Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal!
Sei que demorei um pouco mais que o desejado, mas espero que o capítulo ainda chegue em tempo. Esse foi mais complicado porque saiu quase do zero, mas está bem grandinho para compensar a espera. Responderei aos comentários dos capítulos anteriores o quanto antes, assim que minhas provas passarem. Obrigada a todos por acompanharem a história.
Espero que gostem! ^^'



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Hogwarts acordou dividida entre os que torciam para a Grifinória e os que torciam para a Sonserina. O time grifinório saiu junto do salão comunal para tomar café da manhã. James ia um pouco mais à frente, arrancando suspiros e risinhos de suas admiradoras pelo caminho.

– Primeiro ele enlouqueceu e quase me largou por causa desse jogo – queixou-se Lily, a caminho do café da manhã com Frank e Alice. – Agora eu nem consigo uma chance de desejar boa sorte. Ao menos falei com a Marlene no dormitório.

– Dê um desconto – Frank aconselhou pacientemente. – Você precisava ter visto o nervosismo do James ontem à noite. Ele quase não deixou ninguém dormir.

Lily pensou em como James parecera distante durante a ronda da noite anterior. Lembrou-se de quando ele falara que: “amanhã é o último jogo que eu jogarei em Hogwarts. O fim dessa fase nunca tinha parecido tão próximo”.

– Eles vão ganhar – Alice se manifestou. – E, quando isso acontecer, eu vou rir na cara de todos os sonserinos idiotas que provocaram a Lene nos últimos dias – Frank sorriu, passando um braço sobre os ombros da namorada.

– Essa é a minha garota.

No Salão Principal, o time grifinório foi estrondosamente aplaudido pelos que estavam à mesa da Casa, mas os sonserinos não pouparam provocações. Lily, Alice e Frank tiveram de encarar toda a bagunça para encontrar vagas à mesa. Lily reprimiu seus instintos de monitora para não reclamar do barulho e se concentrou em observar James. Era impressionante como sempre aparecia alguma garota qualquer para cumprimenta-lo.

– Eu não posso chegar perto, mas, para as fãs, ele é só sorrisos – reclamou, emburrada.

– Talvez você devesse entrar no fã clube também.

– Não tem graça, Alice!

Por trás de todo o ciúme bobo e da ansiedade pelo jogo, Lily escondia seu nervosismo pelo fim do último ano em Hogwarts. Desde o que James lhe dissera na ronda, ela estava com essa ideia fixa. Além disso, James trabalhara muito duro ao longo do campeonato. Não só ele, como também Marlene e todos os outros jogadores. Eles não podiam perder a taça justamente para a Sonserina.

– Prestem bastante atenção ao que nós veremos nas próximas horas, galera, porque meu parceiro James Pontas Potter está prestes a fazer história nessa escola.

Lily, Alice e Frank olharam para o lado e deram de cara com Sirius. Ele estava com um sorriso triunfante, dividindo sua atenção entre acenar para os amigos e hostilizar os sonserinos.

– Pare de escândalo, Almofadinhas – Remo interveio. – Apenas sente logo para comer antes que a Lily mande você fazer isso.

– A Lils declara trégua nos dias de jogo – Sirius retrucou, finalmente voltando sua concentração para os três amigos à mesa. – Ela sabe que eu sou a alma da nossa festa da vitória, não é, Lils?

– Não significa que você não possa cumprir detenção na noite seguinte – ela alfinetou.

Sirius bufou, mas Remo apenas riu e bateu amistosamente em suas costas.

– Você devia escutar mais o Aluado – intrometeu-se Peter. – Até porque nós poderemos provocar os sonserinos à vontade na arquibancada.

– “Nós”? – Sirius repetiu. – Você mal consegue fazer cara de mau quando eles te provocam, Rabicho! Mas você é um maroto também. Precisa provocar as pessoas quando estiver sozinho.

– Sirius, alguém já lhe disse o quanto você pode ser uma péssima influência?! – Lily disparou.

– Você não viu nada – Frank implicou.

– Ok, hoje estão todos contra o Black – Sirius começou a se servir, evitando olhar para os amigos. – Eu só quero que você tenha confiança para se virar, Rabicho. Daqui a pouco, a escola termina e Pontas e eu não estaremos por perto o tempo inteiro para te ajudar.

