Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera!
Espero que vocês, assim como eu, gostem do Natal, porque a fic já está entrando em clima de fim de ano. ^^' E dessa vez até que o capítulo não demorou, vai...
Espero que gostem!



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– Por que hoje?! – lamentou-se Marlene. – Por quê?!

– Lene, não adianta chorar pela poção derramada – Alice falou sem emoção.

– Mas não podia nevar a partir de amanhã?!

– Não, Marlene, não podia. A natureza tem preocupações maiores do que o seu jogo de quadribol – Lily concluiu.

As três garotas estavam a caminho do Salão Principal para tomar café da manhã e a primeira queda de neve daquele inverno estava esgotando a sanidade mental dos amantes do quadribol. Marlene, por exemplo, continuava inconformada.

– Veja pelo lado bom – Lily interveio. – O time adversário também vai ter problemas com o mau tempo.

Marlene não insistiu, mas continuou emburrada durante o café da manhã, mesmo quando Sirius apareceu, sorridente, para lhe desejar boa sorte no jogo.

– Obrigada, Black – ela respondeu naquele tom calculadamente superior que só usava com Sirius.

– Tente ser mais controlada que o Pontas, ok? Ele e o McLaggen já estão transformando a escola num hospício por causa dessa neve.

– Ah, Merlin! – Marlene fez uma careta. – Não quero nem imaginar...

– Quanto amor, Lene – Alice ironizou.

– Você também detesta quando o Frank está de mau humor.

– Bem, eu adoraria ouvi-las, senhoritas, mas os Marotos estão chegando e...

– Que bobagem – Alice interrompeu. – Vocês podem sentar com a gente – Lily e Marlene olharam para a amiga.

– Podem? – indagou Marlene.

– Qual o problema? – Alice devolveu.

– Realmente – Sirius concordou, sorrindo sugestivamente. – Qual o problema? Agora que a Lily nos chama pelo primeiro nome, somos todos amiguinhos, não é? – ele sentou ao lado de Marlene e acenou para os outros três Marotos e Frank, que estavam entrando no Salão Principal.

– Eu ainda não entendi como isso aconteceu – Marlene resmungou para Lily.

– Bom dia – Remo e Frank cumprimentaram as garotas.

– Temos companhia hoje? – Frank falou, indicando Sirius antes de beijar a testa de Alice.

– As garotas nos convidaram para sentarmos com ela durante o café da manhã – Sirius informou solenemente.

– Tecnicamente, foi a Lice quem fez isso – Marlene observou.

– Ah, tanto faz! – Lily decidiu. – Sentem, pessoal. Daqui a pouco já é hora de ir para o campo mesmo.

– Quem diria – surpreendeu-se Peter.

– Eu estou dividido – queixou-se James. – A Lily nos convidou, mas a Lene ficou reclamando aí...

– Oh, não! – Marlene explicou. – Eu só queria me livrar do Black.

Todos riram, mas Lily percebeu o quanto Remo parecia abatido. Ele colocou pouca comida no prato e se manteve calado durante boa parte do tempo. Felizmente, o ciclo daquele mês estava quase no fim.

– Admita, Pontas, você sonhou com esse dia! – a voz de Sirius arrancou Lily de seus devaneios.

– Só porque você passou as últimas semanas empenhado em fazer ciúmes à Lene, não significa que somos todos iguais, Almofadinhas – James respondeu calmamente. Houve uma nova onda de risos.

– Quanto bom humor! – era Claire. Ela estava sorrindo para quase todos, evitando olhar para Remo.

– Bom dia, Claire! – alegrou-se James.

– Só vim desejar boa sorte – ela explicou. – Hoje eu torço para quem ganhar, ok?

– Nesse caso – Marlene interveio –, você pode apenas falar que vai torcer para a gente – mais risos.

– Então vocês finalmente formaram um grande grupo? – Claire continuou.

– Algo assim – Alice respondeu. – Parece que a Lily realmente desistiu de matar o James – Claire sorriu para Lily.

– Antes tarde do que nunca, hein? – acrescentou para James. Ele sorriu, sem jeito.

– Não comemorem tanto – Lily disse, corando. – Eu ainda posso mudar de ideia.

– Já estão todos sabendo que Slughorn confirmou a festa de Natal? – Claire quis saber.

– Sim! – Marlene concordou alegremente. – Michael já está todo animado.

