Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá, juventude!

O outro capitulo chegou mais rápido que o normal e esse demorou mais do que eu gostaria, mas as coisas andam movimentadas por aqui. Peço desculpas. >< Se serve de consolo, o capítulo está um pouco maior que o de costume e entrando de verdade no clima de Natal. Gosto de pensar nele como meu presente de Natal para vocês, então espero que curtam mais esse trecho da história. ^^' Chega de enrolação, galera, os outros esclarecimentos virão depois do texto! ;)



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Não era possível se dizer se aquele era realmente um primeiro encontro. Lily caminhou ao lado de James o tempo todo, sem entender aquela vontade esquisita de segurar a mão enluvada dele.

– Almofadinhas nem vai acreditar quando souber que saímos todos juntos – Peter comentou calmamente. – Já era estranho quando vocês desistiram de matar um ao outro – Lily corou.

– Como se Almofadinhas tivesse moral para falar de coisas estranhas – James retrucou. – É ele quem está saindo com a mesma garota há semanas.

– O que você tem contra isso? – Lily disparou.

– Nada, mas é que ninguém esperava isso do Almofadinhas.

– A não ser que fosse com a Marlene – Peter acrescentou. Lily riu.

– Você também acha que eles se gostam, Peter?

– Claro que sim. A Jenna dava em cima do Almofadinhas há séculos, mas ele só cedeu quando a Marlene voltou de verdade com o McLaggen.

Algum tempo depois, quando eles chegaram a Hogsmeade, Lily ficou aliviada de ver o povoado repleto de enfeites natalinos. Apesar do pânico espalhado por Voldemort, as principais lojas estavam abertas e as ruas estavam apinhadas de gente. A primeira parada de Lily e dos garotos foi na Dedos de Mel e, de lá, foram escolher presentes para a família. Peter escolheu a primeira bobagem que viu, pagou e voltou para o castelo, enquanto James, que também já comprara o que queria, fazia companhia a Lily.

– Isso não vai dar certo – ela reclamou, emburrada. – Meus pais são trouxas, vão ficar assustados se ganharem uma coisa dessas.

Ela olhou decepcionada para uma agenda encadernada em couro que gritava o horário de cada compromisso conforme a proximidade da hora marcada. Virou-se para James.

– Você é um homem, James. O que gostaria de ganhar de uma filha?

Ele ficou meio assustado com a pergunta.

– Lily, eu sou um bruxo. E eu nem conheço o seu pai. E não tenho filhos.

– Mas você fez Estudo dos Trouxas até o ano passado – ela insistiu. – Aliás, por que desistiu da matéria?

James demorou um pouco a responder, sem jeito. Assanhou os cabelos.

– Não quis lotar muito o meu horário e Estudo dos Trouxas não é pré-requisito para ser auror – eles começaram a caminhar entre as prateleiras, procurando algo interessante. – O que eu nunca entendi é por que você cursa Estudo dos Trouxas até hoje.

– Gosto de estudar o mundo dos trouxas pela visão dos bruxos. É fascinante – Lily suspirou, desenganada. – Não tem nada aqui que sirva para os meus pais.

– De repente eles são entusiastas da magia – James arriscou. – Alguns bruxos são fascinados pelas criações trouxas – Lily lhe lançou um olhar cético.

– Depois de tudo que eu te contei sobre a Petúnia, você não pode achar de verdade que minha família está acostumada ao mundo bruxo. Além disso, nós temos amigos e vizinhos que nem desconfiam de nada. Para todos os efeitos, eu apenas estudo numa escola interna tradicional.

– Desculpe – James pediu, sem graça. – Eu não pensei por esse lado – Lily abanou a mão.

– Tudo bem. Eu acho que já sei como resolver isso – diante da expressão confusa dele, ela explicou: – Meus pais gostam de beber em ocasiões especiais, sempre gostaram. Eu acho que vou comprar uma garrafa de hidromel.

