Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 7
Um Novo Acordo


Notas iniciais do capítulo

Oi, lindos e lindas. Como vocês estão nessa sexta-feira?
Não demorei muito e trago novidade. Eu andei devaneando sobre a vida e consegui me desafogar, em termos, algumas das minhas ocupações eu consegui dá uma "pausa" e comecei a me policiar para escrever todos os dias um pouco, porque assim exercita e tudo mais. Fazendo isso eu notei que vou conseguir dá uma upada nas histórias até elas virarem, bimestrais.
O que seria essa upada. Até fevereiro que é quando a faculdade começa, eu vou conseguir escrever dois capitulos por mês, um no começo e um no final. Para em março elas virarem bimestrais e até lá, das seis que escrevo, muita agua vai rolar e algumas podem vir até terminar.
Eu estava pensando em começar com isso já em dezembro, mas eu não sei se conseguirei para agora porque em dezembro eu pretendo postar os meus 'teasers' os pequenos trechos de futuras histórias no caso para substituir as atuais.
Não vou postar no site, não. Quando eu for postar vou por o link lá no final e na minha pagina ai vocês olhem, caso queiram, e comentem aqui, um manda MP para dizer quais gostariam de ver vira história. Assim eu não sei se vou postar mais de seis trechos, se for menos, pode votar em no máximo três, se for mais pode votar em no máximo seis. Porque se falarem "quero todas" me quebra. Pretendo um dia postar todo mundo, mas só consigo seis durante o mesmo período, então só votem nas que mais gostar.

Eu gosto muito desse capitulo. Adorei escrever e tem uns momentos que eu simplesmente adoro.
Amei os comentários, muito obrigada, aos novos leitores que surgiram beijinhos de luz para vocês, suas fofas. ♥

Agora vou parar com a enrolação e espero que vocês curtam essa capitulo adocicado de Aluga-se Um Namorado.
Perdoem os erros que encontrarem e se for algo muito gritante que meus olhos cansados deixaram passar, me avisem. Beijos.
Boa leitura a todos!



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Um Novo Acordo

O dia amanheceu nublado e frio. Uma camada superficial de neve cobria as ruas de Nova York e o pequeno apartamento de Sasuke e Naruto não estava tão confortável e aconchegante como de costume.

Sasuke tinha passado a noite inteira praguejando a sua má sorte de ter encontrado aquela maldita garota que tinha lhe tomado a cama e o quarto quente. Não tinha dúvidas de que ela e Naruto dormiam como bebês quentinhos e tranquilos. Enquanto ele praticamente estava sofrendo de hipotermia na sala. Tinha buscado fechar todas as brechas que podia em seu casulo de cobertas sobre o sofá, mas o ventinho maligno arranjava um caminho desconhecido para chegar até sua espinha.

O céu já tinha clareado quando enfim conseguiu adormecer, estava a sono alto quando sentiu alguma coisa roçou em seu pé. Tentou não se incomodar, já que, aparentemente, algo a mais passou a cobri-lo. Além de que seus pés estavam ficando quentinhos. No entanto, seja o que fosse – ou quem fosse; não pensava que permitir que ele continuasse a dormir era uma boa coisa. Logo o silêncio matinal foi quebrado.

Primeiro distinguiu ruídos baixos, possíveis de serem ignorados e foi o que ele pensou em fazer, mas os ruídos foram aumentando e não demorou para que a voz de Sakura surgisse. Suspirando, ele voltou a se remexer, virando de barriga para cima, o “algo mais que lhe cobria” era mais um cobertor sobre ele. Olhou para baixo e lá estava ela, encaixada entre o seus pés e o braço do sofá. Uma caneca em mãos e um prato com pedaço de bolo apoiado sobre no encosto.

— Você ao menos fez o que eu pedi, Shizune? — a resposta não foi de seu agrado, pois a expressão de Sakura ficou séria, acompanhado de um leve tique no ombro e um revirar de olhos.

Hum... e o que estão falando? — ela estava novamente vestida com seu casaco de lã, maldita, no final ele não teria mais roupas para usar, ela vai ter desgastado todas as peças de seu armário.  — Estão mesmo dizendo isso? É bom! Na verdade muito bom — Sorriu, aprumando-se em seu canto. — Mas mesmo assim, não quero mais fotos rodando, quero mistério. E arranje os convites. Tchau. — Assim que terminou a frase ela desligou o telefone, podia apostar que na cara da outra pessoa.

