Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

É, demorou, mas prometo que foi por um bom motivo! >< COmo diria o ditado: antes tarde do que nunca. Sem mais delongas... vamos ao capítulo. Espero que gostem! ^^'



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Lily estava sentada no chão do salão comunal, apreciando a movimentação de seus colegas de Casa. A alguns metros dali, Marlene conversava de forma suspeita com Michael McLaggen. Lily já os tinha observado há alguns minutos, mas continuava abismada com o que via.

- Oi, Lily.

Ela olhou para cima e viu o rosto sorridente de Remo.

- Olá – respondeu contente.

- Onde estão Alice e Marlene?

- Alice está “passeando” com o Frank, se é que você me entende, e Marlene... – Lily suspirou, desenganada. – Bem, veja você mesmo.

Ela apontou para o lugar onde Marlene e McLaggen trocavam sorrisos. Ele era um setimanistas alto, forte e de cabelos dourados que nunca aceitou bem o fato de ser menos popular em Hogwarts que os Marotos.

- Por que a Lene está conversando com o McLaggen? – Remo indagou com uma careta.

- Ótima pergunta. Ela deve ter perdido o pouco juízo que lhe restava – Lily concluiu.

- Com certeza! – Remo apoiou, sentando ao lado dela. – Logo o McLaggen...

- Bem, ao menos, ele é bonito e inteligente – ele lhe lançou um olhar descrente.

- Se o James escuta isso...

Em resposta, ela apenas balançou a cabeça, tentando não corar. Desde o episódio do pôr-do-sol, Lily não tinha trocado mais que dez palavras com Potter. Na verdade, eles voltaram em silêncio para o salão comunal, onde se despediram educadamente e voltaram para seus respectivos dormitórios. Durante o jantar, no Salão Principal, ela não pode evitar a impressão de que algo diferente tinha acontecido entre os dois.

- Como vão as coisas com a Claire? – Lily perguntou para mudar de assunto. Remo deu um sorriso sem graça.

- Lily, você sabe que eu não tenho nada com a Claire.

- Porque não quer – ela retrucou impiedosamente.

- Não é um assunto tão simples, Lily. Não para alguém na minha condição...

- Mas a Claire não se importa.

- Ora essa, ela nem sabe! Aliás, além dos Marotos, só você, Frank e Snape sabem.

- Falando em Snape, ele levou um baita susto hoje – Lily lembrou. Subitamente, percebeu que não queria discutir assuntos românticos logo naquele momento.

- Levou? – Remo deu de ombros. – Nem fiquei sabendo.

- Potter não te contou? – a expressão desconfiada dele fez Lily corar. – Quando saímos da sala de McGonagall, ouvimos um barulho enorme e depois o Pirraça apareceu... – e explicou brevemente sobre o ocorrido.

- Ah, o Sirius vai adorar saber disso! – riu-se Remo. Lily balançou a cabeça em desaprovação. Ela não era a maior fã de Sirius Black.

- Se o Sirius vai gostar, boa coisa não pode ser.

Lily e Remo olharam para cima e viram o rosto satisfeito de Potter. Por algum motivo, ela ficou extremamente sem jeito ao vê-lo.

- Pontas! – exclamou Remo. – Já convocou os interessados em jogar quadribol? – Potter assentiu, sentando ao lado do amigo. Por um segundo, o braço de Lily formigou, como se tivesse roçado no dele outra vez, exatamente como acontecera horas antes.

- Já pus o anúncio do treino no quadro de avisos. Do que vocês estavam falando mesmo?

- Do susto que o Pirraça deu no Snape. Nem acredito que você não nos contou!

- Ah, é! – Potter pareceu desconcertado. – Eu esqueci esse detalhe. Tive que preparar o anúncio do treino.

“Claro que teve” pensou Lily. “Ele só pensa em quadribol.”

Por um instante, seu olhar encontrou o de Potter. Ela se perguntou silenciosamente se não estava imaginando coisas ao supor que talvez, e só talvez, eles tivessem passado por uma situação...

- Evans, eu vou voltar para o dormitório. Você me chama na hora da ronda? – Potter a trouxe de volta para a Terra.

- Claro – Lily respondeu timidamente. Ele assanhou os cabelos.

- Bem, eu preciso estu... – Remo começou.

- Lily, você não vai acreditar!

Lily, Remo e Potter saltaram assustados para trás. Marlene veio apressadamente para junto dos três.

