Sonho de Uma Noite de Verão escrita por Anny Taisho


Capítulo 4
Verdade




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Cap. 04 – Verdade


Riza não pregara os olhos a noite inteira, estava com o coração apertado. Tinha tento medo da reação dele, como o homem reagiria ao fato de ser pai?


Havia escondido aquilo tão bem.


- Isso vai ser desastroso.


- Desastroso?


Riza se vira.


- Já acordada, bebê...


- Fome.


- E quando você não está com fome, em?


Riza pega a pequena no colo.


- Estou em fase de crescimento, leitinho só faz bem.


- Leitinho com Nesquik.


- Com certeza! – a menina olha mãe – O que foi, mamãe? Parece até que você não mimiu...


- Falta de sono, depois eu tiro o atraso.


Riza põe a filha sentada sobre a bancada e começa a preparar o leite dela.


- Copo ou mamadeira?


- Mamadeira.


- Você não acha que está meio velha para isso, não?


- Naum... – ela faz biquinho –


- Tudo bem então.


Riza entrega a mamadeira da pequena e a desce do balcão. Essa que sai andando apartamento a dentro.


- Tome o leite logo, você tem escola, Amy!


- Tá mami! – ela grita do quarto onde provavelmente estava deitada na cama –


-


-


Era hora do almoço e Riza não havia saído para almoçar. Estava sentada em sua cadeira olhando para a janela com uma caneta entre os dedos.


- Não vai almoçar?


- Hã? – ela vira o rosto para a porta – Não, estou sem fome.


- Você não está com uma cara muito boa, o que aconteceu?


- Nada, senhor.


- Quem nada é peixe. Faz mais de um mês que você está estranha e depois que o seu avô ligou parece que a coisa ficou pior!


- Não está acontecendo nada, desculpe se passei essa impressão.


- Você sabe o que ele quer me dizer, não sabe?


- Eu? Por que saberia?


- Não sei, só é isso o que parece.


Seria essa a hora de contar tudo?


Talvez ajudasse se ela contasse invés do avô. Mas o que dizer a essa altura do campeonato? E esse nem era o maior problema, o que dizer não mudou muito do que devia ser dito a cinco anos e não mudaria se tivesse que dizer dali dez anos.


Toda a complicação estava em contar porque não disse antes. Tinha certeza de que ele ficaria louco de raiva por não ter sido informado.


- Se você não quer falar...


- Senhor...


- Hum?


- Eu só quero que saiba que tudo o que fiz até hoje foi para proteger você e o seu sonho. Eu nunca tive pretensão nenhuma de ganhar coisa alguma.


- Do que você está falando?


- Diga que não importa o que aconteça daqui para frente, porque você acredita em mim.


- Eu acredito, mas...


- Obrigada. – Riza volta a trabalhar –


Roy ficou estático. Não entendeu aquela atitude dela. O que ela poderia ter feito ou fazer que o deixaria em duvida em relação a sua lealdade? O moreno sai da sala revirando a mente a procura de alguma coisa, algum acontecimento que justificasse aquilo.


- Vamos Roy, o que você deixou passar?


Nada vinha a mente de Roy. A única coisa estranha de que se lembrava era dela ter tirando uma licença longa logo após que foram promovidos a cinco anos. Mas isso não poderia ter relação com o que quer que seja que estivesse acontecendo.


Por mais que tentasse nenhuma idéia ou lembrança vinha a sua mente. Teria que esperar até a manhã do dia seguinte.


Ou não...


-


-


Assim que o expediente acabou, Riza foi embora, o avô já estava na cidade e ela precisava tentar seu último recurso contra aquela catastrófica verdade escondida.


- É impressão minha, ou a tenente saiu praticamente correndo?


- Se foi impressão, não foi só sua.


- E aí, general? O que vai ser hoje?


- Nada, vou visitar o General Grumman.


Roy estava terminando de vestir seu sobretudo negro.


- Na sexta-feira?


- Preciso falar urgentemente com ele. Não dá para esperar. Boa noite.


Roy sai da sala na velocidade de um furacão, iria esclarecer o que quer que fosse naquela noite.


- Se for coisa ruim, melhor saber logo!


-


-


Riza passou em casa, trocou de roupa, arrumou a pequena e foi para a casa do avô na cidade.


- Vamos ver o biso?


- Vamos sim, minha linda.


- Eba!! – ela sai correndo na frente –


- Espere, Amy!


- Vamos, mami!


A menina já estava parada na porta do carro.


- Banco de trás, mocinha!


- Mas... – ela fazia aquela cara de pidona –


- Mas nada! – Riza abre a porta do carro, a menina entra e ela põe o cinto nela –


- Por que eu não posso ir na frente?


