Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Continuando minha tentativa de redenção, eis aqui um capítulo novo para vocês. Espero que gostem! ^^'



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O primeiro jogo da Grifinória na Taça de Quadribol era o assunto da semana em Hogwarts. Ainda era segunda-feira, mas Lily já sabia que, dali em diante, a situação ficaria apenas pior. Até Marlene estava irritada, porque McLaggen não parava de falar sobre estratégias para sua estreia no time.

– A semana vai ser péssima! – ela previra na hora do almoço, quando finalmente o despistou.

Desde o fiasco que fora sua visita a Hogsmeade, Lily se esforçava para demonstrar indiferença em relação a Potter, mas estava difícil de cumprir essa meta, já que as fãs dele estavam no ápice de sua futilidade. Elas se aglomeravam em torno dele nos corredores, rindo tolamente e lhe lançando olhares quase sedutores, mas Potter estava mais discreto que o normal. Ele apenas distribuía uns poucos acenos e sorrisos e fingia que não estava tão ansioso pelo jogo. Segundo Marlene, os grifinórios treinariam diariamente, tendo apenas a sexta-feira como folga, para garantir que estivessem descansados no sábado de manhã.

Então, naquela noite de tempo ruim, Potter chegou ao salão comunal da Gifinória, coberto de lama, depois do que parecia ter sido um treino horrivelmente cansativo, e foi se sentar perto de Lily.

– Noite, Evans – ele cumprimentou, largando-se no mesmo sofá que ela. Lily desviou os olhos do livro que estivera lendo para encarar o colega com desconfiança.

– Noite, Potter. Então, vai mesmo para a ronda hoje?

– Claro – ele confirmou, assanhando os cabelos de modo cansado. De alguma forma, esse gesto irritou Lily profundamente.

– Bom, já que você decidiu ser monitor outra vez, que tal dar um exemplo decente e não sujar o sofá com lama?! – ele ficou chocado.

– Qualquer Feitiço Aspirador simples resolve isso num segundo, Evans – ela não se deixou abalar.

– E por que você não faz isso? – Potter se ergueu bruscamente e rumou para o dormitório masculino sem dizer mais nada.

Lily voltou sua atenção para o livro outra vez, mantendo uma expressão irritada no rosto. No domingo à tarde, Potter a procurara para dizer que seu compromisso estava quase encerrado e que ele retomaria as atividades de monitor na segunda-feira.

– Obrigado por me dar cobertura – dissera de modo quase formal. Lily suspirara, cansada.

– Apenas não me dê motivos para ficar arrependida.

As coisas estavam mais confusas que nunca na cabeça dela. Não era só a curiosidade de descobrir o compromisso misterioso de Potter, era a forma como o próprio Potter estava agindo.

Mesmo com o assédio constante de inúmeras garotas, ele andava frequentemente com Melanie Vane e os dois pareciam muito alegres juntos. Lily não conseguia entender como uma garota como Melanie se interessaria em alguém com o histórico ou com o caráter de Potter. Além disso, não era comum que James Potter saísse várias vezes com a mesma garota.

No meio disso tudo, Lily se sentia particularmente abatida por saber que Petúnia jamais responderia o cartão de aniversário que ela tinha lhe mandado alguns dias atrás. E a enorme quantidade de conteúdos que ela precisava estudar para os NIEM’s não estava melhorando seu humor.

Assim, quando chegou a hora da ronda, Lily voltou ao dormitório para guardar seu livro e voltou para o salão comunal, certa de que enfrentaria momentos de agonia. Já estava na metade das escadas quando viu Potter em pé junto do degrau mais baixo, conversando com Melanie.

– Tudo pronto? – Lily perguntou, tentando não ser grosseira. Melanie não merecia sofrer os efeitos da irritação crônica que Potter causava em Lily.

– Sim – ele respondeu. Então, virou-se para Melanie. – Boa noite, Melanie.

– Boa noite, James – ela falou com uma vozinha tímida, beijando-o rapidamente na bochecha. Lily sentiu os músculos enrijecendo. – Lily – ela cumprimentou ao passar pela colega.

