Sogno D'amore escrita por Rocker


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Não tenho mto o que falar. Mas quero mais comentários que no cap passado já que esse cap erh meio que um bônus.



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Capítulo 8

Abri os olhos devagar, sabendo que não os abria exatamente para o mundo real. Não me pergunte como eu senti isso antes mesmo de ver o menino moreno ao meu lado. Como é mesmo o nome dele? Eu sei que começa com N. Não me culpem, mas eu estou com uma tremenda dor de cabeça, não vou me esforçar para lembrar, mesmo que toda a beleza dele valha a pena. Depois que meus olhos se acostumaram com o menino dormindo suavemente em uma poltrona ao lado da minha cama, meus sentidos começaram a perceber outros detalhes ao meu redor.

A primeira coisa que percebi foi o bipe irritante que alguma coisa merda estava fazendo ao lado do meu ouvido. Eu sentia que sabia onde estava, mas nesse momento eu sentia meu corpo tão pesado que antes eu preferia me concentrar no fato de que eu estava sonhando com o menino cujo o nome começa com N. Ok, nada normal, mas deixa quieto. Prestei mais atenção aos detalhes, tentando ignorar a presença do menino e do bipe.

Branco.

O quarto em que eu estava era tudo em um nostálgico tom de branco que me vez sentir falta do meu quarto quase instantaneamente. Como é possível alguém se manter com a mente sã enquanto tudo ao seu redor é no mais chato branco? Sim, eu tenho problema com o branco, mas não mais que o rosa - não que isso venha ao caso. Sério, agora eu entendo todos aqueles boatos de que muitas pessoas ficam ainda piores quando são internados no hospício. Depois de tanto branco eu até me sinto compreensiva.

Whatever.

MAS QUE MERDA, SERÁ QUE ALGUÉM PODE DESLIGAR ESSE BIPE FILHO DA MÃE?! Ah, claro, me esqueci que eu estava sonhando. Mais do que nunca eu queria que aquele menino não estivesse aqui. Tá bem, quem eu quero enganar? Não me senti tão ameaçada assim com ele dormindo ali naquele...

Espera... Onde eu estava mesmo?!

Olhei para o menino e ele estava dormindo de uma maneira tão fofa que eu precisava acordar ele. O que foi? Se eu não podia ter um sono tranquilo, ele também não podia! Então fiz o melhor que pude para chamar a atenção dele e depois de uns dois minutos falando um 'ei' bem alto ele finalmente abriu os olhos. E que olhos! Primeiro eles mostraram um tom lindo de azul marinho confusos. Quando me viu, seu tom escureceu para um azul crepúsculo e eu não sabia o que era, mas tinha quase certeza de que era de preocupação.

- Beatriz! - ele exclamou, se levantando e aproximando da cama. Ajoelhou-se ao meu lado e aproximou o rosto do meu, deixando-me corada, mas não desconfortável. - Como se sente?

- Quebrada. - respondi sinceramente, o que mais me assustou. - Mas provavelmente melhor do que na realidade. Mas que raio de bipe é esse?! - me exaltei, já extremamente irritada.

- São das máquinas. - ele responde e seus olhos voltam ao tom marinho de confusão.

Olhei em volta, completamente atordoada e me vi ligada a várias máquinas, onde o bipe irritante não parava nem que eu quisesse. Argh! Além de eu estar numa merda de hospital com paredes brancas, haviam bipes até mesmo no meu sonho!

- Que raio de sonho em que uma merda de bipe não me deixa em paz! - eu reclamei.

- Você adora xingar, não é mesmo? - ele ironizou, arrastando a poltrona até mais perto da minha cama. Quando ele se virou novamente para mim, eu vi um brilho diferente em seus olhos, tornando-os ainda mais lindos.

- Ainda não viu nada. - eu respondi, virando-me na cama e sentindo meu tronco doer como se levasse facadas enquanto eu tentava procurar um botão de desligar o bipe.

- O que você está fazendo? - ele revezava seu olhar de mim para as máquinas.

- Tentando desligar essa droga, não tá vendo não, imbecil? - eu respondi rudemente. Desculpe, mas aquele bipe é realmente irritante.

- NEM PENSAR! - ele gritou, segurando minhas mãos e me impedindo de alcançar um botão vermelho. Aquilo me assustou tanto que eu cai de volta em cima do travesseiro.

- Por quê?

- Se desligar aqui, você desliga lá fora. E, no momento, você precisa das máquinas para respirar.

