Sogno D'amore escrita por Rocker


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo! Tá aí mais um cap! Ainda nao erh ai que o menino misterioso reaparece, mas está quase! Erh meio pra mostrar a rotina da personagem, mas no fim do cap terá uma surpresa!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/372271/chapter/4

Capítulo 4


– Olá, senhorita sou-a-filhinha-de-papai-mais-rebelde-do-mundo! – cumprimentou-me Travis, um dos meus gêmeos favoritos, assim que eu entrei na sala 29, que abrigava a turma do 2° C.

Correu até mim e me abraçou fortemente.

– Travis, Travis! Ar! Preciso de ar! – reclamei, enquanto sentia ele quase quebrando meus ossos.

Ele me soltou, rindo, e seus braços foram logo substituídos por Trevor, que ao menos soube me abraçar com mais delicadeza. Eles eram gêmeos idênticos*, mas quem os conhecia bem podia distingui-los rapidamente. Travis era mais alto e seu cabelo era mais desalinhado. Seus olhos eram mais negros, mas com um brilho brincalhão. Adorava fazer piadinhas, mas quando o assunto é sério, sabe como não levar na brincadeira. Trevor apesar de ser mais baixo, se reparar bem tinha as feições mais maduras. Olhos castanhos claros e o cabelo arrumado em um topete. Para garantir que os outros não se confundissem Travis sempre vinha com roupas mais escuras e Trevor com roupas mais claras.

– Se já parou de avaliar nossa dupla de gêmeos, também quero meu abraço! – exclamou uma voz feminina escondida atrás de Travis.

Ele deu um passo pro lado e Caroline** foi revelada em sua elegância displicente. Por mais que nossos colegas a taxassem como gótica, aquela felicidade ambulante que correu pra me abraçar não tinha nada de melancólico. Era apenas seu jeito de mostrar que não estava satisfeita com os estereótipos. Assim como eu, que de punk, punk mesmo, não tenho quase nada. Era quase como se fossemos revoltadas com a sociedade, não com nós mesmas.

– Parece sua rotina de segunda: nos olhar até a Caroline reclamar! – disse Trevor assim que Caroline me soltou.

– Não tenho culpa se tenho amigos lindos! – disse rindo.

– O ruim é que você não dá uma chance pro seu amigo lindo aqui. – reclamou Travis, piscando para mim.

Ele era apaixonado por mim e já tentara ficar comigo muitas vezes. De acordo com Trevor, Travis era apaixonado por mim desde que nos conhecemos, quando tínhamos cinco anos. Já pensei muitas vezes em ceder, mas não queria estragar essa amizade que tínhamos – além de que é bem engraçado vê-lo tentando mandar charme.

– Sem chance, gatinho! – pisquei e mandei-lhe um beijo no ar.

Ele fingiu pegá-lo no ar e colocou a mão em concha sobre o peito, semicerrando os olhos e fingindo arfar. Rimos e logo depois nos sentamos.

– E então, Bia, como foi o aniversário? – perguntou Trevor, sentando-se na minha mesa.

– Aposto que triste sem mim! – exclamou Travis, sentando ao lado do irmão.

– Tenho certeza que sua mãe obrigou você a comprar um colar! – falou Caroline, sentando-se na cadeira ao meu lado.

– Em cheio! – exclamei, levantando o polegar e apontando o indicador pra ela, fingindo que é um revólver e puxando o gatilho. Mas logo depois eu me lembrei do que aconteceu no sonho e meu sorriso se apagou.

– E por que essa cara se suas joias são tudo de bom? – perguntou Trevor, imitando uma vozinha gay ao mesmo tempo em que o sinal batia e o professor de sociologia, Sr. Dawton, entrava na sala.

– Todos em seus lugares! – gritou ele antes mesmo que eu pudesse dizer alguma coisa.

Quando percebi que minha cadeira e mesa estavam vazias, olhei ao redor até encontrar meus amigos já se ajeitando em suas carteiras, que não eram longe da minha. Como estava ainda longe do horário do intervalo, resolvi escrever em uma folha grande papel tudo o que contei a Natalia hoje mais cedo. Não sabia como ia parecer aos olhos deles, mas quando reli de repente senti que escrevi a coisa mais ridícula do mundo.

Suspirei, dizendo a mim mesma que assim era o modo mais fácil de resolver isso e cutuquei Caroline, que se sentava ao meu lado. Ela olhou confusa para mim, eu só sussurrei que depois era para passar para os gêmeos e voltei minha atenção para o professor que já falava sobre mitos e lendas que os antigos acreditavam e em como isso afetou nossa sociedade atual.

Sinceramente, eu não fazia ideia do que ele estava dizendo, então só fiquei – como é que dizem mesmo? – boiando durante os minutos seguintes. Não conseguia parar de pensar no menino que apareceu no meu sonho. Tenho que admitir, fiquei com medo. Muito medo; e eu não sabia como ia se suceder nesse subconsciente anormal que eu tenho. E se ele aparecer novamente na minha mente, o que eu farei? Provavelmente não muito, já que não se é possível controlar o subconsciente quando se está dormindo. E ainda tinha a psiquiatra que minha mãe marcou para mim! O que raios deu na minha família para me mandar para um matadouro desses?! Eu não sou doida!