– Olá – foi tudo o que conseguiu responder.

Sem mais cerimônias, Lily e Potter caminharam até o corredor e fizeram menção de se afastar logo que atravessaram o buraco do retrato, mas ela mudou de ideia.

– Melanie é legal – disse num impulso. Potter a olhou, confuso.

– Eu sei.

– Não faça uma burrice, Potter – Lily falou severamente. – Ela se importa com você.

– Desde quando você me dá conselhos?! – retrucou. – E eu também me importo com Melanie. Nós somos amigos.

– Claro – ela falou sarcasticamente. – Vocês ainda estão na fase dos beijos na bochecha.

– Bem, nós já saímos da fase do fingimento.

Pela forma como ele a olhava, Lily sentiu a provocação. Alguma coisa dentro dela se remexeu desconfortavelmente.

– Eu vou patrulhar minha ala – Potter informou.

Quase simultaneamente, eles deram as costas um para o outro e começaram a ronda. Lily fez questão de ficar muda pelo resto da noite, tentando com muito afinco mostrar a Potter o quanto ela o desprezava. Ele, porém, ficou quieto e os minutos se arrastaram de maneira torturante.

Apesar de estar irritada, Lily sentiu uma ponta de culpa se instalando em seu interior nos dias seguintes. O episódio de quase um ano atrás, quando Potter a beijara, ficou mais vívido em sua memória do que ela gostaria de admitir. Talvez fosse mera consequência da presença calada e carrancuda de Potter durante as rondas. Com Melanie, por outro lado, ele continuava sorridente.

– Frank disse que as rondas estão acabando com o James – Alice comentou quando saía com Lily da aula de Poções. Ele disse que vocês estão sem se falar.

– Na prática, Potter só está irritadinho porque não pode voltar do treino de quadribol e passar o resto da noite falando sobre isso com a Melanie – Lily rebateu, irritada.

– Talvez seja exatamente isso – Alice concordou calmamente –, mas sua carranca não deve ajudar em nada – Lily parou de andar e olhou para a amiga, indignada.

– Você não pode estar falando sério!

– Ah, Lily, o James está solteiro há séculos. Ele pode namorar quem quiser. Foi você quem nunca deu bola a ele.

– Essa não é a questão! – o rosto dela corou rapidamente.

– Não?

– Não! – Lily olhou para o corredor lotado de alunos e acrescentou em voz baixa: – A questão é que ele continua infantil e irresponsável, bancando o misterioso com essa coisa de faltar à ronda! – Alice lhe lançou um olhar sério.

– Se a personalidade do James agora é tão importante, por que você não admite logo que se apegou a ele?

– Eu não me apeguei a ele! – Alice revirou os olhos.

– James não vai esperar para sempre, Lily. Aliás, você nem tem por que se preocupar com os defeitos dele, certo? Há séculos, ele não dá em cima de você. Se o problema é a falta de compromisso dele, é só dizer à McGonagall.

– Não... olhe... – atrapalhou-se Lily. – Você não entende! – ela disse enfim.

Retomou bruscamente a caminhada, sem conseguir disfarçar a frustração que sentia. Antes de acompanha-la, Alice balançou a cabeça pesarosamente, já prevendo como tudo terminaria.

******************************************************************************

James acordou ansioso no sábado de manhã. Ainda era muito cedo e ele sabia que não conseguiria dormir novamente. Sentindo-se inquieto demais para ficar deitado no silêncio do dormitório, ele apanhou a Capa da Invisibilidade e saiu para dar uma volta no castelo. Um som vindo do salão comunal o fez parar no fim da escada. Pelo visto, James não era o único que tinha caído da cama.

Lily Evans estava encolhida numa cadeira, perto da janela, diante de um volumoso livro de Aritmancia. James sabia que ela às vezes ficava ansiosa com os deveres e começava a estudar bem cedo. O que lhe chamou a atenção foi a forma como as costas de Lily se moviam. Ele poderia jurar que a vira soluçando.

– Evans? – chamou sem pensar.

Lily se remexeu na cadeira, sobressaltada, e passou as mãos pelo rosto.

