Rubi Vermelho Como Sangue escrita por Lucy Himeno


Capítulo 4
A (sur)presa


Notas iniciais do capítulo

DEMOREI, MAS POSTEI!

Desculpem a demora, já tinha feito o rascunho, mas fiquei uns dias sem internet porque perdi o modem!

Pra quem gosta de ler ouvindo música, baixe agora "Du Riechst So Gut" do Rammstein! Perfeita para esse cap! ^^



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Ora, quem ele pensa que é? Mesmo ele sendo bonito, ainda era um completo estranho pra mim, ele achava mesmo que eu deixaria um desconhecido entrar em minha casa?


–Sinto muito, mas não. Não conheço você. - respondi, já me preparando para fechar a porta na cara dele.

–Tu há de deixar-me entrar... - ele disse, olhando fixamente nos meus olhos - tu estás muito feliz ver-me e me convidarás para adentrar...

–O que? Você acha que vai me hipnotizar por acaso? E que jeito de falar é esse? Olha aqui, eu não sei o que você quer ou se você é algum louco, mas adeus. - Bati a porta e tranquei à chave, correndo para checar se as janelas estavam bem trancadas.


Quem era aquele cara? Por que ele estava falando um tipo de português formal que só se vê nos livros de gramática? Seja quem fosse, achei melhor subir pro meu quarto e ligar para meus pais. Foi complicado subir as escadas com aquele vestido enorme, tive que me segurar com força no corrimão enquanto levantava a saia para não pisá-la.


Chegando ao quarto, comecei o trabalho enorme de tirar toda aquela roupa, que por mais bonita que fosse, pesava muito. Deixei o vestido e as anáguas largados no chão e fui procurar pelo celular, foram uns dez minutos procurando em todo lugar, até que por sorte ouvi aquela musiquinha de chamada padrão chata que todo celular tem. Precisava trocar o toque! Segui o som e o encontrei na gaveta do criado-mudo, ao lado da cama. Era minha mãe ligando.


–Alô, filha? - ouvi a voz de minha mãe

–Mãe? Onde vocês estão?! Escuta, e acho que desmaiei e quando acordei não encontrei vocês! Ai veio um...

–Calma filha! - minha mãe me interrompeu - um casal vizinho nosso nos convidou para visitar a casa deles, eu e seu pai te procuramos e achamos você dormindo no quarto. Aliás, quase não te encontramos sabia? Que quarto afastado!

–Olha mãe, me escuta! Eu acordei muito fraca e alguém tocou a campainha, era um carinha muito estranho que queria entrar e...

–Poxa filha! - interrompeu minha mãe de novo. - Espero que você não tenha sido mal-educada, os vizinhos daqui são muito prestativos! Se você está fraca é porque não comeu nada o dia todo, se vire aí na cozinha que nós dois já voltamos! Vamos levar um pedaço de torta pra você também! Beijo filha, tchau.

–O que? Mãe, me escuta! - Ela não escutou, desligou o telefone. Droga, nem pra escutar o apelo de uma filha?! Ainda bem que pelo menos aquele cara não voltou... Mas se meus pais me encontraram dormindo, quem diabos me colocou na cama e trocou minhas roupas?!


Eu estava assustada. Mas o que minha mãe disse antes fazia sentido, eu não havia comido nada o dia inteiro e já estava escurecendo. Provavelmente tive uma vertigem passageira e fui me deitar, e acabei me esquecendo. Só isso! Melhor descer pra comer alguma coisa então.


Coloquei uma camisa branca e grande que eu gostava de usar para dormir e segui pelo corredor até chegar às escadas. Eram muitos degraus, aquele sobe e desce já estava me enchendo! Atravessei a sala, passei pela porta que dava acesso à sala de jantar, e depois pela porta que dava acesso à cozinha. Os móveis de madeira eram naquele estilo antigo mas os eletrodomésticos eram normais, provavelmente esses meus pais haviam comprado.

No fogão não havia nenhuma panela ou vestígio de almoço, então fui checar a geladeira, mas também não encontrei muita coisa, só queijo, água e umas verduras. Tinha pão em cima da mesa, então comi um sanduíche de queijo e bebi água.


Voltei para meu quarto, o caminho era tão longo que provavelmente eu havia gasto todas as calorias que consumi. Estava feliz por aquele quarto ser uma suíte, na antiga casa havia apenas um banheiro, e meus pais ficavam tomando banho juntos por horas, e eu não tinha coragem de bater na porta pra reclamar... Trágico!


Ri daquela lembrança enquanto abria a porta do banheiro. Era enorme! Apesar dos azulejos antigos, era até bem moderno, tinha até uma banheira enorme que mais parecia uma piscina! Escovei os dentes, e resolvi tomar um banho de banheira ao invés de ducha. Era a primeira vez que eu via uma tão de perto! Ah, se não fosse a saudade pelos meus amigos, eu até que poderia gostar desse lugar...

