Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, mil perdões pela demora! Terminei o capítulo há semanas, mas sofri bastante com a revisão e com o planejamento dos últimos detalhes da história, então só agora me senti segura o bastante para postar.
"Segundamente", feliz ano novo, pessoal! Um excelente 2016 para todos nós e muito obrigada por vocês continuarem lendo e comentando a fic. Espero que gostem do novo capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368098/chapter/36

– Quando ele chegou?

– Eu não vi. Pensei que você teria visto. Chegou tão tarde da ronda essa noite.

– Eu não vi nada. Cheguei, troquei de roupa e ainda demorei a dormir.

– Falem baixo! Ele ainda está dormindo.

– Vocês acham que ele pode ter voltado só pelo conforto da cama?

James, Sirius, Peter e Frank interromperam a conversa quando Remo se mexeu na cama. Ele rolou sob as cobertas até ficar de barriga para cima. Então, abriu os olhos e encarou os amigos.

– Bom dia – Remo arriscou.

O corpo de James ficou imediatamente tenso. Ele não conseguiu dizer nada em resposta. Sentiu que Sirius o olhava, mas não retribuiu o gesto. Foi Peter quem falou primeiro:

– Aluado, você está doente? Sentiu alguma coisa fora do normal? – Remo pareceu confuso.

– Não, Rabicho. Tá tudo certo – Peter assentiu, quase sorrindo. Remo olhou ao redor e encontrou o rosto contente de Frank.

– Bem, já não era sem tempo, Remo – ele falou. – Vou tomar um banho antes do café da manhã enquanto vocês conversam.

Quando Frank se retirou, Remo coçou os olhos e tornou a olhar para os outros garotos. James não aguentou mais.

– O próximo ciclo é em poucos dias – ele disse rispidamente. – Mera coincidência?

Remo ficou sério. Sirius e Peter também olharam para James.

– Pontas – Sirius chamou em voz baixa.

– Ele sumiu por uma semana inteira e então reaparece do nada num domingo de manhã só porque ficou com saudades? – James falou tudo sem desgrudar os olhos dos de Remo.

– Eu concluí que era hora de voltar para a rotina, Pontas. Não espero tratamento especial por isso.

– Que maduro da sua parte.

– Pontas, não é hora para isso – Peter falou com voz fraquinha. As feições de James se encheram de desprezo.

– Tanto faz – ele ainda encarou Remo por mais uns segundos antes de sair do quarto.

**********************************************************************

Lily encontrou James na passagem secreta que levava aos dormitórios femininos da Grifinória. Ele ainda estava de pijamas, com os cabelos um pouco mais assanhados que o normal, como se tivesse acabado de acordar, e estava irritado.

Como a passagem era escura, os dois tinham acendido as pontas de suas varinhas. Lily parou um degrau acima do namorado, apoiada na parede oposta para tentar encará-lo. O espaço era muito estreito também, então eles não conseguiam ficar frente a frente de modo confortável.

– Recebi seu bilhete enfeitiçado – ela começou. – Em outra ocasião, teria sido muito romântico.

– Você sabia? – James disparou. Lily piscou umas vezes, sem entender.

– Sabia de quê?

– Não minta outra vez, Lily.

– Eu não sei do que você está falando – ela disse com firmeza. – Só vim porque o bilhete dizia que era urgente.

James suspirou, parecendo convencido.

– Remo voltou. Nós acordamos hoje de manhã e ele estava dormindo, deitado na própria cama, usando os mesmos pijamas de sempre, como se nada tivesse acontecido. Ninguém o viu chegar durante a noite.

O rosto de Lily se encheu de alegria. Ela não conseguiu evitar um grande sorriso.

– Graças a Deus!

– Você não sabia que ele pretendia voltar?

– A última vez em que falei com ele foi depois de você ter passado o dia me evitando por causa do que houve na aula de História da Magia – James virou o rosto. Lily quis agarrá-lo pelo braço e gritar que ele estava sendo injusto, que nada daquilo era culpa dela, mas conteve o impulso. – Eu pedi que ele voltasse e depois parei de procura-lo. Pensei que ele podia precisar de algum tempo.

