Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Gente, nenhuma desculpa na face da Terra pode justificar um mês inteiro sem postagens, mas a vida de vestibulanda é uma loucura. Mil perdões pela demora! O capítulo não é tão grande dessa vez, mas prometo que o próximo vai compensar.
Agora chega de enrolação! Boa leitura a todos e desculpem pela demora outra vez! >



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- Evans, se você odeia tanto a minha companhia, por que nós não fazemos a ronda separados?

Já era segunda-feira e James não conseguia se lembrar de uma ocasião em que tivesse se sentido mais desconfortável do que naquele momento, patrulhando os corredores com Lily. Basicamente, ela o estava ignorando desde a noite de sábado.

- Algum problema? – Lily falou calmamente.

- Sim. Você não fala mais e, quando fala, é um monossílabo – ela deu de ombros.

- Eu nunca fui muito tagarela

- Também nunca foi muda, pelo que eu sei. E não adianta negar: você amarra a cara sempre que me vê.

Lily não respondeu. James bufou impacientemente, assanhando os cabelos.

- Bem, independente disso, eu não participarei das rondas na próxima semana – informou. Lily parou de anda, olhando-o com desconfiança.

- Como assim não vai participar das rondas? – quis saber.

- Tenho um compromisso.

- Que dura todas as noites da semana? – ele sabia que Lily não estava convencida e sabia que ela não aceitaria nada sem algumas explicações. Suspirou, tentando convencer a sim mesmo de que não estava fazendo aquilo em grande parte para provoca-la. Nunca antes ele a tinha avisado sobre suas faltas.

- Evans, é uma longa história... Mas é por uma causa nobre.

- Claro. Provavelmente, você reservou uma causa para cada noite.

- Ei! – ele protestou, indignado. – Não é nada do que você está pensando! – Lily deu uma risada incrédula. – Ano passado você nunca reclamou quando eu faltava – ele lembrou. – E olha que eu nem avisava antes!

- Não importa! – as bochechas de Lily coraram rapidamente. – Eu não posso simplesmente acobertar suas irresponsabilidades, Potter.

- Irresponsabilidade?! Quem falou em irresponsabilidade?! Olha, eu falto na próxima semana e, na outra, você descansa – Lily cruzou os braços à frente do peito.

- Eu não acredito nisso! Você está mesmo me oferecendo uma coisa dessas?! – ela balançou a cabeça. – Sabe, Potter, algumas pessoas não fogem dos seus compromissos.

Ele se esqueceu completamente de provoca-la. No fim das contas, Lily conseguiu tirá-lo do sério.

- Quer saber?! – James explodiu. – Por mim, tanto faz. Passar bem, Evans!

Poucos minutos depois, ele entrou no dormitório masculino, batendo a porta atrás de si com toda a força e sobressaltando Frank, que estivera concentrado em ler um resumo de Herbologia.

- Barbas de Merlin! O que houve? – ele perguntou assustado.

- Nada, Frank, nada...

- Certo...

- Pontas? – Remo, que vinha saindo do banheiro com os olhos arregalados, estranhou a presença do amigo. – Você voltou mais cedo hoje.

- Não enche, Aluado.

- O que houve? – espantou-se Remo.

- Nada, Remo, nada... – Frank imitou o tom de James.

- Ah, calem a boca vocês dois! – James se largou na própria cama, com o corpo ardendo de raiva.

- Já vi que seu motivo é ruivo e dono de belos olhos verdes – Remo falou, revirando os olhos. James lhe lançou um olhar mortífero.

- Escutem aqui – ele disse, sentando na borda do colchão – vocês são testemunhas de que eu tentei, eu juro que tentei, mas não consigo suportar os acessos bipolares da Evans! – tentou ignorar aquela fisgada esquisita no estômago. – De uns dias para cá, ela cismou em ficar de mau humor e agora deu para jogar na minha cara que eu sou um irresponsável.

- Que calúnia... – Frank murmurou. – James o fuzilou com o olhar.

