Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 8
Padrinho divino


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, tudo bem. Sei que demorei, mas dessa vez é culpa de um anime Shingeki no Kyojin. Eu aconselho. O3O
Boa leitura.



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O ônibus seguiu viagem e fez sua primeira parada na cidade de Silver Lake, Kansas. Wisets não acordou em nenhum momento. Minhas pernas estavam doloridas e eu precisava ir ao banheiro. Soltei a mão de Wisets, relutante por sinal. Tirei o casaco, o enrolei e coloquei como um travesseiro provisório para ela. Desci do ônibus sentindo minha perna formigar.

Entrei em uma loja de conveniências para usar o banheiro e comprar algum lanche. Assim que sai do caixa senti meu cabelo arrepiar. Estava meio frio na hora, por este motivo não estranhei. Voltei para o ônibus pronto para continuar viagem. Porém algo me impossibilitaria de seguir em paz.

Caminhei pelo corredor até chegar ao meu lugar. Avistei o banco em que eu e Wisets estávamos. Chegando lá deixei tudo o que eu segurava cair no chão. Wisets ainda dormia, mas havia alguém ao seu lado.

– Surpresa – disse Rick a me ver.

Meus músculos ficaram tensos. Como esse garoto nos alcançou? Nós estávamos na dianteira. Pensei comigo mesmo. Levantei minha mão e ela começou a brilhar num tom esverdeado. Rick estalou os dentes em tom de deboche e afastou os cabelos de Wisets revelando seu braço esquerdo, o da adaga, no pescoço dela.

– Não seria uma boa ideia, seria? – disse Rick sorrindo.

Minha mão parou de brilhar no mesmo momento. Estava com raiva, realmente estava, mas isso não valeria arriscar a vida de Wisets. Rick ficou mexendo no cabelo dela, brincando com os cachos. Eu já estava irritado, agora ele fica mexendo no cabelo dela? Apenas eu posso fazer isso.

– O que você quer? – perguntei entre os dentes.

– Você nunca se perguntou o motivo dela fugir? – ele disse enquanto cheirava o cabelo de Wisets.

Fechei meu punho e me segurei para não soca-lo.

– Ela já me contou o motivo de ter fugido de casa. – respondi seco.

– E o motivo dela fugir de mim? – ele perguntou.

– Acho que até eu sei. Você é um maníaco. – respondi grosseiro.

Rick riu e beijou a cabeça de Wisets. Definitivamente eu estava a ponto de mata-lo, no mínimo mutila-lo.

– Ela não é o anjo que você pensa. Ela já me fez sofrer muito, e fará isso com você também. Pergunte a ela sobre a minha mão. Sei que você já quis saber, ela tem a resposta. – disse Rick.

Ele tirou o braço do pescoço de Wisets e levantou-se. Olhou-me com desprezo e saiu calmamente do ônibus. Sentei-me e fiquei olhando o corredor se encher com os passageiros. Ele estava correto, realmente eu havia me indagado em como ele teria perdido a mão. Será que Wisets realmente tinha culpa nisso? Eu não deveria acreditar nele. Não é a primeira vez que ele ameaça a Wisets e a mim. Estou cansando de tantas duvidas na minha cabeça.

– Você esta bem? – Wisets pergunta de supetão.

– Estou, volte a dormir. – respondi rapidamente.

– Não, você não tá legal. O que aconteceu? – pergunta.

Pensei bem antes de perguntar, juro que pensei.

– Como... Como o Rick perdeu a mão? – perguntei.

O semblante de Wisets mudou repentinamente. Ela voltou-se para frente e ficou encarando o banco. Agiu como se eu não tivesse lhe perguntado nada. Odeio admitir, mas Rick estava certo, Wisets tinha culpa em algo.

– Há um tempo... Houve uma guerra. Rick se envolveu e me arrastou junto. Eu não queria, mas ele era meu amigo, não podia deixa-lo. – ela disse ainda olhando para o banco - No final, quando o nosso lado perdeu, Rick encontrou a espada. A mordecostas. Ele... Perdeu o controle sobre si mesmo. Atacava inclusive semideuses. Eu precisava intervir. Usei o casaco para prender a mão dele em uma parede, ia deixa-lo lá por alguns minutos, mas quando voltei, ele não estava mais lá. Apenas... Apenas sua mão ensaguentada. E quando nos encontramos... Ele tentou se vingar.

Não sei se ficou feliz ou não por ela ter me contado. Ela realmente prendeu Rick e não o deixou escolha a não ser cortar a própria mão? Pensar em como ela foi capaz de fazer isso com alguém. Não posso confiar em Rick, ele não é digno de confiança.