- Marlene! – Lily protestou. – Você quer matar todos nós do coração?! – ela ignorou os protestos da amiga.

- Preciso falar com você – disse com energia, ajoelhada diante de Lily.

- Nós já estávamos de saída mesmo – falou Remo, ficando de pé.

- Isso aí – Potter também se levantou. – Até mais, meninas.

Eles se afastaram para o dormitório masculino enquanto Marlene retomava a fala.

- Michael McLaggen passou a noite toda me cantando! – Lily revirou os olhos.

- Ok, eu sei disso, Lene. Tenho olhos também – Marlene agitou as mãos, indiferente ao tédio da amiga.

- Acho que você não entendeu. Lily, um dos caras mais lindos de Hogwarts me chamou para sair.

- Mas já?! – espantou-se Lily. – Eles ainda nem marcaram a primeira visita a Hogsmeade.

- Exatamente! Michael só começou a conversar comigo na aula de Adivinhação da semana passada e agora sempre me procura no salão comunal e...

- Espera um pouco – Lily interrompeu, confusa. – Você, por acaso, aceitou sair com Michael McLaggen, o boçal-mor? – Marlene deu de ombros, sorrindo. – Marlene Mckinnon! O que deu em você?!

- Pensei que o James fosse o cara mais boçal da escola – comentou distraidamente.

- Ele era, mas não mude de assunto! – atrapalhou-se Lily.

- Bem, eu só quero me divertir um pouco.

- Sua diversão favorita não era o Black?

- Ah, Lily... – ela soltou um suspiro piedoso. – Não custa nada variar um pouco – Lily balançou a cabeça, desenganada.

- Francamente, Marlene... Tanto homem no mundo, e você me aparece com o McLaggen... – Marlene suspirou.

- Ok, talvez eu ache que o Michael é legal e... e eu queira uma coisa mais certa... Ele não é como o Sirius, entende?

- Não – Lily disse com sinceridade. – Mas parece até que você cansou da vida “sem compromisso”.

- Talvez... – ela admitiu, corando. – Michael não é exatamente um grande passo nessa direção, mas ele não é um canalha sedutor como o Sirius.

- Quantos elogios! E eu só sabia que ele daria tudo para ser popular como os Marotos...

- Você usou mesmo esse nome?! – admirou-se Marlene.

Ela sabia que Lily detestava a expressão: “Marotos”. Era a maior demonstração da arrogância de Potter e seus comparsas. Contudo, Lily deu de ombros. Todo mundo usava a expressão e ela até que podia ser útil em conversas.

- Bem – prosseguiu Marlene –, esse ano ele pretende entrar no time de quadribol.

- Você não está falando sério! – Lily ficou subitamente preocupada. Marlene não entendeu.

- Claro que estou. Ano passado, ele estava doente e não participou dos testes, mas, agora, ele está cheio de saúde – disse com um sorriso suspeito.

- Mas o Potter odeia ele! – Marlene franziu a testa.

- Lily, você está mesmo se preocupando com o James? Pior: você está se preocupando com a vida atlética do James!

Lily ficou momentaneamente muda e paralisada. Nunca antes tinha se preocupado com quadribol ou com Potter, mas era a segunda vez em poucos dias que essas duas coisas se misturavam em seus pensamentos e ela acabava por mencioná-las em voz alta. Marlene, que era artilheira da Grifinória, era a única de suas amigas que realmente entendia sobre o esporte.

- Só acho que o Potter nunca vai deixar que o McLaggen entre no time – ela disse com a maior naturalidade possível. Quis destacar algum defeito de Potter que explicasse essa ideia, mas não conseguiu pensar em nada. – Só isso.

Desde quando não conseguia pensar em algum defeito de James Potter?!

- Não acho que James tenha escolha – Marlene ponderou, olhando desconfiada para Lily. – Nós não temos muito candidatos a goleiro e Michael é talentoso.

- Você não pode estar realmente a fim desse cara – Lily falou com uma careta. Marlene suspirou, indiferente.

- Certo, o Michael não tem nada demais, mas e daí? Eu gosto de conhecer pessoas novas, Lily.

- Sei. Explorar novas línguas, certo? – elas riram.

- E você? – Marlene indagou após um tempo.

- Eu? – Lily estranhou.

- Você não vai tentar me convencer de que sua vida amorosa continua parada – ela disse, sorrindo.

