Rubi Vermelho Como Sangue escrita por Lucy Himeno


Capítulo 9
As pessoas não são brinquedo


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei quase um mês para postar, podem me apedrejar! D: SQN! U_ú

Estava tão ocupada com os problemas da faculdade (sim, eu já tô na faculdade, mas ainda só novinha tá?) que acabei não conseguindo continuar a fic por mais que tentasse! Eu escrevi o restinho desse cap hoje, estou na época de provas, mas logo devo me regularizar ok?

Beijos e aproveitem a leitura :3



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Subi os três degraus que davam acesso à porta da escola, e me virei discretamente para uma última olhada, mas vi dois rapazes ao invés de um, um mais alto parecia estar brigando com Abel, mas não como um deliquente o faria, e sim como uma autoridade... Talvez fosse uma espécie de monitor? Essa não, ele olhou pra mim!

Corri até a porta que o Abel me indicou antes, tive medo daquele rapaz vir atrás de mim. Ele tinha o cabelo tão claro quanto o de Abel, mas bem mais curto, não pude reparar na cor dos seus olhos devido a distância, mas aquele olhar cerrado me intimidou. Ele com certeza me notou! A essa altura, deve estar pensando que sou uma doida por sair correndo daquele jeito! Mas essa escola é tão grande que provavelmente ele nem se lembraria de mim, não? Sacudi a cabeça para tentar voltar juízo perfeito que eu nem sei se tenho, bati na porta e abri sem esperar uma resposta, afinal, a porta tinha uma placa onde estava escrito "Diretoria", e como meus pais não estavam nos bancos dos corredores, só poderiam estar lá.

-Com licença.. - disse, espionando primeiro o lugar para me certificar que meus pais estavam lá, depois entrando quando vi que sim. Estranho, para uma escola tão grande a sala da diretoria era muito pequena, talvez uns cinco metros de largura, metade do espaço ocupado pela grande mesa detrás da qual estava o diretor, um gordo bigodudo e meio careca, e atrás dele talvez a única coisa boa naquele cubículo, uma grande janela aberta pela qual se podia ver grande parte do jardim, muito bem cuidado por Abel. Reparei nos meus pais sentados nas duas cadeiras para visitas, frente à mesa do diretor, e finalmente entrei, me mantendo em pé atrás dos dois já que não haviam outras cadeiras.

-Você deve ser a senhorita Rubivânia não é? - Perguntou o velho e gordo diretor, pronunciando com todas as letras aquele nome pavoroso, meu nome verdadeiro, que consegui esconder de todos durante 8 capítulos!

-S... Sim... -  Estremeci e tentei me controlar para não partir pra cima dele.

-Eu espero que você tenha modos melhores, como esperar que alguém te mande entrar antes de fazer isso, por exemplo...

-M... Me desculpe senhor. - Droga! Esse velho feioso, além de ter a ousadia de me chamar por aquele nome, já começa me corrigindo?!

-Minha filha é um pouco desajeitada às vezes, mas é uma boa garota, senhor Malaquias.

-Nesta escola nós prezamos a disciplina. Ficou claro, senhorita Rubivânia?

-S - Sim senhor... - respondi, com a voz trêmula e gaguejando. Cada vez que esse velho babão pronunciava aquele nome era como receber uma facada! Meus pais sacanearam legal... Falando nisso, meu pai permanecia tão inativo naquela cadeira que nem parecia que estava lá... Eles dois devem ter brigado feio...

-O representante de sua sala, primeiro ano A, irá acompanhá-la hoje para que conheça a escola, senhorita. - disse o velho diretor, depois dirigiu a palavra à meus pais - Está tudo resolvido senhores, podem voltar para casa agora, sua filha está em boas mãos - disse, levantando-se com dificuldade de tirar aquele traseiro gordo da cadeira, e apertando as mãos dos dois formalmente. 

-Foi um prazer conhecê-lo, senhor Malaquias. - disse meu pai formalmente, antes de voltar-se à porta, mas antes que pudesse abri-la o som de alguém que batia do lado de fora interrompeu toda a interação social cheia de pompa.

-Pode entrar - disse o diretor, e assim o fez quem estava do lado de fora.

-Com licença senhor Malaquias... - disse uma linda e calma voz de um garoto que abria a porta, mas que eu ainda não podia ver quem era.

-Ora, chegou bem a tempo rapaz! Senhorita, eu lhe apresento Eric, o representante que a guiará pela escola por hoje! - disse o diretor, com aquela voz grave e trovejante que me fazia voltar meu olhar para ele toda vez que falava. 

-Muito prazer em conhecê-la, senhorita. Estou à sua disposição. - Ouvi a bela voz seria do que acabara de entrar na sala e lembrei finalmente para conhecê-lo.

-O prazer é m... Você?! - Comecei a responder automaticamente, mas não consegui completar a frase ao ver de quem se tratava aquela voz que estava a ponto de derreter meu coração. Era ele! Alto, com o cabelo castanho-claro  curto e penteado para o lado, apesar de um pouco espetado, com olhos verde-esmeralda, pele bronzeada em um belo tom alaranjado, era como uma versão mais velha do Abel! Com certeza eram parentes, talvez o irmão mais velho de quem ele havia falado mais cedo! Além disso, era o mesmo garoto que eu vi dando broncas no Abel mais cedo e sai correndo feito louca quando ele me olhou! Toda a vergonha que eu estava sentindo agora transparecia em minha face, com certeza muito corada, a julgar pelo calor que eu sentia. Mas além da vergonha que eu sentia pelo ocorrido mais cedo, eu agi de forma muito estranha, gritando quando o vi. Agora teria que dar explicações para todos os presentes na sala que não paravam de me encarar! Oh, eu não mereço...

