Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! ^^'

Bem, como o último capítulo ficou muito longo e ainda demorou a sair, eu decidi que já era mais que hora de terminarmos dessa etapa da festa do Slughorn. Então, para tentar compensar a demora da última postagem e também para não perder o ritmo da história, eu decidi postar logo um capítulo menor, que encerra essa fase e nos deixa entrar logo numa nova parte do enredo. Espero que vocês gostem! O próximo capítulo virá assim que eu puder digitar.
Até mais!



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Os passos de Lily avançavam rapidamente pelo corredor. Atrás dela, James tentava entender o motivo de tanta pressa. Lily estava estranhamente agitada e ele não sabia por que ela resolvera tão subitamente sair da festa.

– Aonde estamos indo? – perguntou calmamente.

– Nenhum lugar em especial – ela resmungou. James parou de andar. Não queria ser estraga-prazer, mas tudo aquilo estava muito esquisito. Sorriu quando Lily o encarou.

– Nós já estamos num corredor deserto – surpreendentemente, ela deu um sorrisinho amarelo.

– Sei lá. As paredes têm ouvidos.

– Algum problema, Lily? – ela começou a torcer as mãos. – Lily?

– Só acho desconfortável essa sua maldita fama – o rosto dela estava vermelho e sua voz estava um pouco estridente.

– Como assim? – atrapalhou-se James. Mas Lily claramente não queria explicar. Era evidente o esforço dela enquanto falava:

– Bem, só para começar, suas fãs não pararam de nos encarar e, depois que a Melanie apareceu, elas ficaram claramente rindo da minha cara...

– Lily.

– Não diga que é paranoia! – ela falou ameaçadoramente. – Você também percebeu quando a gente chegou na festa.

– Certo, mas isso te irritou tanto? – ele tocou seu rosto com cuidado. – Nós sabíamos que seria assim.

– Eu não sabia que a Mel – pronunciou o apelido de forma venenosa – me transformaria em piada.

– Ela não fez nada disso – James censurou duramente. – Melanie é minha amiga.

– Ela gosta de você! – exasperou-se Lily. Então, finalmente, ele entendeu.

– Lily – recomeçou, incapaz de não sorrir –, você está mesmo com ciúmes?

Ela corou rapidamente. Sua expressão ficou mais zangada quando ela empurrou a mão de James para longe de seu rosto.

– Você está se divertindo às minhas custas! – protestou. – Aposto que está adorando isso tudo... – James balançou a cabeça, rindo baixinho.

– Mas você já sabe há um tempão que eu adoro sua companhia, Lily.

– Não se faça de idiota comigo, James Potter! – ela apontou perigosamente para ele. – Não vou deixar que o meu namorado fique se exibindo por aí e muito menos me exibindo por aí!

James ergueu uma sobrancelha.

– Namorado?

Ele viu a luz sumir dos olhos de Lily quando ela se amaldiçoou mentalmente. James respirou fundo.

– Lily Evans, você acabou de me chamar de namorado?

– Não fique se gabando – ela falou, na defensiva.

– E agora você está confirmando!

– Pare com isso! – mas James não conseguia parar de sorrir. – Como você quer que me sinta, James?! O que você quer de mim?! É tudo ótimo quando estamos só nós dois, mas, então, basta seu fã clube aparecer para eu lembrar que você já ficou com metade da população feminina de Hogwarts. Ainda por cima, você não quer que eu me preocupe com a Melanie, que foi a última pessoa com quem você ficou antes de mim!

Ele chegou mais perto, perfeitamente tranquilo.

– Lily, por Merlin, como é que você ainda pensa essas coisas?! Pior: como você acredita nisso?! Eu não tenho mais nada assim com a Melanie. Na verdade, ela me incentivou a insistir em você e me emprestou a essência de ditamno e o creme anti-hematomas quando Remo nos atacou – a postura de Lily murchou um pouco. – O que você acha, Lily? Que eu passei sete anos esperando a chance de brincar com você, de te fazer de troféu para todo mundo ver e depois quebrar seu coração? Você ainda acha mesmo que eu sou desses?!

