Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Para não prolongar ainda mais a espera de vocês... Todas as explicações virão no final do capítulo. Boa leitura!



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O correio-coruja da manhã seguinte causou uma onda de burburinhos amedrontados entre os alunos. O motivo era a notícia de um confronto entre aurores e Comensais da Morte na noite anterior, que o Profeta Diário tinha divulgado.

– Quase vinte feridos e três mortos entre bruxos e trouxas! – espantou-se Remo. – Imaginem o caos que não ficou o lugar.

– E tudo isso perto da entrada de visitantes do Ministério – Peter acrescentou. Ele se encolheu um pouco e abaixou a voz: – Vocês acham que...

– Não – Remo se apressou em interromper. – Não, eu não acho que eles queriam invadir o Ministério. Se Você-Sabe-Quem vai tomar o governo, pode apostar que ele vai fazer isso de dentro para fora.

– Ele já está fazendo – disse Sirius. – Deus sabe o que eu ouvi na casa dos meus pais.

James se remexeu no banco à mesa da Grifinória no Salão Principal. Há dias ele não tinha notícias de casa e as coisas no mundo bruxo só iam de mal a pior.

– Bem, o Profeta não está poupando especulações, não é? – reclamou.

– Relaxa, Pontas – Sirius falou, dando pancadinhas solidárias no ombro do amigo. – Se alguma coisa mais grave tivesse acontecido, nós já estaríamos sabendo.

– Almofadinhas tem razão – Remo apoiou. – Notícias ruins correm depressa – James terminou de beber seu suco de abóbora apressadamente e decidiu:

– Preciso falar com meus pais.

– Mas...

– É rápido. Eu só escrevo um bilhete e envio por uma coruja da escola.

Ele ficou de pé e saiu do Salão Principal, ignorando o que restava do próprio café da manhã. Caminhou apressado até a Torre da Grifinória, apanhou um pergaminho e escreveu rapidamente um bilhete que pedia notícias dos pais. Em seguida, saiu do dormitório e, ao alcançar o salão comunal, esbarrou num vulto distraído. James até se equilibrou, mas a garota caiu de joelhos no chão.

– Desculpe – ele pediu, estendendo a mão para ajuda-la. Lily ergueu a cabeça e o encarou.

– Potter?!

– Evans?!

– Só podia ser! – ela bufou, recusando a ajuda dele e se erguendo com dificuldade. – Aonde você vai com essa pressa toda?

– Coruja. Preciso enviar uma correspondência para os meus pais.

– Entendo. E por isso você não podia olhar por andava?!

– Bem, você também podia ter desviado, não é? – James retrucou. – Agora, com licença, Evans. Eu tenho mais o que fazer.

O dia passou de forma torturantemente lenta. Durante as aulas, James ficou mais desatento que o normal, sem conseguir conter a própria agitação, e, durante o treino de quadribol, ele estava tão nervoso que quase trocou socos com McLaggen.

– Parem com isso agora! – Marlene interveio, colocando-se entre os dois. Ela sacou ameaçadoramente a própria varinha. – O que vocês dois pensam que estão fazendo?!

– Sai da frente, Marlene! – James rugiu, irritado.

– Não! É melhor você ir logo para o vestiário, James. Vamos pousar as vassouras, encerrar o treino e...

– Nós não vamos simplesmente parar de treinar por causa desse descontrolado! – protestou McLaggen.

– Cala a boca, McLaggen! – James retrucou. – Não venha me dizer como controlar o meu time!

– Chega! – Marlene interferiu outra vez. – Michael, pare de provocar o James! E, James, o capitão não pode perder a cabeça desse jeito! É melhor nós todos voltarmos para o castelo e remarcarmos o treino – mas James e McLaggen continuaram se encarando hostilmente.

– Vamos lá, galera – pediu Adams, o batedor. – O treino não vai render mesmo. É melhor todo mundo se acalmar, pensar no que houve e se preparar para a próxima.

Os outros jogadores concordaram e, lentamente, todos voltaram para o chão. James foi o único que continuou no campo, sobrevoando as arquibancadas por vários minutos, enquanto todos guardavam o material e se preparavam para voltar ao castelo. Quando se sentiu mais calmo, ele finalmente foi para o vestiário.

– A culpa não foi minha, Marlene! – James, parado à porta, ouviu a voz irritada de McLaggen. – Acontece que Potter é muito esquentado.

– James é cabeça-quente, sim, mas ele nunca tinha se descontrolado desse jeito. Não é sua função ficar brigando com os outros jogadores, Michael!

Nesse momento, James entrou no vestiário e os outros dois pararam de falar. McLaggen soltou um bufo de impaciência ao vê-lo e lhe virou as costas.

– Vamos? – ele indagou a Marlene. Ela parecia tranquila.

– Vai na frente. Eu ainda não arrumei minhas coisas.