Então eles seguiram para o Três Vassouras, que, como sempre, estava lotado. Felizmente, Lily conseguiu localizar uma mesa vazia junto à parede e eles se acomodaram por lá.

– Marlene adorava os inventos trouxas – ela contou, tentando esquecer que James fizera questão de abrir todas as portas em Hogsmeade para que ela entrasse primeiro. – Ela até cursou Estudo dos Trouxas por um tempo, mas desistiu quando soube da Corrida Espacial.

– O que é isso?

– Os trouxas estão mandando naves tripuladas para fora da Terra. Já teve até uma viagem para a lua – James pareceu assustado.

– Lily, isso é impossível.

– Não com a tecnologia trouxa. Mas o que revoltou mesmo a Lene foi saber que tinham mandado uma cadelinha para o espaço.

Ela riu da expressão que James fez, como se tivesse ouvido algo abominável. Adorava provoca-lo com esse tipo de coisa. Não sabia bem por quê. James balançou a cabeça.

– Como você vive nos dois mundos?

Era algo que Petúnia dizia: “você não pode agir como se fosse normal ser uma aberração”. Lily estava pensando no assunto com frequência. Não queria largar suas raízes trouxas, sua família, mas não sabia como conciliá-las ao mundo dos bruxos. Não sabia nem se conseguiria se encaixar no mundo dos bruxos...

– Algum problema? – a voz de James a despertou. Lily o olhou.

– Desculpe. É só que... o Natal traz umas lembranças esquisitas...

– Petúnia – ela deu um riso abafado.

– É tão óbvio assim? – por baixo da mesa, sentiu James segurar sua mão. – Tem outras coisas também.

– Alguma coisa que eu possa ajudar? – ela o encarou por um tempo. Nunca tinha reparado no quanto os olhos dele eram bonitos e calmantes, mesmo com os óculos à frente.

– Você já está ajudando.

Felizmente, as canecas com cerveja amanteigada chegaram nesse exato momento e Lily teve uma desculpa para virar o rosto. Eles tomaram longos goles da bebida em silêncio, até James se remexer e falar:

– Eu contei ao Sirius que vimos o Régulo numa reunião de Comensais.

Pelo ar sério dele, Lily soube que a situação era delicada.

– E aí? – perguntou.

– Bem, ele não surtou nem ficou em choque, mas acho que ainda está digerindo a ideia – James suspirou. – Ele diz que não se importa.

– É claro que ele se importa – Lily retrucou baixinho.

– Foi o que eu pensei também.

Ele passou um braço por cima do encosto do banco e o corpo de Lily enrijeceu. Ela não sabia por que estava reagindo assim ou por que seu coração tinha disparado. Não sabia como era possível que se sentisse tão contente por estar perto de James Potter.

Lentamente, inclinou o corpo para trás e apoiou as costas no espaldar do banco, sentindo o braço de James roçar em seus ombros. Ela olhou de relance para o garoto, que parecia muito confortável, esparramado no banco enquanto bebia mais um pouco de cerveja.

– Acho que você fez bem em contar tudo – ela disse com sinceridade.

– É... – James se remexeu e, num impulso, Lily aproveitou para chegar mais perto dele. – Você falou sobre as lembranças esquisitas do Natal e eu fiquei pensando no ano passado, no que aconteceu nessa mesma época...

Lily engoliu em seco, mas sustentou o olhar dele.

– Eu lembro – murmurou, sem saber se James conseguiria ouvir.

Por um tempo, eles apenas se encararam. Então, James empurrou delicadamente a cabeça dela para apoiá-la em seu ombro. Lily não se opôs. Simplesmente fechou os olhos após um tempo, sentindo o coração bater mais devagar, ainda que continuasse descompassado. Tentou inutilmente se convencer de que eles não estavam pensando sobre o primeiro beijo dos dois, que acontecera pouco antes do último Natal.