- Ela sempre me deixava faltar sem dar qualquer satisfação no ano passado, mas, francamente, eu cansei de ter alguém jogando tudo na minha cara todo dia. A gente até que estava convivendo bem, mas, se a Evans não consegue manter um clima agradável, o problema é dela! Não preciso escutar essas coisas! Se ela não me aguenta, nós podíamos simplesmente fazer a ronda separados e pronto. Não é como se fizéssemos questão da companhia um do outro.

Ele estava ofegante e frustrado como jamais se sentira. Remo pareceu desconcertado.

- A coisa tá tão séria assim?

- Eu não disse que é um grande problema...

- Você sabe que não precisa faltar, certo?

James e Remo se entreolharam. Na semana seguinte, seria lua cheia e Remo já estava com sua típica expressão de culpa. Ele sabia que James queria acompanha-lo durante o ciclo daquele mês, exatamente como faziam todos os meses desde o quinto ano.

- Relaxa, Aluado – James falou mais calmo. A Evans não pode me proibir de faltar.

Remo ficou inquieto, mas James apenas suspirou demoradamente, assanhando os cabelos, e se largou na cama outra vez. Ele começou a brincar com o velho pomo-de-ouro, enquanto Frank e Remo falavam sobre os deveres de Herbologia. Não queria continuar com raiva de Lily. Não queria pensar nela. Queria ignorá-la. Queria ser imune às suas críticas. Começou a desejar que alguém puxasse conversa para distraí-lo, mas isso só aconteceu após um bom tempo, quando Sirius e Peter apareceram.

- Ah, nada como implicar com o Ranhoso... – suspirou Sirius.

- O que foi que vocês fizeram? – Remo perguntou alarmado. Peter soltou uma risada abafada e Sirius deu de ombros.

- Bem, eu o deixei com as sobrancelhas cor de rosa, pendurado pelo calcanhar numa brecha atrás de uma tapeçaria – ele fez uma cara pensativa. – Talvez Filch o encontre amanhã, já que o Feitiço da Confusão deve estar forte demais para o Ranhoso escapar sozinho.

À medida que a imagem se formou em sua mente, James caiu na gargalhada. Na verdade, Remo foi o único que conseguiu segurar um riso escandaloso. Até Frank sentia um prazer vingativo em saber que alguém revidava as implicâncias de Snape.

- Como eu queria ter visto isso! – James exclamou, sentando-se outra vez. Sentiu uma satisfação enorme por está aprovando algo que Lily certamente condenaria. Peter já estava inflando de tanto rir. Sirius também estava se empolgando, seus olhos começaram a lacrimejar.

- Vocês deram muita sorte de não terem sido pegos pela Lily – Remo comentou. Sirius deu de ombros.

- O corredor estava totalmente deserto – ele disse, sentando na própria cama. – Além do Peter, que só ficou olhando, como sempre, apenas Marlene e Michael McLaggen viram o que houve. Aliás, o McLaggen rolou de rir – Sirius bocejou demoradamente e se deitou devagar. – Vai ver ele é um sujeito legal.

- Claro que ele é ótimo – Frank ironizou. – Especialmente, com a Marlene por perto.

Sirius não entendeu.

- O que isso tem a ver?

- Ora, eles estão saindo – Sirius ergueu as sobrancelhas.

- Marlene e Michael McLaggen?

- Sim – Frank confirmou, como quem diz o óbvio. – Eles estão “juntos” desde a segunda semana e...

- Espera um pouco! – Sirius sentou na cama com uma expressão indignada. – Como isso aconteceu?! – Frank franziu a testa.

- Do jeito de sempre, cara. Alice me contou que o Michael começou a puxar conversa com a Lene ainda no início das aulas.

- Mas o McLaggen é um idiota!

- Calma aí, Almofadinhas – James interveio. – O que você tem a ver com isso?

- É – Remo apoiou. – Agora há pouco, você elogiou o bom senso de humor do McLaggen.

- Agora é diferente – atrapalhou-se Sirius.

