava que eu tinha feito aquilo de maneira intencional.

Eu poderia continuar aqui em cima, parada sem fazer nada, apenas com minha expressão de choque, sustentando a pose de vilã do ano e me remoendo por estar decepcionando quem menos tinha que ser decepcionado no momento. Mas ao contrário disso, eu não sei nem porque, desci as escadas correndo e me aproximei da Cindy e do Logan. Quer dizer, tentei me aproximar. Porque antes que eu pudesse chegar perto o bastante pra ver se ela estava, pelo menos acordada, ele me impediu.

– Fica longe dela Mellany!

– Logan, eu... – gaguejei. – Eu só quero ajudar!

– Ajudar? Depois de jogar a garota escada a baixo, você me vem com esse papinho de ajuda? Ah, pelo amor de Deus, não seja cínica!

– Mas eu não fiz nada! – praticamente gritei.

Será que era tão difícil me ouvir?

– Fez sim! – depois disso eu percebi que a Cindy não estava bem, mas também não estava tão mal.

Porque vamos combinar que se ela ainda tem disposição pra me acusar injustamente, ela não está em um estado tão grave.

– Eu o quê? – perguntei chegando mais perto e já me irritando com a cara dissimulada dela.

– Não deixa ela chegar perto de mim Logan! – ela gritou, fazendo ceninha. – Essa louca acabou de me empurrar da escada! Sabe-se lá o que mais ela quer fazer! – ela fungou o nariz, fingindo estar chorando.

Nesse momento eu queria a fazer engolir todas as suas palavras. Porque ela estava mentindo descaradamente, e o pior é que todos estavam acreditando.

– Você... Você é uma mentirosa! – bradei irritada.

– Depois de machucar a garota você ainda tem coragem de ofendê-la? – Logan perguntou desacreditado.

– Mas é claro que sim! Ela está mentindo! Eu não a empurrei da escada, eu só empurrei... – e então ele me interrompeu.

– Então você assume que a empurrou?

– Tá, empurrar eu empurrei. – assenti derrotada. – Mas a culpa da queda é totalmente dela.

Ele me olhou chocado.

– Como é?! Você a empurra e ainda diz que ela tem culpa em cair?

– Será que dá pra entender que eu não a empurrei com a intenção de fazê-la cair da escada? – perguntei aborrecida.

Não podia ser tão difícil entender isso. Mas parece que para o Logan, era como se isso fosse o pior dos enigmas. E eu que achava que ele era inteligente.

– E empurrou pra quê? Pra fazê-la dançar Macarena?

Nem em um momento dramático desses, ele deixa a ironia de lado!

– Olha, eu fui ao banheiro, mas aí quando eu estava querendo descer, a Cindy me parou e começou a falar um monte de besteiras... – nem a pau eu contaria o que ela me disse, muito menos aqui, na frente desse povo todo.

– E isso é motivo o suficiente pra fazer o que você fez? – ele me interrompeu.

– Me deixa de terminar, droga! – depois do meu berro, ele se calou. – Então, eu pedi licença, mas ela continuou me empatando, eu perdi a paciência e acebei a empurrando pra que ela saísse da frente. Só que ela tropeçou, se desequilibrou e depois, antes que eu tentasse segurar, ela caiu rolando na escada.

Ele estreitou os olhos em minha direção e balançou a cabeça negativamente.

– Por que será que eu não consigo acreditar em você?

Foi como se eu tivesse levado um tiro. Como assim ele não consegue acreditar em mim? Eu nunca sequer dei motivos pra essa desconfiança. Quer dizer, posso até ter dado, só que foram apenas em coisas insignificantes. Mas ele me conhece, e sabe – pelo menos eu acho que sabe – que, apesar de não ser a melhor das pessoas, eu não sou tão ruim assim, e que eu jamais teria coragem de fazer algo desse tipo. Só que isso parecia estar invisível aos seus olhos naquele momento. Falando em seus olhos, esses sustentavam um olhar decepcionado que dilacerou meu coração. Eu não sabia ao certo o que estava sentindo, só sabia que era algo ruim. Como quando eu era criança, fazia algo errado e deixava minha mãe aborrecida.

Só que agora era pior. Bem pior.

– Por que, hein Mellany? Porque fazer isso com a Cindy? Só porque eu disse que ela era melhor do que você? – em nem me importei com o fato de que ele estava jogando aquilo na minha cara mais uma vez, porque seu tom de desapontamento não me deixava pensar mais em nada. – Ficar com raiva dela e até de mim, eu entendo. Mas jogar a garota da escada por causa de uma vingança idiota? Eu realmente esperava mais de você!