- Respirar? - toquei meu nariz com a mão esquerda, sentindo um tubinho respiratório ligado às narinas que eu, com minha linda sensibilidade, reprimi a vontade de arranjar fora. - Por quê eu preciso disso aqui para respirar?

- Você inalou muita fumaça das três explosões. - ele respondeu, o brilho que eu tanto gostei desaparecendo de repente.

- Fumaça? Explosões? - eu balbuciei.

E então as imagens mais recentes se passaram em minha mente como se fosse um disco quebrado. Então quer dizer que aquela velhinha sinistra realmente quis me matar? Filha de uma mal comida! Ele tem razão, eu xingo demais. Qual o nome dele mesmo?

- Anh... Se eu disser que esqueci seu nome, você acreditaria. - eu disse, mais uma afirmação do que uma interrogação, mesmo que houvesse uma hesitação em minha voz.

E, por incrível que pareça, ele riu.

E a risada dele era tão fofa que eu quase ri junto, mas seria estranho demais.

- Nicholas Parker. - ele se apresentou novamente e algo em meu estômago se remexeu. Ainda bem que eu não comi nada.

- Então, Parker... - brinquei, tentando amenizar o fato de eu estar presa em uma cama de hospital até mesmo em meus sonhos. - Sabe me explicar o que aconteceu?

- Sei. - ele disse simplesmente, cruzando os braços e deixando aparente que não tinha tantos músculos quanto algum delinquente que frequenta academia (ainda bem, pois caras musculosos não são meu tipo). E por que raios eu estava pensando nisso sobre ele?! 

Desviei meu olhar rapidamente para seus olhos, mas a reação exagerada do meu coração me mostrou que não a melhor coisa que eu fizera. Merda, ninguém mandou ter olhos tão lindos!

- E então?! - eu pedi, quase desesperada quando vi que ele não continuaria.

- E então que ainda não vou te dizer. - e deu de ombros.

- O quê?! Por quê?! - aí mesmo que me desesperei, mas isso às vezes já é básico meu. Santa bipolaridade.

- Não é a hora ainda. - ele disse.

- Oh, vida injusta! - fiz meu draminha básico, que geralmente pertence à Talinha. E então foi como algo se acendeu em minha mente. - E meus amigos? - virei-me de repente para ele, dando de cara com seu rosto mais perto do que eu me lebrava de segundos atrás. Meu coração acelerou e depois de um momento de um silêncio constrangedor, ele se recostou nas costas da poltrona.

- Eles... Anh... Te visitaram bastante. - ele gaguejou e eu pude ver suas bochechas um pouco mais rosadas. Provavelmente não muito diferente das minhas.

- Quanto tempo seria esse bastante?

- Bem, aqui nos seus sonhos se passaram um dia e meio. Se não me engano lá fora foi cerca de três dias.

- Três dias desacordada? - perguntei, completamente espantada.

- Isso mesmo. Inalou muita fumaça e seus pulmões estavam um pouco danificados. Te deram sedativos a pedido da sua mãe.

- Bela mãe. - resmunguei, revirando os olhos.

- De acordo com ela, você sabe ser explosiva quando quer e seu maior trauma é um hospital.

- Ela tem razão.

- E por quê um hospital? - ele quis saber.

- Branco nostálgico e bipe irritante te dizem alguma coisa?! - perguntei ironicamente e vi que ele tentava segurar uma risada. - Vai, pode rir, eu sei que você não 'tá aguentando.

Ele riu e, por incrível que pareça, eu o acompanhei.

- E agora? - eu perguntei, depois de alguns segundos de um silêncio meio desconfortável em que ele me analisava atentamente.

- Não tenho a menor ideia. - ele responder, balançando a cabeça como se para dar mais ênfase.

Desviei os olhos, envergonhada, e a primeira coisa que eu vi na cômoda ao lado da poltrona dele foi um grande buquê de rosas brancas e amarelas. Soltei um suspiro desgostoso, atraindo a atenção de Nicholas para as flores.

- Algum problema? - ele perguntou, subitamente preocupado, o que já me deixava desconfiada.

- Quem trouxe essas flores? - quando eu perguntei, vi sua expressão decair levemente para a decepção, mas preferi ignorar.

- Ah. Foi aquele gêmeo que é afim de você. - ele respondeu em um tom de indiferença, e seu olhar não estava muito diferente. - Tracy, eu acho.

- Travis. - eu corrigi, olhando desgostosa para as flores.

Ouvi uma risada e me virei rapidamente para Nicholas.

- Que cara é essa? Não gostou?

- Na verdade, não. Ele devia saber que rosas só aquelas pretas ou azuis.