— Quem fez esse café? — ela quase cuspiu todo o liquido que tomava.  Rapidamente se levantou com o prato em mãos, sentando na poltrona em frente a ele, toda encolhida.

— Eu mesma. Sei fazer café. — respondeu sem encara-lo, saboreando outro pedaço de seu bolo.

— Eu não a ouvi preparando. — Sasuke achou melhor esclarecer ao notar que ela tinha entendido errado seu questionamento. De qualquer forma também era incomum imagina-la fazendo o próprio café. 

— Mas é obvio que não ouviu, estava dormindo como uma pedra, até roncava. — Zombou, dando um sorrisinho mínimo em escarnio.

Tsc. Eu não ronco sua idiota. — Vociferou, parando para analisar o resto do que ela vestia. Usava uma calça que não era dele, o que era muito bom, porém ele conhecia aquele par de meias cinza. — Está usando minhas meias, Sakura? Não existe um limite para você? — Falou estupefato enquanto as bochechas dela se tornavam rubras.

— A Shizune não mandou meias grossas para mim. As suas são quentes, a noite estava fria, ok? Você tem que entender. — Ele revirou os olhos, passando as mãos pelos cabelos, exasperado. 

 — Vou perder todas as minhas roupas para você. — Jogou as cobertas para o lado, erguendo parte do tronco, sentando-se despojado com as pernas ainda sobre o sofá. A fitou encolhida e suspirou, virando o rosto para o outro lado. — Volte para cá! Você ‘tá ai tremendo de frio. Eu não mordo. — Ela o observou de soslaio, o analisando bem antes de decidir voltar a dividir o mesmo espaço que ele. Sentou-se sobre a outra ponta com as pernas também sobre o sofá, entrelaçadas as dele. — Não vai parar nunca de comer esse bolo? — Zombou o Uchiha.

— É a única coisa que tem para comer nessa casa.

Quando terminou de comer sua iguaria, largou o prato sobre a mesinha de centro. Em seguida escorou a lateral do corpo sobre o encosto do sofá, apoiando a cabeça, com a caneca firme entre suas mãos, passou a encara-lo.

— Sasuke, acho que chegou a hora de te apresentar como meu namorado. — Ele demorou um pouco para se pronunciar, fitando-a apenas, com sua expressão de pôquer.

— Apresentar a quem? A sua família? — Ela enrugou o nariz, quase riu do absurdo que era aquela ideia.

— Não, claro que não. Eu digo apresentar a mídia, ao mundo. — Sakura tamborilou os dedos na coxa, a espera de alguma reação, ou resposta, mas Sasuke estava estupefato, a encarando sem nada a dizer. — Não sei porque a surpresa. Isso já era algo que deveria esperar. Você vai ter que obviamente ir para o apart. Vamos passar lá, mas não precisa se instalar hoje. — Aquilo fazia parte do acordo, mas as palavras desceram amargas. Olhou em volta, seu apartamento era pequeno e simples, mas tinha tudo o que precisava, vivia muito bem ali, adorava morar ali. — Não é para sempre, é só por um tempo.

— Eu gosto daqui. — Falou baixo, era sua zona gostosa e confortável. Sakura o fitou, mas ele estava alheio a ela, observando algum ponto interessante entre aquelas paredes que ela não conseguia enxergar.

— Eu também gosto. — Disse em sussurro, se ele não estivesse perto dela, ou o local em tamanho silêncio não teria ouvido. Quando seus olhos fitaram a garota, ela parecia absorta em pensamentos.

(...)

O apart-hotel até que não era tão grandioso quanto ele tinha imaginado. Uma suíte com sala, e uma cozinha adjacente. Obviamente só a sala já era maior que todo o apartamento de Sasuke. A decoração era austera, todo o lugar em tons neutros de creme em degrade. A cozinha praticamente toda de aço inoxidável, o balcão de divisa feito de mármore branco.

Os móveis combinavam com os tons em geral, tinha uma vista muito boa para o Central Park. O quarto tinha uma cama king size que tomava quase toda a parede, só de olhar para ela as costas dele gemeiam baixinho – ou ele gemia baixinho. Quando deu por si estava pulando naquela cama com aspecto tão macio e como ele desconfiava era realmente maravilhosa, uma nuvem deveria ser daquele jeito. Não era mole, nem dura, era ideal, suas costas agradeciam imensamente o deleite.

