Cap. XI – Guerra
Roy dirigiu até o apartamento de Riza e o fato de não ter chances de encontrar Kaio, que o general disse estar em seu dia de folga, o deixou bem contente. Amy adoraria aquele presente.
Desceu do carro e passou pela portaria sem problemas. O porteiro sabia quem era ele. Deu um bom dia rápido a moça que encontrou no elevador e foi para seu destino.
Tocou a campainha e logo uma moça veio atender.
- Você deve ser Kristen, eu sou Roy Mustang...
- O general já ligou, pode entrar, Roy.
A moça recuou alguns passos e Roy entrou com o grande embrulho.
- A Amy está acordada?
- Aquela lá? – ela ri – Está de pé desde que o sol nasceu! É incrível que como nos dias que não tem aula ela acorda cedo e com um pique!
- KRISTEN!! – a menina entrou correndo na sala – Eu acho que a macinha grudou debaixo do tapete do quarto da mami!
Ela fazia a cara mais inocente.
- E você não tem nada a ver com isso?
- Eu?? – ela sorri – Talvez eu tenha colocado a macinha lá, esquecido e pisado em cima, mas é só uma hipótese!
- E você por acaso sabe o que é uma hipótese?
- Bem, o significado literal não sei, mas creio que se encaixa perfeitamente na circunstância atual!
Ela falava muito bem para alguém de cinco anos.
- Você andou assistindo aqueles filmes de época que eu deixei aqui esses tempos para trás?
- Só porque eu tenho apenas quase cinco anos não quer dizer que eu tenha que ter um vocabulário reduzido. – ela olha para Roy – Loy?
- Oi, Amy. – ele sorri –
- Oi... O que faz aqui?
- Vim te trazer um presente. – Roy se abaixa com a caixa –
- Pra mim?
Os olhinhos brilharam ao ver o tamanho da caixa.
- Para você. Abra.
A pequena sentou-se no chão e começou a desfazer o embrulho e quando viu o que tinha ali dentro. Quase caiu para trás.
- Eu não tinha uma dessa... – ela olhou para o moreno – Obrigada, Loy!
- Você gostou mesmo?
- Sim!
- Então por que você não dá um abraço nele, Amy?
- Eu posso?
- Pode.
A menina caminhou até o Mustang e lhe deu um abraço que foi correspondido. Ela era tão pequenina e tinha um cheiro tão gostoso.
Uma emoção que ele não conhecia estava crescendo.
- Você põe lá no quarto para mim?
- Não quer brincar com ela?
- Não. Agora não.
- Oh... Tudo bem!
Amy sai correndo na frente enquanto Roy pegava o brinquedo.
- Ela gostou sim, só não quer brincar agora.
- Não é isso...
- Bem, você poderia ficar aqui por alguns minutos? Eu preciso ir na minha casa, no andar debaixo, mas a Amy estava tão derrubadinha... Apesar de não parecer que eu não queria sair com ela.
- Claro, pode ir.
- Obrigada, garanto que não passarão de alguns minutos.
A garota já estava na porta do apartamento quando Roy a Chamou.
- Você não tem medo de deixar a menina aos meus cuidados?
- Se o bisavô dela confia em você, não acho que você vá jogá-la pela janela!
Ela vai embora e Roy vai para o quarto.
- Onde eu ponho?
- Na mesinha. – ela apontou –
Roy colocou o brinquedo sobre a mesa e se sentou ao lado da criança.
- O que foi?
- A mami... Eu queria ir vê-la.
- Você é muito apegada a ela, não é?
- Lógico! – ela virou para ele – A Mami é demais!
- Eu sei. Mas então, o que quer fazer? A Kristen saiu por alguns minutos e eu vou ficar aqui com você!
Ela pensa por alguns minutos, desce da cama e pega uma caixa.
- Eu nunca dei conta de montar esse quebra-cabeças todo.
- Então a gente vai mudar isso.
Os dois se sentam no chão e começam a brincar. Era impossível não gostar da pequena ali a frente, ela era tão extrovertida, docinha e carinhosa.
- TERMINAMOS!
Ela caminhou até ele e se sentou ao lado dele.
- Então... O que quer fazer agora?
- Comer! – ela sorriu –
- Oh...
Isso ele não esperava, havia chegado pouco após o almoço e se ela já estava com fome deviam ser quase três da tarde.
- Vamos lá na cozinha!! – ela começou a puxar o Mustang pela mão – Vamos, Loy!