- Mas essas são mais difíceis de encontrar - ele comentou, sentando-se mais ereto e subitamente mais interessado -, deve haver alguma outra flor que você goste.

- Peônias brancas eu acho lindas... - comentei pensativamente, até que me lembrei de outras. - Mas tulipas são as melhores. De qualquer cor, principalmente vermelhas e negras. Acho elas tão simples e ao mesmo tempo tão encantadoras.

Ele sorriu, dessa vez verdadeiramente. - Ainda bem que eu acertei, então.

E então ele tirou um flor de trás do grande buquê de rosas. Uma única tulipa vermelha - a mais linda e brilhante já vi na minha vida. Era simples e singela, e talvez por isso eu não a tenha visto ali.

- É... Linda. - balbuciei, maravilhada. - Ninguém nunca me deu uma tulipa antes.

- Ainda bem que sou o primeiro.

Nicholas me entregou a tulipa e quando eu encostei meus dedos nos dele, senti um arrepio atravessando toda a extensão de meu corpo. E eu simplesmente esqueci que ele era aquele menino estranho e lindo - não que ele tenha deixado de ser lindo, mas ele está melhor, ok - que invadiu meus sonhos quase uma semana atrás e que me deixou marcas nos pulsos. Pois ele pediu desculpas - e inconscientemente eu o desculpei - e me deu a flor mais linda do mundo. Além disso, eu jamais imaginei que um menino lindo me daria minha flor preferida, acertando de primeira.

- Isso é lindo. - eu sussurrei, sem conseguir encontrar minha voz direito. - Obrigada.

Ele sorriu de orelha a orelha, parecendo extremamente feliz. Mas então seu sorriso diminuiu para um sorriso triste.

- Sinto muito que tenha sido apenas uma, eu queria poder trazer mais, mas não posso me distanciar muito.

Sorri para ele, tentando passar-lhe confiança e dizer que não precisava de mais do que uma para me deixar sentindo melhor. Até que uma questão martelou em minha mente.

- Espera... Distanciar do meu quarto? - eu perguntei. Bem, ele começou a aparecer no meu quarto, então eu quase que associei os dois.

- Não. - ele respondeu, olhando diretamente para meu pescoço. - De você e do colar. Principalmente do colar, já que eu só apareço para você quando o está usando.

- O... Colar? - perguntei, confusa.

- Caroline pediu para não tirarem, dizendo que podia ser importante.

E então eu levantei minha mão direita até meu pescoço, e percebi que ele estava realmente ali. Mas não sem antes perceber que minha mão estava enfaixada e meu braço cheio de ferimentos. Consequentemente, soltei um gritinho.

- O que foi?

- Me entrega um espelho, rápido. - implorei.

- Por...

- Rápido!

Ele virou-se correndo para a cômoda ao lado e abriu a segunda gaveta, tirando dali um espelho pequeno. Quando ele me entregou, soltei um grito.

- Eu estou horrível! - resmunguei, fazendo bico. Eu estava com olheiras profundas, os olhos sem brilho, cabelos cortados levemente, algumas cicatrizes ainda vermelhas nas bochechas e um grande arranhão roxo e azul que cortava minha testa até a sobrancelha. E extremamente pálida.

E ele riu. De novo.

- Para de rir, babaca! - resmunguei. - Olha meu estado.

- Não está tão ruim. - ele disse, parando de rir.

- Não está tão ruim?! - ironizei, jogando o espelho nele, que segurou rapidamente e tentando me enfiar debaixo dos lençóis brancos. - Olha meu estado! Eu estou...

- Ei, ei, ei! - ele chamou, puxando o lençol para baixo, me impedindo de me esconder. Seu rosto estava extremamente próximo ao meu. Próximo o suficiente para que eu sentisse seu hálido de menta próximo ao meu nariz entubado, deixando-me tonta. - Você é linda. E continua linda, mesmo machucada.

Senti meu coração acelerar - tentei garanti a mim mesma que era pelo elogio, não pela aproximação - e ainda mais tonta. E então eu percebi que a tontura quis dizer outra coisa, pois a imagem do moreno lindo estava se desfocando à minha frente.

- Nick... - eu chamei seu nome abreviado, sem muitas forças. Ele olhou para mim, inicialmente surpreso como se eu o chamasse por um apelido, mas depois algo em meu rosto o alarmou. Sua expressão revelava que sabia que eu estava indo. - Tentarei voltar rápido...

Ele assentiu uma vez, abrindo a boca para dizer alguma coisa, mas antes disso, eu apaguei. Ou acordei, depende do ponto de vista.


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