– De pé tão cedo?

James não sabia por que estava tendo aquela iniciativa. Ultimamente, seu relacionamento com Lily estava frio e incômodo. Ela parecia decidida a ignorá-lo e ele não pretendia dar o braço a torcer. Contudo, era impossível não perceber a perturbação que sua proximidade com Melanie estava causando nela.

– É – Lily respondeu com a voz anormalmente áspera. – Você não devia estar descansando para o jogo? – era estranho que ela tivesse prolongado a conversa, mas James encarou isso como uma permissão para se aproximar.

– Não consegui mais dormir. Acho que fiquei mais ansioso que o normal.

Lily estava de cabeça baixa, os cabelos ruivos cobrindo seu rosto. Ela fungou demoradamente e James, por algum motivo, ficou imediatamente cismado.

– Tudo certo, Evans?

– Claro – mas quando ela finalmente afastou os cabelos do rosto, James percebeu que estivera chorando.

– O que houve? – perguntou calmamente, sentando-se ao lado de Lily. Ela fungou outra vez.

– Nada...

– Você é durona, Evans. Não é do tipo que chora por nada.

E então, para completo pavor de James, Lily balançou a cabeça e caiu no choro.

– Durona, Potter?! – ela falou, soluçando. – Que ideia! – ele não sabia mais o que fazer. Sentiu-se culpado.

– Eu... Me desculpe. Desculpe, Evans, não quis ofender.

– Não é sua culpa – ela tentou prender o choro, mas não teve muito sucesso. – É minha culpa. Porque sou uma burra! – nesse momento, ela começou a chorar como nunca.

– Não é não – James replicou com firmeza. Ele não queria mostrar o quanto estava confuso com a situação.

– Um cartão de aniversário! – lamentou-se Lily. – O que eu tinha na cabeça?!

– Evans, eu não estou entendendo...

– É só que... – ela finalmente retribuiu seu olhar. James se sentiu angustiado como nunca na vida. Era insuportável ver os olhos de Lily tão manchados de lágrimas e não fazer nada. – É só que a louca da minha irmã me odeia. Mesmo assim, eu caí na besteira de mandar um cartão de aniversário para ela. Idiota, certo?

– Não – James disse, sério. – Não é idiota.

– Você só está tentando me agradar – ela teimou –, o que é até estranho depois da semana que nós tivemos.

– Mas nós somos parceiros, não é? Brigados ou não, nós ainda somos uma dupla.

Em meio a lagrimas e manchas vermelhas no rosto, Lily quase esboçou um pequeno sorriso. James esticou o braço por cima da mesa e segurou sua mão.

– Sua irmã vai enxergar a luz da razão, Lily. Pode apostar.

Surpreendentemente, ela não o corrigiu. Na verdade, apenas continuou calada e segurou com força a mão de James. Ele não saberia explicar o motivo, mas seu coração disparou com o toque de Lily, com a pressão e o calor dos dedos dela entre os seus.

– Petúnia acha que eu sou uma aberração – Lily explicou baixinho. – Agora ela está morando sozinha e mal fala com nossos pais. Ela acha que eu sou a favorita deles e está tentando se vingar.

– Ela deve ser só uma garota insegura – James opinou.

– Ela é minha irmã. Eu só queria que ela não me odiasse...

James não era do tipo conselheiro. Em geral, Remo era muito melhor que ele para aliviar as dúvidas dos amigos. Ainda assim, ele fez um esforço:

– Lily, eu... Eu não sei o que dizer – admitiu, sem jeito.

– Você não precisa dizer nada – Lily fungou outra vez. – Não precisava nem ouvir tudo isso...

– Você me ajudou também, não foi? Quando fiquei sem notícias de casa, você disse que éramos parceiros e eu fui um rude.

– Você só estava nervoso.

– De qualquer forma – ele insistiu –, eu me importo com você.

James passara o último ano numa luta incansável contra si mesmo, tentando acreditar que Lily não era mais que uma colega de escola. Ele estava obtendo relativo sucesso, até que a convivência deles se tornou estranhamente íntima e agradável para, em seguida, mergulhar num estado de mútua indiferença.