– Mas Logan, eu... – tentei argumentar.

– E eu aqui achando que você tinha jeito. – ele me cortou. – Que por trás de toda essa pose de garota má que você passa pra todo mundo, você era alguém que valia a pena. Mas depois de hoje eu vi que me enganei. Você não vale a pena. Você não vale nada!

E então ele me deu as costas, pegou a Cindy no colo, e saiu. Nesse meio tempo, aquela víbora ainda me lançou um sorriso vitorioso.

– Louca!

– Eu sempre soube que você não prestava.

– Coitado de quem é seu inimigo!

– Eu nem acredito que você tentou matar aquela garota!

Esses eram só alguns dos absurdos que eu estava sendo obrigada a ouvir. Mas eu não me preocupei com isso. Estava ocupada demais tentando segurar as lagrimas que insistiam em querer cair. Sempre me disseram que impedir o choro era algo ruim, mas eu nunca acreditei. Agora eu sabia que era verdade. Mas mesmo que fosse péssimo, eu não me permitiria chorar na frente de toda aquela gente. E pra que isso não acontecesse, subi as escadas o mais rápido que pude. Tranquei-me no quarto e me joguei na cama, podendo finalmente, chorar em paz.

Eu nem estava acreditando no que estava acontecendo. Eu, Mellany Flacksman, aquela que nunca ligou para a opinião de ninguém, agora estava chorando pateticamente por causa de acusações falsas. Nem parecia que era eu quem estava ali. Mas afinal, não eram acusações de qualquer um.

Eram acusações dele. E isso doía pra caramba.

Ele tinha acabado de jogar na minha cara que para ele, eu não valia nada. Vocês tem ideia de como isso é ruim? Provavelmente não, porque não são vocês que estão querendo fazer um garoto gostar de vocês. Agora além de tudo o que ele achava antes, ele me acha uma louca vingativa e sem limites.

Lembrar dos seus olhos cheios de decepção e sua voz carregada de repulsa, sendo que eu nem merecia tudo isso, só me fez derramar mais lágrimas. Eu posso até ser agressiva e explosiva, ter personalidade forte, me descontrolar de vez em sempre, gostar de me vingar dos outros, mas eu jamais faria algo do tipo, nem com o meu pior inimigo. Agora, além do povo me acusando de tentar matar alguém, ainda tem o Logan decepcionado comigo, achando que eu não valho nada, e provavelmente, me odiando bastante por causa de uma coisa que eu nem fiz. Era só isso o que eu desejava. A pessoa que eu mais queria que gostasse de mim é a que está mais me detestando no momento. E a ridícula da Cindy deve estar lá, rindo e sambando em cima da minha desgraça. Por isso, as lagrimas de tristeza deram lugar às lagrimas de raiva e revolta, por ter perdido uma batalha para aquela víbora.

Mas afinal, foi só uma batalha, e não a guerra. Então decidi parar de me lamentar. Enxuguei as lágrimas e molhei um pouco o rosto, pra tirar o aspecto do choro. Meu momento emo/gótica tinha acabado de passar e a velha Mellany estava de volta. Eu tenho noção da minha realidade e sei que não fiz nada. Não vou ficar me remoendo por causa da culpa que estou recebendo em razão de um erro que eu nem cometi. Primeiro porque isso não é do meu feitio, e segundo, porque, como dizia um velho ditado, a verdade sempre vem à tona. Quer dizer, nem tenho certeza se isso é mesmo um velho ditado, mas que é uma reflexão muito sábia, disso eu tenho certeza. A única coisa que ainda me incomodava era o Logan. Mas ele estava sendo injusto comigo, tenho certeza disso também. Eu sei que uma hora ou outra – ou pelo menos quero acreditar nisso – ele vai descobrir a verdade e que a verdadeira vilã da historia não sou eu.

Desci as escadas a ponto de bala. A primeira pessoa que pude avistar foi a Tiffany, e assim que me viu, ela veio até mim:

– Amiga você tá bem? – sua preocupação era nítida.

– Não muito, mas eu supero. – fui direta. – Agora eu tenho trabalho a fazer.

Ela me olhou confusa, e então eu fui até o centro da sala. Foi só ai que aquele povinho que ainda estava lá, fazendo sei lá o quê, pareceu me enxergar. E pra evitar qualquer tipo de piadinha que pudesse me tirar do sério, eu comecei:

– Eu quero todo mundo fora da minha casa, agora! – falei em alto e bom tom.