Sakura observava tudo nos mínimos detalhes, certificando-se de que Shizune realmente tinha feito tudo como pediu. Sua funcionaria era realmente impecável, até mesmo uma agenda com os compromissos de Sasuke ela tinha criado, fazendo com que a Haruno se lembrasse de que ele precisava urgentemente de aulas para passarela.

Logo, logo teria um desfile de Orochimaru e ele precisava está lá – não que ele soubesse disso. Um envelope em cima da mesinha da chamou a atenção dela e antes mesmo que lesse, seu coração já estava aos pulos de ansiedade. Segurou a vontade de dar gritinhos, abrindo o envelope.

— Shizune é mesmo o máximo. — Ela começou a dançar no meio da sala, chamando a atenção de Sasuke.

— O que está fazendo? — ele ergueu parte do tronco, com os cotovelos apoiados no colchão.

— Ela conseguiu um convite para você! – Sakura correu até a cama, pulando ao lado dele, sacudindo tudo com toda a sua agitação e acabando com a paz dele. — Você agora tem um convite para uma das melhores festas do ano. — O gritinho dela era enervante, ele se levantou, o encanto tinha acabado e a Haruno fico olhando para ele a espera de sua empolgação.

— Ok, que bom.

— Não. Não é só “ok, que bom”. É a melhor coisa que poderia te acontecer, porque depois do ano novo esse é o evento mais aguardado. É como uma feita de exposição anuais, estilistas, designers, empresas de carro, perfume, sapatos e diversos outros setores fazem uma exposição de tudo que vem por ai. E algumas ainda fazem lançamentos exclusivos, ou que as pessoas que não foram convidadas só conseguiram quando sair nas lojas. Eu poderia dizer que é um momento de combate de egos e isso não te interessaria, tem coisas legais também. Tipo a exposição gastronômica é maravilhosa e todo ano eles separam um andar para boate — Sakura folheava o encarte que tinha vindo junto com o convite, animada com tudo que via.

Puxou-o pelo braço tentando o traze-lo para o seu pequeno círculo de animação, mas a verdade é que Sasuke não estava interessado em compactuar com aquela futilidade. No entanto assim que Sakura virou uma das página o interesse dele foi total. Pegou o encarte das mãos dela lendo com atenção o perfil do dono de uma das concessionárias que teria destaque nessa festa.

— Eu não vou.

Decretou Sasuke sem dar espaço para retaliação de Sakura, virou-se em direção a saída. Porém, ele estava subestimando a Haruno se achava que ela realmente ia deixa-lo simplesmente não ir.

— O que?

O tom agudo do grito de Sakura poderia fazer as janelas vibrarem, Sasuke deu de ombros, sem se voltar para ela.

— Eu, não vou.

— Não. Não! Não ouse dar mais um passo. — A cada palavra a voz de Sakura soava ainda mais alta. — Esse não é o nosso combinado, Sasuke. — Caminhou a passos duros em direção a ele, parando bem em frente a Sasuke com o dedo indicador em riste. — Esse é o nosso momento!  Eu tenho que chegar com você. Como eu posso apresentar um namorado que não está lá? — o fitou a espera de uma resposta que não veio, mas ela não se importou e continuou a falar. — Essa é a ocasião perfeita. O nosso ensaio vai ser divulgado primeiro nessa festa, exclusivo e magnânimo. Todas as pessoas que pre-ci-so que vejam que eu estou bem, mais que bem, ótima! Feliz e amando vão estar lá. Já posso até ver a Ino morrendo de inveja e o Neji se arrependendo amargamente de ter me deixar.

— Eu não vou e esse assunto está acabando.

— Não! A opção “não ir” é inviável. Você não está entendendo — a voz dela foi se alterando a cada palavra.

— Você que não está entendendo. Eu não vou e se quiser já pode começar o seu show. — A empurrou para o lado, saindo da frente dela. — Pode começar a gritar e dizer que te ataquei, chantageei, mantive em cárcere. Não importa qual ameaça vai usar agora, não faz diferença não há o que você fale que me convença a ir. — Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo, sentia o ar se esvaindo de seus pulmões, apoiou-se na poltrona, porque sentia que se não o fizesse iria desabar.

— Você não pode fazer isso comigo, não depois de tudo. — A voz dela foi minguando, ele a fitou escorada na poltrona e quase parecia outra pessoa, o olhar perdido e marejado. Sua mente o alertavam de que aquilo poderia ser uma manobra, mas algo em seu interior dizia que não era, que Saura estava sendo sincera. — Eu não posso ir sozinha, não posso chegar lá sem você. Por favor, não faz isso... Ino e a minha mãe...