- Mas é exatamente isso o que está havendo.

- E o James?

- Eu não sei da vida amorosa do Potter.

- Não é isso! – impacientou-se Marlene. – E não faça essa cara, como se vocês não estivessem conversando amistosamente até poucos minutos, tendo só o Remo como barreira...

- Ah, não... – Lily gemeu. – De novo não, Lene...

- Você gosta dele! – Lily sacudiu a cabeça.

- Potter e eu somos colegas educados – disse com firmeza.

- Quer dizer que, além de humilde, o James agora é educado?

- Você entendeu o que eu quis dizer – ela retrucou, encerrando o assunto. Marlene sorriu.

- É claro, pode apostar que sim.

**********************************************************************

O sábado amanheceu encoberto e, para os alunos da Grifinória, movimentado. James acordou bem mais cedo que o usual para um fim de semana e foi direto tomar café no Salão Principal. O lugar estava quase vazio, exceto por uns poucos alunos que tinham resolvido começar o dia um pouco mais cedo. James se sentou à mesa da Grifinória e mal tinha começado a se servir quando alguém o chamou. Olhou para trás.

- E aí, Claire! – cumprimentou, sorrindo. – Tudo bem?

Claire sorriu de volta. Seus cabelos louros e ondulados estavam meio desgrenhados e seu rosto fino parecia mais pálido que o normal. James sempre a achou bonita. Não era de se admirar que Remo fosse tão encantado por ela. Mesmo com aquela beleza delicada, Claire sabia a hora de ser firme.

- Tudo indo. E com você? – ela chegou mais perto.

- Digamos que tem tudo para melhorar.

- Treino de quadribol, não é? – James assentiu. – As garotas me contaram.

- E o que te trouxe aqui tão cedo? Não me diga que você caiu da cama para estudar.

- Mais ou menos... – ela hesitou. – Eu meio que fiquei sem sono – soltou um suspiro triste. – Parece que os Comensais estão perseguindo minha família, entende.

As entranhas de James murcharam. Detestava quando essas coisas aconteciam a alguém que conhecia. Detestava saber que não tinha meios de ajudar.

- Ah, Claire... – tocou o braço dela num gesto de apoio.

- Você não precisa dizer nada – Claire falou com uma careta. – Na verdade, eu queria falar com o Remo, mas... – ela parou de repente.

- Mas o quê? – Claire suspirou.

- Não quero parecer uma desesperada.

- Entendo. Então, você quer que eu, casualmente, mencione para ele que você está meio abatida? – James sorriu, tentando animá-la.

- Não. Eu queira mesmo era colocar na minha cabeça de uma vez por todas que Remo nunca vai dar uma chance a gente.

James apertou solidariamente o braço dela. Era impossível não se identificar um pouco com aquela situação.

- O Remo é meio masoquista, sabe – comentou entristecido. – Na mente esquisita dele, isso é o melhor para vocês dois – Claire balançou a cabeça.

- Tanto faz. Desisti de correr atrás dele.

- Como você fez isso?

Ele simplesmente não conseguiu evitar a pergunta. Horrorizou-se com a nota de frustração na própria voz. Dessa vez, foi Claire quem deu um sorriso solidário.

- Lily, não é? Você ainda gosta dela.

- Não seja boba! – ele tentou desconversar. – Evans e eu não temos nada. Ela apenas desistiu de me matar.

- Eu ainda acho que essa é sua grande chance – ela insistiu. James emitiu um som de descrença. – James, ela gosta de você. Todo mundo sabe.

- Bom, a vez dela já passou.

A conversa poderia ter se prolongado, mas Marlene apareceu, ainda com os olhos inchados de sono, antes que Claire pudesse responder.

- Bom dia – cumprimentou em voz baixa.

- Bom dia, Lene – responderam Claire e James em uníssono.

- Acho que vou para o dormitório de novo, tentar descansar um pouco – Claire informou.

- Vai, vadia – resmungou Marlene. – Mata de inveja... – os outros dois riram.

- Bom treino para vocês – ela desejou antes de se afastar.

Durante um tempo, James e Marlene ficaram em silêncio, apenas concentrados em comer.

- E aí, capitão, pronto para uma manhã inteira de muito quadribol? – ela falou animada.

- Com certeza – James fez uma careta. – Só não gosto dessa história de fazer teste para goleiro, batedor e até para artilheiro...