- Não é não – Peter se manifestou. – Você não achou mesmo que eles estavam só voltando da biblioteca, não é? Não quando o McLaggen estava com aquele hematoma enorme no pescoço – James seria capaz de jurar que o rosto de Sirius estava esverdeado.

- Talvez o Almofadinhas só tenha prestado atenção em uma pessoa naquele corredor, Rabicho – Remo provocou.

- Isso mesmo! – Sirius exclamou decidido. – Eu estava concentrado em rir do Ranhoso.

- Que mentira! – Peter denunciou. Sirius fingiu não ouvir.

- Bom, o que eu quero saber – James começou – é por que você ficou tão indignado de saber que a Lene está com o McLaggen.

- Eu não estou indignado – Sirius falou sem emoção. Os outros quatro fizeram expressões descrentes. – Apenas fiquei surpreso. Antigamente, Marlene tinha bom gosto. Agora, se os senhores me permitem, eu vou tomar banho.

Ele já estava na metade do caminho para o banheiro quando Peter retrucou:

- Bem, McLaggen é rico e joga quadribol muito bem. Vai ver ela prefere corpos atléticos, Almofadinhas.

- Rá! – Sirius resmungou, emburrado. Os outros rapazes caíram na gargalhada. – Qualquer um adoraria esse meu corpinho, Rabicho.

Quando ele fechou a porta do banheiro, Frank bateu no ombro de Peter.

- Foi bem lembrado, Pedrinho.

**********************************************************************

Lily caminhava apressada pelos corredores de Hogwarts, revoltada com o que acabara de acontecer. Potter não só tinha sido cínico o suficiente para pedir dispensa das rondas na semana seguinte, como abandonara a daquela noite.

- Idiota! – Lily resmungou pela milésima vez.

Ela se perguntava como Potter havia regredido tanto em tão pouco tempo. E o que ele podia ter de tão importante para a semana seguinte, afinal? No sexto ano, ele sumia vez ou outra das rondas, às vezes, por várias noites seguidas. Mas, na época, as coisas eram muito diferentes. Eles mal conseguiam se encarar depois de terem se beijado numa sala de aula vazia e, de certa forma, Lily se sentia culpada demais para exigir que Potter fosse um monitor exemplar. Na verdade, era um alívio saber que não precisaria vê-lo todos os dias e fingir que não pensava constantemente no que tinha acontecido entre os dois.

Talvez tudo isso explicasse a atual situação de Lily. Durante o último ano, ela teve de admitir que Potter já não parecia o cafajeste irresponsável de sempre. Ele também sabia ser uma companhia agradável. Ele era divertido e tinha uma mania engraçada de assanhar os cabelos. Ele preferia uísque de fogo à cerveja amanteigada, mas sua bebida favorita ainda era suco de abóbora. Ele podia ter inúmeros defeitos, mas era um bom amigo para os Marotos e até que estava mais aplicado às atividades de monitor. Qualquer pessoa podia perceber isso. Lily suspirou.

“Qualquer pessoa” repetiu mentalmente.

Quando chegou ao dormitório feminino, Alice e Marlene estavam às gargalhadas.

- Eu não acredito! – Alice exclamou. – Deve ter sido cômico!

- O que foi que houve? – Lily quis saber.

- Lily! – elas exclamaram em uníssono. Então, com algum esforço para não se engasgar de tanto rir, Marlene lhe contou sobre a última peça que Black pregara em Snape.

- Foi hilário! – Marlene concluiu. Lily balançou a cabeça.

- Black não tem jeito... – comentou. – Aposto que ele fez isso enquanto eu estava na ronda.

- Provavelmente – Marlene concordou –, mas Sirius tem o dom de quebrar as regras sem ser pego.

- Marlene disse que até o McLaggen caiu na gargalhada quando viu o estado do Snape – Alice acrescentou.

- McLaggen? – Lily repetiu. – Quer dizer que vocês estão mesmo se divertindo juntos?

- Bem, eu estava esperando você chegar da ronda para contar a novidade – ela explicou.