— Sakura. — voltou a se aproximar, fazendo com que ela o encarasse. — Eu não estou dando para trás, só estou dizendo que a essa festa eu não vou. — Demorou um pouco para que ela reagisse ao que foi dito, mas quando o fez se zangou. Possessa Sakura pegou o encarte que ele tinha largado.

— O que tem nessa porcaria que o impede de ir? É só uma festa. — Procurou energicamente a página que ele tinha visto e assim que encontrou ela parou lendo o primeiro nome em destaque na página de empresas automobilísticas. Umedeceu o lábio inferior, ajeitando-se na poltrona, fitando a Sasuke com um misto de raiva e curiosidade. — Afinal qual é o seu problema com a Uchiha Company?

— Não quero falar sobre isso, Sakura. É a minha vida e você não tem nada com isso. Não fico te perguntando o que está te lavando a fazer tudo isso, o que tanto quer provar a essas pessoas com essa farsa. — Se afastou outra vez, não deveria ter ficado sensibilizado por aquele breve momento de humanidade em Sakura, deveria saber que não representava muita coisa. 

— Você tem o mesmo sobrenome que o dono da empresa. — Mas ela não ia deixar o assunto morrer. O Uchiha passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os. — As pessoas vão perguntar, vão querer saber se existe um grau de parentesco e...   

— E eu não vou responder. — Sasuke caminhou até a janela, observando a vista privilegiada do local. As arvores do parque estavam cobertas por uma camada fina de neve, um grande tapete branco e cintilante.  

— Se você me contar, farei o possível para entender e paro de te perturbar quanto a festa. — O tom dela era calmo e pausado, acreditava que dessa forma ele a levaria em consideração e contasse de uma vez que história ele tinha com aquela marca. 

— Tudo bem, eu respondo. — Apesar de ser isso que esperava ouvir, a resposta a pegou de surpresa, ainda mais quando Sasuke se virou e a fitou tão intensamente. — Mas antes você vai ter que me responder algo também. — Sakura passou uma das mãos pelos cabelos, disfarçando o nervosismo. 

— O que? Pode falar.

— Você está há praticamente cinco dias na minha casa. Não te vi ligar para ninguém a não ser a tal Shizune que é trabalha para você. Nenhum parente, nenhum amigo preocupado. — Sakura começou a se sentir o desconfortável com aquele assunto, deu um passo para trás desviando o olhar — A única ligação que recebeu com um tom de preocupação foi de uma outra empregada, mas dessa vez de sua mãe. Sei lá, por que ainda não ligou para os seus pais? Ou até mesmo foi procurar saber deles? Eles estão vivos não estão? Onde estão? Sabem de você?

— Chega! Eu pensei que era uma só! — o turbilhão de questionamentos dele a deixaram zonza, quase fora de si. Cruzou os braços em frente ao corpo, quase como se protegesse de uma força invisível que ele tinha desenvolvido com aquele interrogatório. — Eu não quero falar sobre minha família. — Respondeu em um tom baixo e irritadiço.

— Ótimo! Eu não quero falar sobre a Uchiha Company. — O silêncio se instalou entre os dois. Sasuke pegou uma das garrafas de água sobre a mesinha tomando o liquido todo em uma golada só. — Não precisamos falar sobre o que não queremos, é só você não insistir.

(...)

Não deram uma palavra na volta para o apartamento de Sasuke. Sentados cada em seu próprio lado do veículo, observavam a vista, mas nada viam. Os pensamentos era um no outro, questionando o porquê de tantos segredos. Volta e meia se fitavam, mas não chegavam a trocar olhares, Sakura só virava quando tinha certeza que Sasuke não se viraria para ela e vice-versa.

Ela só conseguia pensar em como seu plano brilhante estava ruindo perante seus olhos. Precisava daquela festa para esfregar na cara de todos – principalmente do trairá e da lambisgoia – seu novo namorado. Mas como fazer isso sem Sasuke? Era impossível, afundou no assento, bufando sem perceber.

A campanha que ele pousaram para Orochimaru seria exibida na festa, exclusiva, com roupas liberadas que só iriam para o catálogo das lojas no meado do ano. Sakura acreditava no designer de Oro, ele geralmente tinha atenção para si nesses circuitos e ainda tinha eles dois, que sim, estava despertando o interesse da mídia.

