Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 15
"Como eu sentia falta dessa reação"


Notas iniciais do capítulo

É... ta acabando galera. Aproveitem esse cap.



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               Não imaginava estar tão cansado. Quando Gillian me acordou já estava na hora do almoço. Rick não estava mais na maca, os ferimentos em seu rosto já estavam cicatrizados e ele estava de pé. Ambos olhavam para mim sérios. Levantei-me rápido da minha maca, já me preparando para a notícia.

                – O que aconteceu? E a cirurgia? – minhas perguntas saiam uma atrás da outra, sem nem ao menos respirar – Onde está Wisets?!

               – Calma, Marshall. – Disse Gillian – Ela está bem. A cirurgia foi um sucesso e ela já está no quarto descansando.

               – Graças aos deuses – senti meu corpo relaxando e um sorriso cansado brotou em meus lábios – Qual quarto ela está?

               – Nem adianta se empolgar que você não pode vê-la agora – disse Rick – Um tal de Quíron quer falar com a gente.

               Olhei para Gillian e ela assentiu de maneira séria. Disse que de qualquer modo eu não poderia falar com ela, pois durante o pós operatório só a equipe médica poderia entrar no quarto de Wisets, pelo menos até ela acordar e tudo indicar que ela está pronta para receber visitas. Fiquei mal com a notícia, mas pelo menos ela estava bem e não corria mais risco. Enquanto eu e Rick saíamos da enfermaria, Gillian garantiu que assim que ela acordasse e estivesse tudo certo, ela me chamaria para ver Wisets. Enquanto caminhávamos em direção a casa grande, com nossos pés na neve que se acumulara, percebi Rick admirando o acampamento com os olhos brilhando. O acampamento ficava particularmente bonito no inverno, tínhamos uma redoma mágica invisível para controle climático, assim nossas atividades não precisavam ser suspensas em dias extremos. A redoma permitia a passagem da neve, mas só o suficiente para deixar o acampamento com uma fina camada. O pano branco destacava as cores dos chalés e eles pareciam mais brilhantes. O lago brilhava com o sol do inverno. Por ser hora do almoço, não cruzamos com nenhum outro campista. Ao chegarmos na casa grande batemos os pés para tirar a neve e passamos pelas portas.

               Seguimos pelos corredores e ao chegar na porta do escritório de Quíron ele nos mandou entrar, sem nem ao menos batermos na porta. O escritório era todo revestido em bronze celestial, tornando o escritório o único lugar seguro para semideuses usarem tecnologia. Quíron não estava em sua cadeira de rodas mágica, então seu corpo de corcel branco estava todo amostra. Rick estava de queixo caído, acho que era a primeira vez que via um centauro pessoalmente. Ao lado dele estava a espada de Rick, ao olhar para o garoto percebi que ele havia ficado pálido e mirava com raiva para a espada.

               – Meninos! Espero que tenham se recuperado bem. – Disse Quíron sorrindo – Marshall, acredito que você não falou com sua irmã desde que chegou. Sinta-se à vontade para mandar uma mensagem de íris, enquanto eu converso a sós com Rick.

               Sabendo que fui dispensado temporariamente, segui para a sala ao lado, onde uma fonte produzia um arco-íris 24h por dia e sete dias na semana. Joguei um dracma e falei o nome de minha irmã. Ao aparecer sua imagem, pude ver que ela estava bem. Como? Ela estava deitada em um quarto de hotel com uma taça de vinho na mão e muita comida espalhada pela cama. Ela levou um tempo até me notar, mas assim que o fez ela soltou um gritinho de felicidade. Me contou o que aconteceu depois que eu e Wisets fugimos. Parece que para os mortais a casa explodir foi decorrência de um vazamento de gás, então a empresa está reconstruindo a casa e pagando a estadia para ela morar no hotel enquanto não acabam com a obra. Ela perguntou sobre Wisets e quando contei o que havia acontecido seu rosto ficou sério e ela chegou a largar o vinho, mas após eu dizer que ela estava bem e que a cirurgia deu certo ela pegou a garrafa e reencheu sua taça para “comemorar”. Conversamos mais um pouco e quando ela me perguntou se eu já tinha dado uns amassos na Wisets resolvi encerrar a conversa ao passar minha mão em sua imagem. Sai com o rosto vermelho e, batendo na porta, voltei a entrar no escritório. Rick sorria de maneira aliviada, parece que a conversa com Quíron foi prazerosa, como costuma ser. Sentei-me na poltrona ao lado de Rick enquanto eles terminavam sua conversa. Quíron então voltou-se para mim e pediu para que eu fizesse o relatório da missão. Não estava com a cabeça 100% no lugar, então contei desde como encontrei Wisets até a batalha na fábrica de janelas abandonada. Rick permaneceu o tempo todo de cabeça baixa. Ao finalizar o relatório, Quíron olhou para mim e sorriu dizendo que minha missão tinha sido um sucesso. Sorri de cabeça baixa, não sentia o sucesso, muito pelo contrário.