– Falando sobre o dito cujo – Remo interrompeu –, você já conversou com ele hoje, Lily? – ela negou.

– Ele já estava cercado por fanáticos e jogadores quando eu cheguei ao salão comunal – lamentou.

– Ele desceu muito cedo – Remo comentou. – Fico imaginando se o nervosismo vai deixar que ele coma alguma coisa.

– Bem, Marlene também está uma pilha – acrescentou Alice. – Mas eles já disputaram finais de campeonato antes. Vão ficar bem.

– Imagine só a náusea que ela não deve sentir: comer de frente ao McLaggen e depois dividir o vestiário e o campo com ele.

– Não seja um babaca, Rabicho – Remo repreendeu. Lily percebeu que Sirius estava de cabeça baixa, subitamente concentrado em comer panquecas.

– Bem, James falou ontem no dormitório que viria falar com a gente antes de eles irem para o campo, certo? – Frank perguntou a Remo.

– Exato. Então, relaxe, primeira-dama – ele sorriu para Lily. – Ele já deve estar vindo.

– Eu só quero que corra tudo bem – Lily admitiu. – James se esforçou tanto para esse jogo, o time inteiro treinou sem parar, Marlene quase morreu num acidente...

– Merlin! – exclamou Alice. – Nunca mais me lembre disso, por favor.

Ouve uma súbita onda de aplausos no Salão Principal. Os seis olharam para o local onde o time da Grifinória estivera sentado bem a tempo de ver os jogadores, agora de pé, dispersando-se pelo salão para cumprimentar seus amigos.

James e Marlene seguiram juntos em direção a Lily e os outros. Inexplicavelmente, poucas pessoas os interromperam no caminho.

– Você não pensou que eu ia sair sem um beijo de boa sorte, não é? – James falou logo que alcançou Lily. Ela se levantou, sorrindo.

– Ainda bem que você tem algum juízo – implicou.

Eles se abraçaram com força. Lily percebeu o nervosismo de James. Ela nunca estivera realmente perto dele às vésperas de um jogo importante, mas podia imaginar que daquela vez era diferente.

– Seu eu pegar aquele pomo, Lily Evans, ele vai ser o seu presente no nosso primeiro aniversário de namoro – ela riu.

– Eu já estou tão orgulhosa de você – murmurou. Ele sorriu. Quando os dois se afastaram um pouco, Lily completou: – Boa sorte, James. Agora vá lá e acabe com aqueles idiotas porque eu não vejo a hora de jogar tudo na cara do Malfoy! Ah, e acho bom você me agradar muito se ainda quer insistir nisso até a marca de um ano.

James sorriu antes de beijá-la.

– Essa é a minha garota! – ele suspirou. – Vejo você na festa da vitória!

Ele piscou um olho e se afastou de Lily para receber os abraços e os incentivos dos amigos. Lily acabou de frente com Marlene.

– E você, mocinha... – Marlene sorriu.

– Vou tomar cuidado, prometo.

As duas se abraçaram com força.

– Obrigada por não insistir naquela história de saúde – Marlene disse quando se afastaram. Lily revirou os olhos. – Você sabe que eu não posso perder isso. É o jogo da minha vida.

– Apenas prove que eu estava errada, Lene, por favor.

– Atenção, Grifinória! – o grito de Sirius interrompeu as conversas de todos. Ele tinha subido no banco junto à mesa e agora estava falando abertamente com os presentes. – Vocês estão prontos para serem tricampeões?!

– SIM! – o urro dos alunos quase ensurdeceu Lily. Para seu desespero, James se juntou ao amigo:

– Estão prontos?!

– SIM!

– Eu disse TRICAMPEÕES! – repetiu Sirius.

– SIM!

E então, exatamente como costumava acontecer anos atrás, todos os presentes à mesa da Grifinória se ergueram e ecoaram:

– POTTER! POTTER! POTTER!

Lily quis sumir. Não fosse o sorriso imenso no rosto de James, ela teria se escondido daquela bagunça toda.

Sirius e James trocaram um caloroso aperto de mãos. Lily ainda ouviu quando Sirius comentou:

– Eu não sei porque paramos de fazer isso, cara!