Na verdade, eu gritei mesmo. Mas tudo bem. Nem me preocupei em ser educada, até porque, não devia nada a ninguém, e na hora de me apontar, nenhum deles pensou em ter educação também.

– Vocês não ouviram? Ela disse que quer todo mundo fora! Não entenderam ou eu vou ter que desenhar? – Blaine ajudou.

Em menos de cinco segundos, a casa já estava totalmente vazia. Suspirei longamente e me joguei no sofá. Que por um milagre, estava limpo. Ao contrario do resto da casa, que estava uma zona.

– Você tá bem? – ele sentou ao meu lado.

– estou.

– Bom, então já que você tá legal e seus amigos estão aqui, eu já vou indo. – ele me deu um selinho. – Até qualquer dia, né? – sorriu fraco.

Sorri de volta e acenei pra ele, vendo-o cruzar a porta e ir embora. Ele era um cara legal, mas no momento, outro garoto era a minha prioridade. Garoto esse que deve estar achando que eu sou a pior pessoa do mundo. Deve não, com certeza está achando que eu sou a pior pessoa do mundo. Mas eu prometi a mim mesma que não ia mais ficar sofrendo em função disso, por isso, procurei tirar o Logan do meu pensamento, pelo menos um pouquinho.

– Tem certeza que tá bem? – Tiff perguntou.

– Vou ficar.

– Quer que a gente fique pra ajudar na limpeza da casa? – David perguntou.

– É, se você quiser a gente pode... – Brian começou e eu o interrompi.

– Não gente, não precisa. É serio! – eu sorri com a preocupação deles. – Podem ir.

Bem que dizem que é nos momentos difíceis que você vê quem são seus amigos. Os meus podem não ser os melhores do mundo, mas são suficientes pra mim.

– E como você vai arrumar isso aqui?

– Eu não vou arrumar. – me olharam como se eu fosse louca. – a Dolores vai.

– Quem é Dolores? – David perguntou.

– A empregada.

A coitada devia estar em casa descansado, mas como ela era gente boa, bastava chamar, que ela aparecia na hora.

– Olha Mellany, eu não vi o que aconteceu de verdade, mas eu tenho certeza de que você não fez nada. A Cindy pode ate ser minha “prima”... – Brian fez aspas com a mão, o que me confundiu. – Mas eu confio mais em você do que nela. E quanto ao Logan, não se preocupe. Uma hora ou outra ele vai ver que você não tem culpa de nada, e perceber que foi um idiota.

Espero que isso realmente aconteça, foi o que pensei em dizer, mas preferi falar algo mais inteligente:

– E quem disse que eu tô preocupada com ele? – dei de ombros.

– Mellany, você é péssima em mentir! E todo mundo viu que você ficou arrasada!

– Nossa, hein David?! Até nessas horas você é idiota! – Tiffany o estapeou.

Eu ri de sua careta de dor e murmurei um “bem feito”.

– bom, então nós já vamos.

– Já vão tarde! – exclamei e eles riram.

– É bom saber que você vai sentir nossa falta. – Tiff disse sarcástica. – Até amanhã!

Despedi-me deles também e logos depois que saíram, liguei para a Dolores avisando da minha emergência. Dei graças a Deus quando ouvi a campainha tocar e rapidamente abri a porta. Expliquei a ela o porquê do chamado e o motivo da bagunça toda. Logo depois, subi e fiquei surpresa ao notar que ainda nem se passava das 16h00.

E quem diria que algum dia uma festa minha terminaria a essa hora. Certo que amanha é segunda-feira e que a festa começou cedo, porém, nesse momento, a casa ainda estaria cheia de gente. E tudo por quê? Por causa daquela cadela dissimulada e mentirosa. Eu sei que pego bastante no pé dela e cheguei a pensar em mil e uma maneiras dela dar o troco, mas jamais pensei que ela seria capaz de baixar o nível ao ponto de mentir sobre algo tão grave. E meu espirito vingativo esta gritando, implorando para que eu de uma lição bem dada àquela infeliz. Porem, vou deixar que a própria vida se encarregue disso. Já me encrenquei demais por causa daquela maluca, e pra mim, já é o bastante.

(...)

Ouvi algumas batidas na porta e logo deduzi que era a Dolores. Afinal, além de mim, ela era a única que estava em casa. Simplesmente murmurei um “entra” e ela o fez.

– Srta. Mellany, já terminei meu trabalho.