Eles seriam o assunto mais comentado da semana, mas não, agora teria que se contentar com os questionamentos e comentários maldosos sobre sua ausência, poderia ver uma manchete de Ino e Neji e talvez até de sua mãe falando verdades que para o resto do mundo deveriam ser mentiras porque ela estava trabalhando para isso. Queria chorar, chorar como não chorou quando soube da traição, puxou o celular, mandando uma mensagem para Shizune. Talvez sua assessora tivesse uma ideia brilhante para solucionar seu atual dilema.

Tinha voltado a nevar e as ruas estavam mais frias e esbranquiçadas do que pela manhã. Quando saíram do carro, Sasuke se encolheu, puxando o capuz do casaco e correndo para dentro do prédio, mas Sakura ficou um pouco, sorrindo ao ver os flocos derreterem em contato com a palma de sua mão. Dispensou o motorista e sem pressa seguiu em direção ao prédio, subiu as escadas tirando a neve dos cabelos. Seu sorriso morreu ao entrar no apartamento e se deparar com o Uchiha emburrado, preparando algo para comerem.

Sakura foi direto para o quarto, ignorando-o por completo como tinha feito durante o caminho até a casa dele. Só compartilhou o mesmo espaço que Sasuke quando ele terminou de fazer macarrão, que ela mal comeu e voltou a se trancar. O Uchiha bufou quando a viu sair do quarto com as roupas dele, falar com ele não podia, mas usar as roupas podia, preferiu não dizer nada, também não estava com ânimo para implicar com Sakura.

Já era quase noite quando ela voltou a aparecer no cômodo comum. 

— Sasuke.

Ele não a respondeu, continuo a ler seu livro sem preocupação, tomando um gole do café que tinha preparado. Sabia que se desse corda Sakura continuaria a importuna-lo sobre a maldita festa, assunto esse que ele já tinha dado como encerrado.

— Olha para mim... — Insistiu a garota, parando bem em frente ao Uchiha.  

— O que quer, Sakura? Já disse meus termos para falar o que você quer saber e não há o que diga que me faça ir naquela festa. — Ela soltou um longo suspiro concordando com um aceno de cabeça.  

— Nós fizemos um acordo.

— Não! Não foi um acordo, foi uma chantagem muito baixa e sua — Ele fechou o livro com uma bancada, apontando o dedo indicador para o rosto dela. Por sua vez Sakura revirou os olhos dando um tapinha no dedo apontado, afastando-o de seu rosto.

— Ok, mas você aceitou. E o que está aceito, está aceito.

— Não é bem assim. Eu já disse Sakura, eu não vou e se quer pôr suas ameaças em pratica vai em frente, não me incomodo. Quer fazer o escândalo na rua para sua plateia ser maior? — Ele se levantou, segurando-a pelo braço. — Vamos lá, testemunhas são o que ganham casos muita das vezes.

— Para com isso! — puxou o braço se soltando do agarre de Sasuke — Você não entende que eu preciso dessa festa?  — esbravejou Sakura, já se irritando com aquilo. — Como vão saber sobre nós? Como nós vamos ser o assunto se não sairmos desse muquifo? Se continuarmos as escondidas sem que ninguém nos veja? — foi a vez de Sasuke suspirar, voltando a se sentar com os cotovelos apoiado nas pernas.

— Não ligo de ter que sair com você, mas a única opção é essa festa? — Perguntou desgostoso, não era possível que não tivesse outro evento que Sakura pudesse usá-lo.

— Acredito que não. Todas as pessoas que precisam saber sobre nós estarão lá, além de jornalistas, fotógrafos, todos os olhos estarão voltados para aquele evento. — Respondeu desanimada, jogando-se ao lado dele no sofá, amuada. As coisas andavam dando certo demais para ser verdade, Sakura deveria ter desconfiado quando tudo começou fluir com perfeição.

— A gente pode usar isso a nosso favor.  

— Isso o que? — Perguntou desanimada sem um pingo de interesse no que Sasuke falava.

— As pessoas, o evento, os jornalistas. Como você mesmo dizem esperam pela gente, nem que seja por causa da campanha do seu amigo estranho. Se não formos eles vão falar, vão nos associar a ideia de um casal vão estar nos esperando e nós vamos aparecer. — Sakura quase pulou na poltrona ao ouvir isso.

— Nós vamos?