Fui jogada a mim novamente quando Caroline me cutucou, devolvendo-me o bilhete. Com receio do que poderia ver em sua expressão, peguei o pedacinho de papel sem levantar os olhos da minha mesa. Desdobrei o papel e instantaneamente percebei que havia outro dentro. Um era o que eu tinha passado a eles e o outro era a resposta; eu me perguntei se ela não teria cabido em apenas um.



Não tem porque eu não acreditar! Sou supersticiosa e concordo que possa ter alguma coisa a ver, mas não aconselho a tirar o colar na hora de dormir, vai que você descobre com aquele o que é isso tudo? Mas me diz, ele é bonito? Não dá sorte na vida, tem que dar ao menos em sonho!

Caroline



Balancei a cabeça, segurando o riso para que o Sr. Dalton não chamasse a minha atenção. Olhei pro lado e vi que Caroline me olhava ansiosa por uma resposta. Soltei uma pequena risadinha quando ela comemorou quando eu sussurrei um sim. Eu tinha que admitir que o menino desconhecido não era de se jogar fora!



Ah, não gostei dessa história de menino ter atormentando em sonho não! Sou ciumento e você sabe disso e depois dessa faço qualquer coisa pra te ajudar a parar isso u.ú

Travis



Quase não consigo segurar o riso, mas fiz um esforço. Olhei pro outro lado da sala, onde Travis se esforçava para fingir irritação e evitava ao máximo não olhar na minha direção; e fracassando inevitavelmente.



Como assim eles vão te mandar praquela psicóloga maluca?!

Trevor



Olhei pra frente, a primeira carteira em frente ao professor. Ele andava com a gente e sempre tinha crise de loucura como as nossas, mas isso não o impedia de ser totalmente ao contrario de mim ou de Travis. Era certinho e estudioso; eu ainda acho que ele e Caroline faziam um belo casal. Era preocupado conosco como se fosse nosso pai e eu sempre achei isso muito fofo nele. Ele frequenta o psicólogo do colégio e me pergunto como ele aguenta, mas ele disse que era tudo de boa. Quando ele me disse a primeira vez que os pais dele procurava psicólogo para ele e o irmão – que se recusava terminantemente a acompanhá-lo nas seções – eu me prontifiquei a lhe passar o número da Dra. Sandy. Mas no dia seguinte ele chegou reclamando como ela era doida e que não voltava naquele consultório nunca mais na vida.

Ele não olhou para trás como os outros e eu imaginei que estivesse realmente prestando atenção na aula. Escrevi rapidamente uma resposta pra eles, o mais sarcástica que consegui, e devolvi o bilhete, voltando finalmente minha atenção para aula, que por mais que eu tentasse, acabou sendo inútil para meu aprendizado.

^-^

Na hora da saída, Natalia*** já me esperava do lado de fora para que eu a levasse para casa e por um momento pensei que o lance da Dra. Sandy era apenas fruto da minha imaginação. Mas claro, como minha vida era um mar de rosas – sintam a ironia –, esse momento foi logo desfeito assim que cheguei mais perto e ela disse:

– Não esquece que você tem que ir na Dra. Sandy em meia hora.

Fechei a cara instantaneamente e lhe entreguei o capacete. Não queria ficar com raiva dela, por que ela contara para nossos pais por pura preocupação comigo, mas era inevitável! Eu simplesmente precisava descontar toda essa raiva, mas como não podia despejar tudo em cima da minha irmã mais nova, teria que esperar chegar em casa para descontar na pintura.

– Usa o capacete dessa vez, Bia. – insistiu, como todo dia, e eu balancei a cabeça recusando, como todo dia.

Montamos na moto e, como todo dia, continuamos a rotina de volta pra casa, quando ela me mandava ir mais devagar e eu ignorava, sentindo o vento que batia em meu rosto suavizar todos os meus nervos. Deixei-a em casa com minha mochila e voltei pilotar a moto pela cidade, desta vez com o capacete na cabeça. Não sabia onde era o consultório do demônio, de acordo com Trevor, mas não foi difícil achar com instruções que ele me deu. Era bem no centro na cidade, um prédio próprio para consultas separadas. O porteiro me mandou direto para o consultório 613 e com o coração na mão e a mente a mil para forjar um álibi para não contar nada e sair dali o mais rápido possível, bati na porta de madeira antiga.

Mas assim que ela se abriu, todos os pensamentos me fugiram de repente da cabeça.

Por que do outro lado estava a velhinha sinistra que me dera o colar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?! Não esqueçam dos reviews!

~~

*http://i1273.photobucket.com/albums/y404/Ribelle_Rocker/Gecircmeos_zps6203bad2.jpg
**http://i1273.photobucket.com/albums/y404/Ribelle_Rocker/Caroline_zps86f74f3e.jpg
***http://i1273.photobucket.com/albums/y404/Ribelle_Rocker/Natalia_zps3bf70ebf.jpg