– Ah sim, aqui está seu pagamento. – lhe entreguei uma quantia reserva que eu tinha de dinheiro. – Se quiser, pode ir pra casa já.

Ela me deu um sorrisinho e abandonou o quarto. Olhei de relance para o relógio e percebi que já se passavam das 18h30. Ainda estava cedo, mas a monotonia do domingo fazia parecer que já era tarde da noite. Por isso, preferi tomar um banho bem quente pra relaxar e logo depois, assistir uns filmes e rolar na cama até o bendito sono chegar. Já que amanha era segunda e a minha rotina voltaria ao normal.

Ou talvez não.

(...)

Tá pra surgir uma coisa mais irritante que o bipe do despertador. Eu não faço ideia de que hora caí no sono, mas não deve ter sido tão tarde. Porem, isso não me deixou isenta da falta de disposição matinal da segunda-feira. Eu e minha mania odiosa de dormir cedo e acordar com sono mesmo assim.

Rumei ao banheiro e me joguei em baixo do chuveiro. O banho frio me fez despertar um pouco, mas eu ainda estava sonolenta e se continuasse ali, provavelmente voltaria a dormir. Por isso, resolvi sair dali o quanto antes. Me vesti, arrumei os materiais e desci pra comer algo. O silencio da casa era meio incômodo, mas nada com que eu não pudesse lidar. Bebi apenas um suco de limão e comi algumas torradas. Não estava com o mínimo de paciência pra comer. Na verdade, não estava com paciência pra nada. Minha única vontade era voltar para o meu quarto, me jogar na cama, dormir e só acordar quando chegasse o fim de semana. É, nesse ponto a Bela Adormecida teve muita sorte. Imaginem aí, poder dormir por vários e vários anos, sem ter ninguém pra incomodar e só acordar depois de receber um beijo de um príncipe encantado e extremamente lindo e cavalheiro? Uma pena que essa seja a vida real, e não um conto de fadas. Mas ao mesmo tempo que só penso em voltar lá pra cima e enterrar a cara no travesseiro, eu sinto uma vontade imensa de ir para aquele inferno que apelidam de escola, só pra mostrar – lê-se esfregar na cara do povo – que a velha Mellany ainda está aqui e que o que aconteceu ontem não me abalou em nada. Apesar disso ser uma grande mentira.

Desliguei minha mente desses pensamentos e fui até a garagem. Peguei meu carro e dei partida, indo em direção ao colégio. A verdade é que eu não sei se irei aguentar, ainda mais de boca fechada, os olhares tortos e piadinhas, que com certeza vão rolar. Porque apesar dessa pose de garota que não se importa com nada, por dentro, isso me incomoda. Mas eu vou tentar ao máximo ignorar a opinião desse povo, que graças ao céus, não acrescenta nada na minha vida.

Sem perceber, já estava na porta da escola. Estacionei e pelo vidro, já dava pra notar alguns olhares direcionados ao carro. Com certeza já deviam saber que era eu quem estava chegando. Respirei fundo, umas três vezes, antes de sair do carro. Já do lado de fora, ergui a cabeça e meu rosto passou a ser estampado por uma expressão de superioridade. Recebia olhares tortos e desdenhosos vindos de todo lado. Como se eles estivessem esperado apenas por uma oportunidade pra jogar na minha cara o quanto achavam que eu não prestava. Mesmo que indiretamente. E isso é pra vocês verem o quanto esse povo é falso. Porque antes, quando eu chegava, era recebida por sorrisos e acenos, por mais que tudo não passasse de encenação. Antes, metade dessa escola matava e morria para, pelo menos, andar comigo no corredor ou sentar na minha mesa no horário do almoço. Por isso que eu ignoro e piso totalmente nessa gente. Podem me chamar de esnobe, egoísta e tudo o que for, mas se tem uma coisa que eu odeio é falsidade. Por mais que não esteja sendo a pessoa mais honesta do mundo. Não que esteja sendo completamente cínica e dissimulada. Porque por mais que eu não queria admitir, minha aproximação do Logan não foi totalmente a consequência do meu plano. Não podemos dizer que eu fui obrigada a isso, porque não é verdade. Em parte foi sim, mas no resto, digamos que eu realmente tive vontade. O motivo ainda é desconhecido, mas enfim... Não é o que importa agora.

Concentrei-me em tentar achar meu grupinho, e assim que os avistei, fui até lá.

– Mellany, por que tá todo mundo te olhando torto assim? – mal cheguei e Brianna me vem com uma asneira dessas.