Lily sorriu. Talvez pudessem começar uma tradição.

******************************************************************************

À noite, quando voltou da ronda, Lily estava tentando se convencer de que James não iria à festa de Slughorn com uma desconhecida. Embora fosse muito talentoso, ele não se encaixava no perfil de aluno exemplar do Clube do Slugue, o que significava que, todos os anos, dezenas de garotas tentavam conquista-lo com convites para a festa de Natal mais famosa em Hogwarts.

Lily suspirou. O passeio em Hogsmeade fora tão agradável que estava difícil acreditar que convidar James para acompanha-la na festa seria uma má ideia.

Já estava chegando ao dormitório, imaginando como pediria ajuda às amigas sem admitir em voz alta que estava cogitando certo interesse em James Potter, quando a porta do quarto se abriu de repente. Marlene tinha uma expressão preocupada.

– Finalmente, você chegou! – ofegou, puxando Lily para o dormitório e batendo a porta em seguida. – Como você não me contou sobre o Régulo?

– Quê?

– Régulo Black! – impacientou-se. – Sirius me contou o que houve, que você e James o viram numa reunião.

– Ah, é verdade. Nós demos um flagra no Malfoy, mas já avisamos a professora McGonagall.

– Sirius está arrasado – Lily reconheceu imediatamente a tristeza na voz da amiga. Marlene tentava disfarçar, mas qualquer um perceberia seus sentimentos por Sirius.

– Eu não achei que devia contar a vocês. Sei lá... era uma coisa tão íntima dele... e o James me pediu para não comentar – Marlene assentiu lentamente.

– Vocês têm razão. É só que... bem, eu nunca vi o Sirius assim – ela suspirou.

– Eu não sabia que vocês eram tão próximos – Lily deixou escapar. Marlene ergueu uma sobrancelha, desconfiada.

– Nós somos amigos. Ou você achou mesmo que nossas bocas estavam sempre tão ocupadas? – Lily corou.

– Desculpe. É só que o James disse que o Sirius evita tocar no assunto – Marlene sorriu discretamente.

– Eu não sabia que vocês eram tão próximos.

– Ah, Marlene...

Lily caminhou até a própria cama para escapar dos olhos da amiga. Sabia que estava corando e não se sentia pronta para pedir conselhos amorosos a Marlene. Logo Marlene.

– Não faça essa cara – a outra alertou, como se adivinhasse os pensamentos de Lily. – Todo mundo já percebeu seu jeito com o James.

– Como assim? – Lily deitou na cama, tentando disfarçar o pânico.

– Você está caidinha pelo James – ela respondeu naturalmente. – E não tente negar. Sirius viu vocês abraçados no Três Vassouras.

Lily abriu a boca para protestar, mas desistiu. Era tão estranho ouvir algo assim e saber que era verdade. Sentiu-se como uma criança flagrada em delito. Suspirou.

– Eu sempre soube que isso aconteceria – gabou-se Marlene. – E o mais impressionante: você não está tentando me matar.

– É um país livre. Agora cale a boca, lene – Marlene riu.

– Você gosta dele! Já admitiu isso para si mesma?

– É tarde demais – disse sem convicção. Então, quis amaldiçoar a si mesma por ter falado. Marlene veio para junto da cama, com o rosto pairando sobre o da amiga. – Eu já sei o que você vai dizer.

– Não sabe, não. Lily, o James nunca te deixou para trás de verdade. Ele ainda é louco por você. Aliás, o estranho em você demorar tanto a se dar conta disso é porque Hogwarts inteira, incluindo a Melanie, sabe que vocês ainda vão ficar juntos.

– Não aconteceu nada demais em Hogsmeade – ela desconversou. – E nós não estamos juntos. Somos amigos.

Marlene riu enquanto sentava na cama ao lado. Bem nessa hora, Alice entrou no quarto.