– Bem, seja lá qual tiver sido a sua técnica mágica, ela funcionou – Lily respirou fundo.

– Quando você vai conversar de verdade comigo sobre isso?

– Você mentiu, Lily!

– E o quê você teria feito no meu lugar?! Você está com ciúmes e também está um pouco chateado porque o Remo se afastou de vocês, mas é só a forma como ele lida com as coisas...

– Não venha me ensinar essas coisas – James interrompeu, irritado. – Ele quer agir como se nada tivesse mudado, mas tudo mudou, é claro. Nós sempre fomos melhores amigos, nós quatro. Sirius, Rabicho e eu enlouquecemos de preocupação, procuramos em toda a parte... e ele só voltou por sua causa!

– Não foi por minha causa – ela se apressou em esclarecer. – Eu cheguei a dizer que ele devia voltar por vocês.

– Bem, no fim das contas, acho que ele discordou.

– James, você devia estar aliviado. Seu amigo voltou. Não há mais motivo para preocupação.

– Como não?! O Aluado já não confia na gente aqui, como vai ser depois da escola?! Ele vai desaparecer da vista de todo mundo?!

– James... – ela tentou tocar o rosto dele.

– Não! – ele recuou bruscamente. – Não use esse tom comigo. Eu estou com raiva, não estou choramingando – ele engoliu em seco. – Durante anos, os Marotos eram tudo o que nós quatro tínhamos e agora...

– Isso não faz a menor diferença agora – ela argumentou. – Remo não gosta mais nem menos de vocês do que há um ano. Ele apenas criou novos laços.

– Mas os Marotos... – Lily revirou os olhos. Há três dias, James se recusava a agir normalmente com ela e agora ele vinha com essa ladainha de novo.

– O que são os marotos, James?! É só um apelido bobo que vocês mesmos inventaram. Não precisa ser tão apegado a isso. Remo está de volta e ele precisa...

– Você me disse a mesma coisa numa briga que tivemos no quarto ano – James interrompeu. – Então é isso que você pensa de mim e dos meus amigos?

– Para com isso, James! Seus amigos são meus amigos também – ele balançou a cabeça e fez menção de se retirar. – James!

– Eu não devia ter vindo aqui – ele falou secamente. – Você devia procurar seu amigo. Ele provavelmente quer mais uns conselhos agora.

Lily queria dizer que toda aquela cena era ridícula, mas ficou muda de espanto. Viu James abrir a portinha na base da escada e fechá-la ao passar. Lily ficou sozinha na passagem estreita, à luz da própria varinha, repassando mentalmente todos os motivos pelos quais James Potter não era um idiota, afinal.

**********************************************************************

– Você tem um minuto?

Sirius abordou Remo no dormitório quando voltaram do café da manhã. Frank estava passando um tempo com Alice nos jardins e Peter decidira estudar no salão comunal. James tinha sumido desde cedo. Era a oportunidade perfeita.

Remo o olhou com uma expressão cansada. A aparência dele não estava em nada melhor do que o de costume.

– Pode falar, Almofadinhas.

– É muito bom ter você de volta, Aluado – isso o surpreendeu um pouco. Remo esboçou um sorriso.

– É bom rever vocês também – Sirius assentiu calmamente.

– Mas o Pontas não é o único que anda chateado por aqui.

– Olha, Almofadinhas...

– Eu não vou lhe dar sermão – ele se adiantou. – Só quero dizer que nós enlouquecemos de preocupação e que foi muito idiota da sua parte ficar se escondendo e bagunçando seu malão só para a gente saber que você continuava vivo. Até porque isso não é bem vida, Aluado. E o Pontas já descobriu que a Lily sabia onde você estava. Ele ficou muito irritado mesmo. E acho que está se sentindo enganado por vocês dois. Eu não o culpo muito, mas me sinto na obrigação de te prevenir: você vai ter que falar com ele.

Remo suspirou. Ele sentou na borda da própria cama, ainda olhando para Sirius.