– Vai dizer que você não sabe o que aconteceu ontem? – fui sarcástica.

– Não, o que houve? A gente foi embora mais cedo da festa.

– Bom, a versão resumida é que a Cindy caiu da escada, mas disse que fui em quem empurrei, e infelizmente, todo mundo acreditou.

– Nossa, dava pra ver que ela era uma mau-caráter, mas não pensei que ela chegaria a esse ponto. – Sharon disse aleatoriamente.

– Ela pode até ser mau-caráter, mas deve ter tido motivo pra fazer isso. – Brianna disparou.

Levantei minhas sobrancelhas e a encarei. Fiquei bastante tentada a perguntar de que lado ela estava, porem, já sabia que ela não estava em lado nenhum. Nem me importei com isso, pra falar a verdade. Nunca acreditei nas palavras de “amizade” da Brianna e sempre fui ciente do fato de que ela é uma falsa e só está comigo pra ser popular. E pra tentar roubar o meu lugar. Então toda oportunidade que ela tiver pra tentar me derrubar, ela vai aproveitar.

Tipo essa agora.

– Sabe qual foi o motivo? – inquiri. – O motivo foi o fato de ela ser uma falsa. E gente falsa não presta. – no mesmo instante que eu disse isso, ela encolheu os ombros e calou a boca.

Sinal de que ela captou a indireta. Ela e todo mundo presente, porque ninguém se atreveu a dizer mais nada.

– O clima pesou aqui, né? Acho que já vou entrar.

Nem escutei o que estavam gritando. Tenho 99% de certeza que era o Brian, dava pra ver pela voz. Porem, como tudo o que ele fala é besteira, eu ignorei. Ignorei e fui pra sala. E me arrependi logo em seguida. Tudo porque o Logan estava ali. E ele era o único.

O quão grande não foi a minha vontade de dar meia volta e só entrar naquela sala novamente quando ela estivesse cheia? Pois é. Mas eu não posso parecer uma garota indefesa, com receio de ser julgada. Além do mais, se eu fugisse dali, ele com certeza pensaria que eu estava com medo, e teria mais certeza ainda de que eu sou culpada. O que eu não sou, mas ele ainda não entendeu isso.

Ergui a cabeça e entrei de vez na sala, evitando fazer contato visual com ele. Sentei o mais longe possível, e daí em diante, se instalou aquele clima ridículo, sabe? Nós dois mergulhados num silêncio horroroso, e provavelmente com cara de retardados. E continuaríamos assim por muito tempo, se ele não tivesse começado a falar:

– Mellany, eu... – mas ele só começou mesmo, porque antes que pudesse terminar, o sinal tocou e ele se calou.

Eu mandaria ele continuar a falar, mas aí a sala encheu de gente, então eu desisti. Na melhor das hipóteses, ele só ia jogar na minha cara que eu não consegui matar a Cindy, porque é isso que ele acha que eu queria fazer. Então foi muito melhor deixar pra lá do que ser escorraçada aqui e agora, na frente de toda essa gente.

A aula logo começou, mas eu não conseguia pensar em nada. Porque apesar de saber que não poderia ser algo muito bom, eu queria mesmo saber o que o Logan tinha pra me falar. Desconfiava que seria algum tipo de acusação, mas mesmo estando ciente disso, eu estava ansiosa pra ouvir o que ele tinha pra me dizer. Passei tanto tempo imersa em pensamentos que nem ouvi o sinal soando, indicando o fim do primeiro horário. Agora só faltavam mais duas aulas e eu estaria livre, pelo menos por um tempo, desse inferno.

(...)

Eu já não estava mais aguentando ficar presa naquela sala, sendo obrigada a ouvir tudo o que aquele velho chato falava sobre o assunto novo de matemática. Assunto esse que eu nem prestei atenção, porque minha mente estava muito ocupada pensando e ansiando o momento em que eu poderia conversar diretamente com o Logan, iria ouvir alguns desaforos, com certeza. Mas também teria a chance, mesmo que fosse mínima, de me explicar. Tão aérea eu estava, que não vi quando o professor saiu da sala, sendo seguido pelos alunos desesperados para se livrarem daquela escravidão. E eu iria fazer o mesmo, se no instante que estivesse disposta a cruzar a porta, alguém não tivesse segurado meu braço. E eu tinha 90% de certeza de quem era esse alguém. Mas me virei, só pra conferir.

– Mellany, precisamos conversar.