– Me desculpe pelos últimos dias – Lily pediu timidamente. James ficou imediatamente aliviado de ver que ela parara de chorar.

– Não faz mal – respondeu tranquilamente. – Eu provoquei um pouco.

– Só um pouco – ela brincou. James sorriu.

– É impressão minha ou Lily Evans pediu desculpas a James Potter? – ela corou um pouco, mas ficou séria.

– Não fique mal acostumado, Potter – resmungou baixinho.

Sem saber por quê, James estendeu a mão livre e afastou cuidadosamente os cabelos de Lily de seu rosto. Ele sorriu, ao que a garota retribuiu com um risinho vacilante.

Eles se encararam por um longo momento com a mão de James pousada sobre a bochecha de Lily, acariciando a lateral de seu rosto com o polegar.

– Bem, eu vou tentar dormir um pouco – ela disse enfim. Parecia meio sem jeito de continuar ali. – Desculpe pelo susto outra vez, Potter.

– Bobagem. Se você precisar de alguma coisa, já sabe que pode contar comigo – ele não pode evitar uma pontada de decepção quando ela se levantou.

– Obrigada.

Houve uma breve pausa em que eles apenas se olharam enquanto Lily apanhava o livro de Aritmancia. Então, ela finalmente deu um pequeno sorriso e se afastou. James, porém, continuou imóvel e confuso, observando o lugar onde a colega estivera até então.

– Potter – chamou uma voz às suas costas. Ele olhou por cima do ombro e viu o rosto corado de Lily, que estava parada ao pé da escada. – Boa sorte no jogo.

Ela sorriu de verdade pela primeira vez e voltou para o dormitório.

******************************************************************************

– Marlene está uma pilha! – Alice exclamou logo que Lily se juntou a ela e Frank para o café da manhã.

– Bom dia para vocês também – espantou-se Lily. Mas só Frank retribuiu seu cumprimento. – Onde está a Lene?

– Já foi para o campo. Ela, James e McLaggen estão absolutamente insuportáveis!

– Nunca vi o James tão ansioso – Frank comentou. – Acho que essa coisa de último ano assustou para valer o cara.

– Eles vão se dar bem – Lily falou, ignorando umas movimentações estranhas no próprio estômago. – Disseram que o time da Corvinal está desfalcado.

– É, mas não vamos esquecer que o maluco do McLaggen é da Grifinória – resmungou Alice. – O que a Marlene vê naquele cara?!

– Sirius se pergunta a mesma coisa constantemente – Frank interveio. – Vai ver que era essa a ideia.

– Causar ciúmes no Black? – indagou Lily. – Você acha mesmo?

– Acho – ele respondeu com simplicidade.

– Faz algum sentido – Alice concordou –, mas seria o fundo do poço na vida de qualquer mulher. Além do mais, Sirius está saindo com aquela garota...

Nesse momento, Lily se desligou totalmente da conversa. Seus olhos e sua atenção estavam fixos numa extremidade da mesa da Grifinória, onde James Potter e Melanie Vane conversavam. Desde o que acontecera mais cedo no salão comunal, Lily sentia uma vontade insana de falar com Potter – parte sua estava disposta até mesmo a discutir o jogo daquela manhã. Contudo, ela continuou imóvel, enquanto Melanie abraçou demoradamente o amigo antes que ele fosse para o campo.

Potter até acenou para Lily quando passou por ela, mas a garota não se atreveu a dizer nada do que tinha ensaiado mentalmente para uma possível oportunidade. Em vez disso, ela deu por si pensando na sensação agradável de ter os dedos de Potter entre os seus.

Concentrou-se bruscamente na comida, tentando disfarçar o rubor que surgira em seu rosto.

– Você não acha, Lily? – Frank perguntou de repente.

– Acho – Lily respondeu baixinho.

Embora ela não soubesse do que estava falando, isso foi suficiente para que Frank e Alice a esquecessem outra vez. Suspirou, desconcertada, e voltou a pensar em Potter.


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