- Eu ouvi dizer que tem uma terceiranista muito talentosa com os balaços.

- Quem?

- Pois é, eu meio que esqueci o nome da garota... Foi o Michael quem comentou.

- Michael? – ele repetiu confuso. Marlene confirmou.

- Michael McLaggen – James arregalou os olhos.

- O quê?! Desde quando você é amiga do McLaggen?!

- A gente vem se falando desde a primeira semana de aula, James. E ele vai fazer teste para goleiro hoje.

- Não vou com a cara dele – James declarou sem cerimônias.

- Ele é interessante, mas admito que é metido.

- Interessante, é? – ele debochou. Marlene não pareceu se importar. Na verdade, ela lhe ofereceu um sorriso maroto.

Aos poucos o Salão Principal foi se enchendo de alunos. James e Marlene terminaram de tomar café da manhã e seguiram para o campo de quadribol, onde trocaram de roupa e improvisaram um jogo de sobrevoar o campo passando a goles entre si enquanto esperavam que os outros atletas aparecessem.

Pouco antes das nove da manhã, mais pessoas começaram a chegar. Os interessados em entrar no time da Grifinória foram se aglomerando num canto do gramado e os espectadores se acomodaram nas arquibancadas. James e Marlene pararam de brincar e voltaram ao chão para receber alguns colegas de time.

Quando os testes finalmente começaram, James ficou aliviado. Inicialmente, havia mais de trinta pessoas no grupo daqueles que pretendiam disputar uma vaga, mas, pelo visto, pouco mais da metade estava realmente interessada. Algumas garotinhas do segundo ano correram para fora do campo logo que James mandou todos montarem suas vassouras para sobrevoarem o campo. Depois, vários alunos assustados se entreolharam e também deixaram o campo.

McLaggen era o mais alto entre os que permaneceram. Para completo desgosto de James, ele não só passou com facilidade nos testes, como sorriu o tempo todo, esbanjando confiança. Seus adversários não tiveram qualquer chance. Então, quando uma Marlene frustrada viu seu quinto arremesso a gol ser defendido por ele, James precisou admitir que o garoto tinha talento.

Conforme as previsões de Marlene, uma terceiranista extremamente habilidosa foi destaque nos testes para batedor. Guga Jones se tornou a caçula do novo time. Para ajudar Marlene e Emily Creed na artilharia, James escolheu o quintanista Eric Martin. No fim das contas, a equipe lhe pareceu muito promissora.

- Bons testes, galera – ele elogiou no fim da manhã, quando todos chegaram exaustos ao vestiário. Ao longo do dia, as nuvens tinham dado espaço a um sol intenso, que antecipou o final do primeiro treino da nova equipe.

- Mas ainda temos que treinar muito – intrometeu-se McLaggen. – Os jogos serão marcados em breve e nós temos de ganhar algum entrosamento. Ah, e você, Adams, precisa voar um pouco mais rápido.

John Adams, o batedor, olhou confuso para os colegas.

- Não se preocupe, McLaggen, tudo isso será resolvido – James interveio.

- Todo mundo foi muito bem – disse Marlene. – Merecemos um descanso.

- Isso mesmo! – Emily apoiou. – Pensei que ia derreter em cima da vassoura...

James foi até o próprio armário e começou a organizar seus pertences, sorrindo. Olhou satisfeito para Marlene e ela retribuiu seu olhar. Era maravilhoso estar de volta a um campeonato de quadribol.

********************************************************************* 

Já passava das dez da noite, mas o salão comunal da Grifinória ainda estava muito movimentado. Isso porque Potter e Black tinham disputado uma demorada partida de snap explosivo, mobilizando praticamente todos os presentes numa torcida alucinada e ansiosa. 

Lily até tentou ignorar o aglomerado de alunos bem no centro da sala, mas o barulho foi tanto, que ela sequer conseguiu se concentrar em outra coisa. Na verdade, foi impossível conter algumas olhadelas por cima do ombro apenas para confirmar que Potter e seu comparsa estavam prolongando a partida o máximo possível.

Quase uma hora já tinha se passado quando, numa jogada inesperada, Potter venceu o jogo e o salão irrompeu em gritos e aplausos. James Potter podia ter muitas habilidades esportivas, mas snap explosivo nunca foi a maior delas.

“Não pense nas habilidades esportivas dele” Lily lembrou.

