Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Depois de um pequeno sumiço, eis o 4º capítulo. Ele deveria estar um pouco maior, mas eu não quis adiar muito mais a postagem, então decidi deixar o que faltou para o capítulo 5, que deve ser bem pequeno e pretendo postar em breve. A boa notícia é que meu computador finalmente está funcionando direito e as postagens devem vir em menos tempo.
Espero que gostem! ^^'



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Ainda que não se sentisse nem minimamente motivada pela proximidade da aula de História da Magia, Lily se obrigou a sair da cama, trocar de roupa, organizar os livros do dia na mochila e descer para o Salão Principal na companhia de Alice e Marlene. Contudo, elas pararam de andar quando chegaram à sala comunal e viram Frank sentado perto da lareira.



– Lice, acho que é agora ou nunca – Marlene sussurrou. Alice olhou uma última vez para as amigas. Então, revestiu-se de coragem e foi para junto de Frank. Lily até lhe deu um tapinha de incentivo nas costas.





– Vamos tomar café? – acrescentou para Marlene. – Alice pode nos encontrar depois.





Mal elas tomaram essa decisão, um pequeno tumulto se espalhou pela sala: os Marotos vinham descendo do dormitório masculino. Remo estava à frente, rindo de alguma coisa falada por Black. Atrás deles, Pettigrew resmungava e Potter descia lentamente as escadas.





“Ah, não!” pensou Lily. “Por que o Potter?! E por que tão cedo?!”





– Bom dia, Lily. Bom dia, Marlene – Remo cumprimentou.





– Bom dia, Remo – elas responderam em uníssono.





– Ora, ora! – exclamou Black. – Parece que alguém voltou a se falar, hein, Frank?





– Não atrapalha, Almofadinhas! – Remo interveio.





– É – Pettigrew apoiou. – Eles estão falando uma coisa importante e eu estou com fome. Vamos comer logo?





– Grande ideia, Rabicho – Potter apoiou. – Vamos descendo?





– Vamos! – intrometeu-se Marlene. – A Lily e eu...





Mas parou bruscamente de falar quando Lily pisou dolorosamente em seu pé. Marlene lançou um olhar ressentido e indignado à amiga, que aproveitou para falar:





– Nós vamos esperar um pouco. Acho que esqueci um tinteiro lá no quarto.





Ela fingiu não perceber o olhar ansioso de Potter e tentou controlar o rubor no próprio rosto enquanto dava um sorrisinho nada convincente e se dirigia às escadas. Os Marotos se entreolharam, desconfiados, mas Pettigrew os convenceu a descer. Alice e Frank foram conversar num lugar mais reservado e Marlene ficou de cara amarrada, esperando por Lily.





– Eles já foram? – Lily perguntou do topo da escada, dois minutos depois.





– Já, mas, se eu fosse você, não voltaria aqui. Pelo bem da sua integridade física – Marlene respondeu amargurada. Lily começou a descer os degraus.





– Desculpe pelo pisão, mas a culpa foi sua.





– Minha?! – indignou-se Marlene.





– Claro! Desde quando nós andamos com Potter e os Marotos?! – fez uma careta ao dizer a última palavra.





– Ora, James e Remo são meus amigos e seus também.





– Potter não é meu amigo! – Lily rebateu rispidamente. – Aliás, eu preciso evitá-lo até que ele esqueça o episódio lamentável de ontem e encontre uma garota de distração – por algum motivo, ela sentiu uma revirada no estômago que não tinha qualquer relação com a fome.





– Eu continuo achando que você está exagerando – Marlene falou, revirando os olhos. – Não aconteceu nada demais ontem. Ou aconteceu?





– Claro que não! – Lily corou discretamente. – Mas é do Potter que estamos falando. Ele é um energúmeno, arrogante, infantil e louco de quem eu sempre espero o pior.





– Nossa! – Marlene disse com uma voz entediada. – E olha que você mal conhece o Black. Se conhecesse, essa lista de adjetivos carinhosos aumentaria bastante.





– É você quem tem um fraco por cachorros, Lene, não eu – Marlene deu de ombros.





– O lance com o Sirius foi legal, mas nós nunca daríamos certo. Na época, eu só queria um pouco de diversão.





– Quer dizer que você não passou todos aqueles dias com cara de mau porque ele começou a te evitar de repente?






Marlene deu um sorrisinho e sacudiu os ombros com indiferença. Lily, por sua vez, não se atreveu a insistir no assunto, mas era difícil imaginar que Marlene Mckinnon ou Sirius Black conseguisse levar algo a sério.