James ergueu os braços, claramente estimulando os torcedores, e o alvoroço só piorou. Marlene estava rindo, assim como Frank. Remo, Alice e Peter estavam aplaudindo. Lily soltou um suspiro de rendição. Ela não podia competir com aquela multidão.

James puxou Marlene para perto de si e apontou para ela. A gritaria imediatamente mudou para:

– MCKINNON! MCKINNON! MCKINNON!

Lily também perdeu a pose e começou a torcer. O resto do time se juntou aos dois principais jogadores. As vaias da Sonserina foram abafadas quando os jogadores saíram juntos para o campo.

Sirius agora estava de frente para a mesa da Sonserina, ainda puxando o coro grifinório. Remo o cutucou. Na mesa dos professores, Slughorn já estava cochichando alguma coisa para Dumbledore, que não pareceu muito preocupado. Pouco depois, Sirius sentou outra vez. Mas o caos já estava instalado.

– E agora os sonserinos estão com a autoestima arruinada – Sirius falou, satisfeito. – De nada a todos.

**********************************************************************

James terminou de vestir o uniforme e foi encontrar os outros atletas nos bancos do vestiário. Embora o nervosismo fosse inegável no recinto, a gritaria no Salão Principal ajudara a levantar o moral de todos, especialmente dos mais inexperientes. Guga Jones estava andando para lá e para cá num canto de parede, Adams estava encolhido, com as mãos juntas perto do peito, como se rezasse, e McLaggen observava a movimentação de todos com uma cara de desprezo mais rígida que o normal. James se aproximou dele.

– Nervoso? – McLaggen ergueu os olhos para o capitão.

– Dizem que não é um jogo de verdade se você não começar nervoso – James deu um risinho fraco.

– Deus sabe que eu sempre fico nervoso. Merlin! Meu último jogo aqui.

– Você me deu a minha única temporada jogando – McLaggen falou com firmeza. – Não me esqueci disso, Potter. Vou lhe mostrar que valeu a pena apostar em mim – James assentiu.

– Ótimo. Se você tiver dicas, McLaggen, elas são bem vindas, mas esqueça essa cara de desprezo. Você vai acabar com o emocional dos outros – McLaggen suspirou.

– Vou tentar – ele se afastou do próprio armário. – Mas avise logo a Marlene que ela precisa voar pela esquerda. Por algum motivo, ela sempre se recusa a fazer o que eu digo.

Com todos prontos, James finalmente reuniu o time e repassou as estratégias. Enfatizou o que McLaggen falara sobre Marlene voar pela esquerda, repassou as últimas jogadas, pediu tranquilidade. Finalmente, ele respirou fundo e disse:

– Eu também estou apavorado – o olhar de recriminação de McLaggen foi impossível de não notar, mas James se concentrou nos outros jogadores. – Eu nunca mais vou jogar em Hogwarts – agarrou o próprio uniforme. – Nunca mais vou vestir essas roupas para competir. E foi uma jornada maluca até aqui. Joguei com alguns de vocês desde cedo – seu olhar inevitavelmente caiu sobre Marlene – e estou muito satisfeito por ter ajudado outros a entrarem no time. Vocês confiaram muito no meu trabalho até agora e eu só peço que confiem nisso mais uma vez quando entrarmos em campo. Pensem nos treinos, nos sacrifícios que todos fizemos. Esqueçam qualquer dissabor com quem quer que seja. Ninguém aqui precisa se amar profundamente. Basta que todo mundo queira aquela taça.

– Querido, aquela taça é nosso direito – Marlene interrompeu. – Quase metade do time está se formando. Vocês querem a taça ou não?!

– Sim! – os outros gritaram em resposta. James olhou para Marlene, agradecido. Era seu segundo ano como capitão e ver a motivação daquele time significava tudo.

– Potter – McLaggen chamou, quase sorrindo. – Vê se pega logo esse pomo, ok? – os outros incentivaram. James sorriu, determinado.

– Com certeza! – então suspirou. – Eu estou tão orgulhoso de todos vocês – admitiu. – Prontos para fazer história em Hogwarts?

**********************************************************************

– Claire!

O susto de Alice chamou a atenção dos outros. Remo e Claire estavam se instalando junto aos amigos na arquibancada da Grifinória.

– Como você chegou aqui?