-Então... Vocês já se conhecem? - perguntou minha mãe.

-Nós nos conhecemos hoje cedo senhora - disse o tal Eric, cumprimentando minha mãe formalmente - agora, se nos permite, tenho muito que mostrar-la antes do início das aulas. Tenham um um dia, senhora, senhor, diretor Malaquias. - disse, sem mudar sua expressão seria em nenhum momento, e se retirou da sala, se guiou até a porta, olhando para mim como quem diz "vamos logo, eu não tenho o dia todo!". Apressei-me em acompanha-lo, me despedindo dos meus pais apenas com um olhar.

-Ora, que jovem tão educado! - ainda pude ouvir minha mãe dizendo, antes que a porta se fechasse.

-Espera! - disse eu, quase correndo, para acompanhar as passadas longas que Eric dava, já muito a minha frente no corredor.

-Eu não tenho o dia todo, trate de me alcançar logo. - disse ele, sem se dar ao trabalho de virar-se para falar comigo!

-Eu disse pra esperar! - disse, arfando, após correr para ficar ao lado dele - Por que disse à minha mãe que nos conhecemos? E por que estava brigando com o Abel mais cedo?

-Era a forma mais simples de não ter que dar muitas explicações, e Abel é meu irmão mais velho, eu o estava repreendendo por estar cuidando daquele jardim idiota enquanto deveria estar indo para a sala.

-Como assim irmão mais velho?! - exclamei, com uma surpresa tão grande que estava quase aos gritos - E por que jardim idiota? Está tudo muito lindo! E por que seu nome é Eric? Não deveria ser "Caim"?!

-Sempre faz tantas perguntas...? - respondeu ele, impaciente, enquanto eu ainda me esforçava para acompanhá-lo. Dobramos à direita para outro corredor que dava acesso à uma escada (escadas me perseguiam?!) - Ninguém é realmente mais velho, somos gêmeos e ele nasceu um pouco antes de mim, mas como não se exercita muito e tem o corpo mais fraco, eu fiquei mais alto. Eu odeio flores e eu não escolhi meu nome, então não venha tirar satisfações comigo. Satisfeita?

-Não muito... Você ainda não disse porque odeia tanto o jardim que seu irmão cuida com tanto carinho.

Ele olhou para mim, com o mesmo olhar repreensivo de antes, quando o vi na entrada da escola, me pegou pelo braço e me puxou até o grande espaço que havia debaixo da escada, onde nenhum dos poucos estudantes que se dirigiam até suas salas nos veriam.

-O... O que você pensa que está fazendo?! - exclamei, assustada e vermelha com o que ele acabara de fazer. 

-Você faz muitas perguntas, isso me irrita - disse ele, com a voz um pouco mais sombria que antes, me segurando pelos ombros e me prendendo contra a parede, ficando mais perto de mim, tanto que nossos corpos se tocavam.

-O... O que você quer? - disse, numa voz baixa e quase inaudível, aquela situação estava me deixando muito tensa, o que esse garoto que eu acabara de conhecer tinha na cabeça?!

-Eu apenas quero lhe calar, de uma maneira ou de outra - disse ele, tocando minhas bochechas coradas com a ponta dos dedos e levando-os até minha boca, fazendo eu sentir um arrepio semelhante à descargas elétricas percorrendo meu corpo, me deixando paralisada, de olhos arregalados. Ele entrelaçou os dedos nos meus cabelos e aproximou seu rosto do meu. Quase senti nossos lábios se tocarem, mas algo o impediu de continuar. 

Ouvi um barulho de alguma coisa metálica e em seguida vi Eric com as duas mãos na cabeça, agonizando de dor. Detrás dele surgiu Abel, com a mesma pequena pá de hoje de manhã na mão.

-Você está bem Ruby?! - Disse o pequeno, se aproximando de mim e me afastando do seu irmão.

-O que você pensa que está fazendo, seu pirralho idiota?! - Esbravejou Eric, tentando pegar Abel mas sem conseguir, ainda meio tonto pela pancada na cabeça.

-Você não pode sair fazendo o que em entende com as pessoas sabia?! As pessoas não são seus brinquedos! - Abel parecia estar falando não apenas daquela situação, mas de algo mais, que eu obviamente não sabia do que se tratava. Ele parecia estar muito machucado por dentro. Lágrimas começaram a se formar nos olhos do pequeno, e ele começou a chorar pesadamente, largando a pá no chão.

-Pare com isso Abel... Eu já te pedi desculpas... - Eric agora parecia se sentir culpado, e finalmente vi uma outra expressão em seu rosto, uma expressão triste e preocupada. Ele se aproximou do pequeno, que alcançava pouco mais que a altura dos seus ombros, abraçando-o e afagando sua cabeça.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas com certeza eu estava sobrando ali. Aqueles dois pareciam estar em um mundo só deles agora, então achei melhor não atrapalhar. Sai de mansinho debaixo da escada, deixando-os lá, e subi todos aqueles degraus. Ali encontrei uma menina de óculos e cabelo chanel preto que me indicou minha sala, e para lá segui. Mas eu ainda estou curiosa para saber o que aconteceu no passado daqueles dois para resultar em personalidades tão distintas!


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Notas finais do capítulo

Não, essa história não é yaoi nem shounen-ai e sim, eu sei que essa história é +13! e_e
Desculpem se a relação desses dois pareceu um pouco suspeita(?) mas não é nada disso ok?! Eu só num resisti à colocar um pouco mais de carinho nas cenas u.u

E agora, quem vocês acham mais pervertido o Gabriel ou o Eric? RS

Mudando um pouco de assunto... O que acharam do nome verdadeiro da Ruby?! Não o pronunciem se não quiserem que a fúria dela caia sobre vocês! xD

O Gabriel nem apareceu nesse cap! ;_;