P.O.V Laila

Eu, mesmo sentada, continuava totalmente inquieta. Minhas pernas tremiam e minhas mãos suavam. Eu realmente não sou fã de aviões!

- Laila, fica calma! - sussurrou Gina da fileira do lado.

- Você fala como se fosse fácil, né red? - me atrevi a brincar. Ela riu de lado e se voltou para sua revista.

- Tá tudo bem, Laila? - falou a voz rouca e preocupada do meu lado.

- Ahan, por que não? - respondi irônica a Nico. Ele riu e voltou sua atenção para a janela. Ótimo, estou sozinha! Talvez seja melhor ouvir música ou apenas me distrair.

Peguei meu celular mas, antes que pudesse colocar os fones, uma moça me abordou e disse de modo doce que não se pode mexer no celular enquanto está em um avião por causa da interferência. Ah é, esqueci desse detalhe! Agradeci a mulher e voltei a guardar o celular na bolsa.

- Que droga! Com o que vou me distrair agora? - resmunguei.

- Podíamos brincar. - falou Nico se virando para mim. Arqueiei a sombrancelha. - Jogo de montar palavras, que tal?

- Okay, você começa!

- É simples, é só começar uma palavra com a última silaba da que eu disser. Posso começar? - explicou e em seguida perguntou ele. Assenti. - Okay, humm....... - ele olhava para os lados. - Copo. - falou ele olhando para a aeromoça passando com o carrinho de comidas.

- Pote.

- Teatro.

- Trote.

- "te" de novo? - falou ele. Assenti. Ele olhou para os lados novamente. Como ele fica fofo fazendo isso! Espera, acho que ele disse alguma coisa.....

- O que?

- Eu disse tema. Sua vez!

- Mamadeira.

- Rato.

- Tolo.

- Lorota! - falei.

- Foi o melhor que conseguiu pensar? - brincou ele. Rimos e eu deu um soco de leve em seu ombro. Nico é bom em distrair as pessoas, já que o avião levantou voo e eu nem percebi. - Tarada! - disse ele me encarando.

- O que? - falei arqueando a sombrancelha.

- A última sílaba de "lorota" é "ta"! - explicou-me ele. Eu sorri aliviada e meio constrangida, mas antes que pudesse pensar em algo para falar, um solavanco no avião roubou minha atenção.

- O que foi isso? - perguntei desesperada para uma moça que passava correndo pelo corredor.

- Zona de turbulência, senhorita, é melhor por o cinto! - ela disse e seguiu seu caminho apressadamente. Senti meu coração pulsar na garganta. Pronto, é agora que eu morro!

Continuei estática até um alguém me puxar.

- O sinto, Laila, é para coloca-lo! - falou Nico alarmado passando o sinto pela minha cintura.

Quando já havíamos posto os sintos, a situação continuava a mesma. Aeromoças passavam correndo pelos corredores em direção aos seus respectivos acentos, pessoas estavam normais enquanto outras ( tipo eu) entravam em pânico enquanto luzes vermelhas e alarmes soavam das tvs atrás dos bancos alertando as pessoas do que se deve fazer caso pousemos na água e tals. E ainda pedem para eu não ter medo!

Outro solavanco fez o avião balançar e me fez fechar os olhos bruscamente e agarrar a primeira coisa que conseguisse alcançar, que foi o braço de Nico. Ele, ao invés de apenas estar lá para que eu o segurasse, envolveu-me com seus braços e deitou minha cabeça em seu peito.

- Vai ficar tudo bem. - sussurrava ele repetidas vezes enquanto afanava meu cabelo.

Por um segundo, esqueci-me completamente de onde estava e o que se passava! Para mim, só havia nós no mundo!