– Nosso último Natal em Hogwarts... – Frank suspirou. – Vou sentir falta daqui, sabiam? – Alice segurou a mão dele e o beijou no rosto. Os outros se entreolharam, antecipadamente saudosos. Lily encarou James. Durante grande parte de sua vida escolar, ela sonhara com o momento em que terminaria Hogwarts e nunca mais veria James Potter. Agora, porém, já estava imaginando como seria estranho não encontra-lo todos os dias.

– Bom, eu vou para a mesa da Lufa-Lufa. Não quero que o Jason me acuse de desertar nossa torcida – disse Claire.

– Jason? – Alice e Marlene falaram juntas.

– Seu colega monitor? – Lily acrescentou.

– É – Claire engoliu em seco. – Nós vamos ao jogo juntos.

E, sem mais uma palavra, sem qualquer olhar dirigido a Remo, ela se afastou.

– Eu sempre disse que ele era a fim dela! – Marlene sussurrou.

Como não houve qualquer resposta, o silêncio se estendeu até Remo ficar de pé e anunciar:

– Vejo vocês mais tarde – ele se retirou em seguida.

Lily fez menção de chama-lo, mas Sirius a deteve.

– Deixa – ele aconselhou. – Ele não vai escutar mesmo.

– Eu sempre pensei que a Claire gostava do Aluado – Peter comentou. James assanhou os cabelos.

– Eu não me atreveria a entender esses dois – disse.

Pouco depois, ele e Marlene ficaram de pé para irem ao campo. McLaggen apareceu bem na hora, elétrico.

– Vamos? – disse a Marlene.

– Sim, mas não precisa ficar uma pilha, Michael.

– Com esse tempo?! – ele protestou.

– A neve não vai ser problema se nós acabarmos logo com o jogo – James interveio. Pela primeira vez, Lily percebeu em sua voz o nervosismo de que Sirius falara. – Agora vamos logo.

Houve uma pequena onda de motivações e palavras de despedida. Finalmente, Lily e James se encararam. Ela hesitou brevemente antes de falar:

– Bom jogo, James – ele ainda sorriu em resposta, piscando um olho, antes de se afastar.

– “Bom jogo, James”?! – Alice repetiu, desconfiada.

– Quanta amizade – Frank murmurou.

– Ah, calem a boca, vocês dois! – Lily corou.

– Deve ser o fim dos tempos – disse Peter. – Por Merlin, alguém aqui achou mesmo que viveria para testemunhar esse momento?! – Lily não pode culpar os amigos por rirem.

O jogo foi emocionante. Guga Jones agiu como uma verdadeira carrasca da Lufa-Lufa, disparando balaços precisos no time adversário. Juntas, ela e Marlene promoveram um espetáculo à parte e McLaggen não sofreu um gol sequer. O único problema foi que o tempo fechado e com neve atrasou seriamente a busca de James pelo pomo, o que prolongou a partida por quase três horas.

– Pensei que o James nunca fosse encontrar aquele pomo! – queixou-se Marlene, a caminho do castelo com Lily, Alice, Frank e McLaggen. – Essa demora me deixou toda dolorida...

– Você foi ótima – McLaggen elogiou. – Mas lembre que a Sonserina marca muito bem e você tem essa mania de só voar pela direita.

– Michael, agora não.

– Só comentando...

– Eu achei tudo ótimo – intrometeu-se Lily. – Vocês merecem um bom descanso.

– Que descanso?! – Alice falou, sorrindo. – Sirius já prometeu uma festa da vitória.

– Ah, mais uísque de fogo contrabandeado... – lamentou-se Lily. Frank balançou a cabeça, rindo.

– Acho bom o Black criar vergonha na cara antes que eu perca a paciência – McLaggen reclamou, puxando Marlene para mais perto. – Ele agora grudou em você, foi? – ela riu despreocupadamente.

– Que exagero, Michael. Sirius é só um amigo.

– Acho que ele tem planos sobre isso. Ultimamente, ele está te cercando sempre que tem uma chance.

Lily e Alice se entreolharam, desconfiadas. Marlene, contudo, continuou muito tranquila.

– Pare com isso, Michael. Que bobagem...

– Bem, a sorte dele é que Jenna Edgecombe ainda não percebeu.

– Ouvi dizer que eles vão juntos à festa do Slughorn – Alice comentou distraidamente.

– Sério? – espantou-se Marlene.

– É, a própria Jenna comentou ontem com uma amiga, depois da reunião do Slughorn.

– Então a coisa deve estar séria – disse Frank.

– Sirius? – Lily interveio. – Levando algo a sério?

