Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 3
Segredos secretos


Notas iniciais do capítulo

Gostei desse capítulo.Deixem seus comentários, mesmo que seja uma crítica, quero conhecer meus leitores. Boa leitura O3O



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Fiquei aliviado pelo fato de Wisets aceitar minha proposta. Ela era uma boa pessoa afinal, mesmo sendo uma exterminadora sanguinária assassina de monstros. Não a culpo por ser assim, a vida pode ser cruel com algumas pessoas. Definitivamente ela sempre procurava ver o lado bom das coisas. Estava sorrindo apenas por olhar para a lua.

Wisets não quis esperar o dia amanhecer para seguirmos viagem. Porém a convenci de que era melhor passarmos a noite. Ela subiu em uma arvore, sentou-se em um tronco grosso o suficiente para sustentar seu próprio peso e recostou na arvore. De imediato ela não tentou dormir, apenas ficou olhando para o céu estrelado.

Pode parecer estranho, mas acho que fiquei mais nervoso com essa missão quando descobri que Wisets é uma garota. Não que eu não me dê bem com garotas, eu só não fico muito tempo com elas, e agora vou cruzar o país com uma. Olhei para a corrente que ficava pendurada entre mim e Wisets, criava uma curvatura em forma de C.

Ela parecia estar acordada, porém mantinha os olhos fechados. Deveria estar dormindo, mas completamente em alerta, assim como em meu sonho. Suas mãos apertavam o arco, fazendo o nó em seus dedos ficarem brancos. Fiquei a observando até minhas pálpebras pesarem e cai no sono.

Quando acordei, meus olhos foram direto para a arvore, mas ela estava vazia. Esfreguei os olhos e procurei por Wisets. Segui com os olhos a corrente em busca da outra ponta, porém esta estava sem seu respectivo hospedeiro. Como sou idiota, pensei. Wisets fugiu.

- Eu não devia ter desviado a atenção. – Disse em voz alta.

- Desviar a atenção de que? – Disse uma voz do nada.

Meu coração deu um salto tentando fugir de meu peito e correr para longe. Ela estava me olhando enquanto mastigava folhas de hortelã. Quando uma folha ficava gasta, ela a tirava da boca e jogava longe. Como percebi, seu braço se libertara da corrente. Como fizera isso eu não tenho ideia.

- Nunca mais me assuste assim – disse enquanto recuperava os batimentos cardíacos – Achei que você tinha...

- Fugido? – Ela me interrompeu. Leu minha mente? – Poderia ter sumido daqui, mas dei minha palavra em um acordo ontem. Hortelã?

Ela agia como se não tivesse quase me matado do coração. Mastigando calmamente as folhas. Levantei-me e examinei a outra ponta da corrente, nenhum arrombamento, sem sinal de corte, nenhum arranhão. Como essa garota se soltou? Olhei para ela, e depois novamente para a corrente. Não encontrei nenhuma resposta.

- Como você... – perguntei incrédulo – como você se soltou?

Ela apenas puxou a manga do casaco verde, como se a resposta estivesse obvia ali. Apenas sacudi a cabeça demonstrando que não entendi.

- Meu casaco permite que eu passe por objetos sólidos – Ela respondeu como se fosse simples.

- Isso é... – comecei a dizer.

- Estranho? Diferente? Você se acostuma. – Ela disse.

- Eu ia falar demais, mas esses adjetivos também servem. – Respondi.

Ela começou a rir. A risada dela era tão divertida que comecei a rir. Eu ria de sua risada, ela ria da minha, e assim entramos em um ciclo vicioso. Demoramos horas para recuperar a respiração, porém nos entre olhamos e começamos a rir novamente.

- Ai minha costela – disse wisets tentando parar de rir.

Quando finalmente paramos, nem nos lembrávamos do porque estarmos rindo. Então reparei que o acampamento provisório havia sido totalmente desmontado. Wisets segurava minha mochila nas costas e o arco em mãos.

- Mas o que? – perguntei.

- Quero chegar logo em Nova York, dizer não a ir para o acampamento e voltar para minha vida normal – Ela disse rispidamente.

- Por que não quer ir para o acampamento? – perguntei – Fala serio, nem conhece o lugar! Lá é um paraíso se comprado ao mundo aqui de fora.

- Não ligo para o paraíso – Ela falou, e pegou a ponta da corrente – Eu não gosto de ficar presa.