*******************************************************************************



– Peter, pela milésima vez, se você morrer sufocado, vai ser impossível realizar essa porcaria do feitiço não-verbal.




Peter soltou o ar com força, olhando frustrado para Remo.





– Que tal você me ajudar em vez de ficar agourando? – pediu emburrado. Seu rosto, antes roxo de esforço, já estava relaxando e recuperando a cor normal.





– Agora eu não posso, Peter, tô estudando.





– Eu também!





– Certo, mas eu já dominei esse feitiço. Na verdade, mais da metade da nossa turma já dominou esse feitiço – Peter soltou um bufo irritado e se voltou para James.





– Pontas, você não quer me dar uma mãozinha, não?





Era tarde de sábado. Os três garotos estavam no dormitório e Remo passara as últimas duas horas adiantando os deveres da semana enquanto Peter falhava miseravelmente nas tentativas de realizar um feitiço não-verbal passado por Flitwick. Nesse meio tempo, James apenas ficara deitado na própria cama, brincando com seu pomo-de-ouro favorito.





– Agora não, Peter – disse sem tirar os olhos do pomo que pairava sobre sua barriga.





– Você vai ficar com essa cara de coruja tonta para sempre, é?! – Peter reclamou. – E só porque levou outro fora. Não sei como você pôde esperar outra coisa da Evans.





James apanhou o pomo num movimento rápido e ficou imóvel, absorvendo as palavras do amigo. Peter agora estava se remexendo no próprio malão e Remo observava James com educado interesse. Por fim, ele decidiu perguntar:





– Afinal, James, o que aconteceu naquela sua conversa com a Lily?





James não respondeu de imediato. Ele sabia que teria de contar tudo aos amigos mais cedo ou mais tarde, mas se sentia confuso demais para tocar no assunto.





A verdade era que ele havia dedicado os últimos dias a uma cuidadosa análise do comportamento de Lily e tinha percebido uma única diferença: ela tinha adquirido o hábito de evitá-lo, praticamente de fugir dos Marotos, em todos os lugares. Nos corredores, nas salas de aula e até no salão comunal da Grifinória, Lily se mantinha distante dos garotos e se recolhia mais cedo para o dormitório, voltando apenas na hora da ronda. Pelo que James sabia, ela não tinha comentado com ninguém sobre o beijo, o que tornava tudo ainda mais desesperador.





Agora, ele não tinha como saber se ela realmente estava perturbada com o ocorrido ou se sua presença fazia com que Lily se sentisse ameaçada. Talvez ela apenas o desprezasse mais do que antes.





De qualquer forma, Sirius era o único grande entendedor da alma feminina e, diante do silêncio de James e Lily, ele parecia ter concluído que "ou a coisa deu muito certo ou foi um desastre total".





Pela primeira vez, James desejou que o amigo estivesse ali para escutar a história completa. Não para que Sirius zombasse da situação, mas para que alimentasse a fagulha de esperança no interior de James, uma vez que as palavras de Peter pareciam assombrosamente sensatas.





“Não sei como você pôde esperar outra coisa da Evans.”





James também não sabia, mas beijar Lily e tê-la correspondendo ao beijo certamente não tinha favorecido sua capacidade de raciocínio.





– Atenção, Marotos! Marlene Mckinnon acabou de ter uma recaída!





James, Remo e Peter olharam assustados para a porta do dormitório, onde Sirius exibia um grande sorriso.





– McKinnon? – Peter repetiu confuso. – Você ficou com ela de novo? – Sirius entrou no quarto e assentiu com a cabeça. Em seguida, largou-se na própria cama. – Pensei que você nunca ficava com a mesma garota duas vezes – Peter insistiu. Sirius deu de ombros.





– Com a Marlene é diferente – respondeu distraidamente.





– Diferente como? – Remo quis saber. – Não me diga que Sirius Galinha Black está apaixonado.





– Claro que não! – ele exclamou indignado. – E não use a palavra proibida, Aluado. Qual o problema, afinal? Ela beija bem, eu beijo bem, a gente se diverte juntos...





– Isso parece coisa de namorado – James interrompeu, arqueando as sobrancelhas. Sirius amarrou a cara.





– Olha só quem fala. Não foi você quem bancou o romântico com a Evans?





– Bem, você devia ir com calma com a Marlene, Sirius – Remo interveio. – A Lily acha que ela gosta mesmo de você.





– Ah, a Evans também acha que o Pontas aqui não é um veado.





– Cervo! – James protestou. Sirius deu de ombros.





– A Marlene não é boba, Aluado, ela sabe com quem está se metendo e o que está fazendo.