– Ela está certa – McLaggen apoiou. – Ele certamente só quer comer e beber de graça.

– Mas aí ele poderia acompanhar qualquer outra pessoa. Ou simplesmente entrar de penetra, como faz todo ano.

– Mas Edgecombe estava mais fácil.

Lily não concordava com a resposta de McLaggen. A seu ver, Sirius só estava com Jenna para provocar ciúmes em Marlene e, pelo visto, estava funcionando. De qualquer forma, ela preferiu não insistir nisso. Mais tarde, na primeira chance, traria o assunto de volta para testar a reação de Marlene.

Durante o resto do dia, a nevasca não deu trégua, o que resultou num salão comunal lotado, ainda que a festa não estivesse tão farta quanto de costume.

– Isso vai custar todo o estoque do Sirius – James falou, disputando espaço perto da lareira. Já era fim de tarde.

– Achei estranho você não ter sumido logo depois do jogo – Lily respondeu. – No fim das contas, Sirius, Peter e Remo nem deram as caras por aqui.

– Eles acharam melhor não dar chances de o tempo piorar – James explicou. – Também acharam que eu estava acabado demais para acompanha-los.

– Bom, eu ainda não lhe dei os parabéns pela vitória – Lily falou, sorrindo.

– Valeu – ele assanhou os cabelos. – Pensei que eu seria linchado pela demora do jogo.

– É, eu não vou dizer que foi confortável ficar um tempão lá nas arquibancadas, com neve na cara... mas o importante é que nós ganhamos, não é?

– É claro – ele sorriu também.

Lily tentara começar aquela conversa logo após o almoço, mas, na ocasião, James estava cercado por milhares de fãs histéricas e ela acabou se irritando. Não gostava daquelas garotas fúteis.

– Quer mais cerveja amanteigada? – ele ofereceu. Lily assentiu e os dois foram até a mesa das bebidas. Um grupo de garotas os observou com cara amarrada.

– Suas fãs não gostam de mim – Lily murmurou. James riu.

– Bobagem. Eu mereço uma folga também.

– Falando em merecer... eu acho que a Lene está com ciúmes do Sirius. Não que ele mereça, claro – outra risada.

– Eu tenho a impressão de que ali um só quer provocar o outro. Vou lhe dizer uma coisa, Lily: em sete anos de convivência, Sirius nunca manifestou qualquer interessa em Jenna Edgecombe. Já na Lene...

– Mas eles não admitem! – queixou-se Lily. James tomou mais um gole de cerveja. – Até o McLaggen já está desconfiado e nada da Lene dispensar o coitado.

– Eles sabem o que estão fazendo – James garantiu. – Sirius pode ser um iniciante com sentimentos desse tipo, mas não é burro.

– Você acredita mesmo que ele vai fazer alguma coisa? Com a Marlene namorando? – James encolheu os ombros.

– Acredito. Mas não esquente com isso, Lily. Sirius anda meio frustrado... e nenhum dos dois vai aguentar por muito tempo. Experiência própria.

O coração de Lily deu uma batida particularmente forte. Ela tomou vários goles de cerveja amanteigada para não ter de encarar James, que apenas corou um pouco e olhou para o lado, assanhando os cabelos.

– James! Vem aqui!

Era Guga Jones. O time da Grifinória estava reunido perto da lareira, debatendo lances do jogo.

– Bem, a gente se vê – James acenou para Lily e se afastou.

Ela suspirou, aliviada por terem se livrado do silêncio tenso. Por alguns segundos, Lily realmente pensara que James poderia ter feito uma pequena declaração sem nem perceber. Ficou preocupada. Se fosse isso mesmo, ela deveria estar assustada, mas tudo o que sentia era uma agitação esquisita. Será que James tentaria beijá-la em algum momento? Durante a ronda talvez? E, se ele ainda estivesse apaixonado, ela não deveria esclarecer de uma vez por todas que eram só amigos?

“Não. Nós não somos só amigos” concluiu, mal acreditando no próprio raciocínio.

Alguém dentre os jogadores contou uma piada e todos começaram a rir. James olhou para o lado, sorrindo largamente, e seus olhos brilharam ainda mais quando encontraram os de Lily. Ela nem conseguiu sorrir de volta, mas sua expressão assustada e o rubor em seu rosto já denunciavam tudo.

Pela primeira vez, Lily Evans acreditou que estava envolvida de verdade com James Potter.