Ela estava empenhada em ignorar o som de conversas das várias garotas bobas que tinham rodeado Potter, esbanjando simpatia, apenas para ouvi-lo falar sobre suas melhoras na modalidade. Mesmo agora, elas continuavam junto dele, rindo de qualquer bobagem e se remexendo com frequência.

- Ah, a fama...

Lily olhou para o lado, onde Alice acabara de ocupar uma poltrona.

- É como se nunca tivéssemos saído do primeiro ano – disse ela, indicando Potter e suas fãs. Black tinha se juntado ao grupo.

- Eu sempre disse que eles são dois crianções – Lily falou mal humorada. – Alice deu de ombros.

- Mas você não pode negar o talento dos dois. Eles sabem prender uma multidão.

- Claro, como se essas desmioladas fossem muito exigentes...

- Uau! – espantou-se Alice. – Eu ainda não conhecia esse seu lado possessivo, amiga.

- Ah, tenha dó...

Lily se levantou, irritada, e marchou até o dormitório feminino. Normalmente, ela não teria permitido que Potter, ou pior: a versão dele que era monitor-chefe, e Black tumultuassem tanto o salão comunal, mas medir forças com a popularidade dos Marotos seria suicídio social. Além disso, o regulamento escolar não proibia partidas longas e barulhentas daquele jogo idiota.

Ainda assim, não era a bagunça provocada por Potter que irritava Lily, mas o que ela representava. Nos últimos tempos, seu colega de monitoria tinha adquirido um ar mais maduro e a convivência entre os dois estava quase agradável. Nesse exato momento, porém, ele poderia ser facilmente reconhecido como o garoto arrogante e popular que gostava de causar confusão. A questão era: por que Potter insistia em ser assim?

- Lily, o James quer saber se você vai fazer a ronda hoje.

Alice estava parada à porta do dormitório, olhando para a amiga com uma expressão cautelosa. Lily, que estivera zanzando entre as camas, apanhou o distintivo de monitora-chefe e voltou para o salão comunal sem dizer uma palavra.

- Agora eu realmente não posso, Jessie... – ela ouviu a voz de Potter falar. Ele estava junto ao pé da escada. – Preciso fazer a ronda.

- A Evans cuida disso! – exclamou uma voz aguda. – Essa coisa chata de monitoria não combina com você.

- Bobagem – interveio outra voz feminina. – O James já deve ter cansado da gente.

Lily alcançou o último degrau da escada bem em tempo de ver um grupo de garotas rindo tolamente enquanto Potter assanhava os cabelos, dizendo:

- Eu tô cansado, sim, mas é que o dia foi puxado. Com o treino e tudo mais...

- Potter – Lily tentou soar completamente indiferente –, você não queria fazer a ronda?

- Claro! – ele exclamou, olhando uma última vez para as próprias fãs. – Até mais, garotas.

- Tchau, James! – elas responderam em uníssono, divididas entre sorrisos sedutores e caretas de decepção.

Impaciente, Lily seguiu para o buraco do retrato. Potter quase correu para acompanha-la.

- Calma aí, Evans! – pediu quando chegaram ao corredor. Lily lhe lançou um olhar furioso.

- Se você quiser, pode ficar com suas fãs – disse séria. – Eu dou conta da ronda – ele ficou surpreso.

- Não precisa. Na verdade, eu já estava cansado de toda aquela babação – Lily parou de andar e apontou se virou para ele, irritada ao extremo.

- Então invente uma desculpa qualquer e fuja! – Potter se assustou com a explosão.

- Mas eu já fugi – disse com uma cara inocente. – Fugi com você e nem precisei mentir para isso.

- Nós não estamos fugindo! – descontrolou-se ela.

- Calma, Evans, foi só uma figura de linguagem – ela bufou e retomou a caminhada. Potter amarrou a cara. – Nós vamos patrulhar a ala norte agora e nos separamos depois ou...

- Não. Vamos nos separar agora! – Lily interrompeu, sentindo-se subitamente satisfeita.

- Nesse caso – Potter a segurou pelo ombro e ergueu uma sobrancelha. Lily se odiou por sentir o ombro que ele tocava formigando. – Sua ala fica para o outro lado.

Ela fechou a cara outra vez, mas não pode evitar que seu rosto corasse.

- Ótimo! – e, sem mais uma palavra, mudou de direção e caminhou apressada, deixando Potter totalmente confuso.


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