– Eu tenho meus métodos – Remo respondeu com um ar estranhamente delinquente. – Ainda sou um maroto, sabe.

– Esse é o Aluado que eu sempre quis ver! – Sirius bagunçou o cabelo do amigo.

– É o último jogo de James Potter em Hogwarts – Frank falou de repente. – Um dia memorável mesmo.

– Eu lembro quando ele conseguiu o posto de apanhador, no terceiro ano – Remo divagou. – Dois anos seguidos sendo desprezado pelo Williams até o Pontas provar que era bom.

– Ele treinou dia e noite durante o verão – Sirius acrescentou. – E, quando voltamos a Hogwarts, eu o ajudei a voar nos arredores do castelo à noite. Sabe como é, em caso do Filch desconfiar.

– Então o Aluado deu a ideia do Mapa do Maroto para ajudar na missão – Peter lembrou. – Parece até que foi uma vida atrás.

– Bem, isso é culpa do Pontas, que perdeu o maldito mapa, o trabalho de nossas vidas, o...

– Do que vocês estão falando? – Alice interrompeu, confusa. Claire, Frank e Lily apoiaram. Sirius apenas suspirou.

– Bons e velhos tempos...

Lily se perguntou porque James nunca lhe contara sobre essa história de não ter sido aceito de primeira no time. O máximo que ela sabia era sobre uma detenção que McGonagall lhe passara no quarto ano para propositalmente deixa-lo fora de um jogo.

“Meu caráter era mais importante para ela do que o jogo” ele explicara.

Talvez o quadribol tivesse sido uma peça importante no amadurecimento de James Potter, afinal.

Outra coisa que Lily não pode deixar de reparar ainda no início do jogo era que o quadribol parecia ser a única maneira de amenizar a rivalidade de Sirius com McLaggen. Embora Sirius não aparentasse estar em seu melhor dia, ele torceu, gritou, xingou o time sonserino e, para surpresa de todos, vibrou até com as defesas de McLaggen.

Talvez muita gente ali tivesse amadurecido por meio do quadribol, ela pensou.

**********************************************************************

Desde o início, a partida foi tensa e violenta. Guga Jones, paralisada por sua primeira crise de nervosismo, simplesmente não conseguia rebater bem. A defesa Sonserina, por outro lado, barrou várias tentativas dos adversários e foi Martin, o parceiro batedor de Guga, quem salvou o time da primeira investida Sonserina. James tentou se concentrar na busca pelo pomo, mas não se aguentou e voou para perto de Guga Jones.

– Ei, o que é isso?! Nossas artilheiras mal conseguem passar!

Ele sabia que a garota estava ansiosa. Guga não era a mesma desde o acidente de Marlene.

– Vou dar um jeito nisso! – ela gritou em resposta, em meio ao rugido da plateia.

– Nós precisamos de você, Guga! Todo mundo aqui está nervoso e todo mundo joga muito bem. Mas será que você quer mesmo ganhar nesse seu primeiro ano jogando?! – ela arregalou os olhos, muda. – Quer, Guga?!

– Claro que sim!

– Isso! – James vibrou, batendo no ombro dela. – Então derrube esses idiotas, porque você é a melhor batedora desse campeonato!

Guga, que, até então, estivera mais pálida que o normal, ficou com as bochechas coradas. Ela assentiu para James, subitamente determinada, enquanto ele se afastava.

Houve uma onda de desespero na torcida vermelho e ouro e James ouviu o locutor anunciar o primeiro gol da partida. McLaggen já estava furioso.

– Será que eu vou jogar sozinho?!

James não se atreveu a repreendê-lo. Então, felizmente, Guga Jones nocauteou o goleiro sonserino com um balaço na barriga.

Ele se encolheu sobre a vassoura e ficou imóvel, mas a artilharia da Grifinória não conseguia atravessar o campo.

– POTTER! – esganiçou-se McLaggen. – Diga a Marlene que voe pela maldita esquerda! Ela não me escuta!

James já estava pronto para obedecer, surpreso por concordar ao menos uma vez com McLaggen, quando Marlene, marcada por dois adversários, encaixou um passe cruzado para Emily. Aproveitando que o goleiro ainda não se recuperara por completo, ela arremessou a goles com força, abrindo a pontuação da Grifinória.