- Porque você só tem quatro anos!


- Quatro anos, dez meses, duas semanas e seis dias!!


- E mesmo assim não tem idade de andar na frente!


- Hn.


- Riza olha para a filha pelo retrovisor interno e lhe manda um beijo – Linda!


- Eu sei... – ela ainda continuava com o bico –


-


-


Roy que fora direto para a casa do General, chegara antes da loira.


Os dois estavam conversando no escritório da casa e jogando uma partida de xadrez.


- O senhor ainda não me disse o que tanto queria comigo?


- Eu não disse que queria falar algo em especial, só disse que queria um oponente para o xadrez.


- O senhor não se deslocaria do Leste somente para jogar xadrez comigo e muito menos ligaria com antecedência para ter certeza de que eu estaria na cidade. Xeque.


- Muita percepção, meu jovem, o problema é que o assunto não é muito fácil.


- Somos dois adultos, eu agüento o tranco, por mais ruim que ele seja.


- Não diria que é ruim, diria que é inesperado para você.


- Inesperado...?


- Vai virar seu mundo de cabeça para baixo... Ou na pior das hipóteses nada vai mudar.


- O senhor está me deixando confuso.


- Desculpe... É que eu não sei por onde começar.


- Xeque-mate. – Roy derruba o rei branco do general –


- Parece que eu perdi...


- Olha, eu vou... Ao banheiro. Quando eu voltar, o senhor conta.


- Obrigado por me dar um tempo para escolher as palavras, é no segundo andar, terceira porta a esquerda.


- Não é nada.


Roy sai do escritório e caminha lentamente para o toalete, agora estava ainda mais instigado, devia ser uma coisa assombrosa para o velho general estar sem palavras para lhe contar.


Do lado de fora da grande residência, Riza acabara de entregar o carro para um dos empregados estacionar.


- Boa noite, Alfred.


- Boa noite, Riza-sama. Boa noite, Amy-san.


- Boa noite, o biso está ai?


- Está sim, pequena, lá no escritório.


- A porta está aberta?


- Sim, Riza-sama, pode entrar, o general estava mesmo esperando sua visita.


- Com licença.


- Toda.


Riza entra na casa com a pequena andando ao seu lado.


- Eu vou ganhar presente!


- Com certeza...


- Boa noite, Riza-sama.


Uma das empregadas vem a recepcionar.


- Boa noite, Ingrid, será que você pode levar a Amy para passear no jardim?


- Hai.


- Mas eu quero ver o biso!


- Eu tenho que conversar com ele primeiro, assunto de adulto.


- Sei... Assunto de adulto!


- Não faz essa carinha! – a loira abaixa-se a altura da pequena –


- Mas eu quero ver o biso! Eu tô com saudades!


- Você vai ver! Só dá uns minutinhos para a mami...


- Só uns minutinhos, bem pouquinhos!


- Bem pouquinhos! – Riza dá um beijo na testa da pequena –


- Cuidado com ela, Ingrid.


- Sempre Riza-sama!


Riza caminha a passos largos até o escritório.


- Com licença... Posso entrar?


- Elizabeth? – o homem não esperava vê-la naquele momento –


- Eu mesma, vim conversar... Sobre aquele assunto.


- Não há o que conversar, já passou da hora dele saber.


- Por favor, me escute um minuto. Vamos pensar que o Roy pudesse ter condições de ser um pai, o senhor não pensa no estrago que isso pode fazer na carreira dele?


Ela estava sentada no lugar anteriormente ocupado por Roy a frente do avô.


- Realmente, pode causar um rebuliço, mas nada que ele não possa contornar. Ser pai não vai impedi-lo de chegar aonde quer chegar.


- Eu sou subordinada dele, não vai ser bom que se espalhe que eu já tive alguma coisa com ele.


A loira já estava começando a ficar alterada.


- Mas você teve e isso ocasionou conseqüências.


- Um deslize.


- Seu deslize tem quase cinco anos!


Roy descia as escadas com começa a ouvir o som da conversa.


- Chegou alguém?


Ele se aproxima da porta que não estava totalmente fechada.


- Eu não preciso dele, tenho totais condições de cuidar disso!


- Você pode não precisar, mas a sua filha precisa do pai!


- Riza... Filha...


A mente de Roy começa a ficar confusa. Não conseguia imaginar que a sua subordinada tinha uma filha.


- A Amy não precisa de um boêmio, mulherengo e que não tem a menor responsabilidade!


- Mas ele é o pai, você querendo ou não!


- E eu não quero!