Passei algum tempo tentando descobri para que serviam os botões da banheira e acabei ligando a hidromassagem. Ah, eu não iria querer sair dali! Joguei minhas roupas e a gargantilha no chão, ficando apenas com meu colar, e deixei-me afundar na água quente. Eu precisava mesmo daquilo, foi um dia cheio e muito estranho, eu precisava fechar os olhos e relaxar.


Lembrava-me de Samanta me contando sobre os garotos que ela havia ficado, será que ela era mesmo tão popular ou estava inventando? Lembrava-me de Alison me provocando toda hora, aquele chato! Lembrava-me de Pedro, sempre gentil, me oferecendo o desenho de uma rosa, que ele mesmo fizera. Sam era minha vizinha, fomos amigas desde sempre. Já havíamos estudado na mesma escola, mas como era mais nova que eu e havia repetido de ano algumas vezes, ainda estava no fundamental. Conheci Alison no colégio, ele não era da minha sala porque era um ano mais velho, mas nos tornamos amigos conversando sobre mangás e livros. Pedro era quase dois anos mais velho que eu, e era de outra escola, mas nos conhecemos num cursinho de fim de semana. Foi outro atraído pelos interesses em comum. Eu não tinha um charme feminino próprio?!


Comecei a rir sobre isso, mas logo as lágrimas subiram-me aos olhos. Eu estava com saudades, mesmo tendo os visto há algumas horas, sentia falta deles e de suas maluquices. Mas eu havia prometido que não iria chorar! Não enquanto estivesse ali, presa à aquela cidade sufocante, que me deixava claustrofóbica de tão pequena. Engoli o choro, ficando com uma sensação sufocante horrível no peito, abracei à mim mesma e afundei na água até a altura da boca, já que afundar a cabeça toda e ficar sem respirar mesmo por um instante seria assustador.


Sentei-me novamente depois de alguns segundos, ficando com a altura da água um pouco abaixo dos ombros. Senti nos lábios um estranho gosto de ferrugem. Os canos de água deveriam estar velhos e enferrujados. Abri meus olhos para examinar a coloração da água. O que era aquilo?! Uma poça vermelha se formava ao meu redor, e aumentava cada vez mais! Os canos de água estavam tão velhos assim? Olhei para mim mesma e vi que este líquido vermelho descia pelos meus ombros! Senti uma dor aguda no pescoço e o toquei, estremecendo de dor. Meus dedos voltaram manchados de um vermelho vivo. Era sangue! Onde antes havia um hematoma, agora havia uma ferida aberta!


Levantei-me rapidamente enquanto tinha forças, procurei no armário do banheiro por algo que me fizesse estancar o sangue, achei gaze e pressionei com força sobre meu pescoço, por sorte o sangue apenas escorria aos poucos, não jorrava, se fosse em uma veia eu estaria morta em instantes. Mas não creio que havia motivo para pânico, eu não iria desmaiar com tão pouco sangue perdido. Ainda pressionando o pescoço, liguei o chuveiro e me molhei para limpar o sangue que escorreu pelo meu corpo. Eu precisava vestir alguma coisa e ligar para meus pais chamarem um médico, poderia ser alguma doença grave.


Olhei para baixo e vi a água avermelhada, mas num tom mais fraco, descer pelo ralo. Olhei meus braços para ver se já estavam limpos, mas foi então que eu tomei um susto. Eu ainda não havia reparado, mas haviam também hematomas roxos nos meus braços!

Meus pulsos, meus ombros, eu estava completamente machucada e não sabia porquê. Eu estava com medo. Havia alguma coisa estranha acontecendo, e eu não sabia o que era.


Minha mãe disse que quando ficamos com raiva de alguma coisa, uma mancha roxa chamada manicônia aparece no corpo. Eu já havia tido isso antes, mas normalmente era só uma mancha que desaparecia em pouco mais de uma semana e não causava dor.


Essas marcas eram diferentes, eram muito grandes e pareciam marcas de agressão, o mais leve toque doía! Eu precisava pedir ajuda! Alguém pode ter me atacado na hora em que eu desmaiei! Alguém pode ter se escondido no sótão e provocado meu desmaio com um pano embebido em clorofórmio!

Mas como teria entrado ali, se tudo estava fechado e até mesmo as janelas tinham tábuas pregadas?! Eu estava com medo, muito medo! Precisava sair dali o mais rápido possível, eu poderia estar em perigo!

Não sei como consegui, mas me enrolei e prendi a toalha ao redor do corpo com uma só mão e abri a porta do banheiro. Precisava pegar meu celular e ligar rápido!


Fui para o quarto, em direção à cama onde deixei o celular, mas me parei, paralisada de medo. Havia um homem em minha cama! Era ele, o rapaz estranho de antes, estava deitado na minha cama com meu celular em mãos!

Ele olhou para mim com um sorriso de canto, e disse cinicamente:

–Du Riechst So Gut...


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Notas finais do capítulo

Sei que esse final ficou meio suspeito, mas não se preocupem, eu sei que essa história é +13! :3
Quem ficou curioso aí? huahaha, aguardem ansiosos pela continuação!