POV Elijah

Eu precisava recuperar tudo o que ela havia perdido em seus séculos sobrenaturais. A camponesa que um dia me fez ficar perdidamente apaixonado, a camponesa que me fez trair o irmão que eu tanto gostava, a camponesa dos olhos amendoados, do coração puro e cabelos encaracolados, a camponesa que acreditava no amor. Ou simplesmente... A camponesa: Katerina. 

Me lembro com detalhes do dia em que a beijei, com medo, pois meu irmão Niklaus queria usa-la para quebrar a maldição. Eu estava com medo, pois ele havia me dito: Não se apaixone por ela, não seja uma besta, Elijah! E eu, sempre muito sábio (Não muito naquela época, devo admitir) me apaixonei pela garota que estava prestes a morrer. Me apaixonei pela garota que havia nascido com o destino traçado pra morte, então, fiz a coisa mais inteligente que um apaixonado faria: Eu a ajudei a sobreviver. Em troca, depois de 500 anos, eu não ganhei absolutamente nada a não ser desprezo. Não ganhei nada, após saber que os únicos que ela amava era os tais dos engomadinhos Salvatores. Eu poderia mata-los se quisesse, pena que sou um homem de palavra e não mato atoa. Talvez seja uma qualidade minha, ou tolice... Eu sei que é algum desses. 

E ao ouvir Katerina dizendo: Eu te amo, Elijah... Eu realmente quis acreditar, mas no fundo eu sabia que eu era apenas uma condição de liberdade pra ela. Apenas uma passagem, um objeto. Me neguei a acreditar, novamente, no amor. 

E ao ouvir ela dizer que, nós dois já tinhamos perdido muito tempo de nossas vidas por causa de Klaus, meu coração palpitou com a verdade. E logo depois, foi quase impossível negar-lhe um pedido, um pedido para fugir com ela e viver ao seu lado. Mas era necessário pelo meu bem. Assim como ela sempre fazia, não deixava o amor entrar no caminho pra sobreviver, eu faria isso também. Ela não podia se questionar, afinal, ela me ensinou a ser assim: A vida sempre nos primeiros planos, amor, nos últimos. Engraçado é que ainda humana, ela não desejaria viver se o amor não estivesse presente em sua vida. 

- Elijah... - ouço uma voz doce e sedutora, que eu reconheceria em qualquer lugar. 

- Katerina... - desvio meu olhar do livro para olha-la. Seria difícil me despedir dela mais que uma vez. 

- Pense no que te digo, fuja comigo. - ela se senta na beirada da cama no hotel em que estava hospedado. Não seria lá muito fácil dizer não pra ela mais que uma vez. 

- Me diga por que eu deveria? Eu não sou nada pra você, minha querida. - era horrível admitir isso a mim mesmo. 

- Você não acredita mesmo em mim? - ela fez uma pausa, arrumando as mangas da jaqueta de couro. Seu olhar retorna a mim. - Acredite, eu amo você. Nunca te usaria, Elijah... - faz cara de incompreensão, juntando as sobrancelhas ela me fita. 

- Eu queria poder acreditar, mas algo me diz que não devo. - penso que ela vai chegar mais perto de mim, mas apenas se levanta de onde estava e encaminha em direção a mesa de bebidas, pegando um copo e despejando o líquido. 

- Não fico surpresa com isso, você já me disse desde o principio que não acreditava no amor. Mas eu, eu Elijah, acredito. Eu acredito que um dia você irá acreditar em mim, no amor, e que tudo o que eu fiz foi pro bem de todos. - ela bebe de uma só vez e retorna o copo na mesinha. Chega perto da janela e a abre, tapando os olhos marrons no começo, mas depois, os arregalando pra ver direito a paisagem. Me levanto e chego perto dela, a abraçando pela cintura e colocando minha cabeça em sua curva dos ombros. Sinto seu cheiro que há tempos eu não sentia, era como um doce de canela, ou... gengibre e limão. 

Ela suspira, e se vira pra mim, me encarando com os belos e grandes olhos, quase perco a respiração. 

- Queria que acreditasse. - diz ela, quase lamentavelmente. 

- Eu queria poder acreditar. - faço uma pausa. - Visto que você não confiara em mim no passado, visto que você já está até cansada de dizer o quanto ama os Salvatores. Isso é lamentável pra mim, mas, talvez um dia, eu encontre aquela menina doce enterrada ai. - digo pegando uma mexa de seus cabelos e colocando atrás das orelhas dela. Mas não antes de cheira-los. 

- Seria mais fácil pra você se apenas acreditasse em minhas palavras. - ela baixa o olhar e sorri. - De qualquer modo, foi bom rever meu original favorito. - seu rosto chega perto do meu, como se fosse me dar um beijo na boca. Mas, por fim, ela desvia a rota e direciona os lábios para minhas bochechas, dando um demorado beijo molhado ali. - Adeus, Elijah. - suas mãos se desprendem da minha e logo depois consigo ouvir seus saltos fazendo estrondo pelo assoalho de madeira do hotel. Ela para e pega a bolsa, apenas para pra isso. Sem ao menos me dar um adeus, sem ao menos virar pra trás e tentar me convencer mais uma vez. Ela apenas sai, e fecha a porta atrás de si.