— Vamos! Mas não na festa. Em outro lugar, só nós dois. Sei lá, uma coisa romântica que desse a entender que estamos tão apaixonados que esquecemos da vida. — Ele a fitava com um misto de empolgação e receio, no fundo se sentia um culpado e se odiava por isso, Sakura não merecia sua preocupação e engajamento, mas ficou feliz ao perceber que ela parecia estar se animando com a ideia sugerida.

— Pode dar certo! Posso pedir a Shizune que chame uns paparazzi, que vão nos fotografar como o casal apaixonado que trocou a festa do momento para ficarem juntinhos. — O sorriso de Sakura era enorme e a última frase ela disse com os braços estendidos em frente ao rosto como quem visualiza um letreiro. — Na festa as pessoas vão ver o nosso ensaio e quando saírem de lá, nós já estaremos sendo noticiado nos sites. — Ela deu um pequeno salto na poltrona aplaudindo — É perfeito! Nossa ideia é genial, vou avisar a Shizune das mudanças.

Sasuke fico a observar a animação de Sakura, ela levantou do sofá às pressas e corre para o quarto. Estava aliviado não precisava mais aguenta-la em seus calcanhares enchendo o saco e nem teria que ir a um evento que só iria desagrada-lo, matou dois coelhos em uma cajadada só.  

O resto do seu dia seguiu sossegado, ela não voltou do quarto ele continuou a ler seu livro, mas volta e meia parava e observava o ambiente, um sentimento de nostalgia o invadindo. Aquele apartamento era muito mais do que o canto onde ele descansava e comia, era na verdade a representação física de tudo que ele tinha batalhado na vida, todo o esforço que junto com Naruto teve para compra-lo. Pequeno, porém confortável o suficiente para dois solteiros, o local onde construiu sua independência em todos os sentidos.

A impressão que tinha era que sair dali para seguir o plano de Sakura parecia um retrocesso, como se de independe estivesse voltando a ser dependente de alguém, principalmente de uma louca chantagista. Seria só por um tempo, esse pensamento lhe dava forças. Além do que, sentia algo bom e reconfortante em estar embarcando nessa, talvez não fosse de um todo ruim. Uma sensação esquisita essa, as loucuras de Sakura o deixavam irritado, possesso, mas no final gostava, de alguma forma era um gás a mais e ligeiramente divertido. Estava até temendo ficar parecido com ela, afinal estava até colaborando.

A noite chegou e Naruto não voltou, talvez algum evento surpreso tenha acontecido no tempo em que Sasuke esteve com Sakura. Porque na sua antiga agenda essa data estava vaga. Suspirou, terminando de arrumar seu canto no sofá, com mais cobertas que o normal pela madrugada gélida que vinha pela frente. Torcia para que o Uzumaki chegasse pela madrugada e ele conseguisse se despedir de seu melhor amigo.

Sakura tinha passado uma parte do tempo no quarto fazendo várias ligações, depois ela voltou para sala, mas quase não foi notada, ficou sentada na mesa embaixo da janela tomando o chocolate quente que Sasuke tinha preparado, observando os flocos de neve caindo pela rua, como adorava aquele clima gelado. Após o jantar monossilábico ela volto para o quarto, apartamento tinha ficado subitamente frio demais.

Ambos foram se deitar mais cedo que o habitual, porém Sakura não conseguiu dormir de imediato. O quarto estava quente, mas não o suficiente, ainda fazia um pouco de frio. Ela resolveu levantar e mexer no termostato, quando ia voltar para cama, pensou em Sasuke. Ninguém disse a ela, mas era evidente que o aquecedor não funcionava na sala, o quarto estava sempre bem mais quente que o cômodo principal e no meio da noite ela já tinha sentido a diferença.

Foi impossível não pensar em como o Uchiha estava naquele momento, tendo só o seu monte de cobertas para se aquecer. Suspirando, ela abriu uma pequena brecha da porta, observando o monte todo enrolado que ele havia se tornado. Sasuke estava ali embaixo, ela sabia, provavelmente acordado também. Caminhou devagar até o sofá, puxando as duas primeiras cobertas, vendo um chumaço de fios negros.

— Sasuke? — Ele ouviu o chamado, mas tinha achado uma posição em que todo o seu corpo estava parcialmente aquecido, não ia se mexer e perder esse conforto.

Hum... 