******************************************************************************

Melanie estava sentada no último degrau da escada onde tinha beijado James pela primeira vez. Do outro lado da sala comunal, o próprio James a observava, imaginando como iniciaria uma conversa com a amiga. Como diria a ela que ainda era bobo o suficiente para gostar de Lily?

Suspirou, contrariado, e assanhou os cabelos antes de caminhar até a escada. No meio do caminho, apanhou uma garrafa de cerveja amanteigada.

– Oi – cumprimentou. Melanie ergueu lentamente a cabeça.

– E aí – ela respondeu, dando um sorriso cansado. James lhe ofereceu a cerveja amanteigada.

– Para você – Melanie aceitou a bebida e abriu espaço para que ele sentasse a seu lado.

– Obrigada – disse baixinho. – E eu ainda nem te parabenizei pelo jogo.

– Ah, bobagem... Não foi meu melhor dia em campo.

– Mas o tempo também não ajudou... Enfim. O importante é que nós ganhamos – eles ergueram as garrafas de cerveja e tomaram um gole em seguida.

Perto da lareira, Lily conversava com Frank. Seu olhar encontrou o de James quando ela espiou por cima do ombro e os dois se encararam por um segundo, sérios. Lily desviou o rosto primeiro.

– Eu pensei que você estava zangada comigo – James recomeçou. Melanie suspirou.

– Não, não é raiva. Eu só precisava de um tempo.

– Sou tão chato assim?

– Eu apenas acho que você se meteu numa encrenca enorme e não quis me contar – James engoliu em seco.

– Já está tudo sob controle, Mel. E eu não estou encrencado.

– Bem, eu sei por que você está aqui – ela o encarou. – Você se sente culpado – James ficou confuso.

– Eu vim aqui porque gosto de você – falou com simplicidade. Melanie sorriu timidamente.

– Eu não disse que não gostava. É que... eu gosto muito de você, James. E você sabe. Na verdade, você sempre soube. É confuso para mim e, bem... – ela indicou Lily com a cabeça. – Vocês dois se gostam muito, mas a Lily não vai se convencer disso se eu estiver sempre por perto.

James não teve reação. Definitivamente, aquilo não fazia sentido.

– Melanie, eu não entendi...

– Bem, eu até pensei em te chamar para a festa do Slughorn, mas, quando vi seu jeito com a Lily...

– Não tem nada – ele interrompeu, espantado.

– Talvez não ainda, mas ela está caidinha por você, James.

Ele precisou de um tempo para absorver a informação. Normalmente, teria apenas rido ou negado veementemente, mas agora era diferente...

– Esse não é o assunto – disse enfim. – Nós podemos ir à festa como amigos. Não é problema – Melanie sorriu.

– Você é ótimo, James, por isso gosto de você, mas obrigada. Acho que a Lily vai acabar te convidando.

– Esquece a Lily... – ele resmungou.

– Admita, James, você é louco por ela – ele corou. – Mas não se preocupe. Eu sabia onde estava me metendo.

– Como você consegue? – quis saber. – Como lida tão bem com uma coisa dessas? – lembrou-se dos anos anteriores, quando ficava se torturando de ciúmes a cada namorado que Lily arranjava. Melanie encolheu os ombros.

– Hogwarts inteira sabia que era só questão de tempo até isso acontecer. Todo mundo tem comentado, sabia? As garotas já começaram a enlouquecer de ciúmes.

– Sério? – Melanie sorriu.

– Eu já lhe disse: Hogwarts inteira sabe.

E sabia mesmo. Na segunda-feira, James finalmente percebeu que sua presença chamava muita atenção quando aliada à de Lily.

Contudo, as previsões de Melanie não se cumpriram. Lily não fez convite algum, mesmo com a proximidade da visita a Hogsmeade.

O fim do ciclo de Remo teve vários machucados como saldo e, no fim das contas, James não encontrou coragem para contar a Sirius sobre Regulus. O amigo estava mal humorado há alguns dias.

– Talvez eu nem deva contar mesmo – James falou para Lily durante a ronda de sexta-feira. – Ele já está muito chateado porque os Black apareceram no Profeta Diário como família tradicionalmente das Trevas.

– Bem, no lugar dele, você gostaria de saber? – ele hesitou.

– Talvez... – suspirou, desenganado. – Nós nem temos certeza de que o Regulus já se alistou – Lily lhe lançou um olhar compreensivo, o que apenas deixou James mais exasperado. – Ótimo – ele resmungou. – Eu digo amanhã então.