Embora a voz e a expressão dele fossem suaves, Lily ficou notavelmente sem jeito. A coisa quente e escamosa, que nascera em seu peito desde a aparição de Melanie, se remexeu.

– É claro que eu tenho medo – ela admitiu em voz baixa. – Tenho medo de você se deixar levar pelo que os outros falam, de o James antigo voltar ou...

– Lily – ele disse com firmeza. – Nem o James antigo te queria por esse motivo – ela finalmente o encarou. – E eu não sou estúpido o suficiente a ponto de guiar minha vida pelo que os outros dizem de você.

– Bem, todos os meus relacionamentos deram errado. Todos eles. Eu claramente não levo jeito para a coisa e parece até que a escola inteira está torcendo para que eu me dê mal de novo, então...

James rolou os olhos, impaciente. Lily não se tranquilizou nem um pouco.

– Será que você nunca leva a sério o que eu digo?! – ele a olhou.

– É claro que eu levo você a sério. E você sabe disso, Lily. Mas também é claro que eu gostei de te ver com ciúmes depois de ser rejeitado a vida toda. É claro que gostei quando você me chamou de namorado. A única grande questão é que eu não me importo com essas pessoas. Você não está comigo porque eu sou popular e eu não estou com você porque acho que sua vida amorosa é um sucesso. Eu não me importo se o mundo inteiro pensa o contrário – houve uma pausa. Como Lily continuava inquieta, James suspirou. – Merlin, pare achar que estão todos contra nós! – segurou o rosto dela entre as mãos. – Vamos lá, Lily. Pare com isso de uma vez e dê uma chance a nós dois!

Eles se encararam de mais perto. James viu o olhar amedrontado de Lily. Viu as barreiras dela desabando devagar, à medida que ela inspirava com força e segurava o colarinho dele com força.

– Eu quero dar uma chance a nós dois – Lily sussurrou. – E você sabe que isso me fez jogar no lixo sete anos de orgulho. Eu fiz tudo para evitar uma discussão ontem à noite. Eu confiei em você o bastante para lhe contar tudo de mais íntimo sobre mim...

– Lily... – ela apertou os dedos no colarinho dele com mais vigor.

– Eu lhe dei todas as provas, James, mas eu juro – seus olhos estavam marejados e seu corpo tremia enquanto ela sacudia James pela gola das vestes. – Eu juro que se... se você brincar comigo, James Potter...

Ele a beijou.

Sentiu o corpo de Lily estremecer quando seus lábios se encontraram. James pressionou a boca na dela insistentemente, até Lily relaxar um pouco.

– Não vou fazer nada disso – ele murmurou enfim. – Não vou jogar fora todo esse tempo de espera.

Eles estavam com as testas encostadas e James podia sentir a respiração apreensiva dela. Arriscou outro beijo.

– Nós estamos bem, Lily.

Era difícil acreditar que ela estava assustada com a possibilidade de perde-lo. Afinal, aquela ainda era Lily Evans e ele ainda era James Potter e ninguém conseguiria contabilizar as vezes em que eles tinham desistido um do outro nem as vezes em que todos perderam a esperança de vê-los juntos, inclusive o próprio James. Ainda assim, o mais difícil era ficar longe dela. Definitivamente, o momento mais sombrio de James até então fora fingir indiferença a Lily. Fora dizer a si mesmo que eles nunca dariam certo e que ele, apesar de tudo isso, ainda a queria por perto. Ele não passaria por isso de novo.

– Pare com essa conversa de ir com calma – ele sussurrou, encarando os olhos verdes e arregalados de Lily. – Vamos lá, Lily. Nós já tivemos vários anos. Não sabemos viver as coisas pela metade. Mas você tem que me ajudar a fazer isso funcionar.

Ela engoliu em seco, mas respondeu com firmeza:

– É claro que sim – James sorriu, quase sem acreditar. Lily deu um risinho nervoso. – Qual parte de “meu namorado” você não tinha entendido ainda?