McLaggen apanhou a própria mochila e deixou o vestiário. Marlene, porém, soltou um longo suspiro e começou a arrumar alguns pertences uma bolsa. Ligeiramente angustiado, James se sentou num banco ali perto e enterrou o rosto nas mãos. Por que ainda não tinha recebido notícias de casa?

Sua cabeça trabalhara a mil durante todo o dia. Ele chegara a elaborar inúmeras teorias pessimistas, apenas para perceber, ao final do dia, que elas só o tinham deixado mais nervoso. Para completar, o treino de quadribol, que deveria ter sido um momento de alívio, fora um fiasco total.

Um movimento perto de James lhe indicou que Marlene sentara ao seu lado no banco.

– O que está havendo, James? – ela perguntou calmamente. James apenas balançou a cabeça, sem querer falar. – Remo e Sirius estavam preocupados com você – ele emitiu um som de incômodo e assanhou os cabelos.

– Eu já sei que o time me odeia, ok? – disse com a voz rouca. – Eu estraguei tudo. Mas a culpa foi do McLaggen!

– O time não te odeia. Eles apenas se assustaram. E eu aposto que Michael vai ser mais cuidadoso daqui para frente. Ele percebeu que você pode ser... difícil – James deu uma risada incrédula.

– Não acho que cuidado seja o forte dele.

– Chega disso, James... – Marlene soou cansada. Ele hesitou, mas acabou resolvendo que morreria sufocado se não falasse com alguém.

– Eu estou preocupado – admitiu sem olhá-la. – Há dias eu não recebo notícias dos meus pais e o Profeta noticiou aquele conflito de ontem...

– Eu tenho certeza de que não aconteceu nada com eles – Marlene falou com firmeza.

– Não aconteceu nada ainda – ele assanhou nervosamente os cabelos e segurou a cabeça entre as mãos. – Estou com um mau pressentimento, Lene.

– Pare com isso. Eu aposto que eles só estão ocupados demais para entrar em contato.

James não respondeu. Ele se ocupou em fitar um ponto qualquer da parede. Marlene suspirou.

– Está tudo bem, James.

Como ele continuou calado, Marlene ficou de pé, terminou de organizar as próprias coisas e se virou uma última vez para James. Ele continuava observando a parede, imóvel.

– Vamos? Você ainda precisa jantar e respirar fundo para encarar a fúria de Lily durante a ronda.

Sem qualquer ânimo, ele a acompanhou.

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Portanto, para evitar os efeitos colaterais gravíssimos, esse antídoto deve ser preparado com extremo cuidado”.

Lily finalmente encerrou o trabalho monumental de Poções. Ela enrolou e lacrou cuidadosamente o pergaminho e, em seguida, desceu da cama e se esticou durante vários segundos.

– Esse é o trabalho que o Slughorn passou – Alice, que estava voltando do banho, quis saber.

– É ele mesmo – Lily suspirou. – Eu pensei que nunca terminaria esse treco.

– Frank e eu vamos terminar os nossos daqui a pouco, na biblioteca – Lily deu um sorrisinho suspeito.

– É claro – Alice sorriu também, enxugando os cabelos com a toalha que tinha em mãos.

– Saque que eu ainda não consigo acreditar que a Marlene, dentre todas as pessoas, está quase namorando – comentou distraidamente. Lily concordou, rindo. – Só você que ainda se faz de difícil, Lily.

– Ei! – ela protestou. – Isso não é verdade! Eu não me faço de difícil!

– Certo. Acho que o James realmente me falou algo do tipo...

– Argh! Por que você não pode deixar o traste do Potter fora disso?!

– Vamos lá, ele é a prova viva de que você é uma garota difícil. Aliás, quando você voltou a chama-lo de traste?

Lily se preparou para rebater, mas, nesse preciso instante, a porta do dormitório se abriu e Marlene entrou. Ela não parecia contente.

– Não está um pouco cedo para o fim do treino? – Alice indagou, confusa.

– O treino foi interrompido ainda no início – Marlene explicou, largando-se na própria cama. Ela suspirou tristemente.

– O que aconteceu?

Então, ela contou sobre os desafetos de Potter e McLaggen, sobre a teimosia do goleiro e sobre o espanto geral da equipe frente a agressividade de Potter.

– Ele anda muito irritadinho ultimamente – Lily comentou quando a amiga terminou de falar. – Primeiro quis me enrolar com a história das faltas e hoje...

– Na pele dele, eu teria feito muito pior 0 Marlene interrompeu.

– Como assim? – indagou Alice.

– James está preocupado com os pais. Ele realmente estava arrasado quando conversou comigo no vestiário e...

Lily ouviu sobre a conversa de Marlene com Potter e não pôde evitar uma ponta de culpa. No fim das contas, ele realmente tinha motivos para estar irritadiço. Talvez isso explicasse o esbarrão que acontecera na manhã daquele dia.