– Marlene McKinnon! – ela sussurrou com urgência. – Você quer me explicar como Sirius Black acabou coberto pelo cheiro do seu perfume favorito?!

Lily saltou na cama para ficar sentada. Marlene ficou de pé, tão chocada quanto a amiga, e olhou para Alice, que já estava atravessando o dormitório com um olhar acusador.

– Que drama, Lice – Marlene tentou despistar.

– Eu conheço aquele perfume, Marlene. Fui eu que te dei de presente no ano passado e você só usa em ocasiões especiais. Mas, que eu saiba, você veio mais cedo para o dormitório porque brigou com o McLaggen pouco depois do jantar.

– Lene! – ofegou Lily.

– Calma aí! – horrorizou-se Marlene. – Não é o que parece, ok?

– Então você não fugiu pelos corredores desertos com o Sirius? – Alice disparou. – Porque foi só ele passar do meu lado e eu percebi que tinha um perfume de mulher no ar.

– Não, não foi nada disso. Na verdade... – ela hesitou. – Bem, não me pergunte como, mas ele conseguiu entrar no nosso dormitório.

– O quê?! – Alice arregalou os olhos, chocada. Lily apenas engoliu em seco.

– É, eu também me assustei, mas ele só queria conversar um pouco e...

– Isso continua muito esquisito – a outra interrompeu. – E como ele chegou aqui, afinal? Eu pensei que a escada fosse enfeitiçada.

– E é – Lily interveio. As outras duas olharam fixamente para ela. Respirou fundo. – Existe uma passagem secreta para os dormitórios femininos. É uma escada que fica fora da Torre da Grifinória.

– Como você sabe disso? – Marlene quis saber. Lily encolheu os ombros.

– James me contou.

– Esperem um pouco! – Alice parecia indignada. – Você sabia disso o tempo todo?

– Defendi há pouco tempo – defendeu-se Lily. – Além do mais, eu nunca precisei me preocupar com isso. Não acho que ninguém além dos Marotos saiba e eles não costumam usar a passagem.

– Bem, você não é um Maroto e sabe sobre ela – Alice retrucou, chateada.

– Que fofos – Marlene zombou. – Ela e o James já estão cheios de segredinhos.

– Parem com isso! – Lily censurou. Alice deu um suspiro derrotada e se virou para Marlene.

– Afinal, o que aconteceu?

Marlene olhou de uma amiga para a outra e suspirou demoradamente. Sentou-se lentamente na cama, olhando para o lado.

– Eu também fiquei muito surpresa, mas o Sirius simplesmente apareceu no dormitório enquanto eu estava arrumando meu malão para descarregar minha raiva do Michael. Ele já estava chato há uns dias, então teve o passeio durante o dia e agora de noite eu até passei meu perfume favorito para ver se a coisa melhorava, mas a gente acabou discutindo de novo. Então o Sirius chegou sem avisar e eu até tive medo do que Sirius Black pretendia fazer sozinho comigo num quarto, mas ele ficou sério e pediu para falar comigo. Disse que era importante, então eu concordei – ela encarou as meninas e encolheu os ombros. – Em certo ponto, ele meio que precisou de um abraço.

Lily e Alice se entreolharam. Por algum motivo, Lily quis sorrir. Lembrou-se de James dizendo que “eles não vão aguentar muito tempo”.

– Que fofo – ela falou enfim. Marlene revirou os olhos, com uma expressão esquisita, como se tentasse reprimir um sorriso com uma careta. Alice parecia confusa.

– Desde quando Sirius Black precisa de abraços? – indagou, sentando ao lado de Marlene.

– Problemas de família – a outra explicou. Alice soltou um suspiro de triste compreensão.

– Bem – ela recomeçou após um breve silêncio –, você sabe o que isso significa, não sabe? – Lily e Marlene a olharam, sem entender. – Sirius deve gostar muito de você.

– É claro que ele gosta – Marlene falou calmamente. – Nós somos amigos e confiamos um pouquinho um no outro.

