Sogno D'amore escrita por Rocker


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira história original, então peguem leve >.
Cap dedicado a Natalia Lima, minha irmã de outra mãe!



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Capítulo 1

– Ande Beatriz, escolha rápido! Deve haver alguma joia que você gostou. – insistia minha mãe, enquanto me mostrava pingentes extravagantemente dourados e prateados em uma cara joalheria de Salém.

– Já falei mil vezes que são ridículas! – reclamei novamente, fazendo a mulher que nos atendia olhar-me com desgosto e desprezo que passaram extremamente longes de meu radar de preocupação.

Minha preocupação agora era convencer minha mãe de que não levaria qualquer daquelas jóias como presente. Você deve estar pensando: como ela pode negar joias de presente? Pergunta fácil exige resposta simples: cansei de receber joias nos meus aniversários e agora que estou na véspera de fazer dezesseis anos, gostaria que meus pais fossem mais originais.

Olhei rapidamente para fora da loja, onde minha irmã Natalia esperava impaciente com meu pai. Pelo visto eu não era a única que me incomodava de receber sempre os mesmos presentes. Assim que meu olhar cruzou com o da Naty, ela pareceu perceber o que eu queria. Parecia muito ser um radar de gêmeas, só que sem o lance de gemealidades, pois eu era um ano mais velha que ela.

Ela entrou batendo o pé no que diziam ser a joalheria mais famosa da cidade e parou ao meu lado, enganchando o braço fortemente ao meu.

– Vamos, mãe, ela não quer nada daqui e pronto!

Mamãe olhou decepcionada para nós duas e assentiu, dispensando rapidamente a vendedora, que bufou e começou a reorganizar os pingentes. Mamãe caminhou até a porta da joalheria e comentou algo com papai, que apenas riu do teatro que ela estava fazendo. Enquanto ia junto com Natalia para fora, pude o ouvir debochando divertidamente.

– Calma, querida, nossa filha está crescendo e está trocando os colares por skates! – comentou e gargalhou ao ouvir o muxoxo desgostoso que ela soltou.

Nosso pai é bem... Nosso pai. Acho que essa é a melhor definição que tenho para ele. Alto, moreno, alto porte e atlético. Dono de uma das grandes academias da cidade, podemos dizer que é um pai bem mais liberal que a maioria. Tudo bem que ele ainda não nos deixa namorar seriamente, mas incentiva-nos a fazer mais exercícios e me deu o maior apoio quando disse que queria aprender a andar de skate.

– Como eles se aturam?! – perguntou-me Natalia, sarcasticamente.

Ela tinha razão.

Ao contrário do pai, nossa mãe é bem mais reservada, sem mostrar muito o que pensa sobre as situações pela qual passa e faz de tudo para de deixar cada vez mais feminina. Mesmo sabendo que meu estilo de roqueira revoltada jamais será arrancado do meu ser. Sempre escuta Natalia, pois é a Naty que se parece seu mini clone. Por mais que eu me sinta emocionalmente largada, sei que não é verdade. Principalmente quando papai faz de tudo pra me ajudar no que eu preciso, por ter uma personalidade mais parecida com a dele.

– Vou perguntar para a NASA, depois eu te respondo. – disse, enquanto seguíamos rindo da discussão de ambos.

Mas então eu estaquei.

Em frente à joalheria, do outro lado da rua, havia uma loja de objetos antigos e relíquias de bruxas. A maioria dos cidadãos simplesmente ignorava ou temia esses tipos de lojas, pois Salém é conhecida como a Cidade das Bruxas nos tempos da Idade Média. Houve um caso, no fim do século XVII, conhecido como As Bruxas de Salém. Mas era tudo que eu sabia, pois apesar de amar História, qualquer coisa pra mim era melhor que a história do meu país. Não sou nem um pouco nacionalista. Só quando tinha algo a ver com minha bandas preferidas.

Enfim, ainda havia especulações sobre a convivência de bruxas com humanos nos dias de hoje e os cidadãos ainda eram supersticiosos.

Geralmente eu apenas passava fingindo que nunca vira algo de interessante, mas hoje não era geralmente.

Pois eu havia achado o presente perfeito para meus dezesseis anos. E estava bem ali, naquela lojinha moribunda e estranha, nas mãos de uma velhinha aparentemente doente e escassa. Era um cordão. Em forma de coração rústico e com um mísero diamante bem no centro, quase totalmente engolido pelo ouro.

Total e completamente diferente daquelas joias raras e do tamanho de um tomate que vi na joalheria. E eu só... Sei lá, só senti que seria o presente perfeito, pois simplesmente senti uma inquietação em meu estômago ao ver a velhinha me olhando com um sorriso doce no olhar, incentivando-me a entrar e olhar mais de perto.

– Mamãe, achei o que quero de presente! – anunciei, ainda sem conseguir tirar os olhos do cordão.

– O que, Bia? – perguntou Natalia, tentando puxar meu braço para sair do transe.

– Ali, na mão da velhinha. – disse, apontando para o cordão.

– Naquela loja mesmo, filha? – perguntou minha mãe, olhando temerosa para a velhinha.

Já disse que minha mãe é supersticiosa? Não? Pois bem, agora está falado.

– Deixa disso, Kim! – pediu papai, enquanto atravessava a rua comigo e Naty.

Mas mamãe continuou lá, parada em choque.

– Você não queria dar uma joia à Beatriz? Está aqui a joia que ela quer! – insistiu papai, entrando com Natalia na loja.

– Steve! – gritou mamãe, atravessando a rua rapidamente e me pegando pela mão para entrarmos.

Não que eu precisasse, mas podia senti-la tremendo. Aproximamo-nos da velhinha, que sorria calorosamente para nós. Agora de perto, ela não me parecia mais tão convidativa, mas eu não deixaria o colar só por isso. Era o primeiro presente em anos que eu realmente queria, então juntei toda a coragem que havia em mim e perguntei.

– Com licença, senhora. Esse colar está à venda?

Ela olhou nervosamente para mim agora que pareceu perceber que meu interesse era no cordão. Trouxe-o aos centímetros para mais perto de si, como se fosse protegê-lo.

– Anh... Bem... Não está, mas qual exatamente seu interesse? – perguntou com uma voz rouca, como se não falasse há anos.

– Eu... Senti que deveria levá-lo, como se tivesse me atraído. – respondi com palavras que não eram as que eu queria. Eu tinha pensado em apenas me desculpar e sair com minha família, mas as palavras que saíram da minha boca me pegaram desprevenidas.

A velhinha olhou sugestivamente do colar para meu rosto e sua expressão pareceu iluminar momentaneamente. E então ela sorriu, como se eu dizer que o queria muito fosse a melhor coisa que já lhe acontecera na vida.

– Neste caso, é seu. De graça. – ela disse, me estendendo o colar.

Pasmada, peguei-o.

– É lindo, Bia. – disse Natalia ao meu lado, admirando-o.

Coloquei-o em meu pescoço e assim que o pingente levemente desgastado tocou a pele nua do meu pescoço, uma luz avermelhada atravessou o diamante singelo que estava impregnado ali, mas tão rápido quanto veio, ele sumiu.

Levantei meu olhar para agradecer à velhinha, mas ela havia sumido repentinamente e sem deixar qualquer vestígio.


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