- Você não acha que ele merece saber? Ter uma chance de viver as alegrias que ter um filho dá!


- O Roy não tem condições de ser pai, não tinha há cinco anos e não tem agora!


Filha...


Ele tinha escutado direito?


Ela havia acabado de dizer que tinha uma filha e que a menina era dele?


Não era possível!


Como ele podia ter uma filha com ela, nunca haviam tido...


- Kami-sama...


A noite depois da promoção... Fazia cinco anos, ou quase isso.


Ela havia engravidado?


Não! Ela havia ido junto com ele para central, não havia?


- Eu só posso estar louco! Ela veio comigo, eu teria notado uma gravidez...


Uma lembrança lhe vem a mente.


Flash Back on


Estavam na Central a dois meses e as coisas ainda não estavam em seus respectivos lugares.


- Se vocês não pararem de fofocar, essa sala não entra nos eixos nem daqui um século!


- Relaxa tenente!


- É por essas e outras que Ametris não vai para frente!


Ela sobe em uma escadinha para colocar alguns livros no alto de uma estante, e Havoc entra na sala. Ele estava na recepção cantando uma das secretárias e para isso, havia tomado um banho de perfume.


- Pegue aqueles livros para mim, Havoc! – ela aponta para uma das mesas –


- Os vermelhos?


- Isso.


Assim que o loiro se aproxima para entregar os livros ela sente o perfume.


- Nossa!! Que cheiro é esse?


Ela faz uma careta, põe os livros no lugar e desce correndo a escada camabaleando ao chegar ao chão.


- Opa!


Ele a segura, mas ela o repele e corre até o oposto da sala onde havia um cestinho de lixo onde ela começa a vomitar.


- Tenente!?


Todos chegam perto dela.


- A senhora está bem?


Ela vomita por mais alguns minutos e para.


- Pronto!


Ela se levanta meio pálida.


- O que aconteceu?


- O perfume do Havoc revirou meu estômago! Mais que droga é essa em?


- fica vermelho – Er... Vou buscar um copo d’água para senhora.


Ela põe a mão na testa e se escora em uma das mesas.


- Mais que coisa!


- Acho melhor você ir a enfermaria.


- NÃO! – ela arregala os olhos – Não precisa, eu estou bem.


Ela volta para sua mesa.


Flash back off


- Como eu fui idiota... Naquele período de tempo não foi só aquele mau estar


Mil e uma imagens rodavam em sua mente, enquanto Riza e o avô ainda discutiam. Imagens turvas da noite que passaram juntos, imagens dos anos de convivência, e até mesmo imagens do tempo que ela passara cuidando dele.


- Não, eu não posso ter ouvido isso...


Lembranças da afilhada, a pequena Elycia, entraram em sua mente. A fi... A suposta garota devia ter a idade da filha do melhor amigo.


Ela seria assim tão meiga?


- O Roy não ia querer ter um filho! Ele não tem vocação nenhuma para ser pai!


Naquele momento, o moreno cansou de ouvir e entrou no recinto.


- Quem deveria decidir isso, sou eu, não você!


Aquela voz...


A pele já clara da jovem mulher atinge um tom quase transparente. Roy estava atrás da porta?


- O senhor não fez isso comigo...


Ela olhava para o avô. Sentia uma vontade imensa de correr, mas seu corpo não se mexia, estava paralisado.


- Então era isso. Por isso você estava tão nervosa e o senhor sem saber o que dizer...


A respiração de Riza estava ficando descompassada, precisa correr dali e num ímpeto se levantou disposta a sair dali, mas ao passar ao lado de Roy ele a segura.


- Não, agora você vai me contar essa história inteira.


- Você não pode me obrigar a falar, se eu não disse a cinco anos, por que te diria agora?


- Porque eu quero e mereço explicações!


- Você não quer nada e quanto a merecer explicações... Quanto menos você souber, melhor.


- Será que o senhor poderia nos dar licença, temos que conversar.


- Lógico. Qualquer coisa estarei no jardim.


- Não se incomode, eu não tenho nada...


- Tem sim e pare de birra, Riza!


- E quem você pensa que é para exigir alguma coisa de mim?


- O pai da sua filha!!


Ela ficou em silêncio durante alguns segundos.


- Como se eu quisesse que fosse! – ela olha atravessado para ele – Podia ter sido qualquer um... Menos você!


Aquelas palavras foram um tapa na cara do homem.


- Mas sou eu e nada vai mudar isso!


Continua...


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Notas finais do capítulo

Oieeeeeeeeee!!
Mais um cap para vcs serem felizes e mew fazerem felizees!!
Comentemm!!
Kisss