Lisa estava começando a se arrepender de ter ajudado Luke a sair do Instituto enquanto o taxi corria pelas ruas do Brooklin, ele se recusava a falar onde estavam indo, e ela já tinha perguntado, mas de uma vez. Ela havia desistido a 20 minutos atrás e apenas fechado a cara.

“Estamos quase chegando.” Ele finalmente disse depois de passar por um conjunto de prédios. O taxi estacionou e Luke entregou alguns dólares ao motorista. “Daqui vamos apé.”

Lisa não respondeu. Não iria dizer mais uma palavra, apenas desceu do carro e seguiu o garoto para onde quer que ele fosse. Seja lá o que fosse, ele estava aprontando alguma, e ela iria descobrir o que ela.

Alguns minutos depois estavam na porta de um apartamento, Luke chamou a campanhia duas vezes até que o dono da casa atendesse. Uma figura estranha, e incrivelmente brilhante, suas roupas e cabelos, e tudo nele emitia brilho, parecia ter algo entre 19 anos, mas o que chamava atenção eram os olhos dourados de gato, fendas, como os de felinos. Lisa não reconheceu, mas sentia que ele era estranhamente familiar, como alguém de seu passado.

“Ah, oi garoto.” Disse o bruxo. “Vejo que trouxe companhia.”

“Ela insistiu.” Luke bufou e Lisa revirou os olhos. “Eu precisava vir, ela podia me ajudar. Era mais simples.”

“Você me lembra sua mãe garota, mas esses olhos...” Lisa se sentiu incomodada quando o bruxo a encarou nos olhos. “Bom deixa pra lá.”

“Quais são as novidades?” Luke se apressou em perguntar.

“Vocês não querem entrar primeiro?” O Bruxo disse abrindo passagem para que os garotos entrassem. Eles se acomodaram em um dos sofás.

“Café? Chá?” Perguntou o anfitrião se dirigindo a cozinha. Ao lado de Lisa um gato miou.

“Não se incomode com o Presidente Miau, ele é dócil. Vejo que ele gostou de você.” O bruxo riu vendo o susto de Lisa. “Ele não costuma se enganar com as pessoas.”

“Não queremos nada Magnus, obrigada. Vinhemos aqui em busca de notícias.” Luke disse, dava para ver que ele começava a se irritar.

“Calma lá garoto. As notícias virão até nós. Do mais peço a vocês que não estraguem tudo entenderam?” Lisa não conseguia entender o que Magnus queria dizer com aquilo. “Tudo que vai acontecer aqui e agora está dentro do roteiro.”

“Como assim?” A garota perguntou.

“Calminha menina, vocês vão saber na hora certa, apenas sigam minhas instruções. Luke é muito importante o que eu vou te pedir certo?” O Bruxo encarou Luke sombriamente.

“Ok. Ok, se isso vai ajudar a encontrar minha mãe.” Luke respondeu.

“Quando sair daqui, há um portal garantindo que saíram, está fora da casa para que ninguém mais encontre eu vou passar as coordenadas para vocês. Quando saírem, vão voltar para o instituto e não vão sair novamente até que seja a hora certa.” Ele estava incrivelmente sério. “Vocês saberão o que devem fazer quando chegar a hora, não confie na clave, nem em ninguém.”

“Acho que já sei disso.” Luke revirou os olhos.

“Podemos confiar na clave.” Lisa disse. “Nós somos a clave.”

“Eu não devia confiar em você nem em ninguém daquele instituto então.” Luke respondeu.

“Oh, essas crianças. Luke, se eu disse para ir ao instituto tem um motivo. Pode confiar nas pessoas de lá, Isabelle irá te ajudar se necessário.” Magnus revidou.

Lisa mal percebeu devido a agitação dentro do apartamento, mas logo todos ouviram o barulho, alguém estava batendo na porta. Magnus mais que depressa empurra os garotos para um canto afastado da sala, perto de uma estante de fotos. Ele murmura algumas palavras e faz o que parece ser um feitiço, e no momento seguinte está atendendo a porta. Lisa tentou seguí-lo mas então algo como um campo de força bloqueava seu caminho.

“Ótimo, estamos presos aqui.” Ela murmura frustrada.

Sem mais o que fazer, ela apenas assiste enquanto os homens entram no apartamento. Eram 3 caçadores de sombras completamente vestidos para a batalha.

“Onde está o livro? E a criança?” Exige o mais alto deles, apontando a lâmina serafim para Magnus. Esse nem se importa, apenas dá meia volta e se senta no sofá.

“Não sei de criança e livro nenhum.” Suspira calmamente.

“Ela disse que estaria aqui, e você saberia onde a criança está. Não podemos completar o feitiço sem isso. Já temos a filha do anjo.” Diz o mais baixinho deles, recebendo um olhar irritado de seus amigos.

“Conte-me, mais sobre esse feitiço. Quem sabe posso ajudar. A filha do anjo seria Clarissa Morgenstern, certo? Ouvi boatos de que ela possui sangue de anjo correndo em suas veias.” Magnus incita os grandalhões, parecendo mais despreocupado do que qualquer outra coisa.

“Chega de gracinhas Bruxo!” O Grandalhão grunhe e avança contra Magnus, deixando Lisa nervosa.

Os três caçadores lutam contra os feitiços do bruxo, mas Magnus é um só. E parece lutar muito mal na visão da jovem caçadora. Ele não vai durar muito tempo. Então o caçador de sombras mais baixo está por trás dele, e o golpeia com a lâmina. Lisa sufoca um grito. O corpo do bruxo cai no chão.

Lisa não o conhecia, mas não é uma boa sensação o ver caído. Ela encara Luke e vê sua expressão perplexa. Depois do choque inicial os dois garotos começam a lutar contra a barreira mágica que os prende ali, mas em vão. Os caçadores não percebem que eles estão ali, não podem os ouvir tampouco. Estão ocupados de mais revirando a casa. Os minutos vão passando e os dois garotos não podem fazer mais nada. Então os três caçadores de sombras se vão.

Não demora muito para a barreira se desfazer, Luke corre até onde Magnus está, e Lisa permanece estática, sem reação nenhuma. O miado do gato a desperta do transe. Ele está andando em volta do dono despreocupado, como se nada estivesse acontecido. Lisa tem vontade de gritar com aquele animal.

“Temos que ir embora. Eles podem voltar. Com reforços.” A voz de Luke soa meio rouca, embargada de emoção.

Lisa concorda com um aceno de cabeça. Se apoiando na estante para não cair. Quando sua atenção se volta para um porta-retrato. Ela reconhece o casal loiro da foto, havia visto ele em algum lugar, sim, era na foto que Amanda mantinha de seus pais. Magnus conhecia os pais de Amanda. Lisa pega o porta retrato e o guarda na mochila.

“Luke, tem um lugar onde eles não procuraram pelo livro.” A menina diz apontando a estante.

Luke entende, o livro deveria estar ali, era isso que Magnus queria que eles fizesse, pegassem o livro. Os dois começam a revirar a estante.

“Tem tantos livros aqui, como saber qual é o que a gente quer?” Luke pergunta.

Lisa não responde por que nesse exato momento as grossas capas de couro pretas chama sua atenção, ela pega o livro e começa a folheá-lo. As runas desenhadas e os inscritos antigos mostram que ela está certa. Aquele é um livro de feitiços tão antigo quanto o mundo, e o que ele estaria fazendo ali? Isso deveria ser propriedade da Clave.

“Eu achei.”