– ISSO! – James comemorou junto com o urro enlouquecido da torcida.

Quando ele finalmente voltou a atenção para a busca pelo pomo, não teve a mesma sorte. James e o apanhador adversário gastaram quase uma hora até avistarem praticamente ao mesmo tempo a bolinha. Eles até começaram uma corrida para alcança-la, mas o pomo conseguiu despistá-los. Enquanto isso, o jogo seguiu complicado. O placar estava basicamente empatado, porque sempre que alguém marcava, o outro time marcava também. Guga acertou um balaço no braço do principal artilheiro sonserino, mas ele ainda conseguia arremessar muito bem com o outro. Marlene também fora atingida por um balaço nas costas e estava voando mais devagar, embora o intervalo que madame Hook convocara poucos minutos atrás tivesse garantido que ela se certificasse de que estava bem. Apenas não podia lidar com a dor naquele momento.

Com quase duas horas de partida, o apanhador da Sonserina viu o pomo outra vez. James disparou atrás dele. O outro garoto estava com dificuldades em guiar a vassoura, então não foi tão difícil alcança-lo. Daí em diante, os dois começaram um empurra-empurra em meio às manobras. O placar continuava apertado, mas a Grifinória agora estava atrás por dois gols. James escutou o urro da torcida e deduziu que Marlene acabara de marcar seu milésimo gol no campeonato. Ainda assim, ele nem piscou. Não se atreveu a desviar o olhar ou...

Mas o apanhador sonserino se distraiu e tentou olhar para o centro da partida. James aproveitou a chance e tomou a frente do adversário. Pensou em Marlene, inflamada, liderando os artilheiros e tentando montar suas melhores jogadas ensaiadas. Pensou em como a Sonserina estava mais confiante e, mesmo assim, sofria para atravessar as excelentes defesas de McLaggen. Pensou em Guga Jones infernizando a vida do outro time com seus balanços extremamente velozes.

O pomo voou mais baixo e James mergulhou com tudo atrás dele. Acelerou tanto que o outro apanhador parecia ter realmente desistido. Ele jurou a si mesmo que não deixaria a bolinha escapar outra vez. Não quando seus colegas estavam batalhando tanto. Viu o chão cada vez mais perto, mas esticou os braços, os dedos... Não podia ser tão difícil...

– ELE PEGOU! James Potter pegou o pomo de ouro! A TAÇA É DA GRIFINÓRIA!

James conseguiu manobrar a vassoura para cima bem a tempo de evitar uma colisão com o chão e voou com o braço erguido, a bolinha entre os dedos. O locutor estava gritando, a plateia estava gritando, e James não ouviu o apito de madame Hook, mas todos os jogadores da Grifinória voaram para abraça-lo e comemorar.

– TRICAMPEÕES! – Marlene gritava incansavelmente.

O grito da torcida era ensurdecedor. Os jogadores da Grifinória começaram a se desvencilhar do abraço coletivo aéreo e se viraram para a arquibancada da casa. James não sabia se era possível, mas achou que o barulho estava ainda mais alto. Eles acenaram para os torcedores antes de voltarem para o chão. James encontrou Lily no meio da multidão. Ela estava comemorando e aplaudindo entusiasticamente, Sirius socava o ar, com uma alegria que James não via no amigo há tempos. Remo e Claire também estavam comemorando e Alice e Frank aplaudiam sem parar. James sentiu quando Marlene pairou ao seu lado e pôs uma mão em seu ombro para cumprimenta-lo.

Ele pensou em todas essas pessoas e quis dizer de alguma forma o quanto os amava e o quanto era grato por tê-los achado. Tricampeão de quadribol, com boas notas, grandes amigos e a garota de seus sonhos, James Potter acreditou realmente que estava vivendo seu melhor dia.

Chegou um pouco mais perto da arquibancada, o que levou a torcida à loucura. Contudo, ele só se aproximou o bastante para encarar Lily, erguer o pomo de ouro entre os dedos e apontar para ela. Lily sorriu, radiante, e James moveu os lábios para formar as palavras:

“Esse é seu!”

**********************************************************************

A torcida da Sonserina abandonou as arquibancadas antes que a maioria dos grifinórios seguissem para o castelo.