               – Nossa, eu não imaginava entrar num clima tão pesado – Disse uma voz na porta – sorte que vim iluminar o dia de vocês!

               – Apolo?! – disse surpreso ao ver quem era – o que você faz aqui?

               – Apolo? Tipo... o deus Apolo? – disse Rick de queixo caído.

               – O próprio. Olá Quíron. – disse o deus – posso participar da conversa?

               Quíron assentiu e fez sinal para que o deus se aproximasse. Apolo se recostou na mesa do escritório e repousou o embrulho que carregava em sua superfície. O deus sorriu para mim e para Rick, e eu juro que a sala realmente ficou mais brilhante e quente.  Pegando o embrulho ele o entregou para Rick. O garoto ficou olhando para o embrulho e então o pegou das mãos de Apolo. Com o queixo ainda aberto de surpresa, Rick abriu o pacote. De dentro ele retirou um casaco idêntico ao de Wisets, mas em um tom azul escuro. Os olhos do garoto se alternavam entre o presente e o ser que o havia entregado. Então fixou seu olhar em Apolo e as milhões de perguntas que queria fazer estavam claras. Eu também tinha minhas perguntas, mas este não era o momento certo para fazê-las.

               – Acredito que esse casaco que está usando não te pertence – Disse Apolo sorrindo – Então tomei a minha liberdade como padrinho de te presentear com o seu próprio. Ele só é um pouco diferente, o seu é impenetrável. Blinda seu corpo todo, melhor escudo que você poderia ter.

               – Padrinho?! – Perguntou o menino com os olhos arregalados.

               – Você e Jessie são gêmeos. Votei contra a morte precoce dos dois. Logo acho justo eu ser o padrinho de ambos – respondeu o deus segurando uma risada – Eu ia te entregar antes, mas acredito que você não estava pronto como agora. E digamos que tive uma experiência com merecimento recentemente. – o deus deu um sorriso para Quíron.

               Rick estava sem palavras. Passava os dedos pelo tecido do casaco o admirando. Começou a tirar o casaco verde de Wisets, o dobrou com todo o respeito e o entregou para mim. Vestiu o novo casaco e ficou um tempo se olhando.

               – Me ataca – disse virando para mim. Me neguei de prontidão. – Anda logo e me ataca!

               Conjurei uma adaga e tentei cortar seu braço, mas a lâmina ricocheteou como se tivesse batido em uma parede. Rick e eu nos entreolhamos e ele começou a gritar de empolgação. Agradeceu a Apolo mais vezes do que eu poderia contar. Eu e os demais integrantes da sala começamos a rir enquanto víamos Rick tentando se furar com a adaga.

               – Apolo?! –gritou uma voz da porta.

               – Como eu sentia falta dessa reação – disse o deus sorrindo.

               Gillian estava parada na porta do escritório e, assim como Rick, seu queixo estava no chão. Rapidamente ela se recompôs e olhou para mim sorrindo. De imediato entendi o que aquele sorriso queria dizer. Wisets acordou. Levantei-me e estava prestes a me retirar quando Quíron me chamou.

               – Uma última coisa, Marshall. – Disse o centauro – Vou restringir seu horário de visitas a enfermaria para apenas uma hora por dia, até que a senhorita Jessie receba sua liberação médica.

               – O que?! – disse surpreso – Isso é injusto, Quíron!

               – É a melhor decisão no momento. Sei que passaria o dia inteiro na enfermaria se eu não implementasse essa regra – disse e devo admitir que ele estava certo – Uma hora por dia.

               Relutantemente assenti e sai rápido do escritório. Comecei a correr assim que sai da casa grande. Desviei de todos os campistas que encontrei pelo caminho e tentavam conversar comigo. Meus sapatos faziam um barulho engraçado quando eu corria pela neve. No meio do caminho desacelerei e peguei uma flor num vaso alheio, depois voltei a correr a toda velocidade. Entrei na enfermaria e subi até o segundo andar ignorando os enfermeiros que me mandavam parar de correr dentro da enfermaria. Olhei de porta em porta até achar o quarto correto, minha respiração pesada de tanto correr. Pela janelinha de vidro da porta quatro pude ver Wisets sentada na maca, admirando o lago pela janela do quarto.

 


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