Eles sorriram e James, abismado com a própria sorte, soltou um riso aliviado antes de abraçar Lily euforicamente. Depois recuou um pouco, feliz da vida. Olhou para cima, como se agradecesse aos céus.

– Meu Deus! – exclamou.

Lily acabou rindo também. O monstro escamoso no peito dela ronronou baixinho, relaxado, e ela pode apreciar a forma encantadora como James ria e olhava para todos os lados, como se não coubesse em si de satisfação.

– Não seja tão exagerado... – ela pediu, envergonhada.

O sorriso de James ficou subitamente sugestivo. Ele a encarou, apontando para cima.

– Eu não sei se você notou – ele começou –, mas nós estamos debaixo de um visgo.

Lily sorriu também. Puxou James para mais perto.

– Você, por acaso conhece a tradição, Potter? – perguntou, passando os braços em torno dele. Tudo o que acontecera nos últimos minutos ainda parecia muito surreal, mas ela não se importava.

– Conheço muitas tradições, Lily. Como você acha que me tornei um namorado tão incrível?

Eles riram despreocupadamente.

– Sempre pensei que tivesse mais a ver com seu talento para beijar – ela respondeu. James ainda estava sorrindo quando ela trouxe o rosto dele para mais perto e o beijou na boca. Ele sentiu os lábios de Lily sorrindo também. Sete anos de muita imaginação e, finalmente, esse momento estava acontecendo.

Eles estavam juntos. De verdade.

**********************************************************************

– Quem diria... Potter devia ganhar uma condecoração por sua persistência ou algo assim.

– Pare com isso, Michael. Eles se gostam muito.

– Não disse que eles não se gostavam. Só acho interessante que eles tenham fugido para debaixo de um visgo...

Marlene riu tolamente. Eles tinham visto James e Lily aos beijos num corredor deserto quando também deixaram a festa, algum tempo antes de resolverem voltar para a Torre da Grifinória. Em ambos os casos, a ideia de mudar de lugar fora de Marlene. Na primeira vez, porque ela estava cansada de como Michael tentava se exibir para os convidados. Na segunda, porque estava com muito sono e ficou difícil continuar acordada quando Michael parou de beijá-la para lhe perguntar sobre seus planos para depois de Hogwarts.

– Você acha que o Black foi mesmo à festa? – ele indagou. Marlene nem percebeu quando ele a abraçou por trás. Estava acostumada à mania que ele tinha de nunca soltá-la, então sua cabeça nem pensava nisso agora.

– Acho – disse Marlene naturalmente. – Várias pessoas o viram por lá, não foi?

– Foi, mas todo mundo disse que ele desapareceu pouco depois.

Marlene não queria falar sobre Sirius. Se parte sua se sentia vitoriosa às custas da humilhação dele, havia outra parte que estava preocupada. Ela queria que Sirius tivesse ido à festa. Caso contrário, isso implicaria em dizer que ele estava levando Jenna Edgecombe a sério. E essa era uma ideia que Marlene não suportava.

Quando chegaram ao salão comunal, pouco depois, o lugar estava deserto. Michael bocejou demoradamente.

– É, eu cansei também – falou. – Você já vai subir? – Marlene assentiu. – Bem, eu gostei da nossa noite – Michael sorriu.

– Eu também. Foi muito legal – não era uma mentira. Ela apenas gostaria que Michael tivesse sido sua versão mais legal durante toda a festa. – Boa noite, Michael.

Eles se beijaram uma última vez antes de ele subir para o dormitório masculino. Marlene ficou se espreguiçando lentamente. Por fim, ela coçou os olhos, ciente de que estava borrando boa parte da maquiagem, e seguiu para o próprio dormitório.

– Marlene.

Uma voz grave às suas costas fez Marlene se virar. Diante de seus olhos confusos, Sirius Black em pessoa se materializou, como se desfizesse um Feitiço da Desilusão.

– Black! – espantou-se Marlene.

– Desculpe o susto – ele pediu com um sorriso que ela conhecia bem.

– Você não estava aqui um segundo atrás.

– Claro que estava – ele lhe mostrou um amontoado de tecido.