- Ficar Presa? Ter um lar não é estar... – Parei de falar, e enfim entendi. – Você fugiu de casa... É isso, você fugiu de casa!

- Não é da sua conta! – ela gritou.

Ela olhou para o chão. Percebi que suas mãos apertavam o arco como na noite anterior. Virou-se de costas e começou a andar pesadamente até uma arvore, tirou minha mochila, a pendurou em um galho, começou a andar até outra arvore e se recostou. Fiquei olhando para ela esperando uma reação.

- Esta esperando o que? – ela falou secamente. – Não podemos ficar parados.

Peguei minha mochila na arvore e fiz sinal de que podíamos seguir viagem. Durante todo o trajeto ela andou a minha frente. Não disse uma palavra, nenhum gesto, nenhum sorriso. Parece que falar sobre sua antiga vida era doloroso, porém era certa, ela havia fugido de casa.

.

.

.

A noite caíra. Havíamos andado durante todo o dia, minhas pernas pareciam ter sido transformadas em pudim. Andamos em um ritmo constante, enquanto eu estava morrendo ela parecia normal. Não fatigava, não suava nem parecia sentir dor. Durante o dia cruzamos o estado da Califórnia e a noite chegamos a Battle Montain, Nevada.

Implorei para pararmos para acampar e no dia seguinte continuar a viagem. Nos instalamos próximo a um rio. Joguei a mochila no chão e me joguei por cima, comecei a caçar minha garrafa d’água. Encontrei e bebi um longo gole e ofereci a Wisets. Ela me ignorara completamente, era como se eu não existisse. Ela subira em uma arvore suas mãos ainda apertavam o arco, deveriam estar dormentes. Odiava aquela situação, ficar sem falar com uma pessoa que estava ao meu lado era tortura psicológica.

- Desculpe por me meter em sua vida. Você tem razão, não é da minha conta – disse por fim.

Um século se passou em silêncio, depois reparei que , segundo meu relógio, passara-se apenas 1 minuto. Ela desceu da arvore e sentou-se ao meu lado. Mantinha os olhos voltados para o chão. Sua mão afrouxara do arco, ela estava branca de tanto apertar.

- É verdade, fugi de casa. – ela começou – Falar sobre minha antiga vida é irritante, acabei descontando a raiva em você. Desculpe.

Acredito que ambos estávamos errados, mais eu do que ela. Wisets parecia ser uma boa pessoa, apenas fora castigada pela vida. Obrigada a viver nas ruas e a sobreviver. Para mortais era difícil sobreviver nas ruas, mas para semideuses era pior, atraímos monstros como imãs gigantes. Se ela tinha uma casa, porque ela fugiu?

- Fugi porque sou um perigo pro meu pai – ela disse deprimida.

- Fala serio! Você consegue ler mentes? – perguntei rindo, procurando quebrar o gelo.

- Por isso sou um perigo... – ela respondeu tristemente.

- Ah... Serio?- perguntei incrédulo.

Ela assentiu. Agora entendi porque ela fugiu e porque ter um lar parecia uma prisão. Muitos devem tê-la usado como meio de conseguir poder. Conseguir informações sobre seu inimigo é um ótimo jeito de se conseguir a vitória. Fiquei com nojo de mim mesmo por ter pensado em Wisets como uma arma.

- Não me surpreenderia se tivesse medo de me levar pro paraíso – Ela falou baixo.

- Não vai se livrar tão fácil de mim – eu disse.

- Sabe que está em perigo? – ela perguntou deprimida.

- Amigos são para isso, fazemos coisas idiotas para proteger uns aos outros. –eu disse sorrindo.

Ela levantou os olhos, por um momento parecia surpresa. Então sorriu e suas bochechas coraram. Estava certo Wisets é uma boa pessoa, apenas sofrida e castigada pela vida. Rezei para que ela não tivesse lido minha mente, pois jurei silenciosamente que, mesmo que por pouco tempo, a faria rir e se divertir. Não deixaria ninguém a usar como uma arma novamente.

Wisets permaneceu no chão. Ficamos conversando enquanto observávamos a lua. Seus olhos pareciam cristais cintilando à noite. Depois de muito conversarmos, Wisets apagou revelando como estava exausta. Dormia mais relaxadamente, diferente da noite anterior. Sua cabeça caiu usando meu ombro de travesseiro, não liguei para isso. Tudo ficou calmo, até a manhã chegar.


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