– É, a barra pesou para todo mundo... – Alice murmurou ao final de tudo.

– Bem – Marlene recomeçou –, o primeiro jogo acontece esse sábado: Sonserina e Lufa-Lufa. Nossa primeira partida é só na metade de outubro. Até lá, as coisas no time devem ter melhorado. Agora eu vou tomar banho. Vejo vocês no jantar.

Quando ela já estava no banheiro, Alice se virou para Lily:

– Que coisa horrível...

Lily assentiu. De repente, ocorreu-lhe o pensamento de que James Potter, por ser humano, também tinha sentimentos e ela foi forçada a admitir para si mesma que tinha sido dura com ela. Mais do que ninguém, ela entendia o que era ter a família em risco constante, ainda que eles não precisassem se esconder como os parentes de Claire.

Lily se jogou sobre a cama, imaginando se poderia fazer algo para ajudar.

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Os corredores estavam desertos. Lily caminhava silenciosamente ao lado de Potter. A tensão dele era quase palpável. Seu ar inquieto e ansioso denunciava que ainda estava preocupado. Por fim, Lily não se aguentou mais.

– Marlene contou sobre o treino de hoje – disse.

Potter continuou caminhando, indiferente ao comentário. Lily respirou fundo, mal acreditando no que ia fazer.

– Sinto muito por ter sido rude com você, Potter. Você sabe... hoje de manhã.

– Não foi nada – a voz dele soou baixa e cansada. Lily o segurou pelo pulso.

– Foi sim – ela insistiu, encarando-o. – Eu sei que você está preocupado com sua família. Acho que a carta era para isso – Potter engoliu em seco.

– Ela era.

– Alguma resposta até agora? – ele negou com a cabeça e Lily se amaldiçoou por fazê-lo pensar nessa parte. – Bem, eu sei que não vai demorar muito mais.

Surpreendentemente, Potter deu um sorriso debochado.

– Legal da sua parte, você fingir que se importa – Lily arregalou um pouco os olhos.

– Mas eu me importo. Não pense que quero o seu mal.

Houve uma pausa breve e silenciosa em que eles apenas se encararam. Então, subitamente, Potter virou as costas para Lily e escancarou a porta de um armário de vassouras, revelando um casal que estava aos beijos.

– Vocês – ele falou com uma voz alta, grave e firme. – Salão comunal. Agora.

Atordoados, os dois saíram aos tropeços pelo corredor. Lily ainda estava surpresa com a voz de Potter. Quando exatamente ela tinha se tornado tão bonita?

Tentou afastar esse pensamento. Aquela versão da voz dele também era um pouco assustadora.

– Eu nem imaginei que eles estavam aí – ela comentou timidamente. Potter deu de ombros e recomeçou a andar.

Os minutos se arrastavam e o silêncio dele não diminuía em nada a culpa de Lily.

– Potter...

– Você não precisa dizer nada, ok? Está tudo bem.

– É claro que não está tudo bem. Na verdade, está tudo bem difícil para todo mundo – ele parou de caminha e a encarou.

– Não tente dizer que você sabe como é – disse entre dentes.

– Mas eu sei como é – ela afirmou calmamente. – Ou você esqueceu que meus pais são trouxas? No seu lugar, talvez eu já tivesse enlouquecido – Potter sacudiu a cabeça.

– Por que você está dizendo isso? – ele parecia angustiado. Lily corou um pouco, mas tentou ser firme.

– Porque nós somos parceiros, Potter, e não inimigos.

Impulsivamente, ela segurou a mão dele. Os dois se olharam durante um instante e, num momento fugaz, Lily pensou que Potter estava à beira das lágrimas. Então, ele olhou para o teto e se afastou dela, balançando a cabeça.

– Não faça isso, Evans - disse com a voz embargada. - Não finja que se importa.

Em seguida, ele se afastou, abandonando a ronda pela segunda vez naqueles dias. Lily sentiu os próprios olhos arderem enquanto o via se afastar.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu não quis nem escrever nada antes do capítulo porque estou verdadeiramente constrangida. Pensei, mais de uma vez, em postar uma espécie de aviso, apenas para dizer que não estava com tempo para digitar a fic ou algo assim, mas achei que seria uma informação muito vaga (para não dizer covarde). Eu realmente só posso agradecer aos leitores que continuaram comentando (e recomendando!) a fic. Aos leitores novos, eu deixo minhas boas-vindas. Aos mais antigos, eu agradeço a companhia. E a todos vocês, eu peço desculpas de novo pela demora de mais de um mês.
Não tenho quaisquer planos de abandonar a fic, mas também não vou mais prometer atualizações constantes. Apenas garanto que vou me esforçar mais para postar o próximo capítulo em breve.
Até a próxima! o/



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