– Eu sei disso. Lily me contou que James estava chateado. Eu quis resolver isso na mesma hora, para ser sincero, mas percebi que devia voltar pelo motivo certo – como ele não falou mais nada, Sirius indagou:

– Qual é esse motivo? – Remo encolheu os ombros.

– Eu sinto falta de vocês. E, depois da bronca que a Lily me deu, ficou difícil me convencer de que a solução para qualquer coisa fosse me punir com solidão.

– Nós somos seus melhores amigos, cara – ele assentiu.

– Eu não espero que vocês fiquem muito felizes com isso, mas não posso pedir desculpas por ter me isolado. Eu preciso de espaço para pensar, você sabe. A Lily só... sei lá. Ela tem um jeito de tratar as pessoas que...

– Ela é muito sensível – Sirius interveio. – Eu sei – ele se remexeu um pouco. – Também fiquei meio cismado por você ter mantido em segredo o fato de se encontrar com ela. Não é como se suas amizades fossem um problema para a gente.

Remo não respondeu. Sirius esperou um momento. Então, como o silêncio se prolongou, ele apenas fez menção de deixar o quarto.

– Almofadinhas – Remo chamou de repente. Sirius parou e se virou para o amigo. Remo estava com o rosto corado. – Obrigado por não brigar comigo – Sirius sorriu.

– Eu entendo você, cara. Também já fui mais reservado, gostava de sumir do mundo quando tinha um problema. Pontas foi a primeira pessoa a me lançar um feitiço por causa disso. Ele me disse para parar de ser um covarde e aceitar que as pessoas gostam de mim.

– A primeira pessoa? – Remo repetiu. O sorriso de Sirius aumentou.

– A segunda foi Marlene. Quando comecei a falar mal dos meus pais e ela me lançou um feitiço silenciador só para jogar na minha cara que eu estava projetando minha frustração neles. O mundo não deve nada para a gente, cara. É uma droga, mas é assim. Se você sabe que daria a vida pelos amigos ou pela família, você precisa saber que faz isso porque gosta muito deles, e não porque não se ama o suficiente.

Por algum motivo, Remo agora parecia ter se dado conta de algo completamente novo. Ele deu um riso abafado. Ficou de pé e foi até Sirius para apertar o ombro do amigo.

– Você cresceu, Sirius Black. Ah, se cresceu – Sirius sorriu de volta.

– E você vai aprender isso também – ele respondeu despreocupadamente. – Nós vamos esperar.

Os dois se abraçaram brevemente. Remo respirou fundo quando se separaram.

– Bem, agora eu preciso pedir desculpas à Lily. Vou corrigir essa merda toda com o Pontas.

– Esse é o Aluado que eu conheço – Sirius incentivou.

Remo caminhou até a porta, mas virou-se para encará-lo de novo. Sirius esperou que ele dissesse mais alguma coisa. Contudo, Remo apenas lhe ofereceu um sorriso estranhamente descontraído. Sirius acenou com a cabeça e sorriu de novo. Quando Remo fechou a porta atrás de si, ele pensou que poucas coisas seriam capazes de quebrar o coração de Remo, porque ele tinha essa tendência de afastar todo mundo. Ficou um pouco preocupado, mas deu de ombros, porque concluiu que fazia parte do seleto grupo capaz de ajudar o amigo a se recuperar.

**********************************************************************

James observou seu pomo de ouro favorito voar despreocupadamente sob uma árvore particularmente grande do jardim de Hogwarts. Apesar de o tempo continuar um pouco chuvoso e frio, as árvores estavam recuperando suas folhas e o jardim voltara a ser um bom lugar para matar o tempo. Por isso mesmo, James fizera questão de procurar um ponto mais isolado dos jardins, algum lugar longe dos casais que faziam piqueniques e dos grupos de amigos que riam e conversavam a toda altura. Quanto mais a primavera avançava, mais os alunos se convenciam de que o melhor plano para o final de semana era aproveitar o dia ao ar livre. Mas James ultimamente se sentia mais irritado sempre que via pessoas felizes interagindo.