No vestiário da Grifinória, em meio aos abraços e gritos de comemoração e de incredulidade, a professora McGonagall apareceu para cumprimentar todos os jogadores e erguer o troféu com eles mais uma vez. Ela parabenizou todos, mas deixou James por último. Apertou o ombro do garoto com força, satisfeita.

– Potter – começou, incapaz de esconder seu orgulho –, você foi o melhor capitão que nossa Casa já teve.

Ele imediatamente pensou nos primeiros anos de escola, em como fora difícil conseguir uma vaga no time e como, apesar de todas as broncas, McGonagall nunca desistiu dele. James sorriu com as lembranças.

– Obrigado por ter me dado a chance, professora – McGonagall retribuiu o sorriso.

– A srta. Evans deve estar orgulhosa – então, para espanto de James, ela piscou um olho antes de deixar o vestiário. – Ah! E, Potter, quero essa belezinha – indicou o troféu – na minha sala amanhã bem cedo. Não importa até quando a festa da vitória vai durar. E nada de álcool outra vez!

– Sim, senhora!

Poucos minutos depois, o time decidiu sair enfileirado. Havia uma multidão vermelho e ouro do lado de fora e os primeiros jogadores a aparecer foram imediatamente abordados. McLaggen, Guga Jones e Marlene foram prontamente carregados por vários colegas que entoavam os mais variados hinos de vitória. James tratou de entregar o troféu para Martin e, tal como ele esperara, um novo grupo apareceu ao redor do garoto e o carregou nos ombros, cantando sobre o troféu. Apesar da enxurrada de apertos de mãos e elogios, James conseguiu escapar de ser levado nas costas também. Quando finalmente encontrou Lily e seus amigos, ele abriu os braços, mais feliz do que nunca, e precisou de muita força para não se desequilibrar quando Lily se atirou em sua direção. Os dois meio que rodopiaram abraçados por um tempo, rindo e gritando, até James finalmente coloca-la de volta.

– Vocês conseguiram! – Lily exclamou, encantada. – Parabéns, James!

Sirius apareceu para bater nas costas do amigo bem na hora em que os dois se beijaram. James aceitou os cumprimentos de todos e dedicou um abraço particularmente longo para Claire.

– Título prometido é título ganho – disse para a amiga. Claire corou um pouco.

– Você não precisava fazer isso, James. Mas eu amo o fato de ter feito mesmo assim.

– Eu ainda estou planejando uma festa junto do lago ou coisa assim, para que você possa participar, Claire – Sirius se manifestou.

– O quê?! – Lily estremeceu só de pensar. – Sirius, não sei se vale a pena mandar todo mundo para uma detenção só para a Claire comemorar com a gente.

– É verdade – Remo se apressou em concordar. – Nós estávamos pensando em irmos todos para a cozinha hoje, conversar um pouco e provar uma torta nova que os elfos ainda estão aperfeiçoando.

– Soa promissor – Frank aprovou. Sirius revirou os olhos.

– Vocês são muito medrosos mesmo...

A discussão se prolongou enquanto eles seguiam para o castelo, mas James e Lily ficaram para trás. Ele passou um braço sobre os ombros dela e aproveitou o toque de Lily em sua cintura. Beijou-a na cabeça, incapaz de acreditar que tudo aquilo estava mesmo acontecendo.

– Qual a sensação de ser tricampeão? – Lily perguntou. James riu.

– Eu nem sei se já comecei a acreditar, mas te explico quando souber.

– Eu fiquei surpresa de você não ter sido carregado – ela confessou. – Não esperei que Martin fosse sair com o troféu – James deu de ombros.

– Eu continuo sendo o capitão até o fim desse dia, acho. Só não queria que ninguém me carregasse antes de eu falar com vocês – ele percebeu o sorriso satisfeito de Lily.

– Marlene não teve a mesma sorte.

– Ah, ela merece curtir muito. Marlene foi praticamente minha co-capitã. Ela jogou como um monstro hoje. Foi incrível.

– Você também jogou muito – ele sorriu, encarando Lily.

– É, mas eu já comemorei tanto com o time e tenho até a formatura para levar crédito por isso. Mas só teria a chance de te dar aquele abraço uma vez. Ganhei a partida para você, esqueceu? – Lily sorriu, abobalhada.