Após o resmungo dele, nada foi dito, Sasuke chegou a pensar que ela tinha voltado para o quarto, mas não, ela continuava ali, parada observando apenas o topo da cabeça dele. Fitou a porta do quarto aberta, ela já estava tremendo ali parada no meio da sala.

— É que eu estava pensando... aqui ‘tá frio... e — Parou, um pouco encabulado, sem saber como ele receberia essa proposta. — bem, o quarto é seu e a sua cama... cabe nós dois. — Sasuke se virou para olha-la com atenção. Parada em frente a ele, toda encolhida de frio e com um meio sorriso sem jeito.

— Você não precisa se incomodar, está tudo bem.

— Não, está frio e não é incomodo. De qualquer forma eu me apossei dela. — O silêncio voltou a se instalar, Sakura olhava para o chão e Sasuke para ela, no entanto rapidamente ela se cansou dessa situação. — Bem, a proposta está feita, não vou repetir. Se quiser morrer de frio ai pode ficar. Não é problema meu. — voltou para o quarto sem esperar por ele, porém Sasuke se levantou de supetão e a seguiu, carregando sua trouxa de cobertas.

Sakura se jogou na cama, apossando-se do canto esquerdo, virada em direção a parede, deitada bem na beirada da cama. Sasuke fechou a porta e largou as cobertas extras no chão, ficando com apenas duas. Deitou-se na extremidade que sobrava da cama de casal de barriga para cima, ficou a fitar o teto, por um tempo até por um dos braços sobre os olhos. Não mexeram nenhum um musculo sequer durante um tempo, até Sakura se virar, observando o perfil bem delineado.  

— Sasuke...

— Hum.

— Eu estava pensando — os músculos dele já enrijeciam a menção dessas simples palavras — se a gente não podia fazer um novo acordo? — Ele tirou o braço de frente dos olhos, virando apenas a cabeça na direção dela. 

— Que tipo de acordo?

— Bem, tem coisas sobre mim que você quer saber e coisas sobre você que eu quero saber. Então nós podíamos ir contando aos pouquinhos, um para o outro. Apenas o que quiser, sem pressão, para nos entendermos melhor. — Ela disse tudo brincando com a borda da coberta, enquanto ele a fitava intensamente, Sasuke virou o corpo todo de lado, ficando de frente para a Haruno, aquela não era uma boa ideia, ele sabia disso, mas resolveu-lhe dar uma chance de qualquer forma.

— Tudo bem, eu concordo...

— Você começa! — Ela o cortou sorrindo antes que ele lhe empurrasse a vez, Sasuke apenas bufou. Sakura o observava com atenção, a cabeça apoiada embaixo de um dos braços. Ele observou em volta em busca de algo a que falar, mas as costas dela só tinha a parede.

— Eu não gosto do inverno. — Antes que ela protestasse dizendo que era uma informação muito vaga, ele a fitou em um aviso mudo para que não o atrapalhasse. Era desconfortável falar sobre si, mesmo assim ele tentou. — Quando eu era pequeno minha família tinha uma casa de campo em frente há um lago. Eu e o meu irmão costumávamos brincar nele em qualquer clima, no calor nós nadávamos, fazíamos saltos idiotas e coisas do tipo e durante o inferno o lago congelava e dava para patinar ou jogar hóquei. — Enquanto falava não a fitava, não observava nenhum ponto especifico, seus olhos estavam distantes, em um momento contemplador, ligeiramente animado, até que de repente ficaram sombrios. — Em um inverno enquanto brincávamos nossos corpos se chocaram e nós dois caímos, o impacto foi muito forte e camada de gelo não estava tão grossa e começou a rachar a nossa volta. Eu era menor, me assustei na hora, não sabia o que fazer e comecei a chorar. Meu irmão gritou pelos nossos pais, mas não esperou que eles chegassem, com o bastão ele me empurrou para a beirada, para longe do gelo trincado, com o deslocamento a superfície cedeu e ele caiu dentro daquela água congelante — Sakura prendeu o ar de temor, envolvida na história que ele contava.

— Ele... ele... — Nem ao menos conseguiu terminar a frase, mas Sasuke a compreendeu e negou com um aceno de cabeça.