Ele capturou o pomo na primeira chance e o observou por um tempo. Em seu terceiro ano, Lily lhe dera uma bronca após ele ter se gabado para quem quisesse ouvir por afanar mais um pomo dos equipamentos de Hogwarts. O quinto só naquele mês.

James suspirou. Sentia falta de Lily, mas não conseguia evitar o impulso de culpa-la por sua própria insegurança. Parte sua sabia que Lily não menosprezava as amizades que ele tinha, que, na verdade, o fato de ela enfim reconhecer a união dos Marotos fora o primeiro grande passo para que os dois se entendessem. Ainda assim, ele também sabia que, desde quando Sirius fugira da casa dos Black, os quatro amigos tinham uma espécie de pacto de que, se fosse preciso, enfrentariam todas as dificuldades causadas por Voldemort juntos. E Remo quebrara o pacto na primeira oportunidade.

Não era justo que ele descontasse sua frustração em Lily, mas também não era nada agradável ter de aguentar o tom professoral que ela adotara nos últimos dias. Remo voltara a pedido dela. Lily chamara James de bobo. Era quase como se tivessem voltado ao quinto ano.

– Você precisa perdoar sua namorada. Seu problema é comigo.

James virou a cabeça para ver o rosto de Remo pairando acima do seu. Ele se sentou para encarar melhor o amigo.

– Essa é a primeira coisa que você tem a me dizer? – retrucou. Remo suspirou.

– Não voltei só porque a Lily pediu. Se fosse assim, eu estaria aqui há uns dias. E você não está com raiva dela, não pode estar. Você já é muito grandinho para isso, Pontas – James ficou de pé, sentindo sua frustração ferver.

– Você quer mesmo me dar sermão sobre garotas? – Remo engoliu em seco.

– Não desvie o foco da conversa. Você tem um problema comigo, então trate dele comigo. Não castigue minha amiga por isso.

– A amiga que você fez mentir para mim?

– Eu assumo total responsabilidade por isso – Remo falou prontamente. – Mas não adianta, porque nós dois sabemos que a Lily é dona do próprio nariz. Esse foi um dos primeiros motivos para você gostar dela.

– Vocês agiram pelas minhas costas! – James finalmente admitiu. – Ela saiu às escondidas, achando que eu ia comprar mesmo toda aquela demora na hora da ronda. Dispensou minha companhia quando me ofereci para patrulhar com ela com desculpas totalmente idiotas. E você nem para dizer a ela que admitisse logo tudo?!

– Eu sinceramente não pensei que você fosse ficar tão ofendido com isso – James quis espanca-lo.

– Seu idiota! O que aconteceu com aquela conversa mole de a gente se ajudar?! De manter o grupo unido?! Nós juramos, antes mesmo do nosso último ano em Hogwarts começar, que sempre contaríamos uns com os outros!

– Eu conto com vocês, Pontas.

– Então por que você sumiu?! – James ergueu a voz. – Por que você ignorou a gente completamente?! – Remo encolheu os ombros. James avançou na direção dele. – Não se faça de burro!

– Você sabe que eu sempre fui assim, Pontas. Não há nada de novo que eu possa lhe dizer.

– E você pensa que é o único prejudicado nisso tudo?! Pensa que nós também não ficamos assustados?! Que não queríamos você por perto para nos ajudar?! – ele cuspiu as palavras.

Remo desviou o olhar. Dessa vez, era visível que James o atingira. Ele inspirou profundamente e olhou novamente para o amigo.

– Você quer saber por que era melhor estar com a Lily do que com vocês?

O estômago de James revirou. Subitamente, ele sentiu medo do que ouviria, mas sabia que era tarde para recuar. Confirmou com a cabeça.