– Você faz quadribol parecer tão impossivelmente romântico, James Potter...

**********************************************************************

A festa da vitória estava mais animada do que qualquer outra de que James se lembrasse. Sirius claramente levara a sério sua missão de promover uma última comemoração desse tipo em Hogwarts. Havia música, doces da Dedos de Mel, cerveja amanteigada, suco de abóbora, empadão de rins que só podia ser contrabandeado das cozinhas e, para possível desgosto de McGonagall, uísque de fogo.

Apesar do assédio dos colegas, James conseguiu passar a maior parte da festa conversando com Lily e com os marotos. Exceto, claro, depois que Remo desceu para encontrar Claire.

– Vocês nos encontram nas cozinhas daqui a uns quarenta minutos? – ele indagou.

– Claro! – James confirmou.

– Nós vamos comemorar lá e depois voltamos para continuar comemorando aqui! – exclamou Marlene.

– Você devia tomar mais cuidado com esse uísque de fogo, Lene – Alice alertou.

Ao lado de James, Lily percebeu pela primeira vez que ainda não vira Sirius e Marlene falando diretamente um com o outro.

– Que bobagem, Lice. Até a Lily bebe uísque de fogo.

– Ei! – Lily protestou. – Eu não sou fraca como você faz parecer.

– Lily Evans discutindo para provar sua resistência – intrometeu-se Sirius. – Essa foi inesperada.

– Eu só espero que seu estoque de contrabandos não nos ponha em encrenca, Sirius – Lily retrucou. – Estou dando um desconto hoje porque, afinal, nós ganhamos.

A conversa durou mais um tempo. Então, quando Lily se afastou para apanhar mais cerveja amanteigada, um garoto do segundo ano a abordou para entregar um pedaço de pergaminho. Ela leu e imediatamente foi buscar James.

– O que houve? – ele estranhou.

– A professora McGonagall quer falar com a gente – todos os olhares inevitavelmente caíram sobre Sirius, que agora estava do outro lado do salão comunal, conversando com duas garotas.

– É só o Black voltar a galinhar e nós nos encrencamos – Marlene bufou. Alice tomou o copo da mão da amiga. – Ei!

– Chega de uísque por um tempo – decretou.

Lily e James os deixaram e seguiram prontamente para a sala de McGonagall.

– Será que tem a ver com a festa? – ele disparou no caminho.

– O quê mais seria? – Lily parecia apreensiva. – Por que mais ela convocaria os dois monitores-chefes assim? – ela engoliu em seco.

– Outra daquelas reuniões de futuros comensais? – James arriscou.

– Eu espero que não. Com o jogo e tudo o mais, não acho que alguém seria descoberto por isso.

Apesar das especulações, eles concordaram em agir normal e calmamente na sala da professora. Entraram de mãos dadas no lugar e sentaram diante de McGonagall, do outro lado de sua mesa. A professora os examinou por um momento, em silêncio.

– Professora, não me leve a mal – Lily começou –, mas eu estou ficando seriamente preocupada.

James tentou segurar a mão dela para tranquiliza-la. Mcgonagall suspirou.

– Muito bem, então. Eu quero deixar claro que não os chamei aqui pelo fato de vocês serem monitores simplesmente – Lily e James se entreolharam, confusos. – Não vejo como explicar de outro jeito, Lily, mas você e o sr. Potter são muito próximos ao sr. Lupin e sua namorada, correto? – Lily registrou o uso de seu primeiro nome, mas tentou não se deter a isso.

– Somos, sim senhora.

– Bem, vocês certamente sabem que a família da Claire tem sofrido ameaças muito sérias e que tinham resolvido deixar o país.

Lily quase esmagou os dedos de James. Seu coração martelou descontroladamente.

– Ai, meu Deus – deixou escapar.

– Professora – James interveio – aconteceu alguma coisa com a família dela? A Claire vai precisar viajar logo?

McGonagall olhou de um para o outro. Então, suspirou outra vez e disparou:

– Ela já viajou, James. Os pais de Claire fizeram contato conosco logo após o jogo. Foi uma correria, mas conseguimos encontrá-la e enviá-la. Eles deixaram Hogwarts há algumas horas. Se tudo tiver corrido como o planejado, já estão fora da Grã-Bretanha a essa altura.


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