– Ela é tipo a versão feminina do Almofadinhas – comentou Peter, que agora estava concentrado em comer uns bombons de chocolate.





– É exatamente isso que me preocupa – Remo insistiu. – Eles são parecidos demais. Tinham tudo para serem amigos e, quem sabe, até cúmplices nas conquistas. Em vez disso, os dois ficam se agarrando!





– Aluado, nós sabemos o que estamos fazendo – Sirius falou com uma voz cansada. Remo finalmente se deu por vencido. – Aliás, você tem falado com a Claire? – ele negou desajeitadamente.





– Ele praticamente se esconde sempre que a vê – Peter denunciou. – Parece até a Evans quando vê o Pontas – Sirius ficou desapontado.





– Vocês realmente não aprenderam nada comigo – concluiu, jogando-se outra vez na cama.





– Talvez não seja bem assim – arriscou-se James, sem muita convicção.





– Fala sério, Pontas. O que quer que você disse a Evans só aumentou a aversão que ela tem a você.





– Talvez não – ele insistiu.





Já que sua teoria estava ganhando força...





– A Marlene nem fala tanto com você, mas, vez ou outra, vocês estão se divertindo juntos.





– O que você quer dizer com isso? – indagaram Sirius e Remo simultaneamente. James hesitou, mas decidiu falar. A esperança é a última que morre, afinal.





– Eu quero dizer que talvez a Lily tenha ficado perturbada pela nossa conversa e esteja fugindo porque não sabe mais o que sente por mim.





Houve uma pausa. Remo e Sirius se entreolharam por um instante. Então, Peter perguntou o que todos queriam saber.





– Por todas as calças de Merlin, o que foi que aconteceu naquela conversa?





– Eu beijei a Lily – James respondeu humildemente, tentando usar o máximo de firmeza possível. – E ela me beijou de volta – os outros três arregalaram os olhos.





– Como você não nos contou antes?! – exclamaram num misto de irritação e contentamento. James encolheu os ombros com simplicidade.





– Eu quis ver a reação dela. Digo, eu me declarei e a gente se beijou, mas ela deu a entender que nada tinha mudado. Na verdade – sentiu um aperto no peito só de lembrar –, ela falou com todas as letras que nada tinha mudado.





– É, aparentemente, elas não mudaram mesmo – disse Sirius.





– Ok, mas ela está evitando minha presença. Ela está perturbada.





– Ou então ela não quer correr o risco de te beijar outra vez – Peter sugeriu.





– Isso não faz o tipo da Lily – Remo interveio. James concordou energicamente, cheio de esperanças.





– Gostar do Pontas também não faz o tipo dela – Sirius retrucou. – Mas quem diria que a ruiva é tão assanhada, hein?! Beijando nosso amigo aqui sem qualquer compromisso...





– Sirius! – Remo e James censuraram ao mesmo tempo.





– Tá bom, então, me desculpem! – assustou-se ele. – Pontas, eu acho que você devia falar com a ruiva.





– Lá vamos nós de novo... – Peter resmungou.





– Se ela não veio atrás de você até agora, meu caro, ou você arruinou tudo de vez ou fez a coisa dar muito certo e só está faltando um empurrãozinho.





– A Lily provavelmente estava esperando que você a procurasse – disse Remo. – Talvez ela agora já tenha baixado a guarda.





– É da Evans que estamos falando – intrometeu-se Peter. – Vocês acham mesmo que ela cederia tão fácil?





– Ora, não me parece que foi tão difícil fazer com que ela cedesse um beijo – Sirius rebateu.





– Rabicho, seu otimismo é contagiante – James falou emburrado. – Voltando ao que interessa, eu sei que a Lily não é de se esconder, mas não quero pressioná-la.





– Tudo bem – Sirius concordou. – Você fez uma boa jogada até agora, mas eu não alimentaria tantas esperanças. Nós todos sabemos que a ruiva é bem complicada.





– Vou falar com ela antes do natal – James decidiu. E sua expectativa ameaçou chegar ao ponto máximo. Sentiu-se mais confiante. – Ela vai ter que me escutar, não é? E vai ter que me dar razão!





Ninguém pareceu igualmente convencido dessa ideia, mas James estava decidido a acreditar que tinha chances com Lily. E não queria pressioná-la. Queria que ela o procurasse, como um sinal de que sentia por ele os mesmos sentimentos conflitantes. Então, quando voltassem a conversar, Lily já estaria tão envolvida quanto ele e as coisas finalmente se encaminhariam.






Todas essas perspectivas fizeram James sorrir.

 

 





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