- Como assim? – Alice desconfiou. O sorriso de Marlene aumentou.

- Michael quer que a gente namore de verdade – Lily e Alice se entreolharam, chocadas.

- McLaggen?! – disseram juntas.

- Qual o problema? – Marlene falou calmamente.

-Bem, McLaggen é McLaggen... – Alice disse com uma careta.

- Mas o problema depende mais da sua resposta – Lily interveio.

- Eu disse que não queria, é óbvio – Marlene estava se divertindo com a confusão das duas, era notável. – Mas concordei que podemos, bem, nós continuamos saindo, sabe... Vamos ver no que dá.

Lily ainda estava desorientada.

- Bem – manifestou-se Alice, num tom aliviado –, isso parece algo que você faria – Marlene concordou, feliz da vida. – Com o Sirius.

- QUÊ?!

- Só estou dizendo – Alice explicou – que você agora não poder se divertir com ele sempre que tiver vontade, não é? – Marlene pareceu meio sem jeito.

- Que bobagem, Lice! Vocês levam tudo tão a sério... E a última vez em que fiquei com Sirius foi...

- Foi no último trimestre, numa cabine vazia do Expresso de Hogwarts – Lily falou em tom acusatório. – Lembro bem que flagrei os dois durante a ronda. E vocês trocaram cartas durante o verão.

- Não é como se fôssemos casar por causa disso – ela retrucou. – Sirius é legal, mas é muito... escorregadio. Michael já sabe mais o que quer. Além do mais, Sirius e eu somos amigos.

- É, amigos muito coloridos – Alice debochou. Marlene revirou os olhos.

- Foi divertido, mas quero uma coisa nova, ok?

- Não posso culpa-la – Lily falou. – Duas criaturas com quem não vale a pena viver um flashback: Potter e Black.

- E lá vamos nós de novo... – suspirou Alice.

- O que o James fez agora? – indagou Marlene.

Bem, ele esqueceu aquela conversa de amadurecer e agiu feito um idiota. De novo.

Lily contou sobre o pedido de Potter e toda a confusão que o seguiu. Quando terminou de falar, as outras duas pareciam confusas.

- O que ele tem de tão secreto e tão importante para resolver?! – perguntou Alice.

- Foi isso que eu pensei – Lily disse irritada. – Tá na cara que ele só quer um motivo para faltar.

- Acho que você pegou pesado – Marlene opinou. Lily lhe lançou um olhar indignado. – Por que você não o deixou faltar? Pensei que isso fosse comum no ano passado.

- Mas agora é diferente! – atrapalhou-se Lily. Não passara pela cabeça dela que suas amigas tomariam o partido de Potter.

- Por que seria diferente? – Marlene desconfiou.

- É! – Alice apoiou. – Por quê?

- Ora essa... – Lily sentiu as bochechas corando. – De que lado vocês estão?!

- Não é uma questão de lado – Marlene falou calmamente. – Eu só fico imaginando quando você começou a exigir a companhia do James.

- Eu não exijo a companha dele! – ela protestou.

- E por que não o deixa faltar? – Alice quis saber.

- Se Potter não quer ser monitor, basta que entregue o distintivo! Não precisa fugir do trabalho.

- Você sempre pode dedurá-lo – Marlene sugeriu.

- Quê?! – Lily arregalou os olhos.

- Ele faltaria da mesma forma – Alice interveio – e ainda odiaria a Lily.

- Isso mesmo! – Lily disse, agradecida. Marlene não se convenceu.

- Se ele quisesse realmente odiar a Lily, teria feito isso nos últimos trimestres, depois daquele fora memorável.

- Marlene, isso não faz nenhum sentido! – Lily sentenciou, frustrada. Ela olhou para as amigas, suplicante. – Potter está me enrolando! Vocês deveriam estar com raiva!

- É – Marlene disse pensativa –, ele pode até estar te enrolando, mas eu ainda aposto que o James é irremediavelmente apaixonado por você.


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