O sol estava se pondo...

O acampamento sofrera algumas perdas. Seis ao todo. Neto não conhecia boa parte deles, exceto Renée, sua irmã. A menina tinha sido pisoteada pelo Gigante desgraçado destinado a destruir seu pai. Neto havia o destruído também, com a ajuda de Tétis, a deusa filho do Oceano.

E tinha Festus. O disco de memória e seu cérebro eletrônico foram totalmente destruídos pelo Gigante. Neto não sabia como recuperar. Festus também estava morto. E ele já tinha se apegado ao dragão.

Então, estava acontecendo a cerimônia de despedida aos semideuses mortos. Cada um foi posto em um caixão, e sobre o caixão ia sendo posta uma bandeira com o símbolo de seu pai. Sobre o caixão de Renée, uma bandeira metálica com um machado e uma bigorna cruzados.

O sátiro Samael ascendia uma fogueira, que ia até os caixões e cremava os corpos, oferecendo-os aos deuses. O espetáculo de luzes ia até o céu. Neto não podia afirmar, mas tinha a vaga impressão que o céu ganhara seis novas estrelas...

Após a cerimônia, estavam reunidos em volta de uma mesa, Neto, Dayane, Kelly, Samael, Tétis, Daniele, Thaís e mais alguns poucos líderes de chalés.

- Tenho uma forte suspeita de onde Alisson deve está. – diz Dayane.

Os rostos de Daniele e Thaís abrem belos sorrisos.

- Mas onde? – quer saber Samael, o sátiro de dreadlocks grisalhos e óculos escuros que no momento escondiam os olhos roxos de tanto chorar – Como sabe?

- Há um acampamento para romanos, muito ao norte. É de lá que eu vim. Meu pai manipulou minha memória e me trouxe até aqui. Lar dos gregos. Somos de povos rivais. Mas por algum motivo Plutão ou Hades quer nos unir... – Dayane explica. – Eu lembrei isso tudo no laboratório de Dédalo, onde recuperei o elmo de Hades.

A garota retira de uma mochila o elmo, o item de poder do deus do submundo. Tanta coisa acontecera tão rápido, que Neto tinha esquecido o elmo.

- Precisamos ir buscar Alisson! – diz Thaís.

- E vamos! – Dayane fala, com uma verdadeira líder – Mas Gaia está atrás de nós e enviará todas as suas forças para nos impedir de encontra-lo. A Terra não é mais segura. Temos que ir pelo céu.

- Tenho um plano. – Daniele fala – Neto, nós podemos projetar uma aeronave ou algo do tipo que nos leve em segurança até o lado do país, certo?

Neto sente os olhares esperançosos sobre ele.

- Bem, podemos tentar... – ele diz. – Trouxe comigo muitos projetos de Dédalo. Sim! – ele recorda do projeto que chamou mais a sua atenção – Vamos construir um navio voador!

- Vai dar certo! – diz Daniele, sem hesitar, acreditando no projeto de Neto – Então, iremos. Conhecendo a histórica rixa entre gregos e romanos sinto que eles não nos receberão de braços abertos... Então apenas alguns de nós devemos ir.

- Eu com certeza! – diz Thaís.

- Claro! – Daniele concorda – E eu, Neto, Kelly, Dayane... Quem sabe mais um ou dois... E pronto!

- Que tal mandarmos sete? – sugere o líder do chalé de Apolo – Faz sentido, não?

- Sim, mas imagino que algumas vagas entre os sete cabem aos romanos... – Dayane fala.

- Isso mesmo! – concorda Samael – As garotas tem toda a razão. Está decidido. Irão Dani, Thaís, Neto, Dayane, Kelly e o sátiro Leno. Precisarão de uma supervisão adulta entre o time – ele completa com uma piscadela para Neto.

Encerrada a reunião. Neto sentou no meio do acampamento, na grama verde, olhando para o céu estrelado. Dayane sentou-se à sua esquerda, e Kelly, à sua direita.

Neto viu que algum filho talentoso de Apolo esculpia um novo corpo para Pomona, de frente ao chalé de Deméter, a deusa da agricultura.

Kelly escorou a cabeça carinhosamente em seu ombro, e Neto afagou seus cabelos cacheados.

Dayane apenas olhava para o céu, sorridente.

Apesar de tudo, da morte de Renée, da perda de Festus, Neto estava feliz. Completara a missão. E agora, estaria em uma missão ainda maior, em busca do herói perdido. E provavelmente, às vésperas da realização da famosa profecia dos sete.