– Ah, não venha com essa! – Alice amarrou a cara, enquanto Lily apenas ria. – Parece até a Lily falando.

– Ei! – defendeu-se Lily.

– Bem, eu teria soado como a Lily até poucos minutos.

– Marlene! – ela corou rapidamente.

– Que história é essa? – Alice quis saber.

– Vamos lá, Lils – Marlene incentivou. – É para o seu próprio bem

– E nós já soubemos que você e o James estavam de conchinha em Hogsmeade – Alice disparou, sorrindo sugestivamente.

– Não aconteceu nada demais! – desesperou-se Lily. – Só estávamos conversando sobre uns problemas aí...

– Lily, se você não quer mesmo o James, é melhor avisar antes que ele crie esperanças.

– Alice – Marlene interveio –, você é tão inocente...

– Escutem aqui! – Lily encarou duramente as duas. – Não esperem que eu saia por aí gritando que estou gostando de James Potter!

– Nós acertamos! – Alice comemorou. – Você finalmente entrou na do James!

– E ainda acabou de gritar isso! – Marlene implicou.

– Vocês vão juntos à festa do Slughorn?

– Quê?! – Lily nem sabia o que pensar. Eu... nós... Claro que não!

– Ah, mas você devia chamar o James! – Alice sugeriu, sonhadora.

– Eu apoio! – disse Marlene.

– Parem com isso! Nós três sabemos que... que...

Então ela percebeu. James continuava gentil e simpático, mas não tentara nada demais depois do passeio em Hogsmeade. Ele nem mencionara o dia que passaram no povoado nem fez qualquer novo convite a Lily. Também não aproveitara a chance de beijá-la no Três Vassouras...

– Que o quê? – indagou Alice. Lily suspirou, subitamente decepcionada.

– Que essa é uma causa perdida.

Ela engoliu em seco e ficou de pé. Ergueu uma mão quando as amigas fizeram menção de protestar. Sentiu-se culpada e deprimida.

– Já chega. Eu não quero mais falar sobre isso.

E se dirigiu ao banheiro para trocar de roupa.

******************************************************************************

– Ela o quê?! – James quase se engasgou com a própria surpresa. Sirius e Peter também estavam chocados.

– Por favor – Remo pediu, constrangido –, tentem não gritar.

– Ora essa! – indignou-se Sirius. – Você me aparece aqui tarde da noite, dizendo que está namorando a Claire, e espera que eu faça o quê?!

Remo riu despreocupadamente. James mal conseguia se lembrar da última vez em que vira o amigo tão contente.

– Ela disse que me ama – ele contou – e que eu não tinha o direito de trata-la daquele jeito e... enfim! Eu meio que não pude evitar o que aconteceu em seguida.

– Você a beijou – Sirius e James deduziram, sorrindo. Remo encolheu os ombros, mas retribuiu o sorriso. Até Peter estava alegre.

– Já não era sem tempo! – brincou.

– É, Pontas – Sirius provocou –, até o Aluado já tomou um rumo e você...

– Não enche, Almofadinhas – James retrucou. – Não é como se você já estivesse com a Marlene – os outros riram.

– Merlin! – espantou-se Sirius. – Que ideia é essa, Pontas?

– Bem, o Rabicho disse que a Alice reconheceu o perfume da Lene em você e que você não soube contornar a situação.

– Bobagem – ele se esparramou na própria cama. – Não aconteceu nada.

– Então o quê?! – intrometeu-se Peter. – Você decidiu roubar o perfume da garota?

– Digamos apenas que nós estávamos conversando amigavelmente e ela meio que precisou de um abraço – ele olhou para James com uma expressão suspeita. – Você entende, não é, Pontas?

– Ainda não entendi essa história do seu encontro com a Lily – Remo se manifestou.

– Não foi um encontro – James tentou não soar frustrado ou incerto. – Saímos como amigos.

