Memórias De Bryan Suliver escrita por Maria Alice


Capítulo 1
Capítulo Único




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O metrô estava vaziu até que veio um infeliz de um menino me entregar algo. Era a foto do Big Ben, aquele belo relógio, atráz da foto estava escrito setembro e logo em baixo SALVE-SE.

– vem, vamos por aqui meu amor!

Via se dois jovens apaixonados.

– anda, não tem ninguém aqui - dizia ele

– Bryan eu te amo!

Me lembro como se fosse hoje do meu primeiro beijo, foi lá, bem no mês de stembro, no Big Ben. Quando olhei para o lado o menino tinha desaparecido. Tudo bem, desci, estava na hora de pegar um táxi e ir a faculdade onde dou aula. Você deve pensar, o que um professor de faculdade está fazendo num metrô. Pois bem, meu carro quebrou, mas nem me preocupo em arruma-lo, pois semana que vem vou aos Estados Unidos, reencontrar minha família e morar lá.

Ainda me lembro do nome dela, aquela linda garota que dei meu primeiro beijo aos 11 anos, tinhamos ido ao cinema com uns amigos, ela se chamava Emily. Estudei com ela até a oitava série, depois ela se mudou para França e nunca mais a vi.

Depois dessa longa reflexão no táxi, sem dizer uma só palavra ao táxista, cheguei a faculdade, quando fui pagá-lo não encontrei dinheiro trocado então precisei de troco. Depois que ele saiu de perto notei que era uma moeda de 11 centavos. Droga fui enganado!

Durante minha aula de história, enquanto eu explicava a Revoluçaõ Francesa, ouvi meus alunos comentárem uma festa que haveria aqui na cidade, daqui duas semanas. Não dei muita importancia e como não estavam prestando atenção pedi um trabalho sobre o que eu falava.

Em casa, corrigindo os trabalhos, percebi que em um deles o rapaz escreveu sobre atentados terroristas, totalmente fora do assunto. Que dia estranho, primeiro o garoto do trem que me lembrou de Emily, depois a moeda falsa e agora isso.

Antes de dormir, fui checar o email, minha irmã tinha me escrito e disse para que eu fosse já na semana que vem para os Estados Unidos, pois ela voltava da Espanha amanhã.

– Um dia vamos para Espanha, assim que nascer nosso filho Artur. - dizia Letícia

– Com certeza vamos.

– Eu te amo Bryan, mais que tudo nesse mundo!

– Eu também Letícia, muito muito!!!

Ah, pobre Letícia, começamos a namorar na faculdade, nos casamos e iamos ter um filho, infelizmente durante o parto ambos morreram.

Parece que amanhã não vou trabalhar, já são duas da madrugada e não peguei no sono. E tenho que combinar de fazer uma pequena festa de despedida para mim, talvez eu nunca volte para Londres.

Cinco da manhã, droga! Pelo menos é quinta feira, vou pegar um ônibus e ir até a estação de metrô, quem sabe revejo o menino de ontem. Perto da estação o vi passando, acenei, ele correu, eu corri, mas o pobre diabo era rápido e bom em desaparecer.

Sexta a noite fomos ao bar perto de casa, fui me despedir dos amigos e alguns alunos mais próximos. Contei a eles da moeda, eles riram e lembraram do tempo de quando eu ainda não era manco e jogava futebol com eles.

Essa bengala me lembra muito, me lembra da minha infância, de tudo, e principalmente me lembra o motivo pela qual a uso.

– Salve-se - gritou Helena

– E você?

– Entra no tanque, me esqueça, apenas salve-se.

Aquela foi a ultima vez que a vi, soube que ela sobreviveu e voltou ao Japão. Ela era uma linda mestiça pela qual me apaixonei durante a guerra entre a França contra a Inglaterra juntamente com os japoneses. Ela era uma ótima soldada, se é que existe o termo soldada. A guerra durou seis anos, e nesse tempo namoramos e até nos casamos de brincadeira, se saíssemos de lá nos casariamos, porém cada um seguiu seu rumo.

Nunca me esqueçi dela e muito menos da guerra, onde quase perdi uma das pernas, na época eu tinha 34 anos e ela tinha 22. E eu que pensava na época que tinha perdido tudo, aos 30 anos perdi meu filho e minha mulher, e aos 34 quase perdi a vida.

Hoje sei que não perdi tudo, a muita coisa pra acontecer, aprendi a recomeçar do zero diversas vezes.

Aos nove anos vi minha mãe morrer acamada num hospital com cancer de intestino. Fui criado pela minha irmã Fernanda, que na época tinha 19 anos.

Voltando do bar, onde eu me encontrava com meus amigos, voou um pequeno papelzinho, nele estava escrito um enigma em mandarin:

九月。攻击。 11。照顾。保存自己。

Pensei em jogar fora, mas achei interessante e deixei para procurar outro dia em uma biblioteca onde tenha um dicionário chinês.

Na semana seguinte faltando três dias para o embarque, no metrô, pela janela eu vi um out door escrito:

" Fique, aqui é seu lugar!"

Em seguida, ainda enquanto eu olhava a janela, uma senhora ergueu um cartaz:

" Preste atenção a sua volta"

Como estava na hora do meu almoço resolvi parar antes e ir atráz do significado daquela frase, pois depois de tantos avisos, nada mais parecia conhecidencia.

A tradução do bilhete dizia:

" Setembro. Atacar. 11. Fique. Salve-se."

Fui procurar um amigo, ele me disse que tudo foi mera conhecidencia e que talvez eu só estivesse ansioso para me mudar.

Mais tarde, em casa tocou a campanhia e uma maluca me disse que ganhei um carro zero. O problema é que eu não estava em nenhuma promoção, rifa, nada. Fui ver se era verdade, era porém eu só receberia o carro dia 12 de setembro. Infelismente eu já não estaria mais aqui, eu viajaria daqui três dias no dia nove.

Desisti do carro, desencanei dos bilhetes, talvez fosse apenas minha ansiedade mesmo.

No dia da viagem, tudo calma, tudo bem, fui ao aeroporto, porém soube que minha viagem havia sido cancelada. Só consegui passagens novamente para o fim do mês.

Avisei minha família, e ai novamente parecia que não era para mim ir.

– Bryan fique - disse Fernanda

– Você é a irmã mais chata do mundo, tenho 15 anos e vou na festa sim.

– Eu mandei e você vai ficar!

– Te odeio, prefiro a minha mãe!

Fiquei com raiva dela, mas no outro dia eu soube que meus amigos haviam sofrido acidente e três deles morreram.

Na manhã de 11 de setembro ligo a TV e está passando notícias de um atentado terrorista nos Estados Unidos.

"Ataques ou atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (às vezes, referido apenas como 11 de setembro) foram uma série de Estados Unidos coordenados pela organização

Chorei como criança, nesse atentado perdi minha irmã, ela trabalhava perto do local e neste instante era para eu estar morto, pois eu estaria lá.


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