— Não! Como ele tinha gritado nossos pais vieram e quando viram o buraco no gelo correram, meu pai o tirou da água, deve ter ficado debaixo d’agua por no máximo dois minutos e foi tempo o suficiente para que ele ficasse em coma. Não sei o que causou o impacto, a falta de ar, ou o frio mortificante que deve ter sentido. Ficou desacordado durante quatro ou cinco dias e teve princípio de hipotermia. Na época eu fiquei desesperado, achando que perderia o meu irmão, eu o adorava demais, quando ele acordou foi uma alegria só, mas ainda sim, eu nunca mais quis voltar lá. Poucas foram as vezes que voltamos e só no verão, passei a odiar o inverno por isso, não gosto de esquiar, patinar, nada disso. Na última vez que eu falei com o meu irmão ele me lembrou disso, disse que mesmo que soubesse o que aconteceu com ele ou que algo pior ele teria feito aquilo sem pensar duas vezes, teria me empurrado de novo para longe do buraco. — Após a história o silencio reinou entre eles, Sakura nem piscava, apenas o fitava impressionada nunca tinha passado por algo sequer parecido com isso. Muito menos quase tinha perdido alguém, ao menos não desse jeito.

— Somos pessoas realmente opostas, não? — Ela sorriu fitando-o, agora foi à vez dela fica distante e nostálgica. — Eu adoro o inverno, geralmente o meu pai ficava em casa nessa época, sem viagens, sem correria, costumava trabalhar no escritório que tinha na residência e no final da tarde ele me levava para passear no Central Park. Era quase um ritual nosso dessa época do ano, antes dos canais congelarem, enquanto a neve ainda não caia só tinha as geadas matutinas alguns cisnes e patos ainda ficavam por lá. E nós levávamos pão para dar a elas e chocolate quente, para nós, que parecia ficar muito mais gostoso sendo tomado ao ar livre.

— Quando a neve caia mesmo, fazíamos esculturas na neve, bonecos de neve, deixávamos os flocos que caiam derreter na nossa língua que queimava pelo frio. Era a única época do ano que eu o tinha constantemente perto de mim, no primeiro dia de de neve ele não trabalhava e me acordava e a gente saia correndo às pressas para sentar na neve e tomar chocolate quente e depois a gente fazia torta e se empanturrava de chantili. — Parou um pouco, sentindo uma imensa vontade de chorar, mas sorriu voltando sua atenção a Sasuke. — É por isso que eu gosto do inverno, meus melhores momentos com uma das pessoas que eu mais amo foram sempre nessa época e eu chamava de milagre neve porque meu pai que estava sempre sério por causa do serviço se tornava outra pessoa nessa época do ano. — Ele nada disse apenas sorriu para ela e em um ímpeto passou o polegar pela bochecha dela. Sakura remexeu-se, corando, mas apreciando a leve caricia.

O silêncio continuou no ambiente, mas dessa vez não era incomodo, era reconfortante, ambos se fitavam na escuridão, aproximando-se pouco a pouca, sentindo a quentura de seus corpos, os dedos dela formigavam para toca-lo.

— Vamos ter um longo dia amanhã. — Temendo se perder na imensidão negra que eram os olhos de Sasuke. Ainda assim ele não se afastou, Sasuke estava preso no mar jade que Sakura possuía que parecia cintilar naquele momento.  

— Uhum.

— Acho melhor a gente ir dormir. — Apertou a coberta bastante relutante e se virou para o lado contrário ao dele. Sasuke ainda esticou a mão para tocar as costas dela, mas desistiu no meio do caminho. Apenas a fitou por um tempo, antes de se virar também para o outro lado, imerso em seus próprios pensamentos.

— Boa noite, Sakura.

— Boa noite, Sasuke. 

Página: Fleur D'Hiver


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Notas finais do capítulo

Digam se vocês não amaram? *-*'
Agora vamos conhecer um pouco mais sobre o nosso casal fofo, suas histórias, suas revelações bombásticas. Um tempo atrás tinham me perguntado em um comentário quando o romance começaria e eu disse que seria aos poucos e talz, então ele esta começando a nascer.
E vai se desenvolvendo aos poucos durante toda a trama. E quem me perguntou NaruxHina também eles estão chegando, no próximo capitulo a festa vai rolar e Hinata vai aparecer e também o "Uchiha" quem vocês acham que é? Alguma pista do misterioso Uchiha que o Sasuke tanto quer evitar?
Quem aqui acompanha minhas outras histórias, paciência, dessa vez eu não consegui postar todo mundo na minha folga, então todos os dias antes do serviço eu posto uma. Porque todo mundo junto eu não consigo. Enfim
Espero que vocês comentem, critiquem, opinem, elogiem. E gostem, com toda certeza.
Até a próxima meus lindos.