– Claro – retrucou Sirius –, o dragão cuidando da coruja.

– Ei! – James protestou. – Eu nem tentei fazer nada.

– Espere um pouco – Peter interveio. – Então você finalmente admitiu que ainda gosta da ruiva?

Houve uma onda de exclamações satisfeitas enquanto James pensava numa boa defesa. Por Merlin, como era possível que Lily ainda o afetasse tanto?!

– Parem com isso – bufou. – Vocês sabem que ela é uma causa perdida.

– Como o Remo e a Claire? – disse Peter.

– Pontas, a Lily só falta babar quando está com você – Remo falou.

– Detesto admitir isso – Sirius começou –, mas o Aluado tem razão. A ruiva ficou caidinha por você, cara.

– Bem, a Jenna também está louca por você – James rebateu, tentando evitar que suas esperanças crescessem indiscriminadamente. – E isso não te animou muito hoje, Almofadinhas.

– Nem me fale... – ele fez uma careta. – Mas meu caso é diferente, bem diferente do seu.

– É verdade – Remo apoiou. – Ele só está com a Jenna para enciumar a Marlene.

– Que imaginação fértil, Aluado... – suspirou. – O problema é que a Jenna é muito grudenta e eu não quero perder minha entrada certa na festa do Slughorn – os outros três se entreolharam, confusos.

– Desde quando você não pode entrar de penetra? – indagou Peter. – Ou simplesmente seduzir uma garota em pouco mais de uma semana? – Sirius deu de ombros.

– Tô entediado com minhas opções e muito velho para entrar de penetra, Rabicho – Remo suspirou.

– Apenas assuma que você quer provocar a Marlene – insistiu. – Então, não serve qualquer garota. Tem que ser o maior desafeto pessoal dela – Sirius fingiu que não tinha ouvido.

– E você, Pontas? Ainda não ganhou nenhum convite?

– Alguns bilhetes no corredor – ele respondeu com indiferença. – Nada demais.

– Você podia ir com a Lily – Remo sugeriu. James riu, assanhando os cabelos.

– Duvido que ela me convide – Peter soltou um riso descrente.

– Sou forçada a concordar com você, Potter, seu arrogante.

E com uma imitação precisa da forma como Lily jogava os cabelos sempre que estava irritada, ele se afastou para o banheiro.

******************************************************************************

– Eu simplesmente não esperava por nada daquilo – Claire repetiu pela enésima vez. – Digo, eu passei um dia inteiro andando pela escola, tentando encontrar o Remo em qualquer lugar só para falar umas verdades e acabar logo com tudo, mas ele não estava em lugar nenhum. Eu só o vi à noite, saindo da biblioteca e agarrei a chance – ela fez uma pausa dramática enquanto dobrava um corredor, mas seu sorriso simplesmente não sumia.

Lily e Claire estavam voltando da aula de Aritmancia na segunda-feira e os corredores pareciam mais lotados que o normal agora que estavam decorados para o Natal. Lily e James tinham supervisionado a ornamentação do castelo durante todo o domingo, já que Hagrid sempre pedia ajuda aos monitores pra essas tarefas. Eles já sabiam onde estava praticamente cada pinheiro, visgo, ramo de vinha e teto enfeitiçado.

– Eu não sei o que me deu – Claire continuou. – Só sei que, em algum ponto da conversa, eu meio que despejei tudo nele e comecei a chorar e...

– Ele te beijou – Lily concluiu, contagiada pela alegria da amiga. Claire a encarou.

– Ainda não. Ele pediu desculpas primeiro e me abraçou por um tempão. Eu quase tinha esquecido como era bom ficar perto dele.

Com toda a correria para ornamentar o castelo, elas não tiveram tempo de conversar sobre a reconciliação de Remo e Claire. Na verdade, Lily só soubera do ocorrido porque James mencionara o assunto na manhã de domingo.

– Eu fico tão feliz por vocês – Lily disse com sinceridade.