Seu tom sério me fez tremer na base. E então eu percebi que não estava pronta pra ouvir mais insultos vindos dele. Porque talvez, eu não aguentasse e acabasse demonstrando o quanto as palavras dele podem me atingir. Por isso, soltei involuntariamente:

– Olha, se for pra jogar mais uma vez na minha cara que você acha que eu não valho nada, nem perca seu tempo, porque eu já entendi isso. – ia tentar soltar meu braço, quando ele fez algo que eu jamais esperaria:

– Me desculpa.

Eu até daria risada e diria que era uma pegadinha, se eu não estivesse tão nervosa e tão chocada.

– O que disse?

Não pensem que eu só perguntei isso pra provoca-lo e ter o prazer de vê-lo engolir o orgulho e me pedir desculpas. Não, eu nem tinha pensado nisso. Eu só queria que ele repetisse para que eu pudesse confirmar de que ouvi certo.

– Me desculpa, tá legal?! – então ele me soltou, mas eu não tive condições de sair do lugar.

Estava ocupada demais tentando entender o porquê de ele estar me pedindo perdão.

– Mas... Por quê? – perguntei confusa.

Confusão era mesmo o que eu estava sentindo naquele momento. Estava na expectativa de receber altos insultos, xingamentos, acusações e tudo mais que pudesse me ofender ou expressar o tamanho da revolta que ele estava sentindo contra mim. Mas não. Ele vem aqui e me pede desculpas.

– Eu pressionei a Cindy e ela acabou me contando a verdade sobre o que aconteceu. – ele acabou com minha dúvida. – Eu só queria me desculpar por ter sido um idiota, ter te julgado sem nem te ouvir antes, e também queria que você soubesse que no fundo, mesmo tendo dito todas aquelas idiotices, eu sabia que você não seria capaz de ter feito algo daquele tipo.

Essa última declaração dele me deixou totalmente atordoada. Tipo... Ontem ele só faltou me jogar pedras pra mostrar o quanto estava revoltado comigo. E hoje ele me pede desculpas, e ainda diz uma coisa dessas. Só pode estar querendo me enlouquecer.

– Como você pode ter coragem de fazer isso comigo? – praticamente gritei.

Me segurei pra não dar uns bons tapas nele. Agora quem estava revoltada era eu! Não que eu não tivesse gostado de receber o pedido de desculpas dele. Muito pelo contrário, eu amei, pra ser sincera. Mas se ele sabia que eu não era culpada, por que raios ele fez toda aquela cena ontem? Era só pra defender a priminha mau-caráter dele? Ou pra dar a ela o gostinho de me ver humilhada?

– Mas eu não fiz nada! – ele se defendeu.

– Não fez nada? – repeti suas palavras. – Você acha que me humilhar, defender aquela sua prima vagabunda sabendo que ela era errada, e ainda dizer que eu não prestava, é nada? Merda, Logan! – e lá se foi o meu autocontrole, porque no segundo seguinte eu já estava o enchendo de tapas. – Eu acreditei no que você disse! Apesar de saber que foi a Cindy quem errou, eu me senti culpada! E tudo por quê? Porque você é um idiota, e eu fui mais idiota ainda por dar ouvidos a tudo o que você falou! – gritei.

– Fica calma Mellany!

– Calma uma droga! Você não sabe como eu fiquei ontem! Eu pensei que você estava decepcionado comigo, e por mais que não quisesse, eu fiquei triste com isso! Por que, hein? Por que você fez tudo aquilo? Por que aquele olhar de decepção? – desabafei.

– Não era com você que eu estava decepcionado Mellany! Era comigo mesmo, por estar defendo a Cindy, sabendo que você não tinha culpa!

– Então por que duvidou de mim, se você sabia que eu não tinha feito nada?

– Porque eu queria me convencer de que aquilo tudo que eu disse era verdade! – ele segurou meus braços, me impedindo de continuar batendo nele. – Eu queria acreditar que você fosse má o suficiente pra fazer uma coisa daquelas! E sabe por quê? Porque eu queria achar um motivo que me fizesse voltar a te detestar como antes! Porque eu não queria assumir nem pra mim, e nem pra ninguém, que eu estou gostando de você!


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Notas finais do capítulo

E então? Como ficou o capítulo? Espero que bom *-* Se acharem que eu mereço, deixem reviews e me façam felizes ♥

~ Apenas avisando que postei uma Oneshot: http://fanfiction.com.br/historia/526747/The_Only_Exception/
Se puderem, deem uma passadinha lá, e comentem me dizendo o que acharam (: Eu ficaria muito grata ♥

~ Enfim, até o próximo ♥ õ/