Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 2
Você é...




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Assim que Argus me deixou no centro de Nova York, segui diretamente para aeroporto. Meu pai trabalha em uma empresa aérea, o que tornou a tarefa de conseguir uma passagem de graça diretamente para a Califórnia bem simples. Durante o voo minha mente só estava fixa nos olhos cinza de meu sonho.

Desde que cheguei ao acampamento fui treinado para analisar a expressão das pessoas. Era bom nisso, porém aquela expressão era difícil de descrever. Alivio? Preocupação? Curiosidade? Mas com certeza insônia. O tempo passou voando e eu cheguei à Califórnia. Sai do aeroporto e peguei um taxi em direção ao Buena Vista Park. Durante todo o percurso fiquei vidrado na janela do automóvel. A cidade era linda ao por do sol, os bondes vermelhos cintilavam carregando moradores e turistas para todos os lados.

Cheguei ao parque, e puxa não esperava ser tão grande, vai ser difícil encontrar um estranho em toda esta extensão. Mas como sempre... Eu errei... E feio.  Algo esbarrou em mim. Quando reparei era justamente o que eu estava procurando. O ser encapuzado. Agarrei seu pulso e o impedi de correr.

-Espera ai eu estava te procurando- Eu disse.

O mascarado apenas me olhou com alerta e começou a tentar se libertar. Perguntei o que estava acontecendo, mas ele não me disse uma palavra. Resolvi olhar na mesma direção e vi o que o assustava tanto. Um cão infernal gigantesco corria em nossa direção a uma velocidade impressionante.

Segurei o pulso do mascarado com mais força e comecei a puxa-lo em uma tentativa de fuga desesperada. Você deve estar pensando: Ora! Você é um filho de Hécate, use magia! Uma novidade para você, quando se está correndo para salvar sua vida e de mais uma pessoa, sua mente bloqueia qualquer tipo de feitiço.

O mascarado do meu sonho era rápido como um raio, porém este que estava comigo corria mais pesadamente. Olhei para ele procurando a resposta, e vi que ele estava com a perna ensanguentada e parecia sério. O cão infernal saltou sobre nós, empurrei o garoto para o lado.

O cão me acertou com força fazendo com que eu batesse a cabeça em uma arvore. Minha visão ficou turva, mas pude ver o mascarado enfiando a flecha vorazmente no corpo do animal. Depois de brutalmente matar o monstro, ele veio cambaleando até mim, então minha visão escureceu.

...

Quando acordei já estava de noite, eu estava recostado em uma arvore com minhas mãos presas nela por uma corda. Quando ia recitar um feitiço, ouvi um barulho de mata se movendo. Da mesma arvore em que estava, o mascarado desceu. Os olhos cinza me encaravam com curiosidade. Consegui ver melhor seu ferimento, o corte percorria todo a panturrilha e o sangue ainda não havia parado de sair do ferimento.

- Quem é você? – perguntei

Ele se levantou e começou a correr da melhor maneira que conseguia.

- veri excursus- gritei e ele caiu imediatamente no chão. - Ignem Libertatis.

Assim que pronunciei o ultimo feitiço, as cordas, que então me prendiam, entraram em combustão imediatamente. Levantei-me e fui em sua direção. Ele tentava se arrastar até uma arvore, mantinha as mãos na panturrilha o tempo todo, parecia sentir muita dor.

- Me escute... Por favor. – eu disse – eu não vou te machucar, deixe-me te ajudar.

Ele assentiu, ajudei-o a ir até minha mochila onde tinha primeiros socorros. Limpei o ferimento e ofereci um pouco de néctar, ele aceitou e bebeu um gole. Em nenhum momento ele olhou para mim ou respondeu a alguma pergunta minha. Ele tentou fugir quando virei o rosto, mas não conseguiu. Mesmo não querendo fui obrigado a acorrenta-lo a mim com uma corrente pelos pulsos.

- Escute – comecei a falar- Eu fui mandado por um acampamento para te encontrar. Esse acampamento é para pessoas como nós, com habilidades especiais. Eu preciso te levar até lá de qualquer jeito.

Olhei para ver se ele estava me escutando e o vi admirando a lua. Parecia não estar ligando para o que eu dizia, como se todos os dias aparecessem pessoas tentando leva-lo para um lugar desconhecido por uma pessoa que conhecera há 3 segundos. Ele mantinha uma expressão calma, resolvi então deixa-lo admirar a noite.

Levantei-me e comecei a preparar uma fogueira e coloquei alguns marshmallows. Depois de já pronta, sentei-me ao lado do mascarado novamente. Ele já não admirava o céu, estava sentado de pernas cruzadas riscando a terra com um graveto. Resolvi tentar descobrir mais sobre ele.

- Meu nome é Marshall Magnox, filho de Hécate – comecei – e você é...

Não obtive uma respostar, ele apenas continuou a rabiscar.

- você não vai falar comigo? – perguntei.

Surpreendentemente consegui uma resposta, mas escrita e não oralmente. Ele escreveu no chão: Sim, falarei com você. Melhor que nada, não?

- Vai me dizer seu nome? Ou sobrenome? – perguntei esperançoso.

Ele escreveu: Apenas sobrenome, Wisets.

- Sabe de quem é filho? – perguntei rezando por uma resposta direta.

Ele escreveu: Atena. Posso comer um marshmallow?

- Claro... – Respondi

Como não pensei nisso? Ele poderia estar faminto. Viver nas ruas era uma tarefa difícil, ser um exterminador de monstros mais ainda. Mas ser isso tudo e ainda estar ferido era muito pior. Ele se levantou ruidosamente, e foi mancando em direção à fogueira.

O que aconteceu a seguir quase fez meu coração saltar pela boca. Durante o percurso até a fogueira, wisets tropeçou no próprio pé e caia na direção da fogueira. Corri o mais rápido possível e agarrei seu pulso. Próximo de sua cabeça acertar a fogueira puxei seu pulso e nos lancei para o lado.

Quando percebi, havia caído em cima dele. Levantei a cabeça e encontrei os olhos cinza me encarando assustados, e pela primeira vez o rosto não estava escondido pelo capuz verde. Sua pele era lisa, os cabelos longos, encaracolados e castanhos. Wisets era...

- Você é uma garota! – eu disse sem acredita nos meus olhos.

Wisets me empurrou para o lado e se levantou. Novamente com a velocidade que vi em meu sonho ela pegou o arco e tentou correr, mas minha corrente a segurou, ela ficou puxando a corrente para se libertar.

 - Espera o que houve? – Perguntei. – Eu disse que não vou te machucar, até porque você pode me matar facilmente. Continue confiando em mim, eu só quero te levar pro acampamento.

- E se eu não quiser ir? Você pensou nisso? – Wiset gritou. – Eu não quero ir a lugar nenhum!

- Tudo bem! Tudo bem! – Eu disse. – Você vai comigo até Nova York, se até lá eu não te convencer a ir para o acampamento, eu te deixo ir embora. Feito?

Estiquei a mão, ela se aproximou e analisou o cumprimento. Por fim ela tocou minha mãe e fechamos o acordo.

- Agora vai me dizer seu nome? – Perguntei rindo.

- Jessie. Jessie Wisets – Ela respondeu retribuindo o sorriso.

O sorriso mais sincero que eu já vi.


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