– É claro – ela suspirou. Devia ter desconfiado.

– O que houve com seu rosto? – ele parecia confuso. – Você andou chorando?

– Não, não. Eu só esfreguei os olhos e borrei a maquiagem – surpreendeu-se um pouco com a preocupação dele, mas não quis entrar nesse assunto. – Então, foi com a capa do James que você entrou de penetra na festa também?

– Penetra é uma palavra muito forte – Sirius jogou a Capa da Invisibilidade numa cadeira ali perto. – Digamos que eu fui buscar uma pessoa – Marlene ergueu as sobrancelhas.

– É mesmo? Quem?

– Você, é claro.

Alguma coisa dentro dela pulou. Marlene riu com gosto.

– Eu?! Que maluquice é essa, Black?!

– Não é maluquice. Você sabe que não gosta do McLaggen, Lene – ele se aproximou devagar. – E ele realmente não é homem para você.

– Desde quando é você quem decide isso?

– Você gosta de me provocar – Marlene abriu a boca para rebater. – Não negue. Nós somos uma boa dupla, Lene. Se você largar o McLaggen...

– Sirius – ela estava horrorizada. – Você e eu somos amigos, ok? Apenas amigos – ele riu antes de chegar mais perto.

–Sirius?

– Eu estou falando sério agora – disse com firmeza.

– Eu também – ele jogou os cabelos para trás. – Escute, Marlene, eu não quero fingir que não sinto sua falta. Pelas calças de Merlin, largue esse idiota e...

– E o quê? – ela desafiou. – Você está com a Jenna, esqueceu? – Sirius fez uma careta, desconsiderando.

– Eu não tenho nada sério com a Jenna.

Ele estava sorrindo, mas os olhos de Marlene arderam.

– E é isso que você está me propondo? – ela falou, sem conseguir disfarçar a mágoa que sentia. – Você quer que eu deixe o Michael para viver uma aventura com você?

Sirius a encurralou contra as costas do sofá, com o rosto pouco acima do dela e, ainda sorrindo, confirmou.

– Você pensa mesmo que eu sou tão burra? Ou tão baixa?

A repulsa na voz dela fez o sorriso de Sirius reduzir bruscamente.

– Cresça, Sirius Black.

– Mas você não gosta do McLaggen. Todo mundo sabe.

– E quem disse que eu gosto assim de você?!

– Lene...

– Não – eles estavam muito perto um do outro, mas, diferente do que teria significado em outros tempos, isso agora era um incômodo. Sirius estava claramente desorientado.

– Não o quê? Nós dois...

– Não vou ficar com você, Sirius. Se eu me envolver de verdade e você me jogar fora, o que acontece?!

– Marlene! – espantou-se ele, recuando um pouco. – Eu jamais faria...

– É exatamente isso que você faz! – ela interrompeu. – Não morro de amores pelo Michael, mas nós não temos pressa. Você pode ficar à vontade para enganar e seduzir quem quiser nesse meio tempo.

Ela tentou ir embora, mas Sirius a impediu.

– Você entendeu tudo errado – ele disse.

– Então você quer sair comigo? – Marlene disparou impiedosamente. – Você gosta de mim, Sirius Black? – ele fez uma careta.

– Não seja assim...

Marlene o empurrou e se afastou, olhando-o com decisão.

– Bem, é o que eu sou. Não vou trocar o Michael por um capricho seu – ela alcançou a escada. Sua voz e sua expressão eram muito severas. – Nunca mais me faça uma proposta dessas – acrescentou. – Nunca mais.

E foi para o dormitório.


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Notas finais do capítulo

PS.: Preciso agradecer a todos os leitores que se mantiveram atentos, especialmente durante os longos dias em que não postei. Obrigada a todos vocês que comentaram, incentivaram e tudo o mais. Fico no aguardo pelas opiniões sobre esse capítulo aqui também e aproveito para convocar os leitores tímidos. Mensagens privadas também são bem vindas! O importante é todo mundo se ajudar para a fic ficar o melhor possível. =)