– Ele não vai a Hogsmeade com a Jenna?

– Não. Ele disse que não quer que as coisas pareçam mais sérias do que realmente são.

– Tarde demais. A Marlene não para de repetir que o Sirius nunca tinha passado mais de duas semanas com a mesma garota – James riu.

– Não que ela esteja errada.

Houve um instante de silêncio, durante o qual James se debateu internamente. Por fim, ele ouviu a própria voz perguntar:

– Você vai a Hogsmeade amanhã?

– Não sei... – Lily corou um pouco. – Você vai?

– Vou. Aluado já decidiu que não vai, então parece que aguentarei a gula sem fim do Rabicho. Não é uma ideia muito atrativa.

– Eu pensei que você ia com a Melanie – ela corou. James também ficou meio desconcertado.

– Não... – assanhou os cabelos. – Ela vai com as amigas – tentou não alimentar esperanças de que Lily estivesse com ciúmes.

– A Claire também resolveu não ir – ela informou.

– Pensei que ela ia com aquele monitor da Lufa-Lufa – James estranhou. Foi impossível não pensar na cara de Remo quando este dissera: “ela está muito melhor que eu”.

– É, ela meio que quis dar essa impressão para o Remo, mas, na prática, a Claire só quer criar uma chance de resolver esse drama deles.

– O Remo ficou arrasado e agora você vem me dizer que a Claire mentiu? – ele não pode contar uma nota de irritação na voz.

– Remo foi o primeiro a mentir – Lily replicou calmamente. – Acho que a Claire tem o direito de esbravejar um pouco com ele e, como ele nem sai do dormitório quando sabe que ela está no castelo... Ela provavelmente agiu no impulso. Você sabe que, por ela, os dois estariam juntos há muito tempo.

– Não pense que é fácil para o Aluado – Lily amarrou a cara.

– Homens...

– Quê?!

– Vocês estão sempre de acordo, não é? Sempre se defendendo...

– Mas você é amiga do Aluado também! Você sabe que ele gosta para caramba da Claire há séculos!

– E de que adianta?! Para que serve tudo isso se ele não abre o jogo com a garota?!

– Mas ela já sabe de tudo, Lily!

Lily parou, fechou os olhos e respirou fundo. James nem sabia como tinham chegado àquele ponto, mas estava zangado com ela. Lily não entendia, não sabia como era horrível gostar de alguém a vida inteira e sentir que jamais poderia ficar com aquela pessoa...

– Claire perguntou ao Remo se ele gostava dela – James a ouviu sussurrar. – E ele disse que não.

De repente, tão inesperadamente quanto viera, a raiva de James passou, substituída pelo choque.

– Como assim? – indagou, sem entender.

– Não diga a ninguém que eu lhe contei, mas foi por isso que a Claire ficou tão chateada. Ela não se importaria de namorar um lobisomem e deixou isso bem claro, mas...

– Ele não pode ter feito isso – James murmurou, incrédulo. – Não desse jeito, depois de tudo o que já aconteceu...

Ele pensou em Claire, que fizera Remo mais sorridente do que todos julgavam possível, que era sua amiga, que sempre o tranquilizava sobre Lily. Claire, que passara os últimos dias com uma expressão triste e cuja família estava na mira de Voldemort.

– Bem, eu não vou mais combater o masoquismo do Remo quanto a isso – Lily suspirou. – Ele não me ouviria de qualquer forma.

Involuntariamente, James pensou na última vez em que tinha beijado Lily, na decepção de ouvi-la dizer, ao fim de tudo, que não sentia o mesmo que ele. Imaginou que Claire estava numa situação parecida.

******************************************************************************

Lily acordou sem muito ânimo para ir a Hogsmeade. A neve teimava em cair nos arredores de Hogwarts e, aos poucos, ela se convenceu de que não seria uma companhia nada conveniente para Alice e Marlene e seus respectivos namorados.

– Nem faça essa cara! – Marlene alertou. – Os garotos andam com a gente o tempo todo.

– Não o McLaggen – Lily falou timidamente. – E é uma ocasião diferente...

– Nosso último ano, Lily – Alice interveio. – Não vou deixar que você deixe de aproveitar um passeio em Hogsmeade por causa dessa besteira.

As três estavam no dormitório, apanhando os últimos pertences para irem ao povoado. Lily apertou o nó do cachecol.

– Eu nem sei se quero encarar tanta neve – reclamou.