– Porque ela era a melhor amiga da Claire – Remo disse com simplicidade, estremecendo ao dizer o nome da ex-namorada. – Antes da Claire, a Lily era a única pessoa que insistia no meu valor. Ela foi a maior patrocinadora da nossa história. Ela sabia de todos os detalhes, porque a Claire contava tudo para ela. E, quando a Claire foi embora e só me deixou uma merda de uma carta, eu percebi que a Lily era o mais próximo que eu teria da única garota que amei. Eu agradeço muito o apoio que todo mundo nos deu, mas a Lily... Não sei, Pontas. Você é um cara de sorte por ela ter se apaixonado de volta. A Lily acredita em todo mundo, no melhor de todo mundo. E a Claire era muito parecida com ela nesse ponto. E acho que ela é a única pessoa nessa escola que vai sentir tanto a falta da Claire quanto eu. Então, eu acho que foi isso. Eu gostava de ver que a Lily estava triste também. Não por minha causa, mas pelo que nos aconteceu. E eu sabia que vocês estariam mais preocupados, que me olhariam diferente por um tempo. E eu também tive medo do barulho, das reações de todo mundo, dos boatos pelos corredores. Nunca me ocorreu que eu poderia ajudar vocês de qualquer forma.

– Você foi um covarde, então? – Remo assentiu.

– É um dos nomes que você pode dar a isso.

– Você achou que seus amigos sentem pena de você? – Remo abaixou a cabeça, cansado. James esperou pela resposta impiedosamente.

– Eu admito que é minha culpa – James revirou os olhos, incapaz de acreditar. – Sinto tanta pena de mim mesmo que preocupo vocês. E sinto muito se não pude ajuda-los quando vocês precisaram.

– Eu só fico pensando – James recomeçou – como vai ser daqui a um tempo. Se nós prometemos confiar e ajudar uns aos outros mesmo depois da escola e você já sumiu assim...

– Me desculpe se fiz você pensar que não confio em você, Pontas – Remo interrompeu, parecendo impaciente. – Mas não vou pedir desculpas por ser assim. Ainda me importo com você. Ainda sou seu amigo. Sou o cara que te disse pela primeira vez que acreditava nas suas chances com a Lily. Você pode aceitar isso ou gritar comigo pelo resto da vida. A escolha é sua.

Eles se encararam duramente.

– Como eu sei que você não vai abandonar a gente na primeira chance? – Remo lhe ofereceu um sorriso sombrio.

– Você não sabe. Eu também não sei. Só sei que estamos todos apavorados com o que vai ser de nós lá fora. Agora temos que decidir quem vale o risco.

Após um tempo em silêncio, Remo suspirou.

– Eu sei que você vale o risco, James. É o cara mais corajoso que eu conheço.

– E você é o quê, então? – ele ponderou um pouco.

– Sou o cara que está lhe pedindo desculpas. E não estou fazendo isso como um sacrifício pela Lily ou qualquer coisa assim. Voltei porque senti falta dos meus amigos, das pessoas que arriscaram as próprias vidas só para me fazer companhia. Gratidão não é muita coisa, Pontas, mas é o melhor que eu posso oferecer.

James balançou a cabeça e segurou o ombro dele. Apesar de tudo, era impossível não tentar cuidar de Remo.

– Um dia você vai perceber o tempo que perde se diminuindo e como ele seria muito mais bem gasto com um pouco de autoestima – soltou o ombro do amigo. – Estou apostando em você, Aluado. Vê se não me apronta outra dessas.

Ele se afastou, ainda confuso com o que acabara de acontecer. Olhou para trás e viu Remo de costas, imóvel, cabeça baixa. Quis dizer que ele era muito melhor do que se permitia acreditar, mas não conseguiu. Era egoísta esperar que ninguém nunca o decepcionasse, James sabia. Só não conseguia ser muito melhor que isso agora. Silenciosamente, prometeu a si mesmo que acompanharia Remo na lua cheia dali a uns dias. Suas entranhas se acalmaram um pouco. James parou de caminhar por um instante. Inspirou profundamente. Fechou os olhos.

Levaria um tempo para a interação entre os Marotos ser a mesma de sempre, mas agora o pior já passara. Ele arriscou olhar para Remo outra vez. O garoto agora estava caminhando pelos jardins. James ficou aliviado: já estava perdoando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!