Olhei para Wisets e vi uma lágrima escorrendo em seu rosto. Botei a mão em sua cabeça e a puxei para perto. Senti seus soluços em meu peito e sua respiração quente. Suas unhas ficadas em minhas costas não me deixavam viajar no momento.

Era estranho pensar que uma garota que viveu tanto tempo sozinha, ainda se permitia chorar. Eu não chorava há um tempo. Desde que ingressei no acampamento, percebi que chorar não era uma opção, mas o acampamento apenas nos ajuda a controlar as emoções, a criar uma casca. Wisets viveu todo esse tempo sozinha e sofreu sozinha. Rick não era o único que havia sofrido.

– Odeio ser sentimentalista – ela disse ainda enterrando o rosto na minha blusa.

–Não deveria – respondi – é bom chorar um pouco, sabe, sair da casca.

Os soluços se transformaram em uma risada. Essa garota é bipolar só pode. Uma hora esta chorando e outra esta rindo. É lógico que a prefiro rindo, mas é no mínimo estranho não acha?

.

.

.

Chegamos a Saint Louis e começamos nossa caminhada. Quando estávamos prestes a travessar a rua quase fomos atropelados por um conversível vermelho.

– Hey! Onde conseguiu sua carteira de motorista? Numa caixa de cereal? – Gritei.

O carro parou cantando pneu e parou bem na nossa frente. O motorista aparentava ter 17 anos e ter saído de um filme de surfistas. Era bronzeado e loiro, estava usando óculos escuros e era musculoso. Não tenho vergonha de tê-lo achado bonito, isso não significa que sou homossexual. O garoto baixou os óculos revelando olhos azuis turquesa. Ele abriu um sorriso para Wisets que ficou vermelha logo.

– Jessie! Justamente quem eu estava procurando – Disse o manequim.

– A... A mim? – perguntou Wisets ficando mais vermelha.

Quem é esse palhaço?

– Lógico. Onde esta? Ah ai esta ele – ele disse apontando pro arco – Vejo que cuidou bem dele. Fiquei muito orgulhoso de tê-lo desenhado para você.

– Poderia nos dizer quem é você – Perguntei meio irritado.

O garoto abriu ainda mais o sorriso. Parecia estar gostando da minha reação. Então começou a falar em rimas

O garoto ciúmes sente

Do Deus Apolo

Porque ele é quente

– Deus das poesias ao seu dispor – Ele respondeu dando uma piscadinha para Wisets.

Meu queixo foi até o chão dessa vez. Apolo? O Deus Apolo? Não posso acreditar.

– Você me deu este arco? – Wisets perguntou tão atônita quanto eu.

Apolo sorriu e por um momento pensei que ficaria cego. A porta de trás do carro abriu sozinha. Apolo nos olhou como se estivesse perguntando: O que estão esperando?

– Que tal conversarmos? – Ele disse.

Nós entramos no carro. Apolo arrancou com tudo, cantando pneu. Neste momento percebi que a viagem no carro do sol não seria tão tranquila. Apolo dirigia como um piloto de kart depois de uma noite de bebedeira. Ele virava para a direita e lançava a mim e a Wisets para a esquerda, eu vice versa.

– Sim eu desenhei este arco para você. Um pequeno presente do seu, digamos padrinho. – Disse o Deus.

– Padrinho? – Perguntou Wisets.

– Pode-se dizer que sim. Considero-me seu padrinho desde a votação – ele comentou.

– Votação? Que votação? – ela perguntou gritando para superar o barulho do vento.

– A votação que fizeram no dia do seu nascimento. Deveríamos mata-la ou não – Começou a responder- Eu e sua mãe votamos que não deveriam te matar. Eu e sua mãe temos mandado reforços para que você sobrevivesse.

Wisets ficou mais branca do que achei ser possível.

– Eu não recebi uma ajuda todos esses anos! – ela gritou.

– Ah não? E esse seu casaco? E seu poder mental? E esse garoto ao seu lado? – Apolo falou entre risos- eu o escolhi a dedo para lhe ajudar.

Agora eu é que estava branco. Eu havia sido escolhido por Apolo para ajudar Wisets? Por Zeus...

– Por que queriam me matar? – ela perguntou. Sua garganta parecia seca.

Apolo olhou para o retrovisor e sorriu.

– É aqui a parada de vocês. Bem vindos a Nova Iorque, a grande maçã – Disse Apolo.

Descemos do carro. Antes de partir Apolo virou para nós e sorriu.

–Você tem um caminho brilhante pela frente Wisets – Ele disse e se virou para mim. – Só precisava ser encaminhada para a direção certa. Até mais.

Apolo acelerou e sumiu no transito da cidade. Olhei ao redor. Finalmente estava em Nova York. É agora ou nunca. E vai ser agora.


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