Contudo, as garotas a fizeram descer e seguir pela estradinha desnivelada e coberta de gelo. Frank e McLaggen as encontraram no salão comunal da Grifinória e, a partir daí, o grupo iniciou uma longa conversa sobre a rotina escolar.

Já estavam quase na metade do caminho quando Lily sentiu que estava sobrando. No meio de todo aquele frio e das conversas dos amigos, ela só conseguia pensar em como sua vida estava fora dos trilhos. Ficou completamente alheia ao que os outros quatro falavam sobre o baile de formatura.

– Algum problema? – indagou Alice. Lily fez uma careta.

– Eu vou para o castelo – falou. – Vocês estão em ótima companhia e provavelmente vão tomar chá e comprar presentes de Natal, então...

– Lily, a gente já falou que isso é bobagem – disse Marlene.

– E você também falou que ainda não comprou nada para os seus pais – Alice lembrou.

Mas nada disso a convenceu. Na verdade, Lily sentiu uma mexida estranha no estômago quando falaram da sua família. Família lembrava Petúnia, para quem ela sempre comprava algum presente de Natal, algo próximo do “normal”, como doces. Contudo, Lily nem sabia se a irmã passaria o Natal com a família esse ano.

– Você tem certeza de que quer ficar sozinha no castelo? – Frank perguntou solidariamente.

– Acho que vou procurar a Claire – Lily respondeu.

– Não adianta – disse Marlene. – Você sabe que ela está decidida a gritar umas verdades para o Remo hoje.

Lily suspirou. Seu único conforto nisso tudo era o fato de não precisar sustentar sua mentira sobre a noite de lua cheia para Claire. Agora que sabia da condição de Remo, a amiga finalmente ouvira de Lily tudo o que acontecera de fato.

– Bem – ela recomeçou –, então é isso. Comprem chocolate por mim, ok?

Ela deu um sorrisinho sem graça e, imediatamente, Alice e Marlene correram em abraça-la. Foi um abraço cheio de cabelo, neve e casacos felpudos, mas Lily se sentiu um pouco melhor.

– Desculpem – ela pediu baixinho. – É só que... não foi assim que eu planejei meu último ano em Hogwarts.

– Será que ainda cabe mais um aí? – Frank se manifestou.

Enquanto as garotas riam, ele se aproximou para abraça-las também. Ao longe, Lily ouviu McLaggen tossir.

– Tudo bem – ela disse quando encerraram o abraço. – Aproveitem o encontro duplo de vocês.

Acenou para os quatro e começou a andar em direção ao castelo, imaginando se teria disposição para estudar um pouco.

– James? – a voz de Marlene ecoou. – Assustada, Lily fez um esforço para enxergar e distinguiu duas pessoas se aproximando, rumo a Hogsmeade.

– E aí, Lene! – o coração dela disparou. Era mesmo James.

– Finalmente, cara! A Lily já não aguentava mais esperar por você! – Lily olhou para a amiga, chocada.

– Marlene! – censurou. Mesmo com o uivo do vento e as risadas de Marlene, a reclamação de Peter foi ouvida:

– Você não me disse que tinha um encontro, Pontas!

O rosto de Lily ficou muito vermelho. Alice, Marlene, Frank e McLaggen já estavam caminhando normalmente, como se nada tivesse acontecido.

– Oi – Lily cumprimentou timidamente, quando os dois Marotos a alcançaram.

– Você estava esperando a gente? – James estranhou.

– Não exatamente... – o sorriso dele não a tranquilizou nem um pouco. – Você sabe que a Marlene não regula muito bem. Eu já estava era voltando para a escola – James pareceu surpreso.

– Mas você nem chegou no vilarejo ainda – ela deu de ombros.

– Acho que vou estudar um pouco.

– Fala sério, Lily. Você devia vir com a gente.

O rosto dela corou. Peter não parecia satisfeito. Ele revirou os olhos e balançou a cabeça, como se lamentasse uma causa perdida.

– Não quero incomodar – Lily disse enfim. – Vocês já têm planos e...

– Ah, não se preocupe com isso, eu não vou demorar – Peter interveio. – Só vou comprar uns doces e já volto.

Lily e James se encararam. Ele indicou o caminho do vilarejo, sorrindo.

– Vamos – insistiu. – Eu pago uma cerveja amanteigada.

Lily nem acreditou quando ouviu a própria voz aceitar o convite. Tentou evitar o pensamento de que estava saindo com James Potter.

Isso também não era parte dos seus planos para o último ano de escola.


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