– É, eu também – Claire corou. – Mas tive vergonha de dizer ao Jason que não vou com ele à festa do Slughorn. Acho que ele realmente pensou que eu aceitaria o convite...

– Entendo – o estômago de Lily revirou quando falaram da festa.

– Você vai chamar alguém? – Claire perguntou. Lily hesitou por um instante.

– Ainda não sei...

A poucos metros dali, ela viu James e Sirius conversando, junto a um lance de escadas. Como saberia se James queria acompanha-la na festa?

– Olá, meninas – era Remo. Ele se posicionou ao lado de Claire, segurando sua mão. A garota ficou radiante.

– Oi, Remo – Lily respondeu, sorrindo da situação.

– Será que eu posso roubar sua amiga só por um minutinho? – ele pediu. Lily deu de ombros.

– Vá em frente.

E eles dispararam pelo corredor, rindo.

Lily parou de andar e olhou para trás, observando a conversa de James e Sirius. Tinha um período livre agora. Talvez devesse se juntar a eles e...

Uma garota se aproximou deles, sorrindo sugestivamente para os dois e seguiu escada abaixo. Segundos depois, Sirius também desapareceu pelo corredor.

Lily já deu por si caminhando até James.

******************************************************************************

James estava começando a se sentir incomodado com todas as expectativas sobre seu relacionamento com Lily. Felizmente, Sirius o tinha alugado enquanto caminhavam de volta á Torre da Grifinória para falar de outro assunto.

– Isso não faz sentido – queixou-se ele. – Ela vai com o McLaggen para a festa e eles já estão juntos há séculos.

– Não reclame – James rebateu. – Você bem que foi a Hogsmeade com a Jenna. Não resistiu à chance de...

– Pontas, Pontas... – Sirius interrompeu. – Você vai mesmo insistir que...

– Marlene feriu seu ego – James sorriu. – E agora você está maluco por ela e furioso com o McLaggen.

– Não estou, não – Sirius amarrou a cara. – Mas você mesmo disse que ele fica me encarando.

– Você cerca a garota dele o tempo todo! – exasperou-se James, parando ao lado de um lance de escadas. – Sabia que eles brigaram no sábado? McLaggen deve estar preocupado.

– E deveria mesmo – Sirius falou com uma expressão suspeita. – Mulheres desiludidas fazem o meu tipo de vez em quando.

James balançou a cabeça, desenganado. Seria preciso mais que umas boas gotas de Veratissirium para que Sirius admitisse sua dor de cotovelo. Contudo, isso não o impedia de se entender com Marlene.

– E, falando no meu tipo... – Sirius jogou os cabelos para trás, retribuindo o olhar de uma garota que passou ao lado dos dois.

Ela piscou para James, que não retribuiu.

– Desisto de você, Pontas – Sirius reclamou quando a garota sumiu de vista. – A Lily te deixou assexuado. Tão sedutor quando um grito de mandrágora.

– Com certeza – James falou, sorrindo. – As garotas passam mal só de ouvir minha bela voz – Sirius deu um riso abafado.

Ele meteu as mãos nos bolsos e convidou o amigo para um lanche nas cozinhas. James preferiu ir para o Salão Comunal. Estava sem fome e, embora não admitisse, queria descobrir se Lily tinha planos para a festa de Slughorn.

Misteriosamente, mal Sirius tinha se afastado, e James viu Lily avançando lentamente pelo corredor.

– Oi – ela cumprimentou, com um sorriso tímido. Ele sorriu também.

– Período livre? – Lily assentiu. – Eu também.

“Não seja idiota” pensou. Lily não precisava saber que ele quase memorizara o horário dela.

– Então – ela começou, colocando uma mecha ruiva atrás da orelha. – Remo acabou de sequestrar a Claire – James sorriu.

– Quem diria... Eu já estava perdendo as esperanças.