Vão para cozinha e o moreno vê que ia ter que se virar.
- O que você come a essa hora? – ela estava com ela no colo –
- Leitinho e bolo.
- E onde ficam as coisas?
Ela foi guiando Roy pela cozinha e por fim ele descobriu que teria que fazer uma mamadeira. E como mexeria com fogo, a colocou sentada sobre o balcão de mármore.
- Você põe o leite no fogo e enquanto ele esquenta você pega a mamadeira, já está esterilizada, e põe duas colheres de Nesquik.
Aquilo era uma cena que nem de longe Roy Mustang se imaginou fazendo.
- Agora você chacoalha e vê se não está quente demais.
Ele testa.
- E agora?
- Você me dá porque eu estou com fome!
Ele estende a mamadeira e eles vão para a mesa onde ela pega um pedaço de bolo.
- Vamos para a sala.
Caminham para a sala, ela liga a televisão e se senta no sofá.
- Chovendo! – ela olha para a janela e faz uma careta –
- Não gosta de chuva?
- Nada contra a água, não gosto é dos trovões.
- Hum....
Ela deita a cabeça no colo dele e sem perceber Roy estende a mão para a cabeça dela acariciando-a de leve.
- A Kris abandonou a gente!
- É... Acho que ela se animou com alguma coisa lá. – ela estava com sono – Onde você aprendeu a falar com um vocabulário tão adulto?
Ele se referia ao momento a hora que ele chegou.
- ela ri – A Kris faz faculdade de letras e como passa boa parte do tempo dela aqui sempre está estudando, faz isso em voz alta e eu ouço.
- Oh...
- A mami também fala com um vocabulário muito bom e está sempre me corrigindo... Apesar de as vezes ela saber que eu faço de propósito.
Depois disso, ela passou a prestar atenção na televisão e logo adormeceu. Quando olhou para o lado viu um porta-retrato.
Era uma foto de Riza com Amy no colo e parecia recente. Riza estava tão linda, pareciam vestidas para uma festa formal. A loura estava com um longo vinho e Amy com um vestido rosa, meias brancas e sapatinho preto.
- Oh... Desculpe a demora.
Kristen entrou na sala.
- Não tem importância.
- Dormiu?
- Sim.
- Nossa. Acabei com seu domingo.
- Imagine... – o moreno se levanta com cuidado e antes de sair dá um beijo na testa da pequena – Até mais ver.
- Até.
Roy saiu do apartamento com uma sensação boa correndo entre as veias, como queria ter participado de toda a vida de Amy. Mas também o que podia esperar de Riza? Ele ficou com outra dois dias depois de terem ficado juntos, tratou a loura como tratava qualquer uma das que dormia.
Apesar dela também nunca ter demonstrado interesse em prolongar aquele encontro.
- Se ser idiota matasse...
Quando estava na portaria toda aquela sensação boa dissipou-se.
- Kaio.
O homem parou a frente de Roy.
- Desculpe, mas nos conhecemos?
- Não. Mas... – o que diria? – Olha, não tenho outra maneira de dizer o que tenho a dizer.
- O que?
Kaio parecia confuso.
- Eu sou Roy Mustang, o pai da Amy. E vou deixar uma coisa bem clara, ela MINHA filha. Não me importa se foi você que a viu nascer.
- arqueia a sobrancelha – Então é você...
Roy não gostou nem um pouco do olhar de pouco caso que Kaio lhe lançara.
- Sou. Algum problema com isso?
- A Riza tinha mesmo que estar muito bêbada para dormir com alguém como você! – ele olha Roy de cima a baixo – Eu já ouvi falar de sua fama... – pausa – Ainda bem que ela teve bom senso de se poupar e poupar Amy de uma convivência com você.
Okay. Ele estava pedindo para levar um murro no meio daquela cara.
- Eu não... – estava faltando muito pouco –
- O que foi? E o que esta fazendo aqui? – pausa – Não acredito que a Riza permitiu uma aproximação sua para com Amy!
- Não me irrita cara.
- Não tenho medo de você, sabe por que? Porque sou eu que estou presente na vida das duas e é a mim que a Riza quer na vida dela.
Ele pediu!
Sem pensar em mais nada, Roy acerta Kaio bem no meio da cara.
- Minha filha. Minha mulher. Seus dias estão contados na vida delas, idiota.
O moreno sai deixando Kaio com raiva.
- Desgraçado. – Kaio se levanta sentindo uma dor no maxilar – Ele não vai tirar nenhuma das duas de mim.
Continua...