– A própria Claire estava desenganada. Acho que ela ficou mais surpresa que todos nós.

Subitamente, James pensou em chama-la para um passeio nos jardins. Mesmo com o tempo fechado e cheio de neve, o lugar ainda tinha uma beleza especial e não era movimentado àquela hora.

– Eles vão juntos à festa do Slughorn – Lily falou de repente.

– É, o Aluado nos contou – James ficou sem jeito. Debateu-se internamente por um segundo. – Você vai levar alguém, Lily?

– Bem – o rosto dela ficou muito vermelho –, ainda não convidei ninguém – James tentou demonstrar surpresa, mas estava quase sorrindo. – Imaginei que você podia se interessar.

Foi nesse instante que o mundo parou.

– Como?

– Ah, você sabe... – Lily se atrapalhou com as palavras.

Então, o constrangimento dela esclareceu tudo para James. Mil fogos de artifício estouraram em sua mente antes que ele pudesse evitar. Ainda assim, sua voz soou desconfiada.

– Você quer dizer para irmos juntos à festa? – indagou.

– É – ela estava com dificuldades em olhá-lo.

– Lily – James recomeçou, tentando não sorrir demais – você está me convidando para ser seu acompanhante?

– Eu?! – ela deu um risinho nervoso. – Claro que não. Você quem se ofereceu, lembra? – James sorriu tão largamente que sentiu as bochechas encolherem.

– Claro, desculpe o deslize – brincou. – Quando é a festa mesmo?

– Na próxima semana, terça-feira à noite – ela começou a torcer as mãos. Estava nervosa. Talvez James devesse perguntar logo se iam como amigos ou...

“Dane-se! Eu não quero que ela seja só minha amiga”.

– Então, a gente se encontra no Salão Comunal às oito? – Lily arregalou um pouco os olhos. Então sorriu.

– Tudo bem – respondeu, contente. James retribuiu o sorriso dela, assanhando lentamente os cabelos.

– Vou tentar baixar os cabelos para isso – ele piscou um olho. – Viu como sou legal?

– Não precisa – se fosse possível, Lily teria corado mais. – Seu cabelo fica legal assim.

Ainda com um sorriso, James arregalou os olhos, desorientado. Mas não teve tempo de responder, porque Lily lhe ofereceu um sorrisinho delinquente e se afastou.

Ele ficou sozinho ali, o coração disparado, os ouvidos zunindo. Riu para as paredes, incrédulo.

– Merlin! – exclamou baixinho. – Lily Evans me chamou para sair!


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Notas finais do capítulo

Bom, respondendo à pergunta que me fizeram nos comentários: eu pretendo encerrar a fic logo após o sétimo ano (até porque ela já está bem enorme terminando aí >< ). Mas não se preocupem que ainda vai demorar um bocado para nós chegarmos lá. ^^'
Outra coisa importante: eu quero postar o próximo capítulo entre o Natal e o Ano Novo, aproveitando o clima de fim de ano e talz, mas, como disse lá em cima, as coisas andam muito movimentadas, então não posso prometer nada. Além disso, o capítulo é bastante trabalhoso, não pode vir de qualquer jeito. Só garanto a vocês que farei o possível para diminuir a demora. Inclusive, peço desculpas se encontrarem erros gritantes nesse último capítulo, mas acabei de digitar agora há pouco e quis postar logo porque o dia amanhã é cheio. Como sempre, podem me avisar do que precisa ser corrigido. Eu já agradeço também.
Ah, não posso deixar de agradecer pelos comentários. Sei que ainda não respondi nenhum (acreditem, mal tenho pego no computador esses dias) e o horário agora não é muito comercial, então preciso cuidar de dormir, mas responderei a todos o quanto antes. O apoio de vocês é o maior combustível dessa fic. ^^'
Por fim, caso eu não poste novamente até o final desse ano, feliz Natal e excelente Ano Novo para todos nós, galera! Até a próxima! o



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